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Tradutor: Asu | Editor: Asu

Fragmento de Alma 
Garmr, o Vigia do Inferno

As palavras — que eram vermelhas como sangue — estavam nítidas. Embora ele não pudesse identificar nenhuma fraqueza em particular, Tae Ho podia ver palavras-chave especiais que pareciam ser parte dos atributos da criatura.

Refletivo
Defensivo

Siri bateu suas asas. Ela ascendeu um pouco mais pelos céus e, naquele momento, vacilou.

“Capitã Siri?”, gritou Tae Ho.

Siri estabilizou seu corpo em pleno voo por puro reflexo, ao invés de responder. O fluxo de poder mágico circulando pelo ar começou a atrapalhar a sustentação de suas asas, assim que atingiu uma certa altura.

Garmr apenas olhou fixamente para ambos, como se demonstrando suas características naturalmente defensivas. Tae Ho usou «Aquele que pode Manipular Dragões» para auxiliar Siri tanto quanto possível, mas mesmo a força de sua Saga não funcionou propriamente.

No fim, Siri pousou em terra. Contudo, não foi um pouso perfeito, mas sim uma queda desgovernada. Foi então que Tae Ho percebeu o porquê de sua saga não ter funcionado como deveria: o que tinha se espatifado contra o chão não foi um enorme lobo com um par de asas, mas sim a forma original de Siri.

Tae Ho acabou sentado em cima de Siri, então ele se levantou apressadamente para ajudá-la. Siri soltou um gemido e respirou fundo para recuperar o fôlego.

“Parece que voar é impossível nessa situação.”

Eles provavelmente poderiam planar rente ao solo, como um helicóptero, mas parecia ser impossível de continuar sustentando um voo sem o auxílio da Saga. Além disso, o fluxo de poder mágico que permeava o céu não era algo normal. Era como se a magia presente no traje alado tivesse sido dissipada ao entrar em contato com ele. Nessas circunstâncias, voar desleixadamente pelos céus seria mais prejudicial do que permanecer em solo.

Tae Ho assentiu, tomando nota da distância entre eles e o cão gigante. Siri ergueu sua besta com uma expressão aliviada.

A postura de Garmr tornou-se cautelosa — como a de um cão de guarda — e ele encarou os dois guerreiros. Embora fosse enorme, sua aparência era muito semelhante a de um cachorro, então parecia que eles só tinham de evitar suas presas e garras.

“Eu vou primeiro”, disse Siri. Ela investiu, despejando uma chuva de flechas sobre a criatura.

Saga
As Flechas de uma Bruxa Nunca Erram

As flechas, que estavam voando em uma direção completamente diferente, mudaram de trajetória em pleno voo, mirando nos olhos de Garmr.

Elas acertaram. Entretanto, Siri — que era uma caçadora experiente — soube de imediato que Garmr não foi ferido. Suas flechas bateram contra o corpo da besta e caíram no chão.

Reflexão.

Garmr investiu, uma labareda de fogo emergindo de sua enorme boca.

O fogo que se deslocou pela terra era evidentemente poderoso. Siri rolou pelo chão para se esquivar e então atirou mais algumas flechas. O resultado, no entanto, permaneceu exatamente igual. O ataque de Garmr era efetivo contra eles, mas seus ataques não conseguiam ferir Garmr.

“Tae Ho!”, gritou Siri. Ele compreendeu de imediato a intenção dela, investindo e se aproximando de Garmr em um instante. A Lâmina do Carrasco cintilou em sua mão e ele desferiu um golpe contra a besta!

A espada — que estava imbuída de poder divino — desferiu um corte na perna de Garmr. Ele foi surpreendido com o ataque e caiu para trás com uma ferida exposta em sua perna direita.

Assim como previsto, o poder divino funcionou. Garmr era, contudo, grande demais. Além disso, sua cautela aumentou e ataques como esse não funcionariam novamente.

“Tae Ho!”, gritou Siri novamente. Ela se transformou em um lobo usando sua Saga e então se aproximou dele em um instante, pedindo para subir.

‘Vamos fazer a Investida de Lança’, era o que seus olhos diziam.

Tae Ho vacilou, negando com a cabeça. Ele olhou para Garmr de canto dos olhos, dizendo:

“Capitã Siri, ganhe algum tempo pra mim.”

Siri ficou confusa, mas não retrucou. Ela avançou em direção a Garmr, que estava tão furioso por ser ferido que disparou uma enorme labareda de fogo na direção dos dois. Tae Ho e Siri se separaram, indo em direções diferentes, para desviarem do fogo.

Siri olhou fixamente para Garmr ao invés de se voltar para Tae Ho. Ela sabia muito bem que ele não era alguém que dizia coisas inúteis no meio de uma batalha; a guerreira ergueu suas garras. Usando o poder amaldiçoado de sua forma de bruxa lupina, ela conseguiria ferir Garmr.

Siri investiu contra a criatura, rugindo. Embora ela não tivesse nem um quarto do tamanho de Garmr, seus movimentos eram muito mais ágeis. Siri abriu a boca, expondo suas presas, e fincou-as no pescoço do enorme cão.

O ataque funcionou como o esperado, mas a pele do animal era grossa demais. Garmr agitou seu corpo, tentando jogar Siri para longe, e ela usou toda a sua força para combatê-lo.

‘Você ainda não está pronto?’, gritou Siri internamente.

Entretanto, ao invés de responder ou ajudá-la, Tae Ho estava olhando para um lugar estranho. Era o lugar onde Garmr aparecera.

Fragmento da Alma de Garmr

Um item parecido com uma garra e de nome colorido em ouro branco. No exato momento em que Tae Ho tocou naquilo que estava preso no chão, Garmr ergueu a cabeça abruptamente.

Garmr rugiu, virando-se na direção de Tae Ho. Embora fosse um som amedrontador, ele apenas sorriu naquele momento. Tae Ho, feliz que suas expectativas se provaram corretas, segurou o fragmento da alma de Garmr — que era tão grande quanto uma estaca — com ambas as mãos. Um espírito violento começou a atacá-lo, mas ele conseguiu resistir com a ajuda do poder divino.

Garmr finalmente conseguiu se livrar de Siri, mas ela não permaneceu caída e impotente no chão. Tão logo seu corpo atingiu o solo, a capitã se levantou e imediatamente investiu contra o flanco da besta. Garmr cambaleou novamente e Tae Ho puxou o fragmento de alma com toda a sua força.

Um barulho estridente ressoou, mas não foi uma explosão. Era o som de um selo se quebrando.

Garmr havia jogado seu corpo contra Tae Ho, mesmo cambaleante, na intenção de mordê-lo mas acabou caindo no chão de boca aberta. Ao contrário do que sua aparência física sugeria, o corpo da criatura começou a se desvanecer como fumaça.

Tae Ho, que estava prestes a ser mordido, soltou um suspiro de alívio e ergueu a cabeça. O fluxo mágico espiralando no céu estava sendo sugado pela cavidade que anteriormente abrigava o fragmento da alma de Garmr.

Pela segunda vez, um barulho estridente ressoou. Tae Ho rolou pelo chão para desviar do fluxo e então olhou para o céu com o fragmento de alma firmemente preso em suas mãos. A alma de Garmr, que estava quase se dissipando, entrou no fragmento e um enorme portal se abriu no buraco feito no chão.

O caminho que os conduziria para fora.

O fragmento de espada desconhecido vibrou. Siri se aproximou respirando pesadamente e disse, ainda completamente transformada em um lobo.

“Suba, Tae Ho.”

Eles iriam sair dali juntos, de uma só vez.

Tae Ho a escutou dessa vez. Ele inclinou seu corpo após subir em Siri e ela respirou fundo, olhando para trás. Embora não fosse um caso tão extremo quanto o de Garmr, os guerreiros de Valhalla também estavam passando por um processo de dissipação.

Siri abandonou a familiaridade persistente que sentia e então olhou para frente novamente. Após se acostumar com o peso de Tae Ho novamente, ela avançou, pulando através da obscura fenda no espaço.

O mundo se alterou numa luz brilhante.

Assim que eles passaram pela fenda no espaço, Siri encontrou-se sendo o assento de Tae Ho uma vez mais; mas aquela não era hora de reclamar desse tipo de coisa.

Tae Ho se levantou de imediato e então ergueu sua arma como se tentasse proteger Siri. Na frente deles estava um cenário desconhecido e uma situação estranha e inesperada os aguardava.

Um vale que você poderia chamar de “superfície”.

Rasgrid ainda estava lutando contra o gigante de fogo. Guerreiros de Valhalla estavam enfrentando inimigos nos arredores e rochas flamejantes podiam ser vistas despencando do céu.

O tempo que eles gastaram lá dentro não foi curto. Eles tinham certeza de que ao menos uma hora já havia se passado, embora esse não parecesse ser o caso do lado de fora. No máximo alguns minutos. A prova disso era que os reforços vindos de Valhalla ainda não haviam chegado.

E naquele exato instante, todos que estavam no campo de batalha viraram-se para olhar Tae Ho e Siri por conta dos efeitos deixados para trás quando a fenda espacial se abriu.

A maioria deles estava simplesmente surpresa. No entanto, o gigante de fogo reagiu de maneira diferente. Assim que viu o fragmento da alma de Garmr nas mãos de Tae Ho, ele rugiu e então tentou investir contra ele.

Antes disso, Rasgrid balançou sua espada contra o gigante. E então, uma enorme parede de vento bloqueou seu caminho, enquanto isso a valquíria olhou para Siri e Tae Ho como se perguntando o motivo.

Tae Ho entendeu isso instintivamente. O fragmento de alma de Garmr estava preso em um verdadeiro resquício da Grande Guerra, e não na superfície do mundo.

Era certo que aquele era o fragmento que tanto os gigantes quanto a família Mollo estavam buscando.

O gigante — que tinha sido parado por Rasgrid — chamou seus subordinados com uma voz enraivecida. Os monstros espalhados pelo campo de batalha passaram a ignorar seus inimigos e começaram a investir contra Siri e Tae Ho.

“Protejam-no!”, gritou Rasgrid.

Os guerreiros das legiões de Odin e Uller tentaram impedir o avanço dos monstros de alguma forma, mas eles eram muito mais numerosos. Siri, que estava desarmada por conta de sua forma lupina, arrumou o traje alado e então estendeu sua mão para Tae Ho. Ela estava pedindo algo que poderia ser usado como uma arma.

Entretanto, Tae Ho simplesmente puxou Siri para seus braços ao invés de retirar uma arma de Unnir. Ele se encolheu enquanto empurrava a cabeça de Siri para baixo. Naquela posição, eles pareciam estar tentando desesperadamente se proteger contra a horda que estava por vir.

Foi então que Siri percebeu. Comparado à alma dos monstros que pereceram no resquício da Grande Guerra, “Eles” tinham um lugar para o qual poderiam voltar.

Valhalla, o paraíso de exaltados guerreiros!

Uma tempestade apareceu. As almas dos guerreiros de Valhalla começaram a sair pela fenda que Tae Ho e Siri usaram para escapar. Eles passaram por ambos e, em um instante, começaram a investir contra os monstros como uma onda raivosa.

A horda inimiga ficou desnorteada; o mesmo aconteceu com os guerreiros das legiões de Uller e de Odin.

Havia, contudo, uma diferença importante entre eles. Os guerreiros de Valhalla reconheceram os heróis do passado em um instante como Siri e Tae Ho haviam feito. Eles gritaram em êxtase, clamando um grito de guerra vindo das profundezas de seus corações.

“VALHALLA!”

Siri acalmou suas emoções e então começou a respirar descompassadamente. Contudo, Tae Ho mordeu os lábios, tendo notado uma discrepância entre a visão de fora e a visão de dentro.

Os guerreiros de Valhalla, ao perderem suas vidas, tinham de retornar até seu local de descanso para se transformarem em guerreiros de metal.

O que estava auxiliando-os naquele momento eram algumas almas. Os guerreiros da Grande Guerra não conseguiriam lutar contra os monstros como eles fizeram na fenda.

Além disso, a forma deles — que já era parcamente visível — começou a se tornar ainda mais transparente. Suas almas estavam começando a desvanecer como fumaça.

Tae Ho rangeu os dentes, preparando-se para lutar. Siri, por sua vez, se desvencilhou dos braços de Tae Ho e estendeu a mão novamente.

Mas foi então que, naquele instante…

“Ó Valhalla! Odin, pai do céu!” gritou um dos guerreiros da Grande Guerra. Ele bateu contra o próprio peito, como se rugindo para os céus. “Nos permita ter um último embate! Conceda-nos a glória de proteger Asgard e os nove planetas uma vez mais!”

O fluxo de tempo diferia na fenda. Era provável que eles tivessem vivido quase que uma centena de anos naquele estado de não-vida, mas eles continuavam os mesmos. Eles não mudaram nem um pouco. Aqueles guerreiros não foram nem mesmo corrompidos.

Os guerreiros de Valhalla. Os grandes heróis que protegiam Asgard e os nove planetas!

“A valquíria Rasgrid lhes concede permissão!”, gritou Rasgrid. Ela olhou fixamente para o gigante incandescente e ergueu sua espada bem alto. “Liderarei as almas dos guerreiros pessoalmente! Guerreiros de Valhalla, lutem! Por Asgard! Pelos nove planetas!”, ela declamou, exercendo o direito concedido por Odin e por Freyja.

Eles pediram e a valquíria os deu permissão. Ela realizou seus desejos.

Luz reluziu no semblante dos guerreiros da Grande Guerra. Eles, que haviam adquirido a permissão de Valhalla, recuperaram suas aparências originais por um instante. Seus corpos — que outrora eram tão transparentes quanto vidro — se tornaram mais claros e corpóreos e suas histórias, antes estagnadas, começaram a prosseguir.

“Por Asgard e pelos nove planetas”, sussurram os guerreiros que rogaram por permissão. E em seguida, gritaram. “Por Asgard e pelos nove planetas!”

A batalha recomeçou. Rochas incandescentes despencaram do céu e reforços do inimigo chegaram no campo de batalha, mas era inútil. Os valorosos guerreiros de Valhalla cortaram através dos monstros como uma onda devastadora.

Siri soltou uma exclamação de surpresa. Era uma cena realmente incrível. Seu coração começou a bater mais rápido e seu rosto enrubesceu-se; sua respiração também ficou ofegante.

Ela tinha de lutar junto deles. Ela tinha de erguer a glória de seus heróis por lutar ao lado deles. Entretanto, Tae Ho a segurou novamente. Siri vacilou, virando-se para encará-lo.

“Nós temos que cuidar do chefão novamente”, disse ele, rindo.

Tae Ho apontou na direção de Rasgrid e do gigante incandescente com os olhos. Siri fez uma cara de choro, mas logo desistiu.

ᛞᚱᛅᚴᛟ((Draco))!”, ela entoou, um pouco ressentida.

Saga
Aquele que Pode Domar Dragões

Tae Ho e Siri se tornaram um novamente enquanto sentiam um vago dejá vu. Ela alçou voo mais irritada do que nunca.

Olá, eu sou o Asu!

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