O monstro sempre temeu se aventurar mais a fundo naquela região da mesma forma que temia caminhar por vários lugares, geralmente pelos mesmos motivos. Havia algo muito mais forte que ele nessas áreas que lhe davam medo.
Naquela, não era diferente. Existia algo mais poderoso que ele ou o cipó que faz ssssss, residindo no centro daquela selva sem luz e de águas escuras. O goblin sentiu um frio subindo por suas costas, à medida que a luz invadiu o ambiente.
Luz?
Sim, no céu os galhos das árvores estavam murchando e morrendo, se partindo ao não suportarem o próprio peso. Folhas e madeiras caíram na água em uma ordem que tinha como sua origem o centro daquela terra. Como se seguissem o caminho traçado por algo.
Uma criatura que vinha por sob as águas em sua direção, uma coisa que seus instintos sabiam ser muito mais poderosa. “Ele” recuou alguns passos com medo, deveria correr? Haviam muitos inimigos que ficavam mais violentos ao ver a presa correr.
O goblin não sabia, apenas ficou ali sem se mover. Sua vitória que antes o fez tão feliz não significava mais nada, não o fez maior do que o que era. O monstro fraco continuava sendo isso, uma criatura sem poder.
“Ele” ficou parado enquanto via ela subir das profundezas. A criatura desconhecida se ergueu das águas com um caminhar lento, suas pernas longas tinham um balançar suave quando ela se movia. Esses seus membros belos tinham uma pele que lembrava a humana, mas que em grande parte eram cobertas por um couro igual ao do cipó de faz sssss.
A pele verde dela cobria sua barriga e partes de seus dois grandes seios. O rosto quase humano dela olhava para o monstro com certa curiosidade. A face bela dela tinha a cobrindo pedaços de seu cabelo curto que possuía a mesma cor do sol brilhante no céu.
Ela ergueu um dos braços cobertos por pele verde. Em vez de dedos possuía, grandes afiadas garras vermelhas e foi com uma delas que apontou para o goblin.
“Isso, é algo que não se vê todos os dias.” Uma cauda vermelha que ela possuía e era maior que o próprio cipó que faz ssssss se moveu para perto do monstro “Que coisinha mais fascinante você é.”
“Ele” nada fez, se manteve congelado sob a ameaça dos olhos amarelos que ela possuía. A cauda chegou perigosamente perto de seu corpo.
“Talvez seja inteligente, o que seria muito impressionante.” Ela disse pensando consigo mesmo, goblins eram uma espécie notavelmente estúpida que só pensavam na procriação e na sobrevivência. “Então criatura nojenta, você será útil a mim, o que é mais honra do que jamais receberá em sua vida medíocre.”
A cauda longa da desconhecida se enrolou ao redor do corpo do monstro. Ela saltou na água e nadou em velocidade impressionante de uma forma que “ele” nem sabia que era possível se mover.
O goblin sentiu que estava de volta a água que corre, lançado de um lado ao outro com o risco de morte a qualquer momento. Sua agonia parou tão de repente quanto se iniciou.
“Bem vindo à minha doce cabana.” A estranha falou não parecendo feliz em o ter lá.
O monstro se viu em uma coisa feita de madeira em cima do grande lago, onde não havia nenhum outro ser vivo próximo.
Era muito grande, uma espécie de chão de madeira ocupava a área ao redor daquela moradia esquisita. Haviam algumas aberturas ao longo da coisa que permitiam quem estava fora a olhar para dentro e vice versa.
A desconhecida entrou por uma grande abertura que surgiu depois dela empurrar um pedaço da parede diferente do resto. O monstro então se viu no interior do lugar.
Era amplo e com muito espaço, no centro existia um objeto grande e negro com uma água(?) verde escura, embaixo dele a flor vermelha que queima.
Em uma das paredes estava um monte de objetos de exterior grosso com pedaços finos no interior que tinham coisas de ler, livros era o nome? “Ele” acreditava que sim, gostaria de saber pegar as informações ali.
Em cima de pedaços de madeira presos a outra parede havia troços dos quais dava pra ver através, cada um cheio de água(?) com cores diferentes. Aquela desconhecida devia mesmo gostar de águas estranhas.
“Você parece inteligente, considerando que não saltou nas minhas pernas e tentou me estuprar.” Ela disse para então colocar uma de suas garras no queixo e pensar mais a fundo na questão “Mas talvez sejam só seus instintos te dizendo que sou mais forte.”
O goblin se manteve em silêncio frente as palavras dela, o que a própria não sabia dizer se era sábio ou estúpido. Ela o ignorou por alguns segundos indo até onde estavam (na concepção dele) águas de cores estranhas.
Pegou uma com suas longas garras e caminhou na direção do monstro, nesse momento “ele” reagiu e tentou se afastar, mas a cauda dela foi mais rápida. Rapidamente o corpo dele foi preso de forma que não era capaz de se mexer, ao mesmo tempo que ela o forçou a beber aquele líquido estranho com suas mãos.
“Pronto sua coisa nojenta, não vai te matar.”
Depois de ter forçado tudo pela garganta dele, o soltou de forma rude o fazendo cair no chão. O goblin sentiu o temor passar conforme se sentia melhor, a dor que a luta havia causado começou a sumir e o mesmo sentiu suas feridas lentamente se fecharem.
“Nem um obrigado? Imaginava que não.” O tom de voz dela foi estranho, como se ela não dissesse aquilo querendo dizer?
A cabeça dele doía de tanto pensar desde que chegou.
“Você me entende? V-o-c-ê.” Ela repetiu a última palavra lentamente apontando para ele com uma de suas longas garras, após isso apontou para si mesma “M-e e-n-t-e-n-d-e?”
“Ele” deu um rosnado baixo, embora seus iguais não fossem reconhecidamente os mais espertos da selva, o próprio não era um completo idiota como ela parecia acreditar.
Ela pareceu entender seu grunhido de descontentamento como uma afirmação e sorriu com uma alegria pequena.
“Você poderá me chamar de… Bruxa do Pantano.” Ela falou como se pensasse no nome naquele momento “E você, goblin, fará uma coisa pra mim.”
E “ele” se encolheu de medo conforme o sorriso dela se tornava maior e assustador.
“Você gosta de trolls?”
