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Seus olhos lentamente abriram, revelando um teto de cor azul. uma toalha molhada cobria a testa de um rosto pálido. Os olhos de Selene deslizaram para o lado, uma mulher estava sentada a sua direita com os olhos fechados. 

— Irmin… — fracamente a chamou. 

Mesmo a voz leve foi o suficiente para acordar a mulher.  

— Você acordou. — Irmin se aproximou, com sua grande mão ela acariciou o cabelo de Selene. 

— O que aconteceu?  

— Está tudo bem, nós passamos… 

— Ah… isso é tão bom… finalmente conseguimos… — A conjuradora falava com bastante dificuldade. Perdendo o ar rapidamente e respirando fundo a cada frase. — Mas… por que você não parece tão feliz… 

— Eles vão te chamar para a seleção assim que você estiver em condições — continuou — Com as instalações desse lugar, não deve demorar muito. 

— Irmin…  

— Eu tenho certeza de que vai entrar numa boa facção, você é talentosa. 

— Irmin!  

— Porque você mentiu para mim!  

Os olhos pesados de Selene encararam a sua amiga, arregalados por alguns segundos. Desviando o olhar, com um pouco de esperança de que fosse outro motivo, ela respondeu. 

— Do que você est… 

COF COF 

— Eu matei aquelas pessoas! Não matei!? 

Mordendo o lábio inferior, a mulher tentou pensar em alguma desculpa, qualquer forma de sair dessa situação. Ela não queria ter que passar por isso. 

“Não… eu não posso continuar fazendo isso” pensou Selene. 

— Irmin… 

— Só me responde logo! Você realmente mentiu pra mim? 

Como se suas palavras fossem um soco, Selene fechou os olhos na esperança de não ver o golpe vindo. Mas ela não podia escapar da situação dessa forma. 

COF COF 

Percebendo que estava ficando agressiva demais, Lind se controlou. 

— Desculpa, você está bem?  

— Eu não queria que fosse dessa forma… me perdoa… 

Os punhos cerrados de Irmin se soltaram, enquanto ela soltava todo o ar preso em sua garganta. Sua última faísca de esperança se apagou.  

— Por que você não me contou antes…? 

— Eu tinha medo… da forma que você reagiria. 

— Da forma em que eu rea… 

— Você é uma pessoa tão boa… — interrompeu-a — Por favor, não deixe de ser…  

Abaixando a cabeça, Lind olhou para suas mãos, os flashes de seus braços banhados em sangue novamente piscaram em sua cabeça. 

— Eu sou um MONSTRO!  

— Não! Não é!  

— Então o que eu sou!? 

— Você… você é minha amiga… não é o suficiente? 

Ela não respondeu. Virando-se de costas, começou a caminhar em direção a porta. 

— Irmin?  

Novamente sem resposta. Selene viu sua amiga passar pela porta. Mesmo com toda sua força, não conseguiu levantar-se da cama. O gosto de sangue passou pela sua garganta, suas feridas ameaçavam abrirem.  

— IRMIN!  

Depois de andar alguns metros, virando o corredor, a escudeira deu de cara com outra pessoa. Uma mulher com o cabelo castanho amarrado em uma longa trança; quase do mesmo tamanho de Irmin, apesar de não possuir um corpo tão grosso e largo, ainda parecia tão forte quanto.  

— Então, você tomou sua decisão? 

— O que você disse… é realmente verdade? 

— Cada palavra. Eu conheço um espírito quando vejo um. 

— Sra. Amélie… por que você está me ajudando? 

— Porque seu poder é uma faca de dois gumes. Se você não conseguir controlá-lo, vai acabar machucando as pessoas ao seu redor.  

— Ainda sim…  

— Eu tenho meus motivos pessoais. — Amélie puxou o colarinho de sua camisa, uma grande cicatriz marcava a parte esquerda de seu peito.  

Sem questionar mais suas intenções, Irmin perguntou. 

— Ele realmente pode me ajudar? 

— Se tem alguém que consegue é aquele pivete Geist, não se preocupe, ele pode ser quem é agora, mas já sofreu muito, mas minhas mãos — com um leve suspiro, ela continuou. — Mesmo assim… está tudo bem mesmo em deixar ela sozinha?  

— Se eu contasse a verdade, ela tentaria me convencer a não ir.  

— Hm… não se preocupe então, você é amiga daquele moleque, o Li, certo? Vou dar um jeito para que eles fiquem perto um do outro. 

Irmin se curvou. 

— Eu não tenho como te agradecer… 

— Você está indo para um lugar realmente difícil… me agradeça depois que tiver dado certo… e mande meus cumprimentos para aquele gigante estupido. — disse Amélie. — De qualquer forma… vá logo para a praça, você vai acabar se atrasando. 

Confirmando com a cabeça, a mulher seguiu pelo corredor em direção à onde seria a seleção. Alguns segundos depois de Irmin ter ido embora, Amélie falou para o ar. 

— Você vai cont… 

BAM 

TSC 

Andando rapidamente até a esquina do corredor, ela viu Selene caída no chão. Seu rosto ainda mais pálido do que antes. Se abaixando, inclinou-a para frente. 

— ENFERMEIRA! — gritou. 

Selene levantou seu braço com o que restava de sua força de vontade e, colocando sua mão sobre o pulso da outra mulher, a encarou. Diversas emoções complexas passavam pelos seus olhos. 

— Ela… eu… — Engasgando-se com as próprias palavras, nem ela mesma sabia o que dizer. 

Mas ela não precisava dizer nada. Seu olhar transmitia agonia, raiva e mais do que isso, tristeza. 

— Ela vai ficar bem — disse Amélie — E vocês vão se encontrar novamente. 

Talvez não fosse isso que Selene queria ouvir, provavelmente não era. De uma forma ou de outra, ao mesmo tempo em que os passos dos médicos eram ouvidos por perto, ela fechou os olhos. 

— Descanse bem, pequenina. — Levantando-a em seus braços, Amélie a levou de volta a sala de recuperação.  

                                                                                                     

Alguns dias depois, em outro setor. Uma outra mulher acordou subitamente.  

COF COF 

Como se não tivesse feito a dias, engasgou-se com o próprio ar que tentou puxar com a boca para seus pulmões. Tossindo como resultado. 

Ela estava sozinha na sala. 

— Eu exagerei demais… — olhando para suas próprias mãos enfaixadas, Akemi criticou-se. — Bem… eu não tive muita escolha, fui descuidada. Aquele desgraçado era mais forte do que eu pensava. 

No momento em que ela achava que tinha ganho, Simba agarrou a sua perna. Por sorte, o seu último golpe havia praticamente ceifado a vida do homem. Porém, ele também esgotou toda a sua mana, deixando-a sem reação.  

Sofrendo o rebote de sua habilidade e sem ter como reagir, Akemi teve que sustentar o último ar de esforço de seu inimigo quase sem ter como se defender.  

Toc toc toc 

“Hm…”  

— Pode entrar. 

Embora tenha respondido, a pessoa a porta só entrou depois de duzias de segundos. 

— Por que a demora? — questionou a Michael que acabará de entrar na sala, carregando uma bandeja com uma tigela, copo e uma maça 

— Eu não achei que alguém responderia… 

— Se achou que eu não responderia, por que bater em primeiro lugar — retrucou Akemi com um sorriso. 

— Eu fui muito bem-educado — rebateu, colocando a bandeja no criado mudo ao lado da cama. 

— Por quanto tempo eu apaguei? — Sem esperar permissão, a mulher puxou a bandeja para perto de si. — Ah, caldo! 

— Quase uma semana. — Nem um pouco surpreso com a atitude dela, Michael pegou a maça e começou a descascar. — Se chama Vaca atolada. Peguei a receita na última viagem que fiz. 

— É muito bom! — respondeu, despreocupada. — Então, o que eu perdi?  

— A seleção ocorreu tem alguns dias… 

— Li?  

— Você deveria se importar mais com seu futu… 

— Ele está bem? — interrompeu-o, fitando-o com seus olhos. 

Depois de um longo suspiro, Michael cedeu.  

— Sim, ele está em Erebus, entrou em uma facção perfeita pra ele, na minha opinião.  

— Entendi… — disse Akemi, silenciosamente. — O que acontece agora, então? Eu fui eliminada?  

Ela havia ficado inconsciente por dias, nem mesmo chegou a ver quando foi teleportada de volta. Não seria absurdo se tivesse falhado e sobrevivido por sorte. 

— Não… na verdade você já foi selecionada… 

— Achei que eu teria que escolher? 

— Você foi escolhida com prioridade, parabéns.  

— O que isso quer dizer? 

— Certo, você provavelmente não sabe exatamente o significado disso… — Michael se ajustou na cadeira, descascando a maça em suas mãos. — Akemi, você não é humana… sendo assim, é dada prioridade para Deuses de sua raça te escolherem. 

— Mas eu também não sou inteiramente elfa… 

— De fato, não é… — cortando a maça em formato de coelho, ele continuou — O que torna essa escolha excepcional. Claro você sempre pode escolher recusar a seleção… entretanto… 

— Entretanto?  

— Os outros deuses abdicaram de sua seleção em respeito a quem te escolheu…  

— O que!? Por que eles fariam isso?  

— Zoe. 

O nome pronunciado chocou Akemi, paralisando-a por um momento.  

— A senhora dos espíritos votou pessoalmente por você… como eu disse… parabéns. 

— Isso… por que eu?  

Um humano comum não reconheceria esse nome, mas seu pai Itzal havia contado várias histórias sobre Yggdrasil, a facção da deusa Calen Zoe. Respeitada e temida, eles nunca entravam em guerra, seu território cresceu naturalmente devido a força que acumulava.  

No entanto, sua inatividade e tamanho eram suas maiores força. Tendo muitos aliados e pouquíssimos inimigos, nenhuma outra facção gostaria de entrar em guerra com um ser que representa mais da metade da população élfica.  

Ao mesmo tempo, dar um passo para trás agora em respeito a tal entidade seria ganhar um favor que poderia ser usado num futuro em que fosse mais necessário. 

Todos os elfos juntos poderiam não ser um quarto da população humana, mas, pela sua longevidade milenar, especialmente no momento atual, seu poderio era muitas vezes maior. 

— Meu palpite é que ela está interessada na sua habilidade — respondeu Michael — Você pode não entender isso por não ter tido muito contato com elfos além de seu pai, mas mesmo entre eles a sua afinidade com espíritos é extremamente rara, talvez apenas um a cada dez mil elfos. 

— Então ela o interesse dela não é exatamente em mim? 

— Akemi, mesmo que você tivesse outras opções, eu recomendaria fortemente que fosse para Yggdrasil, é uma das facções mais fortes do mundo!  

— É bom que ela tenha interesse na minha habilidade… isso quer dizer que eu posso ficar mais forte, mais rápido, certo?  

Michael olhou apreensivamente para a mulher.  

— Sim… provavelmente sim.  

Akemi olhou de volta pra ele. Seu olhar exalava vontade. 

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Olá, eu sou Dealer!

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