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“A próxima cidade é daqui a duzentos quilômetros. Existem pequenas vilas no caminho se desviarmos um pouco, mas não sei se vale a pena, só se nossos suprimentos estiverem acabando.” Falei enquanto viajávamos sobre Penumbra em uma estrada de terra durante a tarde.

As folhas laranjas e avermelhadas cobriam suas laterais, a grama que envolvia os arredores da estrada quase nem podia ser vista.

Naquela área específica, um pequeno riacho nos acompanhava no lado esquerdo da rua de terra. Paramos algumas vezes para bebermos e enchermos nossos cantis, além de hidratar Penumbra e tomarmos banho.

“Esse mapa mostra os Templos Dogmáticos do reino?” Stella indagou enquanto balançava as cordas da égua e acelerava.

Tentei checar isso, mas não encontrei nada.

“Não.” Respondi, decepcionado. Eu entendi a pergunta da garota, e era algo importante para nós sabermos. 

Afinal esses templos eram onde os campeões ficavam e treinavam, com certeza haveria muitos cavaleiros postulados nas cidades próximas desses lugares, era questão de lógica.

Paramos muitas vezes durante o dia. Abrimos mão de horas de viagem para iniciarmos o treinamento de Stella, e enquanto ela descansava, eu estudava os signos.

“De novo.” Declarei ao girar meu corpo e derrubar Stella no chão, atirando-a num monte de folhas laranjas.

Estávamos treinando perto do riacho no anoitecer. A fogueira nos iluminava enquanto Penumbra descansava por perto.

A garota tossiu, mas se levantou e me atacou com uma adaga. Seus movimentos eram amadores e sem qualquer tipo de planejamento.

“Pense antes de atacar. Preveja todas as ações que posso tomar e as antecipe.” Falei ao segurar seu punho e girar seu corpo para cima, derrubando seu corpo de costas para o chão.

“E não se esqueça de focar nos meus pontos vitais. Não sinta medo de me machucar.” Continuei falando enquanto recuava para trás e desviava dos cortes verticais e horizontais de Stella.

Eu percebi hesitação por trás de seus ataques e isso era algo que eu não poderia permitir continuar existindo.

Pensei em citar Frank e sua intenção de tocá-la para despertar sua raiva, mas achei melhor esperar a poeira baixar, pois isso havia acontecido apenas dois dias antes.

Por enquanto estávamos treinando sem magia, pois era melhor ela se acostumar a lutar sem precisar revelar seu status como maga.

“Você pode usar magia de vento para melhorar sua velocidade discretamente.” Expliquei enquanto continuava a desviar de seus cortes e de vez em quando lhe atacar com um peteleco.

“Como eu faço isso?” Indagou, parando e tentando reunir alguns fios verdes em uma esfera na sua mão.

“Envolva a parte de trás do seu corpo e mova os fios na direção que você está indo, como se estivesse empurrando a si mesma. Eu costumo usar magia de raio debaixo dos pés para deslizar mais eficientemente pelo chão, mas isso cria faíscas que podem me revelar.” Falei ao demonstrar meu poder.

Uma camada de vento me empurrou na mesma direção que corri, como uma ventania comprimida que aumentou minha velocidade acima dos limites comuns.

Eu já era ágil por ser uma criança e ter uma experiência de batalha corporal de séculos, mas esse auxílio da magia me fez avançar por vários metros em um poucos segundos.

Encontrei o rosto de Stella, extremamente surpreso, mas apenas sorri e girei seu corpo uma última vez, derrubando-a no chão e a cobrindo com folhas.

“Chega, chega…” Implorou ao erguer a mão. Não pude evitar rir um pouco antes de caminhar até uma árvore e sentar, me apoiando em seu tronco.

Caedes estava cravada no chão, mas logo veio até mim quando a controlei com telecinesia. Eu ainda lembrava do método para conseguir mana pura.

Era necessário usar as paredes externas do núcleo para filtrar a energia elementar dos fios prismáticos, permitindo apenas sua forma mais pura adentrar.

No entanto, isso poderia danificar os núcleos dos magos ao longo do tempo, por isso eu usaria a habilidade de absorção de Caedes para sugar o significado elemental da mana sem consequências graves para meu núcleo.

Por mais que eu não tivesse certeza se alguma coisa além de sua cor branca houvesse mudado, eu não queria arriscar.

Usei minha lâmina para retirar o brilho vermelho de um fio prismático de fogo. Foi difícil, no início o fio sempre sumia, mas depois de várias tentativas consegui manter seu estado cinza original.

Era interessante. Ele não flutuava para alguma direção como os fios elementares, ele permanecia parado no mesmo lugar. 

Eu conseguia mudar sua forma como um fio de cabelo em uma superfície molhada. Após estudar sua forma externa, eu tentei absorvê-lo em meu núcleo.

Na primeira vez que tentei fazer isso, lá quando conheci a consciência despertada de Caedes, eu não consegui absorver a mana pura, mas dessa vez, por algum motivo, eu consegui.

‘Será que é por conta do meu núcleo escuro?’ Me indaguei ao estudar a mana verdadeira dentro de mim.

Entretanto, descobri algo completamente assustador.

Os fios de mana pura não ocupavam espaço. Eles poderiam ocupar o mesmo lugar que outros fios elementares sem serem infectados por seus significados, a não ser que eu quisesse.

Desesperadamente usei Caedes para criar outro fio de mana pura, mas me decepcionei quando falhei em manter os dois fios de mana verdadeira no mesmo espaço.

Eles poderiam ocupar o mesmo espaço de fios elementares, mas não de outros fios puros. A razão da minha decepção foi porque, caso contrário, eu teria como guardar uma quantidade teoricamente infinita de mana pura dentro do meu núcleo, afinal não ocupariam espaço.

Mas mesmo assim a descoberta foi importante, pois eu conseguia ter meu núcleo completamente preenchido de mana pura e elemental agora, por mais que eu não tivesse muitos usos imediatos para os fios prismáticos cinzas.

‘Se eu tivesse como fazer meu núcleo guardar a mana pura como se fosse minha energia irregular, eu teria um estoque do mesmo tamanho…’ Teorizei enquanto encarava Stella atacando o ar com sua adaga.

Mas não importa o quanto eu pensasse, não consegui encontrar uma maneira de enganar meu próprio núcleo.

Estudei o pouco de energia irregular que eu tinha e aprendi a teoria por trás e de como era possível meu núcleo guardar quantidades tão grandes dela, mas mesmo assim ter um limite comum para energia elementar.

Levei meu foco até minha energia irregular guardada e entendi que era como uma diminuição exponencial.

Meu núcleo se expandia em vários lados etéreos, criando inúmeros pequenos espaços que apenas minha energia da morte e do caos poderia ficar.

É difícil descrever, mas essa estrutura permitia eu, teoricamente, guardar uma quantidade de energia irregular capaz de cobrir o mundo.

Minha intenção por trás desse estudo era encontrar uma maneira de guardar a mana pura nesses mesmos pequenos espaços destinados a minha mana irregular.

Não era possível fazer isso com a energia elementar pois seus significados eram muito diferentes, mas era diferente com a mana verdadeira, pois ela literalmente não possuía significado.

Era um simples fio feito de nada, ansiando por um propósito. Por isso que se conseguia lhe fornecer um significado elemental usando outros fios.

‘Espera um pouco.’ Uma ideia completamente absurda surgiu dentro de mim, algo que poderia facilitar tudo.

Se eu conseguisse guardar a mana pura em grandes quantidades dentro dos espaços destinados à energia irregular e infectar sua totalidade usando outros fios elementares, eu poderia criar mana o suficiente para alimentar feitiços incríveis.

Algo capaz de abalar o mundo inteiro.

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Olá, eu sou Kalel K. Dessuy!

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