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A garotinha estava entre o único braço de seu pai e seu peito forte, sendo sacudida enquanto ele corria pela floresta densa, escura e tentavam fugir para o mais longe possível. Porém, havia alguém os perseguindo, como se os dois fossem suas presas e o que quer que estivesse atrás deles, parecia estar brincando, como se fizesse uma caçada por pura diversão com risadas macabras.

Ela abriu seus olhos e observou o que vinha atrás, enquanto o homem que a carregava corria mais e mais fundo na floresta. A garota viu pares de olhos vermelhos-sangues tão assustadores que pareciam que podiam matá-la daquela distância, o que a fez estremecer com medo e sem saber o que seria dela se fossem pegos.

O homem jogou sangue de sua boca várias vezes e seu braço esquerdo que estava faltando, estava jogando sangue constantemente nas árvores que passavam como uma fonte sem limites. A garotinha virou-se para trás novamente, e a distância estava começando a diminuir rapidamente, mas eles estavam focados o mais longe possível na floresta, indo de um lado para o outro como se procurassem por algo.

Risos ecoaram como uma zombaria para os dois.

“Corra! Corra o mais longe que puder, Orlok Blade! Torne nossa caçada mais divertida.” A voz masculina ecoou pela floresta, fazendo com que seres noturnos se assustarem, e estremeceram onde quer que estivessem. A garota mesmo sentiu um frio gélido na espinha como se o hálito quente daquela pessoa pudesse alcançá-la ou como se estivesse literalmente do seu lado, o que a fez agarrar o pescoço de seu pai com mais força e medo.

Porém, o mais terrível era que ela podia escutar os rangeres de seus dentes e o apertar de seu braço em sua volta, enquanto corriam ainda mais fundo na floresta. Até que chegaram no que parecia ser algum tipo de parede com ornamentos esculpidos e a mesma tinha uma cor vermelha carmesim com uma única entrada, o que fez a garotinha pensar o que era essa coisa. 

Até que, de repente, seu pai colocou-a no chão gentilmente, seus olhos se cruzaram e ele estava prestes a derramar lágrimas, no entanto, o que ela viu foi seu sorriso gentil em seus lábios trêmulos. Orlok Blade balançou a mão e a porta atrás da garota se abriu, e o que apareceu foi algo parecido com uma ponte de vidro translúcida, sustentada por pilares arqueados e ornamentados. Abaixo da ponte, havia o que parecia ser um canal de água, largo o bastante para alguém passear de barco. 

Seu pai abraçou-a com força novamente com seu único braço que era quente, reconfortante, emanava amor e gentileza. Ele soltou-a e encostou suas testas uma na outra, e a garota chorou silenciosamente porque já havia percebido o que viria a seguir. “Pai…” Ela falou com voz trêmula, mas foi interrompida por ele. “Aiko! Escute, minha pequena!” Ela ficou em silêncio enquanto esperava pelas suas próximas palavras.  

“Aiko, você precisa sobreviver! Mas escute com atenção, minha pequena! Este será nosso último encontro, eu não queria que as coisas acabassem desse jeito. Porém, há pessoas nesse mundo que nunca se contentarão com a sua felicidade.” Assim que percebeu, ele estava desenhando algum tipo de círculo em seu peito que emanava uma aura forte. Em seguida, o círculo penetrou no seu peito fazendo-a ter uma terrível dor, mas o homem confortou-a acariciando sua cabeça gentilmente. 

“Um dia, você descobrirá a verdade de tudo que aconteceu conosco, mas até que este  dia chegue, você precisa sobreviver, Aiko. Não temos mais tempo, assim como sua mãe, eu me sacrificarei para que você veja o amanhã. Mas escute, no dia que você descobrir a verdade, não confie na㇐” Assim que ele estava prestes a dizer, foi interrompido pelos perseguidores que apareceram atrás, alguns metros de distância.

Orlok Blade agarrou-a com lágrimas nos olhos e falou: “Eu sempre te amarei, minha filha! Espero que você possa ser feliz um dia! Assim como eu e sua mãe fomos! Você é a melhor coisa que poderíamos ter, Aiko. Eu te amo!”

Assim que a voz caiu, ela sentiu um leve empurrão para a entrada na parede e tudo em volta parecia lento, vazio e frio, o que fez a visão dela turvar-se, e sua última visão foi a de seu pai ficar em pé encarando os perseguidores.

“Luixya! Logo estarei com você! Eu protegerei o futuro de nossa filha levando esses dois malditos comigo!” A aura de Orlok Blade emanou pelo corpo e em seguida, ele correu para a frente como se tudo o que viria no futuro, para a sua filha, Ayumi Aiko, dependesse disso.

Os olhos de Aiko finalmente se fecharam, e todos os seus sentidos foram perdidos.

***

Ayumi Aiko não fazia ideia de quanto tempo havia se passado desde que foi empurrada para dentro da entrada daquela parede misteriosa que seu pai a colocou. Todas as vezes que lembrava, ela não conseguia segurar suas lágrimas enquanto encolhia-se dentro da sua nova moradia: uma caixa de papelão grande embaixo de uma ponte, embora para Aiko fosse algo novo que ela não conhecia, porém, as últimas palavras de seu pai não saiam da sua mente dia e noite. 

Aiko também não fazia ideia de onde ou em que lugar estava, seu estômago roncava diariamente, sua garganta estava seca, seus lábios estavam ressecados e com rachaduras, suas bochechas estavam fundas com uma cor pálida, seus olhos opacos e sua expressão era de uma solidão profunda. A única coisa que vestia era o mesmo vestido que usava na noite em que se separou de Orlok Blade, estava em farrapos e sujo.

Do lado de fora a chuva começou a cair, em poucos minutos a casa de papelão ficou encharcada, dificultando para sair e procurar um lugar para ficar enquanto a chuva continuava e assim que parasse Aiko voltaria para a residência dela de papelão.

Aiko caminhou e caminhou sem parar, até encontrar uma pequena cobertura de telhas de um estabelecimento. Ela abrigou-se lá até que a chuva parasse, com seu rosto enterrado nas suas pernas enquanto o ar ficava frio e difícil de suportar, além de respirar pesadamente. À medida que a chuva ia aumentando ficava mais e mais difícil suportar o frio, e seu corpo estremeceu e caiu de lado encolhida.

Segundos, minutos, horas se passaram e a chuva continuava caindo sem dar sinal de parar. Não demorou muito para o sol, que estava se escondendo nas nuvens escuras no céu, meramente clareando o dia chuvoso, desaparecesse e desse lugar para a lua alta no céu estrelado. Quando ela percebeu, não conseguia mexer um músculo do seu corpo, e então percebeu que seus membros estavam congelando. 

Aiko sentiu seus músculos ficarem enrijecidos, dificultando-a de fazer qualquer movimento. A respiração ofegante surgiu como uma névoa branca no ar, enquanto tentava apertar os dedos das mãos, no entanto, era inútil, medida que esfriava mais e mais, todo o seu corpo estava perdendo gradualmente a sensibilidade.

Então é assim que eu vou morrer?! No fim, não poderei viver assim como meus pais queriam que eu vivesse e fosse feliz!  Havia muitos pensamentos passando pela mente confusão de Aiko por causa do frio latejante em sua pele pálida. Mãe! Pai! O quão patética sou! Tudo que fizeram por mim… Foi em vão, no fim, eu irei morrer como um cachorro de rua. 

Aiko queria sorrir amargamente, entretanto, nem isto conseguia fazer, seus lábios estavam secos e ficando duros. Ela tentou apertar seu corpo ainda mais com seus braços. Mãe! Pai! Me perdoem! Logo, logo, estarei com vocês! Onde quer que vocês estejam. Por favor, esperem por mim.

Ela forçou-se a abrir os olhos de relance, e já era noite. A rua estava vazia e parcialmente escura, apenas com a iluminação de um poste onde ela estava deitada como um cachorro sarnento, como se aquela luz simbolizasse que no fim, aquele brilho seria o último que veria. Seu estômago roncou novamente, pelo menos ainda havia algum sinal de vida em seu corpo que não queria desistir de viver.

Uma lágrima desce e pingou no chão, Aiko estava fadigada, destruída mental e fisicamente, ela já havia desistido de tudo, não tinha mais nada que pudesse fazer e apenas esperou seu fim. A garota fechou os olhos consciente de que este seria o último dia de sua vida e assim perdeu os sentidos e tudo estava ficando escuro lentamente, ao mesmo tempo em que parecia uma eternidade passando diante de suas pupilas.

No entanto, de repente, Aiko sentiu calor em seu corpo. Ela tentou abrir meramente os olhos, embora cansada, sentiu que estava sendo carregada por alguém, sua visão estava no chão atrás das costas de quem quer que fosse que estava ajudando-a. Depois de muito tempo, Aiko podia sentir um pouco de esperança em seu coração. Mesmo que ela quisesse ver quem era seu salvador, faltava forças para que pudesse mover-se e olhar no rosto dessa pessoa.

Aiko não suportou mais o cansaço, e apenas deixou sua mente se esvair e finalmente adormeceu.

A única coisa que ela sentia no fim, era que o calor desta pessoa, era reconfortante e seguro.

***

Aiko abriu os olhos ainda debilitada, mas as pupilas dela se moveram de um lado para o outro e o que estava a sua frente era um quarto grande com móveis sofisticados, uma cama confortável e quente na qual estava deitada. O local em si era muito reconfortante, com janelas grandes e cortinas de seda fina que impediam a luz de penetrar no interior do quarto.

Ela observou que em seu corpo haviam roupas novas com um doce perfume de seda fina, com babados colados que enfatizavam as curvas do seu próprio corpo magro e delicado. Também tinha um doce aroma emanando em volta do quarto.

Ela se levantou da cama e foi até uma das janelas, puxando a cortina olhou para a vista de uma cidade de aparência antiga, haviam muitas casas e prédios feitos de tijolos e madeiras. No entanto, as residências eram de aparência moderna e pareciam custar uma fortuna. 

Aiko observou as ruas ladeadas com pedras de cores acinzentadas  e escuras. Haviam muitas pessoas andando, embora suas roupas fossem diferentes do que ela estava acostumada a ver. Os homens usavam ternos bonitos, enquanto as mulheres vestiam vestidos de seda fina que eram muito bonitos e elegantes. Era literalmente como se ela tivesse voltado no tempo.

De repente, a porta do quarto abriu e uma mulher vestida de empregada entrou carregando algo em suas mãos. O que parecia ser roupas novas, ou mais precisamente, alguns vestidos longos de seda fina e bonitos.

“Senhorita Ayumi Aiko, bom dia.” Ela fez uma breve pausa. “Minha senhora, estes são alguns vestidos que a Rainha comprou especialmente para você! Ela espera que goste!” A empregada falou enquanto fazia uma leve referência. “Ah?! O quê?!” Aiko ainda estava tentando entender o que havia acontecido com ela, as coisas tinham se desenvolvido de um jeito rápido demais para ser processado.

De repente, tudo surgiu em sua mente: do momento em que entrou na barreira vermelha, até o momento em que conheceu a mulher que chamavam de Rainha e ela havia feito algo. Aiko lembrou da aura esquisita que saiu de sua boca misturada com seu sangue. Havia algo errado e seu corpo parecia mais forte e extremamente mais leve do que o normal, seus sentidos mais apurados e sensíveis, permitindo-a ter sentimentos incríveis de ser uma pessoa extremamente forte.

Aiko lembrou de Mahina, a força de sua amiga era algo que ela queria atingir um dia, com esforço e determinação; mas agora, Aiko sentia que podia ir muito mais além do que qualquer pessoa que conhecia. Havia algo fluindo fortemente pelo seu corpo, algum tipo de força desconhecida. Ela apertou levemente seus dedos finos e sentiu uma pressão que nunca tinha sentido antes. 

O que aquela mulher… Fez comigo?! Porque meu corpo está mais forte e mais leve do que o normal?!

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Olá, eu sou Ashura!

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