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Dirigindo pela pitoresca rodovia Yamate, Amai e Yamasaki encontram-se a cerca de uma hora de distância de seu destino, deixando para trás os agitados arredores de Nova Tóquio. O carro desliza suavemente pela estrada enquanto o horizonte se estende diante de seus olhos, tingido pelas tonalidades azuis de um amanhecer límpido, evocando a serenidade de águas cristalinas.

Os pássaros voam no horizonte, enquanto o som das rodas do carro ecoa em seus ouvidos.

Amai, recostada no banco do passageiro, observa Yamasaki com um olhar tranquilo enquanto abre uma garrafa de água, retirada de sua bolsa, e toma um gole refrescante antes de quebrar o silêncio com uma voz suave e perspicaz. 

— Não quer saber mais sobre a missão? Parece que você está meio ausente, Yamasaki — diz Amai, balançando a cabeça enquanto seus cabelos vermelhos dançam ao vento. Ela sopra uma mecha rebelde que cai sobre seus olhos, tentando trazê-lo de volta à conversa. — Hein!? Azedinho!?

Ele , concentrado na estrada, solta um suspiro pesado antes de desviar seu olhar para ela, arqueando uma sobrancelha diante da provocação.

— Pode falar… — responde ele, dando espaço para que Amai continue.

Os olhos de Amai brilham instantaneamente.

— Bem… Por que uma entidade permanece tanto tempo em um único lugar? Nunca houve qualquer mudança desde seu primeiro registro, nem foi alterado o estado de pendência… — ela comenta rapidamente, como se as palavras estivessem prestes a transbordar de sua mente. Sua boca era uma cascata, e suas palavras, as águas, que caíam incessantemente.

— Talvez seja descaso ou falta de atualização; pode ser até que ele já tenha ido embora — responde Yamasaki, ponderando. — Amai, você sempre é tão meticulosa com essas questões? Quero dizer, tão detalhista? — ele a questiona.

— Gosto de ser a melhor em tudo o que faço, e você, Yamasaki? — responde ela, confiante, mantendo-se firme.

— Eu? Bem, se dependesse de mim, não estaria aqui… — diz ele, soltando um suspiro e desviando o olhar para a estrada.

— Nossa, por que você se tornou exorcista? Se não gosta, por que faz isso? — ela insiste, curiosa.

Yamasaki hesita por um momento, avaliando se deve responder.

— Ah, qual é? Me fala, já que vamos fazer missões juntos, precisamos conhecer quem está ao nosso lado, certo? — Amai pressiona, com uma expressão curiosa.

— Não é interessante… — responde ele, tentando encerrar o assunto.

— Ah, vai, para mim é! — ela retruca, mantendo seu olhar firme.

— Não vai me convencer… — responde ele, mantendo-se reservado.

— Nossa, você é difícil… — ela suspira diante da resistência dele, percebendo que Yamasaki não está disposto a abrir-se tão facilmente.

Enquanto seguem pela estrada, a calmaria do caminho dá lugar a uma atmosfera mais pesada e sombria quando chegam à sinistra Floresta dos Mortos minutos depois. As sombras pairam entre os altos pinheiros, criando uma penumbra quase total sobre a estrada. Embora outrora o calor fosse reconfortante, ali o frio suavemente reinava.

Ao desligarem o motor, o silêncio retorna e ambos saem do carro, absorvendo o ambiente misterioso ao redor. Apenas o canto dos ventos entre os troncos alcança seus ouvidos.

— Floresta dos Mortos… Dizem que mais de cem mil pessoas foram executadas aqui, inimigos políticos do imperador. Você sabia disso, Yamasaki? — comenta Amai, buscando iniciar uma conversa.

— Não… Nunca gostei muito de história! — resmunga.

— Ah, de que você gosta, então? — ela provoca, observando a floresta com ansiedade.

— O que você está esperando? — Yamasaki a interrompe, ultrapassando Amai e olhando para a floresta com determinação.

E ela concentra-se, reunindo sua energia enquanto uma aura suave, com tons avermelhados nas pontas, envolve seu corpo de forma translúcida.

— Expando potentiam: facit ut gladium gerere possim, qui uno ictu exorcizare valeat. — ela murmura, puxando uma lâmina katana de dentro de sua palma, como se estivesse sendo retirada de sua própria carne, com firmeza no cabo. É uma demonstração da extensão de sua técnica inata, a capacidade de manipular a realidade com sua poderosa imaginação.

“A técnica inata dos Shirasaki…

Impressionante!”

Yamasaki pensa, reconhecendo o feito extraordinário. Ele não era um entusiasta, mas o pouco que sabia era o necessário para se considerar um exorcista.

— Conheça minha fiel companheira, a Gladium! — diz, empunhando a lâmina com a postura de uma espadachim hábil, sua expressão cheia de determinação.

— Gladium? Você vinculou um pacto com sua técnica inata? — questiona Yamasaki, surpreso.

— Ah, você é mesmo esperto! Já percebeu isso, né? — ela responde, com um sorriso confiante.

— Não sou burro… É muito específico você colocar o nome da sua lâmina no meio do feitiço! — responde ele, mantendo-se firme.

— Ah, claro… Mas não é tão fácil de fazer! Hehe, vamos continuar? — diz, um pouco desconfortável.

— Vamos… — Yamasaki avança pela selva, mantendo sua aura propositalmente discreta enquanto se concentra na grande ameaça que os aguarda. Ele observa as sombras demoníacas ao redor, espreitando-os.

Amai caminha logo atrás, alerta para qualquer ataque, seus olhos concentrados como os de um felino à caça, seus passos suaves e precisos. A cada passo que dão, a floresta se torna mais escura e fria, e o som incessante dos insetos começa a incomodar.

Pouco depois, enquanto caminham, Yamasaki percebe as árvores balançando ao seu redor, com folhas caindo lentamente. De repente, ele ouve passos ágeis, mas ao se virar para trás, percebe que Amai já não está mais ali, apenas uma cortina de poeira que chega até a sua cintura.

“Cadê ela?”

Yamasaki fica em alerta, vasculhando o ambiente com cautela ao redor, seus olhos movendo-se da esquerda para a direita. Então, após um ressoar de corte, ele olha para cima e avista Amai no ar, decapitando uma entidade.

— Ah! — exclama.

O sangue púrpura espirra enquanto ela gira no ar, pousando com agilidade no chão, muito à frente do rapaz, pernas estendidas e a lâmina apontada para trás, pronta para desferir o próximo golpe. Yamasaki recua ao ver o líquido roxo espirrar, observando o corpo cair inerte para um lado. A cabeça cai para o outro, com cabelos brancos e olhos fixos, metade da face da entidade em estado putrefato, chocada por ter sido abatida sem nem ter visto a garota.

Enquanto absorve aquele instante, o resto da entidade se desfaz como fumaça no ar, emitindo um último gemido antes de desaparecer.

— Um único golpe!? — Yamasaki exclama, surpreso.

— É isso mesmo! Esta lâmina consegue exorcizar com um único golpe, desde que eu a invoque! — explica Amai, com um brilho nos olhos. — Não é apenas um pacto, é uma jura, condicionada. Pode me chamar de gênio! — ela se vangloria.

— Incrível!

No mesmo instante, ele sente a lâmina de Amai quase tocar suas costas, sua presença perceptível pela energia que emana. Em um piscar de olhos, ela já eliminou outra entidade demoníaca, impedindo que as garras do ser atingissem seu parceiro. As trevas dançavam ao redor deles, impedindo de localizar um foco, ou mesmo a abertura pela qual essas entidades estavam saindo, impossibilitando de antecipar os golpes. Sua velocidade de reação era seu grande trunfo.

— Maldita! — murmura o demônio, sentindo seu sangue púrpura escorrer pelos lábios.

A entidade tinha o mesmo cabelo e olhos brancos, mas com uma corda em volta do pescoço que subia até debaixo do nariz.

Como falava? Havia uma abertura entre os lábios, que permitia a fala.
A garota, com precisão, perfurou o peito da entidade pelas costas e permaneceu agachada para evitar possíveis contra-ataques.

— Pelo pouco de energia negra que eles têm, parece que são demônios obsessores… — Amai conclui enquanto retira a lâmina rapidamente, vendo a entidade se desfazer em pó.

— Demônios obsessores? — questiona, não colocando fé nas palavras da garota. — Não são como parasitas? Onde está o hospedeiro deles? E por que estão aqui? — indaga, buscando entender mais sobre a situação.

— Sim, são parasitas, mas só atacam quando não têm hospedeiro ou se sentem ameaçados. Esqueceu? — ela responde, levando a mão à cabeça. — Mas você tem razão em estar em dúvida… é estranho eles estarem aqui… Quase ninguém vem aqui! Será que estamos em um campo minado!? Uma técnica inata!? As entidades calamidade são semelhantes às entidades originais, com habilidades praticamente ilimitadas… — afirma, brandindo a lâmina um instante antes de uma esfera negra atingir os dois.

Yamasaki, em questão de segundos, agarra o projétil com as mãos nuas e o desfaz, dissipando em raios arco-íris atrás deles que erguiam uma cortina de poeira. Ele convertia energia negra, com a habilidade de um maestro.

— Não temos tempo para pensar agora… Vamos exorcizar essas criaturas! Limpar essa área o mais rápido possível! — diz Yamasaki com determinação.

— Você conseguiu desfazer uma técnica maldita… — Amai suspira, admirada, segurando firme sua lâmina — vamos, Yamasaki…

À frente deles, enquanto a poeira se dissipa no ar, uma entidade os observa entre as árvores enquanto acumula energia negra em suas mãos. A criatura, vestida com um terno surrado, ostenta enormes chifres de búfalo e um terceiro olho em sua testa. Ao concentrar essa energia negra em uma única e densa esfera de trevas, ele une as mãos e sente a aura de ambos ferver, como se estivesse sendo desafiado em seu próprio território.

“Como ele conseguiu fazer isso?”

A entidade pensa, enquanto uma veia de raiva pulsava em sua testa. Pela aparência, a criatura parece estar em um nível quatro de perigo. Quanto mais humana e verossímil, mais poder é necessário para manter sua forma.

“Malditos exorcistas! Quantos mais terei que matar para ter um pingo de paz?”

Seria ele a calamidade de que falavam? Ou seria mais uma das entidades a serem expelidas pela escuridão?

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