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Após atender à ligação, Yamasaki desce o elevador com uma feição meio emburrada, encarando seu reflexo no espelho. Ele desiste de seu dia de paz em prol do chamado de Shirasaki.

— Tô vendo que essa garota não vai me dar paz. Aff, me sinto alguém de carteira assinada! — ele lamenta ao seu reflexo, enquanto o elevador chega ao andar do estacionamento. As portas se abrem e ele apressa o passo.

— Você só disse não três vezes, na quarta foi aquele “sim” todo apaixonado! — provoca Azaael, enquanto Yamasaki abre a porta de seu carro e entra.

— Engraçadinho… Se eu não for, ela vem até em casa. Aliás, o que será que ela tem de tão urgente para falar? Não podia ser pelo smartphone?

— Mulheres, meu caro… mulheres… ninguém pode as compreender, eu…

— Ah, me poupa, vai Azaael. Não me conta dos milhões de demônios que você pegou, cara, por favor! — diz Yamasaki, enquanto coloca as mãos sobre o volante. Após pisar no freio e engatar o motor, ele sai do estacionamento, dirigindo pela via Deai. Passa em sentido contrário de Gabriel e Masaru, estranhando o carro deles, mas logo volta sua atenção à pista, indo o mais rápido que pode para se encontrar com a garota.

Não leva dez minutos para chegar ao Parque Ambiental de Katakana, um lugar belo, com o esverdeado das folhas das imensas árvores de troncos escondidos atrás de muros cinzas e frios. Ele estaciona a centímetros da entrada. A luz ainda o incomoda, então pega um óculos escuro no porta-luvas e sai do veículo. Amai está lá, vestindo uma blusa amarela bebê e uma saia jeans acima dos joelhos. Seus cabelos estão amarrados e seus olhos brilham.

A garota está sozinha, com aquele tempo, ninguém se arrisca a sair para um encontro, com as poucas gotejas que a atingem se derramando por seu rosto.

— Você veio mesmo…

— Ehr… vim. E o que tem de tão urgente? Nossa próxima missão é aqui? — ele pergunta, coçando o queixo, tentando não encarar tanto em seus olhos. — Cadê o loiro?

— Está ansioso? — ela pergunta, percebendo, e então dá dois passos à frente. Com seus saltos altos, alcança facilmente a garganta dele. E tira impiedosamente os braços de Yamasaki dos bolsos. — Ele está ocupado… não iremos fazer nenhuma missão hoje. Vamos nos conhecer… o que acha?

— Ehr… Como assim!? Então, o que era de tão urgente? — ele olha para cima, sem se mover, paralisado com a atitude dela. Vê as copas das árvores jogando gotas das chuvas nos dois, mas estas não o atingem, por algum motivo, a chuva nunca toca seu ser.

— Oras, o quê? Eu não iria esperar muito e iria te buscar! — diz ela, rindo suavemente, e então pisa no pé dele, fazendo-o contrair os lábios, quase gritando. — Você vai se fazer de durão sempre, Yamasaki? — ela recua com os braços para trás.

— Maldita! — ele diz, dando um suspiro irritado. — Você me tirou do meu descanso só para me irritar? Sério?

— Oh, cabeça oca! Não, estou falando sério, quero conhecer Yami Yamasaki mais…

— Por quê? Você não tem nada mais interessante para fazer? Sabe, ler um livro ou ver uma série? — ele diz, olhando para o carro, pensando em escapar, mas a fera não deixa e o agarra pelo braço com toda a força.

— Não seja chato! Vai, como dois parceiros que somos, deveríamos saber um do outro! — Ela o puxa para dentro do parque, quase o arrastando. — Vem cá, Yamasaki…

— Então pergunta, pô! O que quer saber?

Ela então o solta em meio às árvores ao redor da estrada que forma o passeio do parque. Não há mais nada além do verde vivo das folhas e o marrom elegante dos troncos. Se muito atento, pode-se sentir o cheiro da terra molhada pela fina chuva e das flores lilases.

— Tudo no seu tempo e clima! Primeiro, por que não vamos aproveitar a maravilha que Elum fez? — diz ela, indo em direção à direita, onde se pode ver um lago distante. — Vamos?

— Tenho escolha? — ele então vai atrás dela. — Você é bem estranha, uma exorcista com um clã para herdar, tão focada… matando tempo assim!

— Sou um ser humano, não é? — responde ela, reduzindo a velocidade do passo para ele ficar ao seu lado.

— Você parece despreocupada até demais…

— E estou! Sabe, estou aproveitando o balanço das águas… E você? — ela responde, olhando para as flores com paixão, evidente em seus olhos castanhos que refletem cada uma.

— Estou… levando… minhas velas já foram içadas! Só navego por este mar…

— Você é do tipo que não traça um caminho porque não pode, mas também não atraca em nenhum lugar porque não quer, certo?

— Talvez… eu só quero que tudo passe. É como ansiar por um instante, viver por um momento. Você entende? Aposto que não! — ele responde, olhando para o lado, percebendo macacos os observando, curiosos, pequenos como mangas rosas.

— Engano seu! Na verdade, eu vivo assim. Ser uma herdeira significa que viverei até ser membro do conselho. Após isso, minha vida e destino serão para a ordem!

— E você não gosta disso?

— Eu? Bem… não! Quer dizer, amo ser exorcista, amo meu pai, meu clã… mas queria almejar algo menos grandioso, mas não menos importante!

Ele revirou os olhos, tentando raciocinar.

— Não faço ideia. Talvez você quisesse seguir outra carreira? É clichê, mas acontece…

— Quê? Não, eu acho que ser herdeira e exorcista está bom para mim! E, aliás, eu sou excelente em ambos — diz ela com um grande orgulho misturado a um pouco de sarcasmo, coisa que Yamasaki não tem. — Mas eu… desejo ter uma família! Sabe, como minha mãe. Eu já sou forte, já sou orgulhosa de mim, eu… quero algo que vá além de mim, algo que eu possa sentir que continuará mesmo após eu partir! — determina.

— Uma família? Você quer dizer que a exorcista mais talentosa, quer casar?

— Hmm… isso, casar, ter filhos… talvez viver longe da cidade, uma vida tranquila, um pouco de paz. Sabe, Yamasaki, eu não sou idealista de querer mudar este mundo ou muito menos sacrificar o meu futuro em prol disso. Faço minha parte, mas o que eu espero para mim é mais importante e está acima de tudo! Você é da mesma forma, não? Apesar de termos senso de justiça diferente, estou errada? — Quando pergunta, busca seus olhos, que fogem para as folhas de uma samambaia à sua esquerda.

— Não está… realmente, eu não ligo para nada disso. O mundo, para mim, se isso tivesse um fim, não me importaria, contanto que eu tivesse o que almejo!

— E o que você almeja? — insiste.

— O quê?

— É, se está tão certo disso quanto eu, então não teria problema em dizer, não é? Ou você… é do tipo que acredita que não realizará se disser? — ela diz, meio provocativa. Ela sabe que ele é o mais cético possível. — Ou está com medo? É algo muito vergonhoso? Tipo, dar seu primeiro beijinho?

— Não… Ei… por que não falamos de algo mais interessante? Não quero ficar com papo de psicólogo, não tenho saco! — ele diz, meio bravo, meio envergonhado.

Deveria ser a pergunta mais fácil para ele responder, justamente, mas, inexplicavelmente, não o era…

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