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Uma hora depois, Yamasaki chega próximo a um hotel abandonado, na divisa do distrito Gou com o distrito de Hiragana. O milenar Hotel Junsu Hito, o mais antigo edifício da cidade, outrora o mais requisitado pela alta sociedade de toda Crea, agora está há mais de dez ciclos, transformado em um museu do que um dia fora.

A fachada, envelhecida pelo tempo, mas ainda impecável, parece observar os que se aproximam de suas janelas de vidro arranhadas e paredes cobertas de poeira. A pintura, agora desbotada, conta histórias de glórias passadas, e as placas de bronze enferrujadas são um lembrete dos tempos áureos que não resistiram ao abandono. O vento fraco assobia através das persianas soltas, criando uma melodia melancólica que acompanha o cenário sombrio.

Shirasaki o espera aos pés de uma escadaria que deve ter seus cem degraus. Vestido com um sobretudo pela primeira vez, ele parece uma figura saída de um conto de terror. As sombras das árvores ao redor dançam sinistramente com o vento, enquanto o crepúsculo se instala, tingindo o céu de um laranja profundo e ocultando a luz do dia.

Ao sair do carro, Yamasaki coloca imediatamente um par de óculos escuros e abre um guarda-chuva negro, apesar da ausência de chuva. Ele caminha com passos decididos, os sapatos ecoando pelo caminho de pedra até a base da escadaria. As folhas secas estalam sob seus pés, e o ar frio carrega um leve cheiro de umidade e decadência.

— E aí…

Sua voz sai hesitante enquanto se aproxima dela, seus olhos percorrendo o lugar, certo de que aquele prédio tem mais de vinte andares.

— Óculos escuros? Guarda-chuva? — Shirasaki pergunta, desconfiada.

— É… tá frio, né… e vai chover… — ele responde, balançando a cabeça. — Então, vamos fazer mais uma missão pública? É isso?

Os dois olham adiante, para a imponente porta de madeira avermelhada, ornamentada com desenhos dourados, que começa a se abrir lentamente.

— Quê? Não… desta vez aceitei um trabalho comissionado, mas não fique animado! Não cobrei muito! — Shirasaki retruca, cortando o sorriso que começa a surgir no rosto de Yamasaki.

— Pelo menos vai ter pagamento… enfim… — murmura ele adiante. — E o Arthur? Não vem de novo?

— É… sobre isso, ele está curtindo com a namorada — ela responde, seus olhos se estreitando a cada passo. — Yelena Alekseeva…

— Yelena… já ouvi esse nome, é exorcista?

Instintivamente, ele coça o pescoço, olhando para as janelas do prédio, que parecem intocadas pelo tempo.

— Não só é exorcista, como é a mais jovem líder do conselho, um prodígio que assumiu o legado do clã com apenas 18 anos. Tenso, né?

— Caramba… e eu achei que estava ferrado. O que rolou? — diz, soltando uma risada nervosa.

— O pai foi morto por uma entidade misteriosa. O mais incrível é que dizem que a técnica inata deles é a mais poderosa… — Ao chegarem ao fim da escadaria, Shirasaki tira uma chave dourada do bolso, maior que sua mão. — Suspeito, não?

— Muito. E ficou para ela? Ela herdou?

— Sim! Era filha única. Foi a primeira exorcista a despertar suas técnicas espirituais aos 16 anos… — ela comenta, girando a chave após o encaixe, revelando o interior do hotel. A luz invade o espaço, desenhando suas silhuetas no piso impecável, que parece ter sido encerado momentos antes.

— Uau… isso aqui está mesmo abandonado? — pergunta Yamasaki, enquanto a escuridão densa impede qualquer visão além do que a luz alcança.

— Não, e sim. Este hotel é uma joia rara nos eventos sobrenaturais. Dizem que a entidade que vive aqui o mantém impecável, como se fosse sua própria moradia… Entende?

— Um ambiente mantido à base de energia negra… então, a entidade que vive aqui era uma aterrorização que se desconectou de seu propósito, como um lobo que não caça?

— Não, e sim! — Shirasaki suspira. — A entidade sofreu um tipo de apego ao se deparar com a racionalidade. Antes desse hotel fechar, houve muitas vítimas… Ela com certeza evoluiu para uma calamidade, como a da floresta que enfrentamos, mas se ligou afetivamente ao lugar! — Com passos firmes, sua aura cresce conforme avança, iluminando ao seu redor, enquanto seus sapatos arranham o piso.

— Uma entidade que se apegou? — Yamasaki pergunta incrédulo, seguindo-a. — Que estranho… mas enfim.

— É… e você deveria estar menos despreocupado. Normalmente, seres assim são bem fortes. Não irão aparecer por uma isca qualquer, ou tentarão demonstrar que estão aqui para nós. Teremos que investigar separadamente… — ela diz, olhando-o com seriedade.

— Balela… é só uma entidade qualquer. Aposto que, se quiser, a exorcizo com um único feitiço! — ele diz convencido.

Ela revira os olhos, jogando o sobretudo para trás, que cai sobre seus ombros.

— É? Tá bom, então, bonitão. Se conseguir, te devo uma, tá bom?

— Tá… trouxa, só não reclama…

— Ha! Ha! — ela termina sua caminhada na ponta de uma escadaria que leva ao complexo de quartos, distribuídos por todo o prédio. — Digo o mesmo, bonzão!

Yamasaki vai para o outro lado, à direita, que leva aos outros quartos.

— Se você fizer o mesmo, te devo uma, tá bom? — ele então sobe à frente, sua aura emergindo estranhamente negra, unindo-se ao breu ao redor.

Ele apenas sorri de lado, evitando comentar sobre isso, enquanto, ao horizonte de seus olhos, Amai havia desaparecido. Ele a sentia como um radar; sua aura estava presente, mas a referência visual lhe faltava.

— Boa sorte!

Ecoa à sua esquerda, a voz dela está próxima, mas sua vista está distante, sua silhueta engolida pela escuridão. Mesmo sua aura não está clara diante dos olhos de Yamasaki, mas ele mal se pergunta o porquê. Enquanto a presença dela fica distante de seu radar, ele sente a entidade lhe abraçar, Azaael, surgindo e pegando em seu ombro, em sua forma total.

— Me dá o controle de novo… vai… rapidinho… eu só quero acabar com esse demônio de uma vez por todas! — diz, sussurrando em seu ouvido com um olhar diabólico.

— Sai… seu maldito, você vai arruinar tudo! — responde, sacudindo o ombro para se livrar dele, visivelmente irritado. — E se repetirmos isso, pode dar muito errado… Lembre-se do contrato, você está obrigado a me ajudar, senão, está tudo acabado, Azaael! — alerta ele.

— Droga… E daí? Você se importa demais com essas coisas… — reclama, observando-o avançar, continuando, — Ou será que eu é que estou me afetando demais por causa disso? — Seu sussurro sai como um lamento, enquanto ele encara sua própria mão, lembrando-se do que está profundamente enraizado em sua mente.

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