Os Cavaleiros Reais chegaram, junto deles, o grupo de Dante que havia deixado o garoto para trás, pois achavam que ele já estava morto.
Ao verem os demônios, o grupo tentou atacar, mas foram impedidos por Dante que conseguiu convencê-los de que não eram ameaças.
Os cavaleiros algemaram Raia e os demônios que não mostraram nenhuma resistência. Dante chegou perto de toda aquela situação.
— Nós temos um pedido, por favor, nos deixe ser presos junto do mestre.
Os Cavaleiros Reais de início não sabiam o que fazer exatamente com aquelas duas criaturas, mas ao ouvirem isso, ficaram ainda mais indecisos.
Raia ficou surpreso com aquele pedido para os cavaleiros, e ele também ficou contente. O rapaz se virou para Dante e comentou:
— Garoto, não sei muito o que dizer além de obrigado… obrigado por ter me feito parar de fazer maldades. Caso você realmente cumpra o que disse, serei eternamente grato.
Uma pura, leve e genuína sensação de prazer consumiu o corpo de Dante, ele sentiu como se tivesse feito algo muito bom.
Quando esse grupo viu o garoto vivo e sem nenhum machucado, seus olhos se arregalaram e suas peles pareciam pálidas.
— Ei, ei, Dante! Você não estava morto?
— Espera, como você ainda está vivo? Daquela altura qualquer pessoa poderia… —
— Você tem superpoderes, por acaso?
— Eles estão certos!
Enquanto isso, o garoto estava tentando achar a melhor desculpa possível, já que Rishia falou para ele não falar nada que envolva o mesmo ter supostamente morrido.
Naquele momento, a garota achou que aquilo era uma piada de mau gosto de Dante, e ele percebeu isso e acabou sentindo um mau agouro. Contudo, o garoto decidiu esperar até Rishia explicar o porquê de ser ruim falar algo do tipo.
A sensação que estava sentindo era como se ele fosse entrar em um caminho perigoso, talvez sem volta.
Enfim, Dante achou a melhor desculpa para aquela situação. Apontando com o dedo indicador, o seu grupo apenas pôde ver uma criatura quadrúpede que foi contida pelos guardas.
— Ele me salvou. Kaira não é um demônio malvado, como vocês pensaram, viu?
O seu grupo ficou ainda mais boquiaberto com a situação, e foram rapidamente se desculpar com o demônio por aquela briga, principalmente o Cletus.
— Katanabe, pelo visto você chegou antes da gente. Parabéns, eu acho. — Uma pessoa botou a mão no ombro do garoto enquanto chamava a sua atenção. Era o detetive Sherlock.
— De-Detetive…? Bem, não acho que isso seja algo a se parabenizar, nós teríamos achado ele de qualquer jeito.
— Sim, mas para um estrangeiro que chegou aqui com os Cavaleiros Reais, e que não sabe ler ou escrever apropriadamente, isso foi esplêndido.
— Sim, sim… e, em breve, estarei nos 100% da leitura e escrita.
Dando uma olhada ao redor, o garoto percebeu a presença da Major Christine. Ele a chamou para uma parte mais isolada no local e explicou tudo o que sabia até aquele momento.
— Então esse tal de “Rei Demônio” seria o chefe dele?
— Algo do tipo.
— Entendo. Bem, Raia ainda cometeu um crime… vários, do mesmo tipo. Não podemos ignorar isso.
— Tô sabendo, mas não rolou nada além de sequestro, quantos anos ele ganharia de pena?
— …Não rolou estupro, né? Bem, a decisão é do juri… Agora, o que fazemos com aquelas duas coisas.
Christine se virou para os dois demônios que estavam no local. Os cavaleiros estavam muito assustados para fazer qualquer coisa, e as duas criaturas não estavam mostrando perigo algum.
— Eles não disseram que queriam ser presos junto de Raia?
— Mas acha que é uma boa ideia?
— Eu montei naquele demônio, ele é manso.
A major pareceu surpresa com a afirmação do garoto.
— Você montou naquela coisa?
Dante acenou com um sorrisso estranhamente satisfeito em seu rosto, como se ele tivesse zerado a vida.
— Bem, tanto faz. Finalmente tudo isso acabou. Os Cavaleiros Reais irão te recompensar, Katanabe. Quando isso acontecer, por favor, mantenha o devido respeito e pose.
Ao ouvir isso, o garoto percebeu uma coisa que o fez ficar surpreso. Quando participou dessa pequena aventura, ele não tinha pensado em dinheiro quando decidiu ajudar no caso criminal, na verdade, Dante só pediu carona para Schavalt.
— Claro. Imagino que entre os cavaleiros tenha pessoas incríveis… Isso sobre “respeito” me lembrou uma coisa, Asknes, não é uma das famílias nobres mais famosas do reino? Estou sendo desrespeitoso por falar de uma forma nada formal?
Respeito era tudo, ainda mais na frente de uma nobre. Considerando a possibilidade de que o garoto não mostrou o respeito devido, isso poderia lhe causar problemas, ainda mais num cenário medieval.
A major riu e respondeu em um tom calmo.
— Prefiro que não me trate tão formalmente. Apesar de os “Asknes” serem uma casa de nobres famosa, a minha família não é tão assim.
Dante ficou confuso com o comentário dela. Levantando uma sobrancelha, ele quis entender o que ela quis dizer com isso.
— Como assim?
— Digamos que, a casa dos Asknes, é composta por algumas famílias. Eu sou da família Aurora, a menos popular.
— Entendi.
As casas dos Asknes eram compostas por cinco famílias de nobres. Rondu Askens, a família mais famosa. Cierro Asknes, ficava com o cargo de segunda mais famosa.
Em seguida, vinha Gundafall Asknes e Drundral Asknes que eram a terceira e quarta família mais conhecida. Por fim, Aurora Asknes, a família menos conhecida.
— Chega a ser engraçado, um nobre como você querendo ser mais formal. — Ela continuou dando pequenas risadas.
Dante ficou bastante confuso, por Christine tê-lo chamado de “nobre”.
— De onde você tirou que sou um nobre.
Imediatamente a mulher parou de rir, e analisou o garoto. Olhando atentamente para seu cabelo e fazendo contato visual, analisando seus olhos. Ela também viu atentamente as suas mãos, e as acariciou levemente.
— …Oi, tá fazendo o quê?
O garoto ficou confuso com a atitude dela. Inclusive, Dante também estava ficando um pouco nervoso. Aparentemente, ter uma mulher bonita analisando-o tão de perto estava fazendo ele ficar bastante envergonhado por dentro.
— O que você falou é curioso… De fato, nunca ouvir falar em um nobre com o sobrenome “Katanabe”. Contudo, seu cabelo… seus olhos… suas mãos… não são as características de um plebeu, é mais comum em nobres.
— …Certo. Você pode se afastar um pouco? É muito contato para alguém que conheci hoje.
Dante ficou aliviado quando ela se afastou, ele quase teve um piripaque.
— Isso me faz lembrar de algo, Rishia também mencionou que eu seria um nobre.
— Mesmo? Bem, parece que ela se enganou, segundo o que você diz. Por falar nisso, o que acha dela?
Tudo o que o garoto conseguiu pensar foi uma certa admiração pela força da garota, lembrava até o seu anjo da guarda. Ele também estava bastante agradecido por ela tê-lo salvado daquele ataque, após a sua morte no banheiro.
— Bem, a Rishia é forte, e não foi nada mal trabalhar com ela e com o Sherlock.
O garoto decidiu voltar para o assunto que mais o interessava.
— Bem, voltando ao dinheiro, eu ganharei bastante?
— Suponho que sim.
“Espero que seja o bastante, para eu pelo menos libertar a Freya da coleira de escravidão.”
Essa se tornou uma das prioridades do garoto. Porém, cada coisa tem seu tempo, primeiro ele iria resolver o caso de sequestro, que no seguinte momento, já tinha sido resolvido. Agora, só faltava Dante conseguir o dinheiro para fazer a Freya se libertar da escravidão.
— Por falar nisso… esse cristal em seu colar… ele se rachou, ou é impressão minha…?
— Ahn?
Dante pegou o cristal do seu colar e o analisou cuidadosamente. Tinha uma pequena rachadura em seu tradutor em forma de colar.
“Isso é problemático…”
De repente, a pequena raposa apareceu ao lado do pé de Dante, com um item na boca. O garoto só conseguiu se perguntar como ele não percebeu que a Yuri saiu de seu ombro, talvez, fosse realmente um animal de estimação sorrateiro.
Dante levou as suas mãos até a boca de Yuri, e retirou o item que estava segurando.
— Que isso?
A Sabedoria respondeu rapidamente.
“É o item essencial para trazermos esse pedaço de mundo para o seu original, o muurgon.”
— Esse é o tal do muurgon, então? — Dante murmurou.
“Sim, exato. Muurgon, uma esfera preta com o tamanho de um olho. Definitivamente é o que precisávamos.”
— …Esse seu comentário foi desnecessário… a parte do “olho”.
Ironicamente, um pequeno item que parecia ser insignificante era muito importante.