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Aquela garota misteriosa olhou para o garoto, mas não disse nada ou esboçou alguma reação visível.

Dante estava atordoado com a situação que acabara de acontecer. Estando completamente incrédulo, não conseguiu pensar em nada para falar e só olhou pros lados, esperando alguma fala vindo diretamente da mulher a sua frente.

Para a sua infelicidade, aquela garota se virou e saiu andando, como se nada daquilo tivesse acontecido.

Era a chance de Dante saber o que tinha acontecido. Como aquela jovem não tomou nenhuma iniciativa em puxar uma conversa, ele teria que fazer isso.

Podia ser um pouco difícil para uma pessoa que se isolou em seu quarto por bastante tempo, porém, o garoto se esforçou.

— E-espera!

Dante gritou e imediatamente tapou sua boca. Não foi um simples chamamento. Ele gritou tão alto que acabou se arrependendo e desejado nunca ter aberto a boca.

Em contrapartida, a mulher encapuzada se virou para o garoto, de forma tão rápida que parecia que não esperava ser chamada por aquele jovem.

Estava petrificada praticamente, não se mexendo e apenas olhando para o garoto encolhido no chão e com a boca tapada.

“F-faz tempo que não falo com algum desconhecido… O que devo dizer? ‘Obrigado por me salvar’?”

Bem, ele não soube o que falar a seguir, e estendendo-se para um vergonhoso silêncio. A sua mente pifou por completo.

Foi então que aquela garota decidiu quebrar aquele clima estranho.

— Você me vê?

Ainda com as mãos em sua boca, o garoto acenou afirmativamente.

— Entendo… Não era para isso acontecer…

Nesse momento, novamente um silêncio mortalmente vergonhoso pairou no local.

— Você… acabou de matar aquele monstro com só um golpe. Você é muito forte!

Desta vez foi Dante que abriu a boca. Tomando coragem o suficiente para dizer alguma coisa e continuar aquele assunto.

— É mesmo? — a garota, sem graça com o que ele disse, questinou.

— S-sim! M-muito obrigado por me salvar!

O jovem levou o seu corpo para baixo enquanto agradecia de todo o coração pelo o que a garota fez.

No momento, ele não estava pensando muito no que era exatamente aquele monstro, mesmo que tenha se autoproclamando como um demônio. Invés disso, tudo em que pensava era agradecer de todo o coração.

— Hum… Ele me viu, certo…? Ah! Que se dane!  — a mulher sussurrou.

E então, aquela garota misteriosa removeu o capuz que cobria boa parte do seu rosto, e se revelou.

— Hi! Hi! Hi! Você me viu! Então, fazer o quê, né?

Com suas mãos, ela bateu no seu manto, o levando para trás e mostrando seu corpo esbelto e malhado.

— Meu nome é Angel! E eu sou o seu Anjo da Guarda! Fique feliz, Dante Katanabe, pois você acaba de me conhecer!

Ignorando o fato dela ter se apresentado de uma forma desnecessariamente barulhenta, o que chamava atenção do garoto, e com certeza de qualquer pessoa naquele momento, era em relação às suas vestimentas.

Basicamente, ela usava um manto branco com uma larga linha roxa na parte inferior, e com um brasão dourado e circular o prendendo, como um botão. Além disso, seus calçados eram botas de couro super estilosas que com certeza combinavam com as suas vestimentas.

As roupas sob o manto estavam bem visíveis ali. Eram uns lindos e estilosos…

— Uma depravada…

…Bem, a reação de Dante fazia sentido julgando o que na verdade a mulher estava usando debaixo daquele manto branco. Era nada mais e nada menos do que: calcinha e sutiãs roxos com as bordas pretas.

Definitivamente não era uma vestimenta adequada para se usar no meio da rua.

— Opa! Espera! Você entendeu errado, Dante!

O garoto, ao ouvir o seu nome saindo da boca de uma desconhecida, segurou o seu corpo com força e se afastou dela rapidamente com um olhar assustado.

— C-como sabe meu nome? Você é uma stalker? Você tá querendo abusar de mim?

A garota decidiu esclarecer aquele mal entendido ali mesmo.

— Você não acabou de me ouvir? Sou o seu Anjo da Guarda. Sendo assim, sei tudo sobre você, poxa!

Mesmo estando assustado com aquela situação, o garoto decidiu dar-lhe uma chance de provar a credibilidade em suas palavras, antes que saísse correndo. E era isso que ele estava para fazer: suas pernas estavam tremendo e almejando correr o mais rápido possível.

— Sabe, moça, uma imagem vale mais que mil palavras.

Ao ouvir o que disse, a garota tomou uma compostura. Com os seus braços cruzados, olhos fechados, um sorriso em seu rosto e uma aura de alguém que estava para mostrar algo incrível e se gabar disso, ela não falou nada.

De forma abrupta, várias partículas apareceram nas costas e sobre a cabeça da mulher, como se algo estivesse se formando, e estava.

Das partículas, surgiram asas de anjo nas costas e uma auréola dourada e pouco brilhante em cima da cabeça.

O garoto, que há pouco estava tremendo de medo, ficou impressionado com aquela cena. Obviamente era a sua primeira vez vendo algo do tipo, e isso foi algo único de se assistir.

Ele não teve uma reação visível. Só ficou parado no local. O medo que estava sentindo, aos poucos, ia se esvaindo.

— Viu só? Sou o seu Anjo da Guarda. Não tem o que temer, Dante Katanabe.


Anjos, seres celestiais e servo de uma entidade superior. Além disso, um anjo em carne e osso estava fora dos conhecimentos dos humanos, mas cada um tinha a sua versão em suas próprias cabeças.

Conhecer um ser celestial parecia ser algo impensável, mas não foi o que aconteceu com Dante Katanabe, um hikikomori que cabulava aulas e ficava em seu quarto a maior parte do tempo jogando, lendo ou assistindo animes.

Sua vida foi algo consideravelmente normal, vivendo como o filho adotivo junto de alguns irmãos, também adotivos, na casa de seus falecidos pais. Ele também não tinha muitos amigos na escola. Por ter sido introvertido isso contribuiu um pouco.

Bem, aparentemente a sua vida de hikikomori estava prestes a dar um grande salto.

O garoto estava sendo carregado pelos braços de Angel, enquanto ela usava suas asas para voar. Era a sua primeira vez voando, e estava um pouco nervoso.

Por falar nisso, ele ainda se mantinha com a sacola com os produtos que sua irmã pediu para comprar.

— Então… anjos existem…

Ainda estava incrédulo com a situação que acabara de se encontrar. O jovem queria saber mais sobre aquela mulher, mas não sabia o que perguntar para ela.

— Ahn? Disse alguma coisa?

— B-bem… só estava pensando no que estou vivendo agora.

— Hum. Você deve estar curioso agora. Quer que eu te fale sobre os Anjos da Guarda?

— S-sim! Por favor, senhorita!

— Tudo bem. Mas não me chama de “senhorita”. Me chame pelo meu nome.

Ela balançou o dedo indicador para a esquerda e direita. Dante só concordou com a cabeça pelo o que foi dito.

— Bem, como o cargo “Anjo da Guarda” sugere, eu devo te proteger com a minha vida. E como você tem uma irmã gêmea, também devo protegê-la.

— Nos proteger?

— Sim. No caso de demônios e espíritos malignos. Se lembra daquela criatura que te atacou há pouco? Era um demônio. Mais especificamente da raça de “bestas demoníacas”.

Bestas demoníacas eram uma espécie de demônios que não se pareciam nada com humanos. Pareciam mais com monstros que se via em filmes ou creepypastas da internet. Podia-se usar de exemplo os estaladores do jogo The Last Of Us ou o monstro Labatut.

— Eles são extremamente famintos, e não costumam aparecer do jeito que aquele apareceu. Geralmente só atacam a noite e de forma discreta. Mas, aparentemente, também podem se disfarçar de humanos ou coisas do tipo.

As bestas demoníacas caçam para se alimentar. Só que são criaturas malignas que também sentem prazer em matar, não generalizando todos, mas boa parte.

— Existem outras espécies de demônios?

— Sim. Bom, voltando a falar sobre os Anjos da Guarda. Nós não podemos revelar nossa identidade para vocês, humanos. Isso chamaria muita atenção, e é bem capaz de chamar a atenção de demônios também. Por isso, nós temos a habilidade de ficar invisível.

Foi por isso que ela perguntou à garota se podia vê-lá. Provavelmente houve algum erro para sua identidade ter sido revelada. Porém, Dante compreendeu e decidiu não revelar isso a ninguém.

— Já que expliquei sobre Anjos da Guarda e demônios, que tal falar sobre os anjos em si?

— Sim, por favor!

— Tá bem, tá bem. Anjos seres celestiais que foram criados e comandados pelas deusas.

Aparentemente existiam deusas que cuidavam daquele mundo e que comandavam os anjos. Provavelmente, cada uma delas tinha a sua especialidade.

— Deusas é? Se elas comandam vocês, anjos, então existe algum ser que comanda os demônios?

Uma boa pergunta que o jovem fez.

— Sim… Ele é o Rei Demônio, o maior inimigo das deusas. Já entramos em guerra com eles e suas tropas.

— E você já participou de alguma guerra dessas?

— Sim, há muito tempo…

O tom de sua voz mudou um pouco. Dante olhou confuso para a garota, mas logo entendeu o que poderia ser isso.

Provavelmente a guerra foi um evento marcante para ela, e o jovem pôde ter mexido em uma ferida.

— D-desculpa aí. Não quis te deixar triste…

— Hã? Tô triste não. Só estava pensando naquela época.

— Ah, é? Isso faz muito tempo?

— Hum… Mais do que você pensa…

— Quantos anos você tem?

— Hum…

— Se você é um anjo, deve ter mais de ce…

— Xiu! Caladinho, criança!

Ela tapou a boca do garoto com força, o que fez ele se surpreender. Angel também estava corada, com as bochechas infladas, com as sobrancelhas abaixadas em um tom de irritação e com seu rosto virada para o lado.

Se Dante não havia tocado na ferida antes, agora ele tocou.

O garoto conseguiu livrar sua boca das mãos da garota.

— Ei, estamos perto da minha casa.

— É verdade.

Eles estavam em pleno céu. Felizmente ou infelizmente não havia ninguém na rua para ver aquela cena. Não seria aí que descobriram a identidade de Angel.

— Tá. Agora, a pergunta que não quer calar! Por que você só usa essas roupas íntimas…?

— É porque é confortável!

Ela disse isso docemente e inocentemente, com um lindo sorriso no rosto. Não tinha malícia nas suas palavras ou no motivo dela estar só de calcinha e sutiã. A garota só achava confortável se vestir assim. Mesmo encontrando Dante, que podia vê-la assim, não sentia nenhuma vergonha. Era tudo sobre conforto.

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