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Abel estava tranquilamente instalado em uma das bancadas do laboratório do nono andar. Com poucos experimentos em curso naquele momento, o espaço se tornou seu campo de treinamento improvisado para aprimorar suas habilidades com a faca de entalhe.

Sabendo que o almoço ainda estava longe, ele aproveitou a oportunidade para se dedicar à prática.

Ao procurar pela sua faca de entalhe na bolsa espacial, percebeu que a havia colocado, por engano, na bolsa espacial orc. 

Ciente de sua natureza reservada e precavida, ele evitava utilizar o Cubo Horádrico e seus artefatos dentro da torre mágica. 

Sabia que, como uma extensão do próprio Mago Morton, a torre poderia ser usada para monitorar suas atividades.

Apesar de sua habilidade em feitiçaria, compreendia que a torre mágica era um reflexo do seu mestre. O Mago Morton podia perceber qualquer movimento dentro dela. Por isso, Abel hesitou em retirar sua faca da bolsa espacial orc.

Em vez disso, escolheu extrair um círculo de barreira da bolsa e posicioná-lo no centro da sala. Com destreza, ativou o dispositivo, transportando-se instantaneamente para uma dimensão repleta de majestosas árvores. Ali, estava completamente isolado do restante do mundo.

“Esse garoto!” Disse o Mago Morton, balançando a cabeça com um sorriso ao perceber que Abel havia incendiado um círculo de barreira no laboratório.

Embora a onda de mana emitida pelo círculo de barreira fosse fraca, ainda era detectável dentro da torre. É claro que ele notaria.

O Mago Morton ficou satisfeito com a atitude de Abel. Todo mago tinha seus segredos, e aprender a mantê-los era um importante rito de passagem.

Já havia passado da época de buscar os segredos alheios. Embora aparentasse estar na meia-idade, na verdade, já tinha ultrapassado os cinquenta anos. 

Para uma pessoa comum, meio século era considerado um longo período, mas para um Mago, era apenas o início, considerando o extenso treinamento que demandava.

Recém-alçado ao posto de Mago intermediário de nível 11, era praticamente inatingível para ele alcançar a categoria de Mago de elite naquele momento. 

Incapaz de prolongar sua própria expectativa de vida até os cem anos, ele optou por investir seu tempo no cultivo de seus discípulos. Abel, um de seus pupilos mais promissores, era prova disso.

Se não fosse pelo fato de que seu segundo e terceiro discípulos haviam desistido, ele não teria aceitado mais do que cinco discípulos no total, incluindo Abel.

“O Mago Morton percebeu que Abel estava com escassez de gemas mágicas intermediárias, o que o preocupava, pois os círculos de barreira que enfrentavam pareciam ser alimentados por algum tipo de monstro que consumia energia.

Ele sabia que precisava encontrar uma oportunidade para fornecer mais gemas a Abel no futuro.

Quando decidiu aceitar Abel como seu discípulo, o Mago Morton viu nele um grande potencial. Sua intenção era ajudar o Ducado Camelot a desenvolver outro Mago qualificado antes de sua própria morte. 

Além disso, suspeitava que Abel possuísse alguns tesouros que poderiam acelerar seu treinamento. Se outros magos descobrissem sobre isso, Abel poderia nunca ter a chance de se desenvolver.

Abel nunca imaginou que sua simples ação de acender um círculo de barreira para recuperar sua faca de entalhe renderia tanta gratidão do Mago Morton. Ele recolheu o círculo de volta à sua bolsa espacial.

De repente, uma ideia surgiu em sua mente: ele não deveria desperdiçar seu tempo, quer estivesse na torre mágica ou em qualquer outro lugar. A mana se regeneraria por si só, recuperando um ponto a cada minuto. Se não fosse utilizada, seria desperdiçada.

Abel lembrou-se da pequena e fraca alma que residia em sua mente. Embora não pudesse realizar cálculos complexos, ele percebeu que poderia programá-la para seguir uma rotina. 

A partir de então, essa pequena alma seria capaz de ir automaticamente ao Cubo Horádrico e acender a árvore de habilidades, permitindo que ele praticasse suas habilidades sem interferir em sua agenda diária.

Claro, essa prática limitaria Abel a habilidades não ofensivas, mas ainda assim seria uma forma eficiente de utilizar seu tempo. 

Ele percebeu o quanto havia perdido ao longo dos anos, vivendo uma vida com seu reservatório de mana sempre cheio. 

Se pudesse programar sua mente para lançar automaticamente um feitiço sempre que sua mana estivesse completa, poderia praticar feitiços repetidamente sem afetar seu dia.

Para concretizar essa visão, Abel precisava apenas capacitar a pequena alma em sua mente para assumir responsabilidades adicionais. Ele começou tentando estabelecer uma rotina para que a alma acionasse o feitiço da Armadura Congelada a cada sete minutos.

Após garantir a estabilidade da conexão entre o dono da alma e a pequena alma, Abel aguardou ansiosamente. Quando os sete minutos se passaram, a pequena alma começou a executar a tarefa conforme programado, sem a necessidade de intervenção externa.

Abel sentiu uma mistura de admiração e estranheza ao testemunhar a eficiência mecânica da pequena alma. Destituída de emoções ou pensamentos complexos, ela seguia a contagem regressiva como uma máquina, sem experimentar qualquer senso de realização.

Enquanto observava a pequena alma em ação, Abel percebeu que havia subestimado suas capacidades. 

Embora incapaz de pensar ou sentir como um ser humano, a alma era incrivelmente precisa e confiável em suas tarefas sistemáticas.

O próximo desafio era ativar o feitiço da Armadura Congelada de uma maneira mais conveniente. Em vez de acioná-lo a partir de seu dedo, Abel decidiu direcionar o feitiço para a frente de seu peito, facilitando o processo.

Com a fórmula definida, Abel orientou a pequena alma a canalizar seu poder espiritual para o Cubo Horádrico. 

Apesar de estar separada do dono da alma, a pequena alma ainda era parte de Abel, permitindo que o Cubo reconhecesse seu poder espiritual.

O Cubo selecionou o sinal da Armadura Congelada na árvore de habilidades e a acionou. Abel viu seu dedo brilhar em branco, mas rapidamente interrompeu o processo e tentou se comunicar com a árvore de habilidades.

Após alguns ajustes, o brilho branco desapareceu do dedo de Abel e surgiu em seu peito, manifestando-se como uma armadura de cristal de gelo.

Embora o processo de ativação tenha sido interrompido pelo dono da alma, ele foi bem-sucedido. No entanto, Abel ainda estava confuso com o desdobramento dos eventos.

Conforme a antiga regra do Cubo Horádrico, uma vez que a fórmula de um feitiço era estabelecida, ele seria acionado automaticamente de acordo com essa fórmula. 

Com isso em mente, Abel decidiu testar se poderia ativar o feitiço da Armadura Congelada em frente ao seu peito uma segunda vez.

Após dois minutos, a armadura começou a desaparecer, mas a pequena alma, impulsionada pelo poder de Abel, acessou a árvore de habilidades no Cubo Horádrico e acionou o feitiço novamente. 

Em um instante, o padrão de magia da armadura surgiu em seu peito, revestindo-o mais uma vez com a armadura de cristal.

Abel sentiu uma grande satisfação. A pequena alma estava provando ser uma ferramenta valiosa, executando suas tarefas de maneira confiável e precisa. 

Ele começou a ponderar sobre a possibilidade de fortalecer ainda mais a pequena alma no futuro, talvez utilizando mais poções da alma, o que certamente o ajudaria a alcançar feitos ainda maiores.

Enquanto praticava com seu jade, Abel percebeu algo intrigante. Anteriormente, a pequena alma não interferia em suas atividades diárias, pois não tinha uma tarefa designada.

Agora, com uma tarefa definida, dois pontos de vista emergiram na alma de Abel. 

Um era o mundo diante de seus olhos, enquanto o outro era o constante som de contagem da máquina ecoando em sua mente como uma escuridão impenetrável.

Adaptar-se a esse estado tornou-se a missão de Abel, e praticar suas habilidades com a faca de entalhe parecia ser a abordagem perfeita. 

Embora as 11 técnicas da faca de entalhe não fossem particularmente difíceis, exigiam uma atenção meticulosa aos detalhes.

Inicialmente, a presença da pequena alma não afetou Abel significativamente. Era apenas um zumbido constante de contagem regressiva dentro de sua mente.

Entretanto, à medida que a pequena alma crescia em força, seus distúrbios também se intensificavam. 

Abel percebeu que precisava se acostumar com essa nova realidade agora, ou enfrentaria ainda mais dificuldades no futuro ao tentar realizar multitarefas.

Num instante, Abel sentiu como se tivesse perdido o controle sobre seu próprio corpo. Ele se viu distraído pelo incessante som de contagem regressiva emitido pela pequena alma. 

Por vezes, seus movimentos automáticos com a faca de entalhe se transformavam em gestos descoordenados. Às vezes, ele simplesmente parava abruptamente no meio de uma ação.

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