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“Sim, sobre isso,” Abel sorriu confiante. “Eu sei o que posso fazer a respeito.” Os olhos de Loraine estavam cheios de dúvidas ao ouvir Abel dizer isso. Ela já havia vivido na Floresta da Lua Dupla antes e sabia como os humanos eram tratados lá. Sem habilidades de autodefesa, a maioria dos homens comuns não tinha como sobreviver.

Abel sorriu enquanto ajustava seu colar. “Confie em mim. Eu sei o que estou fazendo.” Nuvem Branca voava rapidamente. Apesar do tamanho da carruagem em suas costas, não era exatamente um lugar confortável para descansar. Abel estava bem com isso, mas Loraine lutava para se manter acordada apesar do cansaço.

Abel pensou em usar a tenda de Akara. Se conseguisse montá-la ali, seria um bom local de descanso para Loraine. Depois de acordá-la, Abel pediu para ela se afastar enquanto ele montava a tenda. Ele a armou no meio da carruagem e, depois de fixar todos os cantos, convidou Loraine para descansar lá dentro.

Loraine observava tudo com curiosidade. De fora da tenda, ela achou que não haveria muito espaço dentro.

“Se Abel está dividindo a tenda comigo…” O rosto de Loraine corou ao pensar nisso. Quando entrou na tenda de Akara, ficou maravilhada com o que viu.

“É… esta é uma tenda de portal?” ela perguntou, virando a cabeça para observar ao redor.

Abel sorriu. “Esse é mais um segredo que vou contar a você.” Loraine olhou para a mesa de alquimia, onde havia todo um conjunto de equipamentos de cristal. A garrafa de alquimia de Akara não estava lá, é claro. Abel a retirou e a substituiu por uma garrafa comum.

“Uma garrafa de alquimia!” Loraine exclamou animadamente. “Posso usá-la para fazer minha própria poção?”

Abel inclinou um pouco a cabeça. “Claro, Loraine. Você sabe como fazer alquimia?”

“Na verdade não.” Loraine mostrou a língua de forma envergonhada.

“O máximo que posso fazer são perfumes.”

“Perfumes? Eu não sabia que poderiam ser feitos usando garrafas de alquimia.” Abel expressou surpresa.

“Se você é uma garota élfica nascida em uma família abastada, aprender a fazer seu próprio perfume é uma tradição para nós.”

“Então por que nunca te vi usar perfume?” Abel perguntou confuso.

“Bem, eu nunca tive nenhum perfume élfico antes!” Loraine disse com um olhar perturbado no rosto, mas logo mudou para um sorriso.

“Com a garrafa de alquimia aqui, agora posso fazer mais dos meus próprios perfumes!”

Ao dizer isso, ela olhou para a mesa de alquimia com uma expressão nostálgica. Era evidente que ela sentia falta do cheiro do perfume élfico. Quando Loraine explorou mais a tenda de Akara, ficou ainda mais surpresa.

“Como você conseguiu tantas jades de meditação, Abel?”

Dentro do quarto secreto de Abel, todo o chão estava coberto por ladrilhos de jade de meditação. Loraine sabia que Abel era rico, mas isso… Isso estava em um nível completamente diferente. 

Abel sorriu ao observar a reação de Loraine à sua coleção. Ele sabia o quanto ela era experiente nesse tipo de coisa. Ao contrário dele, que teve que ler sobre elas no relato do Mago Morton para entender o que esses tesouros podiam fazer, ela reconhecia-os à primeira vista.

Esta mesa é feita de madeira de âmbar! Essa cadeira também! Até a cama também! Loraine pensou que não seria mais surpreendida, mas como uma elfa, sabia como era difícil conseguir madeira de âmbar-cinzenta.

Para garantir o direito de usar madeira de âmbar entre os elfos, cada família possuía seu próprio pequeno objeto feito desse material. Devido à raridade da madeira de âmbar-cinzento, qualquer coisa feita dela era considerada um tesouro familiar. 

Os elfos não podiam cultivar suas próprias árvores de âmbar; eles precisavam negociar com os dragões, que eram extremamente avarentos. Apenas um punhado de peças de madeira era disponibilizado a cada ano, geralmente apenas para as famílias mais poderosas ou ricas.

Por isso, Loraine ficou tão chocada ao ver a cama feita de âmbar. Depois de examiná-la de perto, não estava certa se era uma boa ideia dormir sobre ela. Decidida, virou-se para Abel.

“A cama muito grande. Acho que vai servir para nós dois.” Abel sorriu e deu um tapinha na cabeça de Loraine.

“Do que você está falando? Você dorme na cama. Eu durmo no chão. Há jades de meditação no chão também.” Sem esperar a resposta de Loraine, Abel sentou-se na cadeira de âmbar e pegou os dois livros encadernados em pele de carneiro que o Mago Morton lhe dera.

Sem dizer mais nada, ele começou a estudar. O primeiro livro tinha o título Coisas para saber sobre runas mágicas. Além das sete palavras que Abel já conhecia (El, tir, ist, tal, ral, ort e shael), havia outras que ele nunca tinha visto antes, como ahm, sol, dol, hel, ko, fal e lum. Como ainda não era um mago oficial, ele não conseguia utilizar algumas das mais avançadas.

Até onde Abel pôde ver, as informações sobre as runas não estavam completas. Se sua única fonte fosse o Mago Morton, ele estaria aprendendo apenas quinze palavras no total. Isso não era nem metade da lista completa, e todas elas eram de nível médio-baixo.

“Ahh!” Loraine soltou um grito agudo de repente.

“O que foi, Loraine?” Abel perguntou, surpreso ao vê-la apontar para o travesseiro. Loraine parecia perturbada.

“Você está brincando… Este é um travesseiro feito de jade de meditação?” Abel tentou manter a calma em sua resposta.

“Sim, qual é o problema com isso?” 

Loraine explicou em um tom um tanto derrotado.

“Você sabe quanto isso vale, certo, Abel? Peças regulares de jade para meditação são tão caras que as pessoas não as vendem em lojas, mas sim em leilões! Segundo os mitos, apenas chegar perto de um desses artefatos dobraria suas chances de se classificar!”

“E veja o tamanho deste travesseiro! Com um coração desse tamanho, daria para fazer mais de trinta colares que poderiam ajudar na promoção! Por que você decidiu transformá-lo em um travesseiro?”

bel apenas balançou a cabeça em silêncio. Ele não tinha feito aquilo. Foi  Fowler, e provavelmente deu um trabalhão para esculpir esse coração de jade num travesseiro. 

Segundo o mago Morton, o coração de uma jade para meditação podia até neutralizar a síndrome da alucinação durante um avanço. Abel nem imaginava o poder daquele ‘travesseiro’. Se realmente dobrasse as chances de classificação, todos estariam tentando obtê-lo.

“Bem…” disse Abel. “Vamos deixá-lo como travesseiro. Eu não tinha ideia de quanto valia antes, mas agora que sei, acho melhor mantê-lo assim. Se eu levar isso para o mundo exterior, quem sabe, talvez algum tipo de desastre caia sobre mim.”

De maneira um tanto hesitante, Loraine acenou com a cabeça. Quando ela pulou na cama para tirar uma soneca, ao invés de apoiar a cabeça no travesseiro, ela o abraçou com os dois braços.

Abel observou Loraine adormecer. Em seguida, ele foi buscar o segundo livro de pele de carneiro que o Mago Morton lhe havia dado. Era um livro avançado para seu futuro treinamento. 

Dentro deste volume mais complexo, havia guias de treinamento para magos de níveis baixo e intermediário, além de alguns feitiços desconhecidos para ele até então. Abel agora teria que treinar sozinho. Por isso, esses livros que recebeu eram extremamente importantes. Nesse momento, ele sentia uma profunda gratidão por tudo o que o Mago Morton havia feito por ele.

É uma pena que Loraine não esteja ao meu lado agora. E já que estamos voando nas costas de Nuvem Branca, não posso simplesmente entrar no Acampamento Ladino para começar o treinamento. Ah, bem, o máximo que posso fazer agora é memorizar o conteúdo dos livros. O pensamento sobre o Mago Cliff veio a Abel novamente; não apenas quebrou sua promessa de vir sozinho, mas também mentiu sobre esperar meio dia para iniciar a prisão.

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