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Abel estava preocupado. Se os materiais para as bombas super explosivas não fossem tão raros, ele poderia usar a outra metade do ferro do meteorito para fazer seu próprio equipamento de cavaleiro. Agora, havia quatro bombas em sua coleção. Embora desejasse, não podia simplesmente jogá-las todas na torre mágica do Mago Cliff, no Reino de St. Ellis.

Quando a Nuvem Branca voava por várias horas, pedia permissão a Abel para pegar um pouco de comida. Abel não precisava preparar a refeição; bastava permitir um tempo para ela, e a Nuvem Branca caçava sua comida.

Abel saiu da tenda de Akara. Após olhar ao redor, tirou um mapa de sua bolsa espacial para descobrir onde estava. Pelo que parecia, não estava longe da cidade Moogen, um lugar pequeno, fora do alcance do sindicato dos Magos. E, devido à distância do círculo de teletransporte mais próximo, mesmo que os magos soubessem de sua localização, não poderiam capturá-lo imediatamente.

Loraine estava despertando de seu sono. Ao sair da tenda de Akara, ela percebeu que a Nuvem Branca estava descendo.

“Vamos descer, Abel?” perguntou Loraine.

“Estou pensando em ir à cidade de Moogen para buscar alguns suprimentos,” explicou Abel. 

“Podemos comer algo também. Enquanto isso, a Nuvem Branca vai caçar sua comida. Continuaremos nossa jornada assim que voltarmos.”

“Isso é ótimo!” exclamou Loraine alegremente, e então implorou a Abel: “Posso comprar alguns materiais para fazer meus perfumes? Você deixa, por favor?”

“Claro, mas você deve ficar comigo o tempo todo. Entendeu?” Abel respondeu firmemente.

Loraine sorriu amplamente em resposta.

“Sim, eu sei. Afinal, somos fugitivos,” disse Loraine, sem sorrir à toa. Quando decidiu fugir com Abel, esperava que a jornada fosse árdua e cheia de derramamento de sangue. 

Mas não, ela estava dormindo em uma cama gigante no céu. Foi tranquilo, quase como se estivesse em uma viagem ou algo assim.

Moogen era uma típica pequena cidade no Ducado Camelot, dependente principalmente de sua indústria agrícola. Quando o sol se põe, poucas pessoas andam pelas ruas.

Abel estava usando um moletom para cobrir o rosto, enquanto Loraine usava um chapéu feminino com véu na frente, disfarçando suas orelhas afiadas e seu belo rosto élfico. 

Quanto a Vento Negro, Abel teve que deixá-lo fora da cidade. Não havia como se esgueirar com um lobo. Ao entrar, Abel notou um sinal com o qual estava muito familiarizado: a filial local da boutique Edmund. Loraine deveria conseguir o que queria aqui.

Assim que os dois entraram, um jovem membro da equipe veio cumprimentá-los. Como Abel tinha um cartão mágico dourado na mão, foi recebido com uma reverência muito educada.

“A Boutique Edmund dá as boas-vindas, caro cliente. Como posso ajudá-los?” disse o jovem membro da equipe.

“Não precisa ser formal, Loraine,” disse Abel.

“Apenas diga a ele tudo o que você quer comprar.” Loraine mencionou mais de dez tipos de ervas ao fazer o pedido. Tão rápido quanto o pessoal estava escrevendo sua lista, Abel percebeu que eram todas plantas muito comuns.

O jovem da equipe fez outra reverência.

“Por favor, esperem um momento, queridos senhor e senhora. Vou verificar se temos estoque suficiente na loja.”

Logo, o jovem membro da equipe voltou com um homem mais velho ao seu lado. O homem estava vestindo um terno muito elegante. Ele cumprimentou Abel com uma reverência.

“Bom dia, caros senhor e senhora. Eu sou o gerente deste estabelecimento. Acredito que o pedido que acabou de fazer era para alguma receita específica, e temos aqui suprimentos suficientes para produzir cerca de cinco unidades do que você está procurando. Se isso não for suficiente, por favor, façam o pedido agora e teremos tudo pronto para vocês em dois dias.”

“Cinco unidades são suficientes?” Abel perguntou a Loraine.

“Cinco está ótimo,” Loraine respondeu com um leve aceno de cabeça.

“Está bem,” Abel virou-se para o gerente.

“Vamos levar tudo. Quanto isso vai custar?”

“São vinte moedas de ouro no total, obrigado.” O gerente respondeu com uma reverência. 

Enquanto simulava procurar em seu bolso, Abel retirou vinte moedas de ouro de seu Cubo Horádrico. Ao concluir a compra, vários homens blindados com armas apareceram do lado de fora da loja. Abel pôde contar cerca de cinco guerreiros ao todo, todos oficiais. Entre eles, destacava-se um homem forte com uma cicatriz no rosto, segurando um machado gigante em uma das mãos.

O homem com cicatrizes falou em voz alta.

“Quero comprar dez frascos do remédio que para o sangramento de uma lesão! Além disso, traga duas recargas para minhas flechas de ferro.” disse o homem da cicatriz em voz alta, dirigindo-se ao gerente da loja. Parecia um tanto peculiar. Era uma cidade bastante isolada; por que tantos guerreiros estavam ali de repente? Por mais que Abel quisesse saber, agora ele era um fugitivo.

Como ainda estavam no Ducado Camelot, Abel sabia que precisava se concentrar em encontrar um caminho seguro para fora dali. A menos que conseguissem atravessar a Grande Cordilheira Divisora, não poderiam baixar a guarda. Decidido, ele evitaria fazer qualquer pergunta que pudesse atrair atenção indesejada.

Com cerca de uma dúzia de guerreiros dentro da loja, eles abriram caminho para Abel e Loraine passarem. Enquanto saíam, um homem com uma mecha de cabelo no nariz os encarou fixamente. Abel sussurrou para Loraine ao deixarem a boutique Edmund.

“Há uma pousada ali. Vamos comer alguma coisa antes de irmos,” sugeriu Abel.

“Ok, se é isso que você quer,” respondeu Loraine. Mesmo com o rosto coberto, sua voz ainda era clara e gentil.

Abel lamentou sua decisão assim que entrou na pousada. Mais da metade dos assentos já estavam ocupados, e o ambiente era muito barulhento. A atmosfera não parecia acolhedora; muitos clientes estavam armados, o que deixava Abel inquieto.

Dentro da pousada, Abel não teve escolha a não ser fazer um pedido. Depois de encontrar um lugar vago, ele acenou para chamar o garçom.

“Uma carne assada, um peixe defumado, dois pedaços de pão, uma salada e uma xícara de suco,” disse Abel abruptamente. Como os elfos não comiam muita carne, a maior parte do que Loraine consumia era a salada e o suco.

A carne assada estava realmente deliciosa. Era um grande pedaço de carne defumada no carvão e temperada com ervas frescas. Até mesmo Abel, um ex-nobre, estava se deliciando ao comer com as mãos. 

Enquanto ele aproveitava sua refeição, Loraine dava pequenas mordidas na salada. Como precisava cobrir a boca, ela tinha que ajustar o véu com a mão toda vez que usava o garfo.

“Eu disse, Machado de Sangue. Eles estão aqui,” ressoou uma voz alta pela pousada, enquanto um grupo de guerreiros adentrou pela porta. Abel levantou a cabeça para observar. Eram as mesmas pessoas que ele havia visto na boutique Edmund.

“Você tem certeza de que aquela garota é uma elfa, Lobo Fanged?” O homem com cicatrizes chamado Machado de Sangue olhou para Loraine, claramente não mostrando nenhum respeito por Abel. Abel franziu a testa. Parecia que o disfarce não era suficiente para esconder a verdadeira identidade de um elfo. Ele não sabia como, mas aqueles homens tinham descoberto Loraine.

“Eu pensei que você confiasse no meu nariz, irmão,” disse o homem peludo chamado Lobo Fanged. ( O certo seria Lobo com presas, mas vou deixa em inglês mesmo)

“Sim, é um elfo ali. Tenho certeza disso. Posso fazer mais do que isso; se você me mostrar uma trilha onde um elfo caminhou, posso dizer a que horas ele esteve lá. Devido à raridade dos elfos no mundo humano, uma garota elfa valeria vários milhares de moedas de ouro se fosse vendida como escrava. Isso é um grande prêmio para aventureiros comuns.” 

Depois de ouvirem os guerreiros conversando alto entre si, todas as pessoas na pousada se levantaram e olharam para Loraine.

Era quase como se estivessem olhando para um tesouro de moedas de ouro.

Loraine sentiu muito medo, mas ao ver que Abel estava calmo o suficiente para continuar comendo sua carne assada, ela sabia que tudo estava sob controle. Em vez de mostrar uma reação, decidiu continuar comendo sua salada.

A atmosfera estava ficando cada vez mais estranha. Todos na pousada olhavam para Loraine e Abel, que apenas continuavam a comer. Machado de Sangue era um aventureiro experiente. 

Enquanto liderava sua própria equipe, havia completado algumas missões difíceis ao longo de sua carreira. Dito isso, ele sabia como quebrar o silêncio de maneira apropriada.

Sem dizer mais uma palavra, Machado de Sangue levantou a cabeça e encarou Abel. Esperava que alguém decidisse começar uma briga para avaliar as habilidades dos dois alvos. 

No entanto, ninguém foi tolo o suficiente para tomar uma posição. Os aventureiros não desafiariam Machado de Sangue e, certamente, não desafiariam Abel. Havia algo singular na presença de Abel. Parecia quase como se ele fosse um rei. Seu comportamento calmo e a maneira como comia demonstravam claramente o quão poderoso ele era.

Quando terminou de comer sua carne assada, limpou as mãos com o guardanapo sobre a mesa. Embora ignorasse as pessoas que o observavam, exibiu uma expressão muito satisfeita no rosto.

Chamou o garçom que já estava escondido embaixo da recepção.

“Para viagem, quero mais vinte porções da mesma carne assada. E, a propósito, vocês têm algum rum aqui?”

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