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O espaço médico de Nica era uma construção modesta e acolhedora, feita de madeira e folhas, com um teto de palha e algumas aberturas. A porta era adornada com um símbolo de uma flor vermelha, que indicava o seu propósito. Ao entrar, podia-se ver uma sala com algumas camas e colchões, iluminada por tochas e velas, com vários remédios naturais e utensílios simples. Na parede, havia desenhos e pinturas com imagens de animais, plantas e símbolos mágicos. No centro da sala, uma fogueira ardia sob um caldeirão fervente, exalando um líquido roxo e perfumado, com aroma de frutas vermelhas. Nica era uma curandeira respeitada entre os Demi-Humanos, e seu espaço médico era um local de cura e conforto para os que precisavam de seus cuidados.

Em um dos colchões da sala, havia três jovens, inconscientes e feridos. Eram Mike, o jovem lobo, Kraus e Lukky, os amigos de Sophia, que haviam sido feridos.

Nica se aproximou de Lukky, retirou as vestes rasgadas que cobriam o seu corpo, revelando pequenos cortes e hematomas. Pegava um pano limpo e umedecido com o líquido roxo do caldeirão, e começava a limpar as feridas do jovem. Em seguida notou uma marca estranha no abdômen, como uma veia grossa e escura que pulsava levemente. Ela franziu o cenho, sem saber o que aquilo significava, na dúvida a tocou gentilmente. . .

Lukky estava em sua mente, seu lugar de escuridão e silêncio. Não tinha sensações, nem dor, nem frio, nem calor. Era como se estivesse suspenso num vazio, sem memória ou consciência. De repente, algo o fez tremer. Olhos em meio a escuridão surgiam, entretanto, não eram comuns, quase como relógios que hipnotizam quem os fitava, transmitindo uma mistura de paixão e perigo. Seus cílios e sobrancelhas eram como chamas que emolduravam aquele olhar ardente. Grandes e brilhantes, revelavam a intensidade da sua alma, que pulsava na pupila rubra que se expandia. . .

Arrepiado, sentiu um pavor sem nome, logo escutando um pequeno sussurro.

— Acorde, garoto. . .

Ele ouviu a voz, que ressoava em sua mente como um sino. Era uma voz que o fascinava e o intrigava, que misturava autoridade e curiosidade em seu tom. Parecia ter vindo de outro mundo, porém existia uma certa familiaridade. . .

Tremendo, despertava do pesadelo, lutando para se levantar. Seus esforços eram em vão, e sua agitação só servia para contagiar Nica com seu terror.

— Se acalme! A batalha terminou! — Nica o segurava firme pelo peito, insistindo para repousar

Coberto de suor frio, o jovem estava confuso, as palavras de Nica soavam distorcidas, como se ainda estivesse sob o efeito de um feitiço.

Finalmente relaxando, sucumbiu pela exaustão, desabando na cama mais uma vez. De olhos cerrados, tentava discernir sua localização e os eventos recentes.

— ‘Onde estou… Onde estava antes?’

— ‘Aquela coisa… O que era, afinal?’

Perdido em um mar de pensamentos caóticos, a preocupação com seu amigo era apenas uma sombra distante. Ignorando suas próprias questões, o som grave de tosses ao lado chamava sua atenção. Ao abrir os olhos, Lukky se deparava com um ambiente antes desconhecido, e junto com Nica, voltava sua atenção para Kraus, que agora despertava.

Cof! Que lugar é este? — Com o cenho franzido, tentava erguer-se, inspecionando o entorno — Lukky? Isso significa que-

Interrompido por uma tosse dolorosa, Kraus expelia sangue, um sinal alarmante de sua condição. Nica, prontamente, o repreendia, forçando-o a deitar-se novamente.

— Qual é o problema de vocês? Não se mexam!

Assustado, obedecia às ordens de Nica. Em um pequeno momento de silêncio, ambos reorganizarmos seus pensamentos. Terminado a quietude, prostrados, conversavam aos sussurros, enquanto Nica prosseguia com os curativos.

— Parece que escapamos dessa… Por um triz, diria.

Cof!, mas foi em vão, a missão não está completa…

— Como assim ‘não está completa’?

— Você já esqueceu daquela harpia maldita? A arrombada papou nossa kill, temos que transformar aquele frango voador em churrasco!

A senhora, claramente irritada com a conversa, os repreendia mais uma vez.

— Perseguir a HARPIA? Vocês jovens realmente perderam o juízo?

Confusos, não compreendiam as reclamações.

— Rapazes, eu sugiro que esqueçam isso e sejam gratos por ainda respirarem, pois, não vão se levantar tão cedo.

— Ah? Pode apostar que sim, vovó. Eu e Lukky estaremos de pé até amanhã.

— QUEM VOCÊ ESTÁ CHAMANDO DE VOVÓ? — Nica pressionava as feridas com mais força.

Lukky soltava gargalhadas, enquanto seu companheiro se contorcia em agonia, permitindo que suas inquietações se dissipassem no ar.

Ambos agora repousavam enfaixados, mergulhados em um sono quase letárgico. No entanto, como um lembrete de que a vida está longe de ser um mar de rosas, Sophia irrompia no ambiente, sua voz estridente cortando o silêncio enquanto buscava pelos jovens.

Ela invadia o recinto com uma fúria tempestuosa, quase arrancando a porta de suas dobradiças. Kraus, assim como Lukky, abria os olhos abruptamente, um pressentimento de perigo iminente se materializando em seus pensamentos: ‘Fudeu!’

— SEUS IMBECIS, ONDE SE ESCONDERAM? — vasculhava o local, fixando seu olhar feroz em Lukky.

Sophia estava prestes a lançar uma saraivada de reprimendas em seu colega, mas foi interrompida por Nica, cujo sorriso era tingido de fúria. Com um golpe decidido de sua bengala, atingia a cabeça da jovem.

— SILÊNCIO, ELES ESTÃO DESCANSANDO.

Sophia se encolhia, a dor e o choque fazendo seus olhos se encherem de lágrimas.

Bonk! Ai!! Por que você fez isso!?

— Por que será? Hein? — olhava para baixo com desconfiança.

Entendendo a situação e deixando a brincadeira de lado, Sophia se desculpou, abrindo a janela para entende o que ocorreu.

Nica apenas disse o que sabia, enquanto os jovens completaram os acontecimentos, deixando ambas incrédulas.

E enquanto a conversa desenrolava, Mike o menos machucado, começava a acordar e se espreguiçar como se apenas tivesse tido uma noite turbulenta de sono, incrivelmente ele se levantou sem problemas deixando todos sem palavras.

— O que foi? Tem algo de errado com meu rosto?

O silêncio predominou, e tudo que restou foi a angústia marcada em suas faces. Por sinal, Lukky e Kraus não aceitaram o fato dele ter saído ileso, e meramente por impulso, se levantaram, prestes a fazer a maior atrocidade que já imaginaram.

— O que você acha Lukky? Devemos quebrar só as pernas?

— Nah, está sendo gentil, mano? No mínimo todas as costelas. . .

O breve surto de energia se dissipou tão rápido quanto surgiu, e eles colapsaram de volta na cama, mergulhando em um sono profundo e imediato. Na quietude que se seguiu, apenas às três figuras restaram, envoltas em sombras e incertezas. Nica e Mike compartilhavam um olhar carregado de perguntas não ditas, questionando a identidade e a origem daqueles que haviam desaparecido em sonhos.

Com um suspiro que parecia carregar o peso de sua jornada, a jovem heroína começou a desvendar a tapeçaria de suas aventuras até ali. As palavras fluíam como um rio, revelando caminhos tortuosos e encontros inesperados.

O mistério que os envolvia era tão denso quanto a névoa da manhã, e a força de vontade que compartilhavam era a única luz em meio à escuridão. Ainda assim, permanecia uma lacuna vasta e aberta, um convite silencioso para os novos destinos que aguardavam ser explorados.

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