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Em um longo corredor fechado, um grupo de várias pessoas caminha na mesma direção. O chão, as paredes e o teto do lugar são feitos em blocos de pedra. Ao longo do corredor, estão grades de ferro trancando as várias celas daquele local, e entre elas, tochas penduradas nas paredes lançam sua luz trêmula ao longo do corredor. 

Além do som dos passos e das vozes do grupo que por lá passa, ecoam também pelo ambiente o crepitar das labaredas nas tochas e o som de goteiras nas celas.

À frente, liderando o grupo com calma e tranquilidade, caminha o homem conhecido como Silvana, trajando um fino robe roxo. À sua esquerda caminha um anão de barba ruiva, sorridente, que usa uma camisa bege de tecido grosso, uma calça e um par de botas, ambos feitos de couro, e em sua cintura está uma espada pendurada em uma bainha de metal escuro.

À direita de Silvana está um homem-fera com características de lobo que demonstra bastante interesse no que Silvana está falando. Ele veste camisa e calças largas de coloração marrom e possui uma pelagem azul-escura, um focinho longo e orelhas apontadas para cima.

Atrás desses três seguem Jenny, Arielle e Helga, e, diferentemente do usual, as três estão desarmadas. Arielle usa um vestido verde com detalhes brancos e uma cinta vermelha. Jenny e Helga se vestem de maneira parecida, com ambas usando camisas de cor branca e calças longas, mas Helga usa uma calça de cor preta feita de tecido enquanto Jenny usa uma de cor marrom feita de couro.

E atrás delas estão dez guardas usando armaduras de ferro. O pesado tilintar de suas armaduras que causam a cada passo, além de ser responsável pela maior parte do barulho do grupo, deixa claro o peso que carregam.

“… E foi assim que elas capturaram Edric”, diz Silvana, concluindo uma longa e demorada história.

“Incrível!”, elogia o anão sorridente, apresentando uma voz grave e áspera. Ele volta seu olhar para as garotas atrás dele. “Vocês foram incríveis.”

“Obrigado”, responde Jenny, acenando a cabeça em resposta. 

“A jogada da barreira… não percebemos antes”, comenta o homem-fera, com um ar contemplativo. “Essa pessoa que ajudou vocês conhece bem magia antiga.”

“Eu quero conhecê-la”, comenta o anão, empolgado. “Com certeza é uma guerreira muito habilidosa.”

“Ela é uma arqueira”, pontua Arielle.

“Arqueira é?”, questiona o anão, surpreso, ao mesmo tempo, soando quase resmungando. Ele fica momentaneamente pensativo e coça a barba. ”Também tem seu valor.”

“Eu também gostaria de conhecê-la”, diz o homem-lobo.

“Até o final do dia, poderão encontrá-la”, constata Silvana.

“Ela é um pouco tímida”, completa a meia-elfa. 

E Helga deixa escapar uma risada. “É… Bem tímida”, ela comenta. Jenny a interrompe, dando uma leve cutucada com o cotovelo na cintura. Sem entender, ela olha para sua líder ao seu lado e a vê com uma expressão séria. Ao final, Helga compreende aquilo como um sinal para permanecer focada. 

“Enfim”, diz Silvana, mudando o assunto. “Senhor Zander, é novo na Cremea? Não me lembro de nenhuma menção recente a você na organização.”

“Sim”, responde o anão. “Essa coisa de papelada e burocracia nunca me interessou muito. Sempre fui mais de ação. Mas, devido aos eventos recentes, precisavam de mim e eu aceitei o cargo. E o senhor Godwick está aqui para me guiar até eu me familiarizar com os detalhes.”

“Tenho certeza de que irá bem”, afirma Silvana. “Godwick é muito bom em explicar sobre como a burocracia funciona. Ele já me ajudava desde antes de entrar na organização.”

“Explicar?”, questiona o homem-fera, com um tom indignado. “Eu diria mais que te ensinei a como burlá-la do que sobre como ela funciona.”

Silvana ri. “Detalhes, Godwick. São só detalhes”, ele desconversa, rindo disfarçadamente.

“Godwick, quero que me ensine esses detalhes também”, Zander pede.

Godwick revira os olhos. “É bom ver que você não muda, Silvana. Já está influenciando o senhor Zander”, ele afirma, desgosto. 

O grupo avança conversando descontraidamente até chegarem à última cela daquele corredor, lá o clima leve que circulava é subitamente trocado por um sentimento denso. 

Dentro dela está um homem desacordado e preso com correntes nos pulsos, nas pernas, no torso e no pescoço. Ele usa roupas vermelhas rasgadas e possui cicatrizes em todas as partes visíveis de sua pele.

“Ele está assim há quanto tempo?”, pergunta Godwick.

“Desde que chegou”, responde Silvana.

O anão cospe no ombro do homem dentro da cela. “Isso é por Dúria”, diz ele, sua voz carregada de desprezo.

“Calma, Zander. Um membro ativo da Cremea deve agir com mais respeito”, adverte Godwick.

“Respeito? Se dependesse de mim, Edric teria chegado aqui em pedaços. Isso aqui é muito mais do que ele merece.”

Godwick se vira para as garotas atrás. “O que houve com os outros cultistas que estavam juntos?”, ele pergunta.

“Deixamos no local em que foram derrotados”, Jenny responde. 

“Eram muitos, não tínhamos como trazê-los”, Arielle acrescenta.

“Só se viessem em pedaços”, diz Helga, com outra pequena risada ao final. Jenny e Arielle a olham com cara feia, incomodadas com a afirmação. “Era brincadeira.”

“Destranque a sala, Silvana”, Zander pede. “Vamos levá-lo até a nossa carroça. Tem correntes bem mais apertadas esperando por ele lá.”

Silvana tira do bolso um molho de chaves e entrega a Jenny. “Poderiam auxiliar o senhor Zander nisso?”, ele pergunta. “Gostaria de ter um momento a sós com o senhor Godwick.”

As três garotas, já sabendo do que se trata, acenam a cabeça concordando. Jenny pega o molho de chaves e se dirige à porta da cela para abri-la. 

Silvana volta sua atenção para Godwick e Zander. “Não se importariam com isso, não é, senhores?”, ele questiona. 

“De forma alguma. Seria uma honra ter a ajuda de vocês”, Zander diz, voltado para as garotas e abaixando a cabeça em reverência. “Ainda mais se eu puder evitar burocracia”, murmura ao final.

Godwick não reage de forma tão receptiva. Ele suspira, mostrando seu desânimo. “Vindo de você, imagino que algum problema vem aí”, ele diz.

Silvana ri alto enquanto coloca as mãos nas costas de Godwick e o empurra de volta pelo corredor. “Você não faz ideia”, ele sussurra no ouvido do homem-lobo.

Os dois deixam o restante das pessoas para trás e seguem até uma escada no final do corredor. Subindo-a, chegam a um corredor menor, por onde continuam até uma sala cheia de caixas empilhadas, algumas com lixo e moscas voando ao redor, e outras três portas além da que passaram, indicando ser a sala que fica nos fundos da guilda de Gramina. Eles passam por uma das portas e vão até uma escada circular, onde sobem até o terceiro andar do prédio.

Enquanto caminham em direção à sala de Silvana, Godwick se mostra relutante e preocupado. “Silvana, seja o que for, eu não posso fazer nada grande”, ele adverte. “E também não posso levar nada suspeito. Eu tenho um cargo de respeito e, além disso, não devo dar uma má impressão ao senhor Zander, ele ainda está aprendendo.” 

“Eu não iria pedir que você levasse nada, Godwick”, diz Silvana, quebrando as suposições de seu amigo. 

“Não iria?”, questiona Godwick, mais tranquilo. 

“Mas agora que você falou, talvez eu encontre algo que você possa levar por mim.”

Godwick volta a exibir sua expressão desanimada. “Então, o que você quer?”, ele questiona.

Silvana para na porta de sua sala, que está fechada. “Quero que me ajude com isso aqui”, ele diz. “Abra a porta e me diga o que acha.” 

Godwick fica um pouco confuso, mas mesmo assim vai em direção à porta e leva a mão na direção da maçaneta. Antes de tocá-la, um calafrio percorre sua espinha. Cada pelo de seu corpo se arrepia. Como uma resposta instintiva, ele recua a mão e dá um passo para trás. “O que tem na sua sala?”, ele pergunta, preocupado. 

Silvana, com um sorriso malandro no rosto, diz, “Vejo que seus sentidos ainda estão afiados. Pode abrir sem medo, não é nada que vai te machucar, eu quase lhe garanto.”

Godwick engole seco o medo que sente, se aproxima da porta e a abre.

No centro da sala, de pé diante da mesa, está a demônio de cabelos rosa, Rubi, vestindo seu traje habitual. Acima de sua cabeça flutua uma auréola rosa, translúcida e em formato de flor, o detalhe que mais captura a atenção de Godwick.

Ela encara o homem-lobo com um sorriso confiante e uma postura firme, emanando uma aura intimidadora. 

“Olá, senhor Godwick. Eu estava te esperando”, diz a Lorde Demônio, sua voz calma e em um tom reverente, que deixa o homem-fera perplexo e sem reação.

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Olá, eu sou Vila!

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