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O som de passos eram constantes nos arredores da cidade, grupos seguiam para um lado e para o outro com fervor e largos sorrisos no rosto.

Mesmo debaixo de um sol escaldante, os trabalhadores não se permitiram pausar, seguindo com seu serviço sem reclamar.

Um cheiro de tinta fresca estava presente entre os corredores da cidade e, junto ao bater de martelos, o local se provou revigorado.

De repente os passos cessaram, e os martelos pararam. 

Todos os presentes voltaram seus olhos para a figura de um recém-chegado com adoração brilhando no fundo de suas pupilas.

— Nosso salvador! Você voltou!

— Anjo!

— Tenshi!

O povo proclamou diversos nomes em adoração a uma única pessoa, clamando pela atenção do mesmo.

Do outro lado, um jovem olhou para isso com uma sobrancelha levantada.

‘Anjo? Salvador? Desde quando eles me chamam assim?’

Seus cabelos eram prateados, fluindo tranquilamente junto a brisa que soprou entre eles. 

Um tom dourado cobriu seus olhos, cujo resplendor ofuscaram até mesmo o sol. 

Ou foi isso que os cidadãos pensaram ao verem seu salvador.

Enquanto uma multidão se formava ao seu redor, Silver aproveitou para analisar a situação das pessoas e da cidade por si só.

Diferente da primeira vez que chegou, todos aqueles presentes tinham um tom de pele saudável, com nenhum deles parecendo desnutridos, porém, também não pareciam ‘cheios’.

Os prédios pareciam estar em processo de reconstrução, ele poderia ver que algumas áreas tinham tinta fresca e outras eram apenas um ‘esqueleto’ do que seriam no futuro.

Outra comoção se iniciou quando alguns grupos se aproximaram, e aqueles que se aglomeraram ao redor do jovem se afastaram rapidamente.

A primeira pessoa a se aproximar foi uma garota. Ela tinha seus cabelos pretos amarrados em um coque, e um par de olhos azuis gélidos vestindo um uniforme típico para kunoichis.

Em seus braços, a jovem carregava algo similar a uma peça de roupa e, um grupo a acompanhou mantendo uma distância respeitosa.

Todos atrás dela vestiam o mesmo uniforme, combinado com uma máscara de raposa que se separavam por alguns detalhes mínimos.

Cruzando para a esquerda da jovem, um garoto se aproximou. 

Ele exibia cabelos laranja e olhos azuis profundos, vestindo uma jaqueta com um gorro coberto de pelos.

Ao lado dele, um homem com cabelos e olhos amarelos fez sua presença, utilizando o mesmo uniforme que o último com a única diferença entre eles sendo cobras douradas detalhadas em suas mangas.

O grupo seguindo a dupla também foi um misto de ambos uniformes, seguindo enfileirados sem perderem o ritmo.

Ao lado direito da kunoichi um trio se fez presente. Uma delas era idêntica ao loiro que estava do lado oposto, enquanto aquela caminhando lado a lado com ela tinha cabelos pretos e olhos castanhos.

Por último, uma garota com cabelos do mais puro tom de branco e olhos vermelhos escarlate pisou no local, observando o jovem com fervor.

Atrás dela, um grupo de indivíduos usando máscaras no formato de meia-lua caminharam calmamente.

Com todos reunidos, houve algum tempo de silêncio onde os grupos apenas observaram Silver em silêncio.

Logo, o rosto da kunoichi exibiu um leve sorriso e, com um simples gesto de mão, o grupo que a seguia se curvou profundamente na direção dele.

— Bem-vindo de volta, Boss! — Em união, todos membros atrás do garoto de cabelo laranja e do homem loiro proclamaram.

O grupo da garota de cabelos brancos também se curvou levemente em respeito.

Um sorriso lentamente fez seu caminho no rosto do jovem, antes de um foguete atingir seu peito.

— Silv! Eu senti saudade! — Abraçando Silver com força, os olhos escarlates da garota o olharam com apreço.

— Também senti saudade, coelhinho. — Acariciando os cabelos macios de Akame, o jovem disse.

Se aproximando, a kunoichi ofereceu a peça de roupa em suas mãos para ele e o garoto aceitou de bom grado, lançando sobre seus ombros sem hesitar.

— Bem-vindo de volta, chefe. — Com um sorriso no rosto, Hikari deu suas boas-vindas.

— É bom estar de volta. — Olhando entre os membros presentes, Silver sentiu falta de alguns deles — Onde estão aqueles quatro?

— Hm, pouco antes de você chegar, um grupo de ‘paladinos’ chegaram dizendo que estavam procurando sua santa. — Voltando seu olhar para a área central da cidade ela continuou — Settō e Honda ficaram para ‘entretê-los’ e Hibiki ficou por curiosidade.

‘Chegaram mais cedo do que eu pensei, mas não é tão ruim’

— Então o que estamos esperando? Vamos dar boas-vindas aos nossos convidados!

‘Eu fui esquecido?’

Freud estava parado logo ao lado de Silver mas, todos pareciam ignorá-lo.

‘Também sou famoso sabe…’

Embora tivesse algumas reclamações em mente, ele seguiu o grupo obedientemente.

❂❂❂

— Onde está a santa?! — gritou uma mulher.

— Hahaha, é… Bem, essa é a nossa nova base, sabe? Então estou meio perdido. — À sua frente, um homem de aparência limpa coçou a cabeça envergonhado.

Ambos estavam em um local grande, com paredes escuras adornadas com detalhes pintados em dourado. No teto havia um vitral o qual apresentava a imagem de um dragão, com suas escamas prateadas reluzindo graças a luz de fora que banhou os espelhos. 

Seus olhos também eram da cor prata e, do ponto de vista dos convidados, esse par de gemas pareciam estar encarando-os friamente.

— Realmente? Para mim, parece que você está tentando ganhar tempo — disse a mulher, apoiando sua mão sobre o cabo da espada com um olhar irritado.

O grupo atrás dela seguiu a deixa, colocando suas mãos sobre suas armas e fazendo o segundo homem do lado oposto se pronunciar.

— Vá com calma, garotinha… Não queremos sujar o hall novo de sangue. — O homem vestia um chapéu de palha e roupas de samurai, olhando para a mulher com uma face inexpressiva.

— Também não queremos sujar a imagem da nossa santa mas, vocês estão forçando nossa mão…

Assim que chegaram eles se encontraram com essa dupla, os quais disseram que poderiam levá-los até a santa.

O problema foi a caminhada de quase vinte minutos pela cidade, levando por fim ao hall em que estavam.

‘E até agora nem sinal da santa’

Não era de se admirar que o grupo estava furioso.

Antes de uma batalha explodir, a porta do local se abriu e outro grupo entrou.

Eles foram liderados por um homem de cabelos prateados e olhos dourados, que caminhava despreocupadamente.

A sobrancelha da mulher franziu brevemente não pela aparição do homem, apenas porque, em um piscar de olhos, seu grupo estava em desvantagem numérica.

Os ombros da mulher, bem como dos integrantes de seu grupo se tencionaram, todos preparados para uma batalha.

O recém-chegado os ignorou completamente e seus olhos pousaram em certa parte do local, a qual o fez hesitar por um instante mas, logo, seguiu sua marcha até o trono posicionado do outro lado do hall.

O grupo que o seguia naturalmente se desvinculou dele, espalhando-se pelo local e ‘coincidentemente’ cercando os convidados.

‘É um problema atrás do outro…’

Ela naturalmente estava confiante nas próprias capacidades de combate e bem como na de seus companheiros, porém, as habilidades do inimigo eram desconhecidas e a proporção que a luta poderia tomar também.

‘Eles ficariam em perigo’

Tendo atravessado a cidade e visto seus cidadãos, a mulher hesitou em tomar uma decisão que os pusesse em risco.

— Bem, a que devo a honra desta visita? — Reclinando-se no trono, Silver perguntou.

— Não finja que não sabe! — Exibindo uma postura alerta, a mulher retrucou — Deixamos nossas intenções claras como cristal desde que colocamos os pés nesta cidade!

— Sim, vocês fizeram. Mas, me diga, paladina por que eu deveria levá-los até ela? 

Após esta pergunta, Silver tomou um tempo para observar melhor o grupo.

A líder era uma mulher morena, com cabelos cacheados curtos e usando uma armadura leve. Seus olhos tinham uma cor castanha clara e sua expressão continha uma grande raiva.

O grupo que a acompanhava era misto tanto em gênero quanto em etnias, com todos vestindo armaduras e carregando espadas de duas mãos.

— Como um homem que cometeu muitos pecados, não acredita que deve realizar boas ações para equilibrá-los? — Sua voz ainda continha certa irritação, mas ele poderia sentir que eram palavras sinceras.

‘Então ela está me dizendo “faça o que eu quero e seja uma boa pessoa”?’

Sinceramente este era um dos pontos que ele estranhou sobre essa organização. 

Seus ideias de gentileza e compaixão beiravam a ingenuidade antes mesmo de Mitis Sanctus subir ao poder. Eles acreditavam que apenas por pedir o mundo se tornaria um lugar melhor.

— Então é assim que você expia seus pecados, Srta. Martines? 

Os dedos dos paladinos se enrolaram com ainda mais força no cabo da espada ao escutar estas palavras, levantando a tensão novamente.

‘Como ele sabe sobre mim?’

Sua antiga família não era grande, nem digna de menção quando comparada àquelas que esbanjavam dinheiro e talentos.

— Eu já abandonei este nome há muito tempo — proferiu ela, enquanto rangia os dentes. — Agora eu atendo apenas por Beatriz.

— Líder! Por que ainda estamos escutando ele? — Um homem de cabelos e olhos pretos de seu grupo questionou.

— Sim, podemos apenas encontrar a santa por nós mesmos.

—- Sim!

Logo, todos seus membros concordaram com isso, preparando-se para lutarem seu caminho até a santa.

— Apenas nos dê a ordem. — Ela viu a determinação nos olhos dele e dos demais, se tais palavras fossem ditas, nenhum deles hesitaria em atacar.

Por um momento Beatriz pensou que talvez, apenas talvez ela devesse… 

Clap! Clap! Clap!

Logo que seus lábios se partiram, o som de aplausos soaram, vindos da área do trono.

— Vocês tem coragem, eu admiro isso. — Um sorriso subiu ao rosto de Silver — Mas tome cuidado com suas próximas palavras, Srta. Martines, elas carregam um peso maior do que você imagina.

Primeiro de tudo, Silver queria eles, bem como o restante de sua ‘legião’ como subordinados. Não apenas pela força deles, mas também pela coragem e lealdade que eles demonstraram agora e durante a novel.

Lealdade. Tanto esse mundo quanto seu anterior esfregaram na face de Silver que qualquer organização sem tal coisa desmoronava facilmente.

Mas isso também não significa que ele abandonaria seu próprio orgulho para recrutá-los. 

Caso Beatriz escolhesse dar a ordem de ataque, todos eles seriam eliminados sem piedade alguma.

‘Eu deveria…?’

Por outro lado, Beatriz estava em um dilema. Ao seu lado havia 25 homens e mulheres que, caso ordenados, sacrificariam-se sem hesitação para que aqueles restantes pudessem realizar os objetivos do grupo.

Ademais, além de pesar as possíveis mortes de seus companheiros, a mulher teve que refletir sobre quanto mal a disputa a disputa entre eles traria para os civis que residiam na cidade.

‘Merda… E eu ainda não consigo saber a força deles…’

Os olhos dela escanearam mais uma vez seus possíveis inimigos.

O grupo com máscaras de raposa liderados pela garota de olhos azul-gelo estavam os encarando com indiferença.

‘Eles olham como se não fossemos nada’

Aqueles vestindo jaquetas com gorros de pelugem pareciam estar observando presas ao invés de humanos.

‘Sem falar da garota de olhos vermelhos… Ela me dá arrepios’

Considerando tudo isso, um longo suspiro escapou dos lábios de Beatriz antes da mulher fazer um gesto para que seus companheiros relaxassem.

O homem que deu a luz ao pensamento dela de batalhar queria levantar uma reclamação, porém, um olhar profundo da mulher o impediu de fazê-lo. 

Levando uma mão até a cintura, ele desviou seu olhar para o vitral no teto.

— Estou escutando. — Após apaziguar seus seguidores, Beatriz voltou sua atenção para Silver.

— Eu tenho interesse em recrutá-los. Caso aceitem, posso ajudá-los a cumprir seu ‘objetivo’ — ofereceu o jovem, enfatizando a última palavra para deixar claro que sabia qual era.

Esse detalhe fez a mulher estreitar os olhos, enquanto ela se questionava novamente o quanto ele sabia. 

Antes de poder questioná-lo sobre, Silver voltou a falar.

— Vocês não precisam me responder agora, posso aguardar os reforços que seu parceiro chamou chegarem antes de ouvi-los. — Um sorriso subiu ao seu rosto observando a confusão e apreensão nos olhos do grupo.

‘Eles realmente acharam que ninguém aqui viu?’

Quando a mulher decidiu contra iniciar uma batalha aqui, ela olhou para um de seus companheiros, esse que levou suas mãos à cintura. 

Logo, todos presentes viram um leve brilho sair do ponto onde ele tocou e ficou óbvio o sentido por trás de tal ação.

— Não se preocupem demais. Se isso me insultasse, vocês já estariam mortos. — Com essa declaração nada ameaçadora, ele fez um gesto simples com a mão.

Seis dos mascarados que seguiam Hikari se destacaram do grupo, aproximando-se dos paladinos.

— Acompanhem nossos convidados até seus quartos, só não os machuque muito no caminho — ordenou, recebendo um aceno de seus subordinados.

— Já para vocês, escutem atentamente pois só vou dizer uma vez. 

Neste momento, a expressão de Silver se tornou incomparavelmente fria, e Beatriz jurava que viu seus olhos piscarem em um tom prata.

— Lembrem-se de que estão no meu território. Se tentarem algo engraçado como perambular pela cidade procurando pela santa, vão morrer. 

Houve um silêncio pesado no hall após essas palavras, deixando o grupo de paladinos muito mais tenso do que estariam durante uma batalha.

— Dou-lhe minha palavra como paladina que nenhum dos meus ultrapassará tal limite. — Com um punho cerrado apoiado em seu peito, Beatriz se curvou — Como já sabe meu nome, nada mais justo do que nos agraciar com o seu, senhor…

— Silver. Silver Crawford. — Com seus olhos dourados travados nos castanhos de Beatriz, ele disse.

— Que a luz de vossa santa possa guiá-lo em suas provações Silver Crawford.

Assim, o grupo se retirou acompanhado pelos mascarados sem olharem para trás.

‘Foi bem melhor do que pensei, por um momento achei que iriam atacar. Seria uma pena matá-los aqui’

— Fora meus comandantes, o restante pode voltar aos seus deveres — Logo, restaram apenas nove pessoas no local — Então, quem quer começar?

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