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Capítulo 123: Visitas irritantes(pt2): O dragão e os paladinos

Um brilho e cor prata abraçaram calorosamente o salão, deixando a imagem de um dragão prateado que se impunha no teto ainda mais vívida.

Seus olhos da mesma cor que suas escamas olhavam para aqueles na sala com arrogância, demonstrando de seu mais alto status como ‘soberano’ do lugar.

No mesmo local, um jovem jazia sentado em um trono, esbanjando cabelos prateados no mesmo tom que aquele expressado na vidraça acima, e olhos dourados cortados por suas pupilas em forma de fenda.

A alguns metros, um homem de armadura pesada, aparentando pouco mais de meia-idade, levantou-se.

Em uma postura levemente curvada e com a mão no peito, o senhor apresentou um pouco de tensão, olhando para Silver.

— Meu senhor, sou apenas uma lâmina que segue em prol da minha santa. — Palavras banhadas de determinação escaparam de seus lábios. — Desde que me seja oferecida a chance de cumprir meu propósito, serei seu mais leal aliado.

Ele soou extremamente sincero, ainda mais quando mencionou a sua santa. 

‘Antiquado, mas aparentemente genuíno’

Esses foram os pensamentos de Silver sobre a declaração, mas o jovem não respondeu imediatamente. 

O homem não tinha nada a ver com Itto, porém, o dragão prateado decidiu descontar um pouco nele. 

Em meio ao silêncio, o velho olhou para a pessoa no trono, esperando por uma resposta. Abruptamente, o braço do garoto se moveu rapidamente, fazendo o homem adotar uma postura de batalha por puro instinto.

Brincando com o [SC] que acabara de retirar, Silver deslizou o objeto pelos seus dedos enquanto seus olhos dourados encaravam o paladino, parecendo entretido com a reação.

Antes que o homem pudesse se recompor, uma figura holográfica de uma garota surgiu do objeto na mão de Silver.

[Sim?]

— Hikari, pode trazer nossos ‘convidados’ e Mitis para a sala de reuniões? Obrigado. 

A figura da jovem desapareceu logo depois, deixando o paladino, agora completamente de pé, inseguro sobre o que fazer.

Seu ‘aliado’ não teve pressa alguma de iluminá-lo, aproveitando cada fagulha do seu embaraço.

Mas essa situação não durou muito. Minutos depois, uma jovem de cabelos pretos atravessou a porta, seguida por todos os seus companheiros, incluindo aqueles que ficaram do lado de fora do território.

Ela vestia um uniforme preto, destacando seus olhos azuis-gelo e mantendo uma expressão neutra. Atrás dela, o grupo tinha armaduras similares às do paladino, exibindo um esquema de cores idênticos com a diferença sendo os estilos e modelos de cada um.

— Não deixei claro para eles que estávamos vigiando? — Talvez graças à situação em que estava, o homem sentiu um leve desdém vindo dessas palavras. — A mensagem que eles enviaram para você e cada movimento seu foi observado também.

— Sir Hans! — Uma mulher de cabelos cacheados castanhos o chamou, aproximando-se rapidamente dele.

— Sir Beatriz, a quanto tempo. — Assentindo levemente, o homem reconheceu tanto a presença dela quanto a dos seus outros companheiros.

A jovem era uma líder exemplar, um pouco impulsiva às vezes, mas ainda sabia como exercitar a cautela quando necessário. 

Os olhos de Hans se cruzaram com os dela, vagando poucos centímetros ao lado antes do seu corpo se tensionar. 

Suas pupilas se contraíram e sua respiração parou por um instante. Um arrepio atravessou a espinha do homem ao perceber que não eram apenas ele, seus aliados, Silver e Hikari quem estavam presentes.

‘Quando?’

Uma figura mascarada se posicionou no canto do salão silenciosamente, acompanhado por diversos outros semelhantes ao redor de todo local. 

‘Meus sentidos estão tão enferrujados assim?’

Era uma possibilidade bem plausível. De alguns tempos para cá, tudo que ele fez foi procurar sua santa sem pausar para entrar em conflitos insignificantes.

‘A maioria percebeu… Isso é bom’

Observando a reação de seus mais novos aliados, Silver julgou. Para falar a verdade, o grupo de ‘raposas’ surgiu junto à Hikari, entrando em uma formação simples sem criar muito alarde.

Sinceramente, isso não era lá uma característica obrigatória, mas, poderia salvar a vida deles em algum momento.

Reclinando seu corpo, Silver olhou para a porta do salão a tempo de ver duas novas pessoas entrando.

O primeiro era um garoto, com cabelos cinza escuro e olhos amarelos. Ele vestia um haori prateado, o qual parecia maior que seu corpo, com as mangas dobradas todo caminho até seu cotovelo.

Ao lado dele, uma jovem cabelos azuis caminhava com um sorriso no rosto, usando uma camiseta e jaleco brancos. 

Como se sentissem a chegada do duo, a conversa entre os paladinos cessou, e seus olhos se voltaram para o portão.

‘E eu estava julgando suas percepções’

A expressão do grupo então se contorceu estranhamente. Os lábios deles se curvaram um pouco antes de retornarem ao normal, seus braços ameaçaram se levantar apenas para se manterem meio abertos.

Suas pupilas refletiram tantas emoções que foi difícil colocá-las em palavras.

Jogando tais sentimentos para o âmago de suas mentes, todos eles se ajoelharam, mantendo um punho cerrado no peito.

Nem um único grito ou palavra escapou deles, mas o silêncio criado enquanto seus olhos se mantinham presos na figura da jovem falou muito mais do que os dois acima poderiam fazer.

A boca do garoto de cabelo cinza se abriu, porém nenhum som saiu dela. Percebendo o olhar deles na direção de Mitis, ele também olhou para ela.

Silver e Hikari não pareciam surpresos com a ação e, já sobre os mascarados… Bem, difícil dizer considerando que seus rostos estavam cobertos.

Como a causa dessa situação estava reagindo? Ela manteve um sorriso gentil, embora a leve tensão em seus ombros demonstrasse a surpresa que sentiu com a ação.

— Mitis, esses são seus novos subordinados. — As palavras de Silver destruíram a situação estranha causada pelo grupo. 

Permanecendo sentado, ele apoiou a mão direita no queixo e abriu a palma esquerda gesticulando na direção dos paladinos.

— Hans. — O homem se levantou assim que seu nome foi chamado, mantendo o punho cerrado próximo ao peito. 

O dragão prateado não questionou a lealdade de nenhum deles, afinal, o objetivo principal deles era servir sua ‘santa’ por causa de uma profecia qualquer espalhada pela igreja onde eles foram criados.

Julgar as crenças dos outros não era algo que Silver gostava de fazer mas, da forma explicada na ‘novel’, ficou claro o fato de muitos daqueles doutrinados naquele lugar terem morrido muito antes de terem a chance de encontrar tal ‘santa’.

Os músculos no rosto do homem tremeram enquanto ele tentava manter uma expressão controlada. Não era raiva, mas pura alegria. Seus olhos expressaram um brilho que nunca pensou ser capaz de fazer.

‘Finalmente! Queria que a irmã Lhana estivesse aqui para ver.’

Seu propósito de vida, não, deles. O propósito de todos eles estava nas pontas dos seus dedos.

‘Calma Hans. Não seja tão impulsivo.’

— Silv, acho que isso não é certo… — Os grandes olhos da jovem demonstraram um pouco de insegurança.

— Eles são úteis. O suficiente para proteger tanto os moradores daqui, quanto seus pacientes — explicou o dragão prateado, usando um tom gentil para tentar deixá-la tranquila.

‘Isso e eles provavelmente vão querer estar ao seu lado’

Ela era o ‘sol’ deles então, tê-los ao seu redor facilitaria manter o controle sobre eles.

Percebendo que havia no mínimo plantado a semente da dúvida na mente dela, Silver pensou em outra forma de convencê-la considerando a personalidade dela.

— De qualquer forma, você pode pensar bem nisso enquanto apresenta a cidade para eles. — O jovem ofereceu, olhando na direção de Hikari e do garoto de cabelos cinzas. — Hikari e Hibiki vão junto com você, então não se preocupe.

Seus olhos dourados se encontraram com o abismal azul-gelo da kunoichi, e apenas com isso, ela entendeu suas intenções. Apontando o dedo para o grupo de paladinos, Silver fez alguns sinais de mão, uma série de comandos silenciosos compreendidos apenas por aqueles treinados por Hikari. 

Ao mover a mão em uma meia-lua, os mascarados presentes se dispersaram para seguir suas ordens.

Neste meio tempo, a kunoichi e Hibiki se aproximaram de Mitis, fazendo a tensão nos ombros da ‘santa’ desaparecer.

— Vamos, eu mostrarei a cidade a vocês — disse Mitis, sua voz suave mas firme.

Os paladinos levantaram-se em uníssono, prontos para seguirem sua santa.

Enquanto eles saíam do salão, Silver observou a cena com um leve sorriso brincando em seus lábios. Tudo estava se movendo conforme o planejado.

Ele não era estúpido. A lealdade do grupo de Hans era totalmente voltada a Mitis, então nenhum deles ficaria completamente sozinho com a garota para evitar dramas desnecessários.

‘Se eu mover as peças direito, logo eles vão começar a tratar meu território como a terra santa deles.’

Mas o processo tinha que ser respeitado. Se isso acontecesse instantaneamente seria suspeito, portanto, o estado atual já era bom o suficiente por enquanto.

Recostando-se no trono, Silver olhou para o seu ‘autorretrato’ que se punha no teto. Com exceção do prata em seus olhos, a imagem representava Fenris perfeitamente, desde as escamas até as fendas das pupilas.

‘Será que eu vou conseguir me tornar um dragão de verdade no futuro?’

Essa ideia passou abruptamente em sua cabeça. Os limites dos [Contratantes] não ficaram claros na novel então, talvez ao alcançar um nível certo da [Autoridade] do espírito seria possível adotar sua raça.

‘Não que seja legal ser um dragão, nem um pouquinho’

Com esse pensamento, ele fechou os olhos por um momento, se permitindo um descanso necessário graças às interações irritantes que teve após chegar.

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