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[PDV Amaterasu Moon]

Querido diário, por onde eu começo?

Bem, vamos começar quando assisti uma fase bastante interessante do torneio, onde Seiji e Mari tiveram a bunda chutada, o que diga-se de passagem, foi realmente divertido de se ver.

Após isso, Shirou convidou a mim e Seiji para conversar. Na verdade, quando o diretor da escola que você frequenta te convida para uma conversa séria, não acho que seja uma opção recusar.

Para simplificar, ele nos convidou para fazer uma proposta. Ser aprendiz de um dos melhores [Contratantes] da última década era tentador, e o prospecto de assumir o posto de diretor da academia deixou ainda mais atraente.

No entanto, considerando que eu competiria com o ‘protagonista’ deste mundo, todas as possibilidades tinham que ser pesadas.

Sem considerar Shirou, existiam muitos bons professores por aí, mas, nem todos seriam fáceis de se encontrar. A mais próxima do torneio e que estava ‘destinada’ a aparecer nos arredores era a profetisa.

Para decidir entre os dois, minha condição tinha que ser considerada. Amaterasu e Tsukiyomi deixaram claro que suas habilidades não foram feitas para residir em um único corpo. 

Pensando nisso, eu precisaria ter um controle muito fino da minha [Energia espiritual] para não acabar implodindo no meio de uma batalha.

Sendo assim, a expert em controle foi minha melhor alternativa no momento. Por isso recusei a oferta de Shirou sem hesitação, enquanto Seiji aceitou a proposta após o diretor dizer que poderia fazê-lo alcançar e derrotar Silver.

Há, coitado!

Deixando esse idiota de lado, me encontrei com a amiga estúpida dele e com Silver em um café. 

Apenas para deixar claro, não tenho nada contra ela. Eu simplesmente levei em consideração a descrição do autor da novel sobre a garota, chegando a conclusão dela ser incrivelmente irritante e também narcisista.

Shizukana é uma flor de pote. Sendo treinada pela própria tia, que era a diretora de uma das quatro maiores academias, ela criou um senso, provavelmente inconsciente, de superioridade. 

Por mais que estivesse escondido dentro da sua atitude ‘elegante’, foi fácil de reconhecer depois de lidar com vários nobres pomposos.

De qualquer forma, a reunião se tornou um jogo de perguntas entre Shizukana e Silver, com cada pergunta respondida valendo 2.000 CE. Sinceramente, é notável a obsse… Dedicação dela com Seiji para pagar isso por algumas respostas simples.

Eu gravei o acordo com meu [SC] para impedi-la de voltar atrás com sua palavra, e assisti enquanto Shizukana fazia uma série de perguntas estúpidas que até sua amiga achou estranha.

Ah, esqueci de mencionar, mas a garota trouxe uma amiga.

— O que você acha de mim?

Minha vontade era destruir ela assim que escutei essa pergunta, e levou muita força de vontade para não fazer isso.

— Não faz o meu tipo. — Após dizer isso, Silver se levantou e caminhou tranquilamente para a saída. — Aliás, pelas minhas contas você me deve 10.000 cristais.

Parando momentaneamente na porta, ele concluiu. Silêncio dominou a nossa mesa por algum tempo e eu pude sentir meus lábios tremendo incontrolavelmente.

— Pfhahahaha… — O rosto congelado dela foi simplesmente impagável.

Claramente a amiga dela também sentiu vontade de rir, mas segurou por respeito.

— Oh, eu gravei isso também. Espero que não se importe. — Dizendo isso eu também saí.

Infelizmente foi uma mentira. Meu desejo era ter tido visão de futuro o suficiente para poder registrar isso, mas não foi possível.

Caminhando pela cidade, fui lembrada novamente do quão bela é essa cidade. As ruas estavam muito movimentadas graças ao torneio, mas isso não diminuiu sua beleza.

Porém, comparado a pessoa ao meu lado, era como colocar uma faísca ao lado do sol. 

Seus cabelos prateados foram destacados pelos raios solares, realçando sua íris dourada. Sinceramente, foi difícil tirar os olhos de Silver mesmo que por um momento, e eu não senti a necessidade de fazer isso.

— Shirou me fez uma proposta. — Assim que essas palavras saíram da minha boca, eu vi sua sobrancelha se levantar.

— Ele não é um pouco velho demais para você? — Sua voz era tranquila e profunda… Espera, o que ele disse?

— Q-que?! Não, não esse tipo de proposta! — Meu rosto esquentou enquanto tentava me explicar. — Ele perguntou se eu e Seiji queríamos ser seus discípulos. — Assim ele não vai me entender mal, certo?

— Eu estava brincando. — Apreciando o sorriso que surgiu no rosto de Silver, percebi que ele não parecia se importar com meu comentário.

— Não vai perguntar se eu aceitei? — Segurando os braços atrás das minhas costas para esconder minha ansiedade, eu perguntei.

— Não. — Nossos olhos se encontraram por um momento, antes dele seguir — Olha, eu não teria aceitado uma aliança com você caso não te achasse minimamente competente. 

— Hmm… Entendi. — Não consegui segurar o sorriso que surgiu no meu rosto — Só para registro, eu recusei.

Nossa caminhada seguiu com um silêncio, mas não foi nenhum pouco desconfortável. Porém, certa pergunta tomou conta da minha mente.

— Mais cedo você disse para Shizukana que ela não fazia o seu tipo… — Baixando a cabeça para não mostrar o quanto queria saber isso, eu adicionei — S-só por curiosidade, qual seu tipo? 

— Bem… 

— Silver! 

A voz de Freud cortou o ar logo quando Silver estava para responder. Essa foi a segunda vez no dia que segurei minha irritação, enquanto o raiju implorava para ser treinado antes de apressar a saída do meu amado.

Só para constar, nunca tive nada contra Freud… Até agora.

❂❂❂

Admito que subestimei essa cidade. Quem iria imaginar que procurar uma única pessoa em um lugar com alguns milhares de habitantes, e um influxo ainda maior por conta de um torneio seria tão difícil?

Eu não sou burra, ok? Isso é humor.

Falando sério, a culpa é toda do autor por não descrever esse encontro direito. As palavras dele sobre isso foram: ‘Após a segunda fase, Seiji caminhou sem rumo pelas ruas da cidade, antes de encontrar alguém peculiar em um dos becos.’

Sabe quantos becos e vielas existem aqui? Não? Muito menos eu.

— Hm… Se não me engano, vi uma mulher do jeitinho que você me falou passando na terceira viela à direita. Mas foi só uma vez. — Disse um transeunte para quem perguntei sobre meu alvo.

— Já para o pagamento pela minha informação…

Ele não conseguiu terminar de falar. Apenas o sorriso nojento no rosto dele me disse tudo, então seu crânio foi esmagado contra o chão e, sinceramente, se estava vivo ou morto não me importa.

Não levou um gênio para entender que tipo de pagamento era dado o olhar que ele deu para o meu corpo. 

As pessoas ao redor também ignoraram o estado dessa coisa, afinal, ninguém atacaria um [Contratante] por um qualquer. No fim, decidi passar em todas as três vielas apenas para ter certeza.

Quando me aproximei da segunda viela, um arrepio percorreu meu corpo. Era como se alguém estivesse me observando, então olhei ao redor e encontrei a causa dessa sensação camuflada na sombra do lugar.

Do local saiu uma mulher, com cabelos prateados um tom mais claros que o de Silver e amarrados em um rabo de cavalo. Ela usava uma jaqueta branca que deslizou sobre seus ombros porém, suas características mais marcantes eram a venda preta que cobria seus olhos e a bengala branca que utilizava para caminhar.

— O que você busca caminhando por essa escuridão, óh, ovelha perdida? 

Suas palavras cortaram o silêncio e, mesmo com a venda, seu rosto estava apontando para mim. A sensação de desconforto aumentou e eu sabia que a razão disso era a mulher à minha frente.

Nascida sem o dom da visão, a profetisa se tornou uma [Contratante] natural muito nova, perdendo nesse quesito apenas para três outras pessoas. Ela mesma não fazia ideia do nome do espírito que contratou, porém, após o contrato, foi capaz de observar as almas das pessoas.

Sinceramente, eu não sei até onde seus olhos podem enxergar, então é melhor tomar cuidado com minhas palavras e pensamentos por agora.

— Vim encontrar você. — A verdade era minha melhor arma para não perder essa chance. — Ouvi falar sobre sua expertise em controle de [Energia espiritual].

A falta de expressões no rosto dela e não poder ver para onde ela estava olhando complicou as coisas. 

— Presumo que seja por conta dos dois espíritos com elementos opostos presentes na sua alma? 

Hm? Eles ficam na alma? Essa é uma informação interessante mesmo sendo bem inútil para mim.

— Exatamente, durante o contrato eles disseram que eu poderia implodir se qualquer coisa desse errado. E uma das formas de contornar essa situação era ter um controle muito fino. — O problema é que sem um professor seria pura tentativa e erro, mas não havia margem para isso.

Se eu forçasse os poderes de Amaterasu a funcionar meu corpo poderia implodir. Caso isso desse certo, perder a concentração por um instante causaria um Boom.

Poderia dar outros exemplos, mas acho que já ficou claro.

— E onde minha pessoa se encaixaria nisso? — Impossível isso não ser uma pergunta, então decidi seguir essa narrativa.

— Como quem me ensina a não explodir? — Eu admito, não é o melhor pedido do mundo.

— Claro, por que não?

E deu certo. A profetisa tinha um pequeno sorriso enquanto dizia isso. 

Minha curiosidade interna implorou para saber a razão dela aceitar mas, cavalo dado não se olha os dentes. 

— Que tal discutirmos os detalhes em outro lugar? — Uma viela não era lá o local mais apropriado para continuar essa conversa, e ela aparentemente concordou comigo.

༺═──────────────═༻

‘Como Silver consegue gostar disso?’

Tomando um gole de café, as sobrancelhas de Moon baixaram levemente sentindo o amargor se espalhando pela sua língua.

Deixando isso de lado, a jovem olhou para a mulher vendada sentada do lado oposto, que se manteve quieta durante a caminhada.

— Acho que deveria me apresentar primeiro. — comentou Moon, lembrando não ter feito isso até agora. — Meu nome é Amaterasu Moon, uma [Contratante].

Acreditando ser muito prepotente dizer que era a matriarca da sua família, a garota fez uma apresentação básica.

Houve um momento de silêncio no qual Moon sentiu que a mulher estava ‘olhando’ para ela até finalmente responder.

— Féach, mas a maioria opta por me chamar de profetisa. — Levando uma xícara até seus lábios, ela girou tranquilamente a bengala na mão oposta.

— Ahem! Como você concordou em me ensinar, acho válido te explicar sobre minhas habilidades. — Entendendo que a mulher não pretendia continuar, a jovem tomou as rédeas da conversa.

Ela confiava em Féach? Nada que foi apresentado na história ‘original’ a fazia desconfiar da profetisa. Isso queria dizer que Moon confiaria cegamente nela? Também não.

O conhecimento que tinha da novel já provou estar errado algumas vezes, então não valia de base para nada. Mas, como ela mesma havia dito, por ser sua nova professora a profetisa tinha que ter um norte daquilo que iria ensiná-la.

— Um dos meus espíritos é Amaterasu. A deusa do…

— Sol. Eu já ‘ouvi’ falar sobre ela. — A mulher enfatizou o fato de ter escutado, antes de continuar. — Então assumo que a parte azul seria Tsukiyomi. 

— Sim. — Confirmou Moon, observando a reação de Féach. — Por agora, eu posso apenas usar as habilidades dele. Amaterasu se provou bastante relutante em me deixar usar seu lado. — Olhando fixamente para sua xícara, a jovem franziu novamente.

‘Uma mentira pequena não vai matar, certo?’

Essa mentira não atrapalhava o rumo de seus ensinamentos, além de tecnicamente não estar totalmente errado. Afinal, em seu estado ‘base’ ela realmente não poderia usar.

— Qual seu nível de controle? — Talvez por perceber o humor da garota, Féach mudou o assunto.

— Por volta de duas estrelas e meia? — Pensando do sistema geral de controle, a jovem estava no meio termo entre cobrir apenas um quarto e um prédio. 

‘Desta vez ela foi sincera’

A profetisa de fato sabia sobre a mentira de Moon em relação às suas habilidades, o que a fez perder um pouco de interesse. Porém, isto também a fez ganhar alguns pontos com ela, pois confiar em alguém diretamente assim seria estupidez.

— Como você tem um torneio para participar, vamos focar em melhorar no que já tem. — A mulher decretou e, antes da garota questionar como ela sabia, Féach seguiu. — Ouvi falar da sua participação lá, óh rainha da lua, Moon.

— É assim que estão me chamando? — A jovem sentiu suas bochechas esquentarem pelo apelido ridículo.

‘Seriamente, viver em um mundo maluco como esse deve ter fritado o cérebro dos idiotas que inventaram isso’

— Também ouvi falar sobre seu cavaleiro. O de cabelos prateados, que te coroou enquanto olhava para você com o mais intenso apreço… 

‘Hmm… Quem foi que teve uma ideia tão boa?’

A opinião da garota mudou num instante, imaginando a cena por si só, com muito mais detalhes.

— Acho melhor você limpar a baba para começarmos seu treinamento. — comentou a profetisa, colocando a xícara vazia sobre a mesa enquanto utilizava a bengala para se levantar.

— Hm? — Levando a mão inconscientemente até seus lábios, Moon não sentiu nada, porém seus olhos se arregalaram. — Como sabia?

— Você acabou de me dizer. — disse Féach, antes de finalizar. — Vamos nos encontrar aqui amanhã neste mesmo horário.

Assistindo a mulher atravessando as portas do café, os dedos da matriarca deslizavam pelas bordas da xícara, enquanto ela se perdia em seus pensamentos. 

‘Com isso estou um passo mais perto de conseguir lutar ao seu lado…’

Um cheiro agridoce preencheu o local, e o som das risadas dos demais clientes aumentou a atmosfera calorosa do estabelecimento. 

Envolvida pelo clima, ela olhou para o céu através do espelho, encontrando um laranja esplendoroso que tingiu a cidade e, respirando fundo, a jovem se levantou. Amanhã seria um novo começo.

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Olá, eu sou Kail!

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