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— Sou só eu ou essa técnica é bem familiar? — Mia comentou, apoiando uma mão no queixo enquanto comparava.

— Não, elas são realmente parecidas. Talvez por eles serem amigos de infância? — Lina concordou com sua rival, também percebendo a semelhança entre as técnicas usadas por Silver e Mari.

Foi a primeira vez do grupo vendo o dragão e a espadachim usarem técnicas com a espada. E o fato delas serem idênticas levantou algumas questões.

Pouco eles sabiam que esta também era uma dúvida para Mari desde a demonstração na primeira fase. Vê-lo usando o [Estilo raposa] anteriormente fez ela se questionar se ele conhecia seu pai. 

A espadachim apenas não perguntou diretamente a ele pois o relacionamento entre eles estava estagnado e, as palavras ditas por Silver no café a desmotivaram.

Moon imediatamente ligou esta semelhança a carta que Mari trouxe e entregou ao dragão antes da guerra na cidade baixa acontecer. 

Mas não importa o quanto criassem teorias, a única pessoa que tinha a resposta era o próprio dragão e por isso, os olhos do grupo se voltaram para ele.

O alvo destes olhares estava perdido nos próprios pensamentos, o que eles imaginaram erroneamente estar relacionado a espadachim.

‘Quem pode ter contado para Yuki que eu fumo? Poucas pessoas sabem e a maioria é da minha gangue’

Seus subordinados não iriam entregá-lo, então o jovem buscou alguém que poderia ter guardado rancor por algo recente.

‘Hmm… Isso me lembra de um certo professor de cara cicatrizada…’

Dentro de uma sala voltada aos professores da academia Shoutai, John sentiu um arrepio percorrendo sua espinha. Olhando rapidamente para os lados enquanto ignorava o olhar estranho de seus iguais, ele franziu ao não encontrar nenhum sinal de perigo.

‘Vamos ter uma boa conversa mais tarde’

Decidindo bater um papo amigável com seu velho amigo, Silver finalmente percebeu os olhares do grupo.

— Qual o problema? — Sendo encontrado com uma onda de ‘nenhum’, o jovem levantou uma sobrancelha até escutar Freud.

— A técnica de espada que você usa e a de Mari são idênticas, então estávamos nos perguntando a razão disso — O raiju respondeu com sinceridade.

— Oh isso? — O motivo era simples realmente. Silver teve uma disputa de esgrima com o pai da espadachim anos atrás e, embora a batalha não tenha decidido um vencedor, ele tomou a oportunidade para ‘devorar’ as técnicas do oponente que lhe cabiam.

— Itto Shura huh? Foi uma luta divertida — Fora Moon, o restante não entendeu o que isso teria a ver com a pergunta, então a matriarca decidiu iluminá-los.

— Itto Shura é o pai de Mari — As palavras dela deixaram bastante a desejar pois, eles não conheciam o talento de Silver e apenas sua força.

O fato dele poder copiar alguns estilos de esgrima com pouco esforço, ainda não ficou aparente para o grupo então ainda havia alguma confusão em suas faces.

— Ele é interessante não é? — Indiferente às dúvidas do trio, o dragão perguntou para a garota ao seu lado.

— Potencial não parece faltar — comentou Moon, com um olhar contemplativo direcionado a Kaen.

O que a dupla tinha em mente sobre o guerreiro, só eles sabiam.

༺═──────────────═༻

Voltando alguns momentos atrás, durante o início da batalha entre Mari e Angelo, os punhos de Kaen e de seu adversário se encontraram várias vezes, sem que nenhum deles conseguisse obter vantagem na luta.

— Por que você desistiu? — A pergunta súbita do jovem surpreendeu o oponente, o fazendo receber um soco e recuar alguns passos.

Não foi de propósito, ele estava genuinamente curioso da razão por trás de seu adversário ter desistido de melhorar. 

— Pensei que você não era do tipo que conversa durante a luta mas, isso foi inesperadamente sujo — respondeu o adversário, cuspindo um pouco de sangue no chão enquanto se recompunha.

Ele levantou os punhos, mantendo uma postura defensiva. Os dois lutadores começaram a circular um ao outro, mantendo os olhos fixos no oponente enquanto buscavam uma abertura.

Kaen foi o primeiro a atacar, usando socos diretos de direita para pescar um possível contra-ataque do oponente. Isso não aconteceu pois o outro lado permaneceu defendendo firmemente.

O tempo passou e o jovem continuou pressionando o adversário quem se manteve defendendo. Até que, subitamente alterando sua postura, ele o viu avançar durante um de seus golpes ficando dentro do espaço pessoal de Kaen.

O garoto tentou reagir, porém teve ambos os braços agarrados enquanto seu adversário tentava derrubá-lo. Se esforçando para manter-se o equilíbrio e evitar ser atirado no chão, enquanto ambos mantinham contato visual.

No entanto, no meio da disputa, a expressão indiferente de Kaen trouxe uma sensação ruim ao seu oponente.

‘Ele não faria…’

No meio de seu raciocínio, ele viu seus medos se tornarem realidade quando Kaen literalmente cuspiu em seus olhos. 

Suas pálpebras se fecharam por instinto, abrindo margem para os ataques do oponente.

‘Esse maldi…’

As palavras em sua mente foram engolidas junto a alguns dentes após um gancho atingir seu queixo. Sem tempo para descansar, o som da parede se arrastando soou muitos alarmes em sua cabeça, mas com a visão ainda prejudicada, ele estava a mercê de Kaen.

Limpando o rosto com a palma, o jovem abriu os olhos sendo bem vindo pelo semblante ainda indiferente do adversário, enquanto o mesmo usou o ombro para atingir seu peito.

Completamente indefeso, ele sentiu suas costas sendo perfuradas diversas vezes e, antes de poder gritar, a perna de Kaen entrou em seu campo de visão.

— Você é um filho da puta rancoroso sabia? — Enquanto sentia a dor, ele acusou o oponente, sua fúria aumentando ao ver sua derrota iminente.

‘Tudo por causa de uma maldita pergunta!’

E então o pé de Kaen desceu impiedosamente contra seu rosto, efetivamente o eliminando do torneio.

O jovem não se incomodou com as palavras do adversário derrotado, caminhando tranquilamente para a direita no cruzamento mais próximo. Mari seguiu de perto, sem fazer mais perguntas, embora estivesse curiosa.

Ambos seguiram seu caminho tranquilamente dentre o labirinto.

༺═──────────────═༻

A respiração da dupla permeou o labirinto pelo qual eles caminhavam, após algumas tentativas de iniciar uma conversa sem sucesso, Seiji aceitou o silêncio que esfriou a atmosfera.

Todas as perguntas que ele tinha a fazer sobre Shizukana ficaram apenas para si, afinal, apesar de conseguir saciar sua curiosidade com relação a sua amiga sendo da mesma academia, a jovem ao seu lado não compartilhou seu entusiasmo.

Com esse clima frio eles caminharam pelo local, atravessando algumas encruzilhadas sem encontrar nenhum oponente.

Todo esse silêncio durante o caminho fez ele sentir saudade de seu grupo.

‘Pelo menos eles reconhecem minha existência, mesmo que seja com insultos’

Então, um leve estalo e o tremor do solo os tirou de seus pensamentos. O chão começou a se partir, e Seiji não hesitou em agarrar sua parceira e correr para o lado oposto.

Durante o percurso, ele sentiu ela se debatendo mas ignorou enquanto tentava manter o ritmo para não acabar morto dentro da ravina que se abria.

Se firmando numa área segura, o vaga-lume engoliu o suspiro que estava prestes a soltar graças a cotovelada que atingiu seu queixo.

— Qual é o seu problema? — Ele a encarou, confuso, afinal, ele a havia acabado de salvar.

— Hmph! — Com as bochechas levemente rosadas, a jovem bufou.

‘Eu não permito que nem mesmo meu pai me carregue no colo. Quem esse garoto pensa que é?’

Ela era uma garota bela, com cabelos castanhos cortados em bob e olhos azulados, vestindo roupas pretas delicadas levemente mais frouxas nos pulsos que não atrapalhavam sua movimentação.

O tom rosado no rosto dela lhe deu um charme a mais e, antes que Seiji se perdesse nesta visão, o som de passos vindos do cruzamento à frente o deixou em estado de alerta.

Convocando sua [Armadura real] ele se preparou para o que viria.

— E então eu, um futuro patriarca, tive que ‘fazer companhia’ a um bando de pirralhos desajustados. Acredita nisso e… — A voz desdenhosa que soou veio de um jovem, com cabelos cinza escuro. 

Ele vestia roupas formais, como se estivesse indo para algum tipo de baile, apoiando a mão esquerda no ombro de seu aliado enquanto segurava um guarda-chuva na mão oposta.

— Oh! Qin Wuyou, há quanto tempo! — Percebendo a presença da dupla, Arai exclamou.

Em um piscar de olhos, a jovem de cabelos castanhos desapareceu, e o recém-chegado reagiu posicionando o próprio parceiro a sua frente.

Pura confusão cruzou a face do garoto, até que ele sentiu seu peito sendo perfurado e a figura da garota surgiu rente aos seus olhos. 

Ele não pode nem mesmo expressar seu ressentimento antes de seu corpo desaparecer, acabando com suas esperanças para o torneio.

— Agressiva como sempre.

Vendo essa cena se desenrolar em primeira mão, Seiji finalmente entendeu o porquê da cotovelada. 

‘Ela teria se livrado muito mais rápido sem mim’

Qin Wuyou desapareceu novamente, deixando diversas pós-imagens para atestar sua presença. 

Apertando um gatilho em sua arma, Arai a separou em duas partes, com a cobertura do guarda-chuva se tornando foices largas.

Logo, a dupla se envolveu em um jogo de gato e rato, com a jovem tentando uma se aproximar do oponente enquanto o mesmo a mantinha afastada com golpes largos. 

‘Tch! Vai ser impossível vencer sem me aproximar’

Para ela, sendo uma [Variante] baseada em velocidade pura, ficou claro que estava em desvantagem aqui. Não importa o quão rápida ela fosse, sem poder alcançar o oponente isso seria inútil, sem falar que sua [Energia espiritual] não era infinita.

‘Vamos, pequena Qin, se desespere ainda mais’

Arai também não era incansável, portanto, ele criou algumas brechas propositalmente e as cobriu assim que a jovem atacou. Pela expressão irritada na face da jovem, seu plano estava funcionando perfeitamente.

Sentindo uma leve mudança no ar a sua direita, sua foice se moveu sem hesitação, empurrando os cabelos de Qin pela proximidade com a qual passou. Recuando mais uma vez, a jovem cedeu a sua irritação crescente.

‘Que tal vermos o que é mais rápido, eu ou sua lâmina’

O olhar resoluto nos olhos dela fizeram um sorriso escorregar pelos lábios de Arai.

‘Isso aí, pule direto na boca do tigre’

Ambos lutadores se encararam no mais puro silêncio, aumentando a tensão no local enquanto se preparavam para encerrar a batalha.

— [Julgamento]

Um corte vertical do elemento de Seiji alcançou rapidamente o inimigo, o forçando a cruzar suas armas para se defender, consequentemente sendo arrastado alguns metros atrás.

Ainda atordoado, Arai se curvou para evitar um golpe de Qin, contra-atacando com um corte em meia lua que partiu apenas uma pós-imagem da garota.

Suor escorria pela testa do jovem enquanto ele trocava golpes com Seiji, saindo em desvantagem a cada troca por ter que evitar o constante assédio constante de Qin, quem atacava de tempos em tempos para seu desprazer.

— Urgh! — Grunhindo ao sentir seu ombro sendo cortado, ele encarou furiosamente o culpado, expressando sua ira silenciosamente.

A este ponto o garoto já se lembrou da face de Seiji e, somando isso ao incidente no baile, seu rancor se aprofundou.

A foice e a espada de encontraram mais uma vez, colocando o jovem contra a parede que acabara de perceber estando tão próxima.

Encurralado, Arai franziu, ignorando a dor vinda do ferimento em seu braço balançando uma das foices em um arco, ganhando alguns momentos para respirar.

— Qual o problema Arai? Você estava sorrindo agora pouco — Qin comentou, expressando sua felicidade ao ver a situação do oponente.

— Problema nenhum, é só que um certo alguém deveria ensinar seu cachorro direito.

— O que posso fazer, ele tem o hábito de atacar presas frágeis.

‘Hm? Só tem três pessoas aqui, de que cachorro eles estão falan…?’

— Eu não sou um cachorro! — Entendendo ser ele o cão mencionado, Seiji gritou irritado.

‘A cotovelada de antes até faz sentido, mas isso já é desnecessário’

O jovem se sentiu incrivelmente ofendido, afinal, desta vez ele realmente havia salvo Qin, então os insultos foram gratuitos.

Embora aparentassem estar conversando casualmente, a dupla não estava nada tranquila. Os olhos de Arai escanearam cada centímetro do local, buscando uma saída do canto onde se encontrava.

A jovem, por outro lado, observou sua presa movendo ansiosamente as lâminas em suas mãos, aguardando o momento perfeito para dar o bote.

Sentindo um desconforto graças ao ferimento no braço, Arai moveu o membro fazendo o cabo da foice atingir acidentalmente a parede, que afundou levemente sob a pressão da arma.

Aceitando isso como um sinal, ele pressionou completamente o dispositivo, causando um barulho estrondoso quando as paredes do labirinto começaram a se mover.

Os olhos de Seiji se arregalaram ao perceber que o espaço entre ele e Arai iria ser atravessado por uma delas, então o jovem avançou rapidamente, porém, o inimigo se moveu primeiro.

Seus dois pés se conectaram com a armadura do vaga-lume, criando uma distância ainda maior entre a dupla. 

Ainda no ar, o garoto retorceu seu corpo para evitar dois projéteis atirados por Qin, pousando a tempo de ver o sorriso no rosto da garota antes que a parede cortasse completamente sua visão dos inimigos.

Arai soltou um longo suspiro, aliviado por ter conseguido escapar da batalha. Não demorou muito até ele se repreender por isso.

‘Eu me senti orgulhoso, POR FUGIR?! Recomponha-se ARAI! Você é o futuro patriarca da família Kaze, nada além da vitória seria o bastante para você’

O jovem não culpou essa humilhação pelo fato dele não ter conseguido usar suas técnicas, ele simplesmente prometeu fazê-los pagar.

‘Só me esperem’

༺═──────────────═༻

Com Seiji e Qin, a garota arregaçou as mangas, reorganizando as lâminas escondidas ao redor de seu pulso enquanto seu aliado via pela primeira vez as armas que ela usava.

Eram agulhas, grossas o suficiente para não serem boas para tecer, mas que não incomodavam o aperto da jovem por isso. 

Terminando rapidamente de ajustar as lâminas ela se virou, caminhando na direção do próximo cruzamento.

— Você até que não é tão mal — Sem se virar, Qin comentou.

Diversos insultos chegaram à ponta da língua de Seiji, mas a única coisa que saiu foi um longo suspiro.

‘Será que demora muito para o torneio acabar?’

Começou a alguns poucos dias e, nesse curto período de tempo, ele já foi insultado demais para o seu gosto.

Logo, Seiji seguiu seu caminho junto a Qin nas profundezas do labirinto.

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