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— Silver! Silver! Vamos ser amigos! — Um certo incômodo me pediu isso pela milésima vez essa semana.

— Não. — Mais uma vez, tive que recusar tal oferta nem um pouco tentadora.

— Heeeh? Nós dois gostamos de esgrima então por quê não podemos ser amigos? — A garota disse tal estupidez sem ao menos gaguejar.

Se o mundo funcionasse desta forma, metade das pessoas nesse planeta já seriam amigos uns dos outros e não existiriam inimigos.

— Você não tá fazendo isso só porque não tem amigos? Além disso, qual idiota teve a grande ideia de te dar um nome que significava intelectual na antiga língua japonesa?

Eu não me enganei, a palavra antiga vem primeiro. Os detalhes foram completamente ignorados pelo autor, mas a realidade era que todas as velhas civilizações como o Brasil, Japão e Estados Unidos desapareceram.

Seus dialetos ainda existem e as moedas também, mas elas só ficavam em lugares reclusos onde não tem grande influxo de pessoas. Já seus nomes, são usados nesses tempos.

Para exemplificar, metade dos pirralhos da minha sala têm nomes japonês. Isso porque o país tinha fama quanto aos significados.

Enfim, esse mundo se unificou adotando uma única língua e moeda universais. Assim, erradicado todas guerras e… Quer dizer, elas só aumentaram por isso.

— Mas Silver também não tem amigos, tem? — A garota murmurou em um tom amuado.

— Isso porque eu não quero. Se eu quisesse poderia ter vários deles. — Uma das coisas de que mais me orgulho quanto a minha vida passada, é ter muitos subordina… Amigos leais.

— Hmmm… — A dúvida em seus olhos era clara, mas o sinal tocou, acabando com essa situação vergonhosa.

༺═──────────────═༻

Eu estava em um pequeno parque gramado, onde haviam alguns brinquedos como um balanço e gangorra ao redor. Também tinha uma caixinha de areia, onde alguns moleques um… Castelo se pudesse chamar aquela coisa assim. 

Ignorando o show de péssima arquitetura, me virei para o lugar em que o incômodo costumava ficar. Durante a semana, vim a entender o motivo dela não ter amigos.

Em parte, era por Mari balançar uma espada de madeira pelo intervalo inteiro, algo que estava acontecendo agora mesmo. O resto da culpa caía na sua falta de senso. 

Muitos dos nossos colegas tentaram atualmente fazer amizade com ela, mas não conseguiam acompanhar sua energia quando falava sobre esgrima.

Foi realmente estranho quando eu vi acontecer. Soltando um largo suspiro, me aproximei.

— Me dê isso. — Retirando a espada da sua mão, foi minha vez de dar uma de lunático.

Para ser sincero, por algum motivo vê-la balançar a espada de maneira tão pífia fez um sentimento estranho surgir em mim.

Com o primeiro corte, senti muito mais esquisito então, repeti o mesmo corte várias vezes procurando a razão disso. Cada vez que eu cortava, a sensação estranha diminuía levemente e, sem perceber, acabei imerso nisso esquecendo meus arredores.

Isso me fez perder os olhos brilhantes de Mari direcionados a mim, observando cada movimento feito quase sem piscar, se recusando a perder um momento sequer.

❂❂❂

— Silver! Silver! — O que me tirou deste estado concentrado foi a espadachim, agora chacoalhando suas mãos freneticamente frente ao meu rosto.

Olhando irritado para ela, finalmente descobri a razão disso e, bem, uma Luísa muito irritada.

— O intervalo já acabou. — Mari ofereceu uma explicação.

— Há 10 minutos… — A professora acrescentou, parecendo furiosa sobre isso.

Infelizmente para ela, sua irritação foi completamente ignorada por mim. Ao invés de grudar em algo tão trivial, me virei para a garota que ainda estava do meu lado.

— Se você trouxer uma espada como essa amanhã, vou concordar em ser seu amigo. — Finalmente encontrei uma forma facilmente aceitável de afiar minha esgrima.

Com a espadachim aspirante servindo como bode expiatório, meu treino seria considerado uma brincadeira entre crianças. E para isso eu só preciso me tornar amigo dela, não é exatamente um acordo ruim.

— Mesmo? Yaaay! — Mari saltou animada.

Resolvendo os problemas sobre a esgrima e, de novo ignorando os murmúrios de Luísa ao fundo, voltamos à sala para terminar o resto das aulas.

༺═──────────────═༻

Chegando em casa, tive uma pequena conversa com minha mãe como sempre e então, parti para o quarto continuar meu treino. 

Sentando no chão do quarto, circulei minha energia formando três pequenas chamas na minha frente. Depois disso as comprimi, deixando no tamanho de uma unha e então fiz elas circularem umas às outras, replicando o sistema solar.

Foi essa forma usada por mim como treinamento de controle e, ao mesmo tempo, contando também no aumento da capacidade já que havia um considerável gasto em [Poder mental].

Isso só parou quando a tontura começou a me alcançar, este era um dos sinais para o esgotamento do poder mental. O suor escorrendo pela minha testa fez eu acordar e seguir ao banheiro para tomar um banho.

Esgotar completamente seria o método mais frutífero possível, embora fosse o menos plausível. Por que? Pois isso traz um estado de ‘black out’ ao usuário, algo nada bom quando se é uma criança.

Outro bom motivo é o treino físico, esse que acabaria por ser atrasado pelos constantes apagões. Eu só consegui balançar aquela espada o intervalo inteiro com aquele estado de concentração extrema alcançado momentâneamente. 

Meu físico atual ainda era o de uma criança com cinco anos de idade e não havia muito a se fazer quanto a isso, sem contar o sedentarismo do predecessor.

Sai de casa usando a desculpa que ia brincar com alguns amigos. Ignorando um ‘quero conhecer minha nora’ vindo da minha mãe, fui em direção ao parque mais próximo de casa.

O acesso do lugar era livre e ele não era lá o melhor daqui, mas foi o melhor que tinha para hoje.

A entrada do parque estava bastante aparente graças ao seu mascote peculiar, o pássaro vermelho-sangue pintado na frente. Tinha um pequeno conto sobre ele, irrelevante por agora.

Após a entrada, o caminho se dividia em três estradas com representações gravadas nas pedras, que serviam de mural improvisado.

O lado direito era representado por duas crianças brincando num balanço, presumindo ser um playground, decidi evitar com todas minhas forças esse lugar amaldiçoado e cheio de pirralhos irritantes.

Para o caminho mais a esquerda, tinha pesos desenhados, portanto, uma academia. Sinceramente embora eu queira, é altamente improvável me deixarem entrar lá ou mesmo que esse corpinho levante algum peso.

No caminho do meio, eram trilhas voltadas para corridas e caminhadas. Esse bate perfeitamente com meus requisitos de treino por agora. 

Mas chegando lá, o estado da pista estava deplorável. Repleto de galhos e folhas no meio caminho que ninguém se incomodou em retirar, até mesmo algumas pedras pontiagudas parecendo realmente perigosas, foram deixadas intocadas.

— Bem, vamos começar simples. Cinco quilômetros para aquecer… — Eu murmurei enquanto começava a correr.

Esse era o ideal, infelizmente meu corpo não cooperou. Vinte metros depois, mal conseguia me manter de pé respirando pesadamente com minhas pernas tremendo loucamente.

— Uff, esse físico é realmente uma merda. 

Não era surpresa mas, ainda sim foi decepcionante. Ao menos isso levou a descoberta de uma taxa de recuperação surpreendente, pouco mais de dois minutos já estava recuperado. 

Assim, os cinco quilômetros iniciais foram quebrados em sessenta metros pausados.

— No mínimo, já sei o meu limite quanto a corrida… Agora os próximos — Respirando profundamente, segui a temporada de testes.

Cinquenta flexões, abdominais e agachamentos eram o objetivo, porém nem mesmo metade deles foram possíveis. Além destes exercícios poderem me causar problemas no futuro, eu não era capaz de completa-los então eles acabaram sendo descartados diretamente.

Arrastando meu corpinho minúsculo e exausto para casa, me joguei na minha cama caindo imediatamente em um sono profundo.

Olá, eu sou o Kail!

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