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Simples assim, dois anos se passaram desde que eu renasci? Reencarnei? Bem, não importa. O importante é o longo tempo desde a minha chegada neste mundo.

Durante esse tempo que se passou, meu treino seguiu sistematicamente, gradualmente tornando-se uma rotina. Não tão entediante assim graças a Hana.

Nos intervalos da escola, praticava esgrima com Mari. Chegando em casa, exercitava a capacidade e o controle do poder mental. Por fim, seguia para o parque para aprimorar meu físico.

A relação entre mim e a espadachim melhorou exponencialmente. Nesse ponto, ela já não é tão irritante de se ter por perto, além da sua utilidade quanto ao meu treino. Sem seu apoio, minha esgrima com certeza ficaria estagnada.

O pequeno coelho e eu ficamos ainda mais próximos nesses últimos anos. Ainda estávamos na mesma situação onde suas refeições eram feitas e entregues por mim.

Quanto a isso, a criança ficou várias vezes mais saudável, todo crédito vai para a minha culinária. Havia também o treino criado pela minha pessoa por pura proteção. 

Era inevitável que ela ficasse apegada a mim, afinal, eu fui o único que cuidou dela por dois anos completos. Somente nós dois durante esse tempo pode ter deixado Hana bastante afeiçoada. Um ponto forte disso foi a queda das, quase nulas, tremedeiras e medo de abandono

Também acabei lembrando sua identidade da novel ‘original’. No curso normal dos acontecimentos, o pequeno coelho seria apelidado de Zero, um dos personagens mais perigosos e poderosos do livro, tendo sua própria parcela de loucura.

Da mesma forma, havia a razão dos seus pais a chamarem de demônio. Isso foi causado por Hana ser uma raridade mesmo entre os [Contratantes].

Um [Contratante] natural. 

Ainda era completamente desconhecido qual espírito exatamente ela contratou, então infelizmente não consegui montar um treinamento específico para ele. 

O que é isso? 

Bem, eles não precisam entrar em uma [Ruína] para contratar o espírito que reside nela. Sendo escolhidos desde o nascimento ou nos estágios prematuros da infância, se forem julgados como compatíveis. 

Como são [Contratantes] desde criança, acabam por ser mais fortes comparados aos comuns, tendo também grande vantagem quanto a compatibilidade com o elemento.

Enfim, a relação entre minha família e eu continuou a mesma. Uma ou duas piadas de duplo sentido vindas da mãe… O rosto ainda irritado do meu país… Nada considerado fora do comum nessa nova vida.

Neste momento, estou me recuperando da rotina diária de treinamento quando algo me veio à mente

‘Não faço a mínima ideia sobre onde Hana viveu durante esses dois anos… Ela pode nem ter uma cama e estar dormindo no chão esse tempo todo…’

— Hana, posso visitar sua casa? —  Perguntei de repente ao coelho, atualmente incrivelmente animado com um jogo que eu trouxe.

Ele se chamava [Guerra!]. A única descrição boa o suficiente para o seu conteúdo era uma espécie de xadrez, com leves alterações buscando se encaixar neste mundo.

Algumas peças foram adicionadas como os [Contratantes] e [Variantes]. Separados em suas próprias categorias que eram [Controle], [Poder] e [Velocidade]. Havia também a adição de cargos políticos e militares.

Existiam versões diferentes dele, por exemplo, o jogo [Guerra entre mundos]. Para o qual foram criadas não humanas como [Orc], [Kobold], [Esqueletos] e etc.

— … —  Ela manteve o silêncio mas foi fácil de vê-la murchar.

— …Se é um problema me mostrar, Hana não precisa fazer isso… — O assunto não era realmente importante.

Todos têm seus segredos e assuntos delicados, eu mesmo tenho muitos, então se o coelho escolhesse não mostrar, isso acabaria aqui.

Embora, ela aparentemente tenha pensado de outra forma.

— Não! Hana vai mostrar para Silv sua casa, Hana vai — Disse me arrastando mais a fundo no parque.

Isso foi uma surpresa para mim, porém não resisti. Permitindo à garota me guiar através das árvores do local, algo feito com maestria mostrando que já estava acostumada com isso. 

‘Ela pensou que eu a abandonaria se não me levasse lá ou algo do tipo? Pensei já ter passado dessa fase muito tempo atrás… Dois anos não contribuíram tanto na melhora desse trauma’ 

O assunto sobre seus pais foi esquecido há muito tempo, e achei ter feito um bom trabalho em fazê-la esquecê-los, mas parece que estava errado. 

A relação de confiança construída nestes últimos anos parece não ter sido o suficiente para curá-la. E esse problema precisa de alguma atenção no futuro.

Algum tempo depois, chegamos a uma barragem de arbustos servindo como marcação do fim deste terreno. 

Porém, Hana não parou de andar e seguiu em direção aos arbustos, sem se importar com eles. Quando pensei que iríamos colidir com a parede atrás deles, simplesmente atravessamos diretamente.

Me dando boas-vindas após esse pequeno susto, havia um belo oásis. 

O lago central cristalino, grande suficiente para ser chamado de rio e se encaixando com uma cachoeira ao fundo, que deságuava sob o mesmo. Junto a pequena montanha apoiando a corrente, trazia um ar natural para esse local.

Ele também era rodeado por diversas flores, muito mais do que eu poderia nomear. 

—  Wow…Só wow — Não haviam palavras para expressar o quão bonito lugar é.

— Hihihi, Silv está fazendo uma cara estúpida — Um certo coelho riu, enquanto apontava para mim. 

O que? Qualquer pessoa durante toda sua vida tinha grande chance de nunca ver este tipo de paisagem, só aconteceu de eu ser uma delas. 

— Oho, então você tem a coragem pra zombar de mim agora não é? — Olhei para ela antes de sorrir.  

Isso deu início à bela cena de um garoto, com cabelos pretos e rosto redondo perseguindo uma menina realmente adorável. Ambos correram e brincaram sobre um deslumbrante campo de flores, junto ao calmante som da cachoeira.  

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Quando nós dois cansamos de brincar, Hana me guiou por um caminho escondido atrás da cachoeira onde havia uma caverna.

O lugar tinha uma única abertura no teto, por onde o sol entrava. Adicionalmente, as estalactites no local brilhavam em um prata mesmerizante que, graças ao sol, cobriam todo ele, como iluminações naturais.

No canto, podia-se ver malas, roupas, recipientes de comida. Além de um coelho de pelúcia, desnecessário dizer a quem pertenciam.

Todos eles estavam bastante limpos, e a causa disso foi meu treino de controle. Este que me tornou capaz de queimar os resquícios de comida dos potes, junto à sujeira das roupas.

Não foi assim tão fácil no início, na verdade houveram diversas roupas queimadas e um coelhinho inconsolável. Felizmente acabei por pegar o jeito da coisa.

O coelho de pelúcia é um presente meu para Hana. Ano passado, descobri que ela estava sofrendo de insônia com alguns pesadelos frequentes. Me recusando a deixá-la em tal estado, comprei esse pequenino esperando que ele aliviasse a condição dela. 

Ray foi como ele foi nomeado. Isso não só a ajudou com seu sono, como aumentou sua alegria por muito comparado a antes.

Durante meu monólogo interno, ambos coelhos acabaram dormindo abraçados, deixando somente eu comigo mesmo na caverna.

Decidi, após um tempo, explorar um pouco mais esse lugar, mesmo que aqui fosse bonito, olhar a mesma coisa por tempo demais acaba enjoando.

Algumas voltas depois, não encontrei nada extraordinário nem algo muito destacado.

‘Decepcionante… Eu meio que achei possível descobrir algo interessante neste lugar, pareço ter me enganado quanto a isso’

Segundos após pensar nisso, achei um portão prateado em certo canto da caverna, pelo qual tinha a certeza de já ter passado.

O portão era muitas vezes mais alto que esse corpinho meu, com linhas douradas atravessando várias partes dele. Por algum motivo, cada uma das linhas decorativas pulsava como se estivessem vivas.

Falhando em conter minha curiosidade, toquei no portão, este que se abriu imediatamente e me sugou para dentro de si.

— Ok, Silver, por quê não encostar no portão super estranho que apareceu do nada? Realmente uma ideia genial! — Percebendo a estupidez dos meus atos, gritei ao vento tentando aliviar toda a frustração.

Uma quantidade desconhecida de tempo se passou, antes que eu pudesse abrir novamente meus olhos.

Quando finalmente consegui, o lugar onde estava já não era a caverna de Hana. Observando atentamente, havia diversas semelhanças com um salão de baile. O centro espaçoso e os adornos chiques no teto e afins.

A decoração foi feita em detalhes prata e dourado, apenas seu candelabro junto a porta tinham o estranho destaque por serem tingidos nas cores preta e vermelha.

Duas estátuas douradas jaziam frente ao portão, servindo como guarda-costas do mesmo. As analisando mais de perto, era visível serem esculpidas com moldes semelhantes. 

Ambas seguiam o mesmo estilo, com armaduras leves e sem armamento algum em mãos. Detalhe estranho quando se considera seus status de guardas. 

Quando me aproximei mais, eles subitamente abriram os olhos. Dessa forma, a minha primeira real luta nesse novo mundo começou.

Olá, eu sou o Kail!

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