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Entrar nessa postura pareceu deixar tudo mais fácil. Me lançando contra as estátuas, cobri meus dedos com minhas chamas, fazendo um corte em x contra a estátua mais próxima, separando-a em fatias com o ataque.

— Esse eu vou chamar de [Arrancada] — Sorrindo, decidi transformar essa postura em um estilo de luta próprio.

Avançando novamente contra as estátuas, eu melhorei essa postura me tornando cada vez mais acostumado a usar ela. Durante a hora seguinte, tudo se  resumiu a cortar, melhorar a forma, afiar meus ataques, cortar, desviar, contra-atacar, cortar… 

Eu já falei cortar?

Enfim, finalmente entendi o porquê do autor ter escrito que o meu talento ultrapassava o do protagonista da história. A cada momento que eu atacava eu tinha a sensação de que eu poderia fazer melhor. 

E foi exatamente assim que eu fiz. 

Quando essa tortura finalmente acabou, meu mundo escureceu mais uma vez.

❂❂❂

Alguns minutos depois, eu ainda estava no escuro, o que me deixou meio impaciente.

‘Que demora toda é essa? Com o tempo todo que eu esperei, eu já poderia ter finalizado mais umas 100 estátuas com meu nível atual’

Depois da luta anterior, senti que meu nível de força deu um grande salto em comparação com o que era só com meu treino físico dos últimos 2 anos. O que mais uma vez tornou aparente o tamanho do meu talento.

De repente, minha visão voltou mas, antes que eu pudesse analisar o novo ambiente, uma voz profunda ecoou por todo o lugar.

[Garoto, o que uma criança como você faz neste tipo de lugar?]

— Que tipo de pergunta é essa? Eu vim aqui pra conseguir me tornar um [Contratante] é claro — Mentindo sem pensar duas vezes, respondi para voz a qual eu acho que posso chutar quem é, enquanto olhava ao redor para saber onde exatamente vim parar.

Eu já não estava mais em uma sala do trono, eu estava em um altar. 

Ele era circular e prateado com algumas linhas douradas. No centro, havia um desenho de um olho dourado com um traço preto atravessando ela, o que eu acreditei ser uma pupila reptiliana.

[Acha que sou estúpido garoto? Não existe uma pessoa nesse mundo que tenha coragem o suficiente para tentar me enganar, ainda mais com uma desculpa tão ruim assim. Você por acaso sabe quem eu sou!?]

A voz mudou durante essa frase, se tornando muito mais imperial e deixando sua arrogância transbordar de seu tom, de forma que eu até mesmo pude sentir quando mencionou o fato de outros temerem ela. 

Para ser sincero, me lembrou um pouco meu irmão… 

— …Não? — Com uma expressão estranha no rosto eu continuei — Você nem sequer se apresentou, como diabos eu deveria saber quem é você? — Esse cara acha que sou algum tipo de adivinho?

Depois da minha frase, silêncio restou no lugar. Eu não sabia se a voz estava constrangida ou algo do tipo, mas ela não falou nada por muito tempo.

[Cough cough, meu nome não importa. Agora, responda minha pergunta, garoto, o que você veio fazer aqui?]

Ok, a voz com certeza estava constrangida, tentando fazer um discurso legal do tipo ‘Você não é digno de saber meu nome’ ou algo assim, mas eu só rolei meus olhos para isso.

— Ceeeerto… só achei um portão legal e encostei nele, aí bam! Vim parar aqui — Respondi de uma forma infantil, embora tecnicamente não fosse mentira. Eu realmente achei o portão bonito e encostei nele antes de vim parar aqui.

[Tudo bem, eu não vou perguntar mais quem exatamente é você. Mas, considerando o fato de ter chegado aqui sem um grupo, quer dizer que você alcançou os requisitos mínimos para se tornar meu sucessor]

Sem me dar tempo para responder, a voz continuou.

[Eu vou fazer algumas perguntas. Se você me der respostas satisfatórias o suficiente, vou te dar o direito de ser meu sucessor, ainda mais, de se tornar um [Contratante]. De outra forma, sua vida acaba aqui]

Dessa vez, seu tom era calmo. Mas eu senti o lugar inteiro chacoalhar assim que ele terminou, além de sentir uma pressão imensa quase que me forçando a ajoelhar. 

Com o sentimento de estar frente a um predador não saindo da minha cabeça, mesmo após a pressão desaparecer. 

‘A sensação de ser uma presa realmente não é nem um pouco agradável’

Sentindo o suor escorrendo pela minha testa e pelas minhas costas, não pude deixar de pensar no quão fraco eu era. Essa era a segunda vez em ambas as minhas vidas que eu fui forçado a me sentir tão impotente, e a sensação não era nada prazerosa.

[Porque você busca poder?]

Voltando ao tom imperial, sua voz ecoou por todo lugar como uma demonstração de solenidade.

Uma pergunta simples, mas ainda sim complicada. 

Porque eu busco poder? 

Para sobreviver nesse mundo? Isso está certo, mas não é só isso. Sobreviver é só a consequência da força e não a causa. 

Por auto-satisfação? Não, posso ser meio maníaco por lutas, mas isso já é muito mesmo para mim. 

Para me tornar algum tipo de Deus? Isso também não está certo, muito trabalho além de parecer ser incrivelmente entediante. 

Para me tornar um rei… Nah, mesma razão da anterior. 

Para…

Para não perder! 

Não perder para ninguém em uma luta. Não perder nenhuma das pessoas que me importam novamente. Não ter que sentir essa impotência que senti frente a um inimigo mais uma vez. 

Para não perder para esse mundo! Eu não posso fraquejar, meus inimigos que devem temer a minha presença e não o contrário.

— Para não perder! — Respondi com resolutamente, sincronizando com meu estado mental. 

‘Finalmente decidi um objetivo específico nesse novo mundo, não vou perder!’

[Muito bem. Próxima pergunta, como você acredita que esse mundo funciona?]

‘Hm? Essa é bastante simples, tem algum tipo de armadilha nisso?’

Isso não estava certo. De acordo com o julgamento da voz, a pergunta anterior seria muitas vezes mais fácil que esta para uma criança, que poderia facilmente achar 1001 motivos para querer poder, enquanto dificilmente saberia como o mundo realmente funcionava.

— O forte acima do fraco. No fim, não importa quantas formigas avancem contra um dragão é só isso que elas são, formigas.  

No mundo criado pelo autor, só se consegue cargos mais altos quando sua força é reconhecida. Não existe algo como força em números ou algo do gênero, já que ele também escreveu sobre personagens capazes de dizimar exércitos sozinhos. 

Tudo se resumia a força, enquanto você fosse o mais forte da sala todos os outros se curvariam a sua vontade. 

Ao mesmo tempo, essa arrogância poderia te matar. Em um caso em que você não fosse o mais forte da sala, seria a sua vida que estaria à mercê de outra pessoa.

[Garoto, tenho que admitir que suas respostas me surpreenderam]

Soando surpreso, a voz seguiu.

[Principalmente vindo de um pirralho como você. Buscar poder para proteger? Se vingar? Ganhar? Honestamente isso não importa realmente. Existe algum motivo para querer poder? Acredito que se deve ter como objetivo fazer o inimigo lhe temer e não o contrário.] 

Dizendo como se isso fosse o esperado, a voz terminou com um tom arrogante.

[Assim como a única lei neste mundo é clara. Não são palavras bonitas nem a força em números que irá salvar os penosos insetos da força absoluta]

Surpreendentemente, suas opiniões eram bastante parecidas com as minhas. O que acho que deveria ser normal, certo? Levando em conta o mundo em que vivemos, ao menos deveria ser… 

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Olá, eu sou o Kail!

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