Em um carro, uma mulher e uma criança seguiam sua jornada para o próximo ponto de treinamento.
— Yuki, para onde vamos agora? — A criança perguntou ansiosa.
— Silv, estamos indo para a arena. Eu tenho um amigo lá — Yuki respondeu com um leve sorriso.
— Então é hora de conseguir experiência de combate?
Só de mencionar o garoto já parecia animado.
— Exato, não era você que reclamava dos exercícios de controle? Pois bem, agora você vai poder lutar com o conteúdo do seu coração.
— Agora você está falando minha língua.
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Algum tempo depois, os dois chegaram ao seu destino.
Saindo do carro, o garoto começou a olhar em volta, admirando cada parte do salão que parecia ter sido baseado nos coliseus romanos.
A mulher, no entanto, tinha um semblante frio por todo o caminho. O completo oposto de quando ela falava com o garoto.
Eles foram recebidos por um homem, de cabelo e olhos pretos no estilo militar. Olhando de perto, podia-se ver alguns fios de cabelos brancos mostrando seu desgaste nos últimos tempos.
— A quanto tempo Yuki — O homem disse, com um sorriso cansado no rosto.
— Quanto tempo Terry, você parece horrível — A mulher respondeu, sem mudar sua expressão fria usual.
O que não pareceu incomodar o homem.
— Sabe como é né, com a vinda da bruxa sangrenta aqueles velhos começaram a me pressionar — Terry tinha um sorriso cansado no rosto enquanto dizia isso.
— E quem é esse jovem? — Ele perguntou, se virando para Silver.
— Esse é Silver Crawford, filho da minha prima e meu atual discípulo — Yuki disse, sinalizando para que o garoto cumprimentasse o homem.
— É um prazer conhecê-lo, Sr Terry — Com o que pareceu um sorriso cordial, Silver encarou o homem.
— Bem, eu não vou atrapalhar muito vocês, Yuki sabe como as coisas funcionam aqui. Boa sorte, pequeno Silver. Espero te ver logo — Respondendo um pouco surpreso, Terry se despediu antes de caminhar por entre os corredores do lugar.
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Alguns dias depois, Silver estava se preparando para sua primeira luta no coliseu.
A arena era redonda com seu chão coberto de areia. O espaço dedicado à plateia estava lotado, com o ensurdecedor barulho da torcida o garoto fez seu caminho para a arena.
No meio do corredor, ele encontrou com uma pessoa familiar.
— Olá pequeno Silver como vai, nervoso? — Perguntou Terry.
— Um pouco, honestamente eu nunca lutei com uma plateia assistindo.
‘Bem, só com uma plateia de inimigos mas eles não contam’
O garoto pensou franzindo a testa levemente, o que foi mal-entendido pelo homem.
— Não precisa se preocupar garoto, só faça o seu máximo — Dando ao garoto um sorriso gentil, Terry incentivou.
— Ok…
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Momentos depois, o garoto estava dentro da arena. Seu rosto e torso estavam machucados, enquanto seu inimigo tinha apenas arranhões.
— Isso é tudo que tem, pirralho? — Ele disse com um sorriso arrogante no rosto.
— Será que já não é sua hora de voltar? Sua mamãe deve estar te esperando com sua mamadeira.
Quando ele disse isso, o coliseu foi engolfado com o som das risadas.
— Hehehe… — Silver também riu, embora por um motivo diferente.
Ouvindo a risada do jovem, os espectadores pensaram que ele havia enlouquecido.
— Achou mesmo que eu estava indo com tudo contra você careca? — Com uma voz cheia de desdém, o jovem dragão questionou.
Suas feridas começaram a se curar rapidamente, esse era o efeito de seu [Coração dracônico]. Desde o início da partida, ele só usou seu inimigo como um alvo de teste sem pensar no mesmo como alguma ameaça.
— Acho que peguei o jeito… [Estilo fera – Modo lobo]… — o garoto dobrou desajeitadamente seus joelhos antes de continuar — [Primeira forma – Arrancada]
Com seu desaparecimento, o que se seguiu foi o desespero de seu inimigo.
E assim, o [Estilo fera – Modo lobo] foi consumado…
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Um ano após o nascimento do [Estilo fera – Modo lobo], Silver se tornou um dos campeões do coliseu.
O apelidado demônio prateado.
Ele não era o maior fã desse apelido, mas quando tentou mudar isso pareceu só piorar então o garoto decidiu ignorar.
Atualmente ele conheceu um cara bastante arrogante, o nome dele era John. De alguma forma, toda vez que esse cara lutava o mesmo conseguia se superar nas formas de demonstrar sua arrogância.
Isso se tornou uma grande forma de entretenimento para o jovem dragão, ele e Terry constantemente faziam apostas sobre como John performaria sua luta seguinte.
Falando em Terry, o homem estava mostrando para Silver sua garagem pessoal.
Olhando em volta, o garoto mais uma vez se surpreendeu com o quão atrasado eram os meios de transporte deste mundo comparado aos tipos de tecnologia de segurança, identificação e etc.
Se ele fosse comparar os dois, seriam como um jato e um helicóptero. Ambos voavam, mas a velocidade deles eram a ligas de distância um do outro.
Chacoalhando esses pensamentos para longe, o garoto voltou a ouvir o discurso do homem.
— Aqui, é onde meus bebês ficam — Terry disse com um largo sorriso no rosto.
— Aquele ali, eu consegui em um leilão dez anos atrás. Ele pode não funcionar muito bem, mas eu ainda o amo — O homem apontou para um dos carros, que Silver identificou como sendo um Fusca do seu mundo anterior.
O jovem dragão voltou a ignorar o discurso quando viu algo que lhe chamou a atenção.
Ela era uma moto, mais precisamente uma Ducati. Seu “corpo” era preto, com linhas vermelhas nela, em sua frente havia o desenho de chamas também em vermelho.
A moto deixou Silver tão hipnotizado que, antes de perceber sua mão estava no guidom.
— Gostou dela? — Uma voz soou, fazendo o garoto sair de seu transe.
— Sim… Muito — Respondeu sinceramente, ainda sem tirar os olhos da moto.
— Heh, se você se esforçar um dia, ela pode ser sua.
Terry disse, o que fez com que os olhos do garoto brilhassem.
— Sério?!
Ele perguntou novamente, como se não acreditasse no que lhe foi dito.
— Sim, de verdade…
Em sua animação, o jovem dragão falhou em perceber o sorriso triste no rosto do homem
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Fazia um mês que Terry havia mostrado sua garagem a Silver. Neste momento houve uma traição.
Alguns dos internos do coliseu com a ajuda de terceiros iniciaram uma rebelião. Isso causou uma enorme briga generalizada.
E era aí onde o jovem dragão estava.
Punhos cobertos de chamas prateadas, o garoto estava vestindo um manto prateado com capuz e um dragão dourado no peito esquerdo, com manoplas prateadas que seguiam até o antebraço e uma armadura leve.
Ele havia a muito, abandonado sua shinai para lutar apenas com os punhos.
Ao seu lado estava John, o jovem tinha seus cabelos pretos curtos desengonçados. Vestindo uma armadura leve de combate com uma espada de duas mãos, embora a segurasse com apenas uma.
Constantemente desprezando seu inimigo, John teve um momento de descuido que quase custou sua vida.
Acabou que em um momento de desespero, o inimigo de John usou algum tipo de habilidade do tipo corrosivo para lançar um ataque suicida contra ele. O que causou um enorme corte que corria de sua sobrancelha até seu queixo.
A ferida ainda borbulhava, com o ferido gritando loucamente de dor.
‘Mesmo que ele seja um babaca arrogante, não consigo me sentir bem com isso’
Vendo que alguns tentaram se aproveitar da fraqueza de John, Silver os interceptou no meio do caminho dando espaço para o homem respirar.
Essa luta não era algo pessoal para o jovem dragão, Yuki disse a ele antes disso tudo começar que isso só serviria como experiência de combate e não um teste para afiar a personalidade provando que ele tinha estômago para matar ou algo do tipo.
O que não foi a verdade…
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— Por que? — Uma voz rouca ecoou nos ouvidos do homem, o qual estava no chão.
O dono da voz era um garoto, com não mais que 13 anos. Ele tinha seus cabelos prateados ensopados de sangue, seu manto estava em pedaços e seus olhos dourados pareciam ser vermelhos neste momento.
— Yuki matou meu irmão mais novo Silver. Então eu quis que ela sofresse tanto quanto eu, entende? — O homem no chão era Terry, que tinha seu peito aberto sangrando profusamente.
Silver de fato entendia, ele havia passado por isso após a morte do seu irmão no seu mundo anterior. E claro que ele se vingou, se certificando de que cada um dos responsáveis pagasse.
— Se é assim, então por que você não me matou? Você teve várias chances… Por que? — O jovem dragão rangeu os dentes.
— Heh, eu só não pude — Sorrindo estupidamente, o homem tateou seu corpo cansado antes de estender sua mão para Silver.
— Aqui, pode ficar. Você disse que gostou dela né? — Terry entregou uma chave preta com linhas vermelhas para o jovem.
Vendo que o garoto recebeu seu presente, o homem sorriu pela última vez antes de fechar seus olhos para sempre.
Percebendo que ele já havia morrido, o jovem dragão finalmente deixou suas lágrimas escorrerem.
Roooooooooooar!
Abrindo sua boca para ventilar sua frustração, tudo que saiu foi um rugido. Este que marcou o fim da rebelião.
