Levaram Siegfried até o terceiro e último andar da alfaiataria. A sacola em sua cabeça bloqueando a visão, enquanto a corda de cânhamo lhe esfolava os pulsos.
Da primeira vez, deixaram que ele andasse, mas o rapaz se jogou para trás na escada e derrubou todo mundo assim que a oportunidade apareceu. De pouco lhe serviu, pois um dos seus captores conseguiu a proeza de cair bem em cima dele e Siegfried perdeu a sua chance de escapar.
— Merda! — praguejou um deles quando ficaram de pé novamente. — Cê tá maluco!? Se fizer isso de novo, eu te desço a porrada!
Não que eles tenham lhe dado outra chance. Um deles era grande e forte o bastante para carregar Siegfried no ombro e foi o que fez.
“Idiota! Que merda cê tava pensando!? Não devia ter baixado a guarda!”
Conseguia ouvir o ‘tump’ no assoalho, conforme o homem lhe carregava escada acima; as vozes de seus colegas que conversavam despreocupados; e então a porta rangendo quando eles finalmente chegaram ao seu destino.
Assim que os seus pés tocaram o chão, Siegfried se apressou em firmar a base e dar um encontrão no homem que o carregou até ali, atingindo o seu peito com o ombro, fazendo-o perder o equilíbrio e cair no chão. Mas antes que tivesse a chance de fazer algo mais, dois homens o puxaram até a cama, forçando-o a se deitar de costas, enquanto o seguravam e um terceiro amarrava seus braços e pernas à estrutura da cama — apontando cada um para um dos quatro cantos dela.
“Não. Não!”
Era a Estrada de Werthingham tudo de novo. Só que desta vez ninguém viria ajudá-lo.
Quando terminaram, Siegfried tinha o coração a ponto de explodir. A primeira coisa que fez assim que eles se afastaram foi puxar os braços, mas a corda estava bem esticada e não conseguia usar toda a sua força. Tudo o que fez foi deixar ambos os pulsos sangrando e em carne viva.
“Não. Merda. Porra!”
Um calafrio lhe subiu a espinha quando um deles arrancou o saco da sua cabeça e disse:
— Relaxa, comandante.
O quarto era cheio de sombras. Sua única cortina estava fechada e a porta também; a lamparina na parede era toda a fonte de luz que tinham e estava virada para o seu rosto, então teve de cerrar os olhos.
Levou alguns segundos até conseguir enxergar o grupo: quatro homens entre os vinte e trinta anos. Um tinha quase dois metros, mas o resto parecia ter uma estatura normal. Cada um muito parecido com os outros; a barba por fazer, cabelos negros desgrenhados, roupas sujas.
Mas reconhecia cada um deles.
Eram seus patrulheiros.
— Gris!?
— Eu mesmo.
— Que merda cês tão fazendo!? Me soltem!
— Calma. Ninguém aqui quer te machucar. Muito pelo contrário, na verdade. Estamos preocupados com o senhor.
— Deviam estar mais preocupados com vocês! O que acham que eu vou fazer quando sair daqui!?
— Nos agradecer? — O patrulheiro sorriu. — Vai por mim, isso não é tão ruim quanto parece.
A porta rangeu quando outro de seus homens se apressou a entrar na sala. Agora eram cinco. Ele ignorou Siegfried e se dirigiu ao Gris:
— Pronto. Deixei o garoto na sala de baixo.
— Amarrou ele?
— Não, servi um pouco de leite quente e dei uma espada pra ele brincar. Não queria que ficasse muito entediado lá.
— Então volta e vai amarrar.
— Vai se foder!
Gris riu e então pareceu se lembrar de Siegfried. Deixou os colegas de lado, puxou uma cadeira e sentou ao lado da cama:
— Olha, comandante. Foi mal pelo rapto, mas eu não tinha certeza se você ia vir com a gente e… Bem, falando francamente, ninguém tá gostando do seu jeito de levar as coisas por aqui.
— …
— O senhor é muito rígido com algumas coisas e tá pegando mal, sabe? Quero dizer, cê até matou aquele moleque lá… Qual era o nome dele? Jon? Jill? Jay? Era alguma merda com ‘J’. Tanto faz. O ponto é que cê matou o moleque porque ele tava afim de comer uma puta qualquer.
— O nome dele era Jackson. E nossa missão era capturar os moradores, não estuprar acólitas! Dei uma ordem, ele me desafiou e foi punido.
— Viu só?! É exatamente dessa merda que eu tô falando.
— …
— Tem rolado umas histórias sobre você. Já ficou sabendo? Dizem que você odeia prostitutas. Que rejeitou uma centena delas quando a gente tava indo pra Torre da Justiça e depois matou uma na Floresta das Aranhas, quando ela tentou se enfiar nos seus lençóis.
— Isso não é verdade!
— Eu ainda não terminei. Cê também matou dois soldados na Vila do Lago só por passarem a mão em uma camponesa qualquer e ajudou o conde a açoitar os homens que tavam se engraçando com as garotas de lá. E agora cê matou outro, porque queria foder uma puta qualquer?! Consegue ver o padrão aqui? Dizem até que o senhor foi contra a reabertura dos bordéis.
— E por que caralhos eu seria contra isso!?
— Me diz você. O barão Whitefield tem umas seis escravas na mansão dele. O barão Kessel, cinco. Até aquele moleque lá, o filho do lorde Dalton, já tem duas. Mas o senhor só tem aquele garotinho. Então…
— Que merda cê quer dizer!?
— Olha, eu tô tentando não te julgar. Sei como os mercenários são. Todo mundo sabe. Mas não fica legal quando o nosso comandante ‘corta pro lado errado’, sabe? Então a gente decidiu dar um jeito no seu ‘probleminha’.
Assim que Gris se levantou, Siegfried começou a se debater na cama, tentando arrebentar as suas cordas, mas só o que conseguiu foi rasgar ainda mais os pulsos e deixar os dedos formigando.
Então Anna apareceu.
Mal a tinha notado ali, parada atrás dos homens, meio escondida nas sombras. Mas lá estava ela, tomando a dianteira, enquanto eles se afastavam.
— Não é culpa sua, comandante — disse Gris. — Todo mundo nasce virgem. Uma boa foda e você vai virar outra pessoa.
— Eu não sou virgem, seu idiota!
— Aham. Sei.
— Eu tô falando sério!
— Então não vai se importar com ela.
Quando Gris se afastou, os outros já estavam no canto da sala para dar espaço à Anna.
A primeira coisa a sair foi o corpete. A rameira se desfez de cada laço com dedos ágeis, mas levou seu próprio tempo na tarefa; sem pressa, embora parecesse mais do que capaz de ser mais rápida. Quando a peça caiu, ela levantou os olhos verdes para Siegfried e corou como uma donzela em sua noite de núpcias.
Então o vestido deslizou para o chão.
Tinha seios pequenos para a idade, mas grandes o bastante para lhe encher as mãos. Dara tinha a púbis com um pouco de cabelo loiro, mas a Anna era completamente lisa lá embaixo.
Só se lembrou de tentar escapar quando ela veio caminhando na sua direção, mas já era tarde. De repente, lá estava, subindo na cama, passando a perna por cima dele. Depois que estava montada nele, deslizou as mãos por baixo da sua camisa e inclinou o rosto para beijá-lo.
Siegfried se apressou em fechar a boca e virar o rosto para o lado, então ela beijou seu pescoço e sussurrou em seu ouvido:
— Relaxa, sei que é assustador na primeira vez. Não é vergonha nenhuma. Você só tem que ficar quietinho e aproveitar. Deixa que eu faço tudo.