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— Fala, Spherea! Qual é o plano? — com uma leve apreensão, Koji perguntou a sua sombra.

— Relaxa. As esferas estão voltando.

O corpo de Koji ainda estava se adaptando à energia externa, e ele sabia que, apesar de ter conseguido usá-la instintivamente, não estava nem perto de dominá-la. Além disso, Alaric tinha uma vantagem clara em velocidade e força.

Ele rapidamente virou o rosto e viu suas esferas de energia entrando na área. Elas giravam ao seu redor, como uma defesa natural que o acalmava. Ele já estava mais acostumado com suas esferas, mas ainda precisava integrá-las com sua recém-desperta energia externa.

— Ei, Spherea, como as esferas vão me ajudar agora? Como eu uso elas junto com a energia externa?

— Vamos ver… Você não precisa se preocupar com isso. Sabe o que vai fazer? — Spherea aproximou-se de Koji e colocou uma mão em seu ombro esquerdo de maneira amigável.

— Não? — Koji olhava com um receio do que o Spherea podia propor.

— Olha direito… Alaric é provavelmente um portador novo, mas que cresceu mais rápido que o normal. Talvez ele até tenha a tua idade. Ele é hiperativo e orgulhoso.

— Tá, e aí? 

— Ainda não entendeu? Porra, Koji! Tu nunca não entende nada do que eu falo minimamente por cima? 

— Claro, né! Tu não fala logo. Fica enrolando pra falar.

— O que eu tô falando é que o Alaric é um jovem idiota igual tu que virou portador de uma técnica forte. Ou seja, chama ele de adolescente revoltado, de enzo, de jovem indie, de gótico, de nerd gordo, de espinhento, de cabaço, de qualquer coisa que deixe ele com raiva.

— Tá de sacanagem? Essa é a tua ideia? Que merda de ideia.

— É uma ótima ideia. Precisa se ligar que ele é um jovem adulto que se importa com críticas. Eu aposto que ele ou já tentou suicidio, ou foi roqueiro de banda vergonhosa ou uma jovem revolucionário que não arruma nem a cama, mas quer salvar o mundo.

— Blz… Blz… Vou tentar, mas admito que tô torcendo pra dar errado.

Para acabar com o clima amistoso e calmo do local, Alaric avançou com uma explosão da velocidade de sua energia externa que envolvia seu corpo com uma aura energética.

Koji não teve tempo de reagir quando Alaric se materializou na sua frente com um soco. Ele tentou desviar, mas o impacto foi inevitável. O golpe acertou seu ombro com força, jogando-o para trás. 

— Você não passa de uma criança tentando brincar de portador! — gritou Alaric enquanto desferia outro ataque.

Koji mal conseguiu levantar os braços a tempo, bloqueando o próximo golpe, logo sendo atingido por um forte soco no lado esquerdo da sua cara. 

Enquanto isso, Lyanna caminhava em direção a Spherea com uma expressão fria e calculista. Sua face e postura eram sérias, mas Spherea, sempre debochado, manteve um sorriso despreocupado no rosto e disse.

— Essa cara séria aí… tá tentando me assustar? — Spherea ria, mas Lyanna continuava a se aproximar — Você sabe que não sinto medo, né? Sabe… Sou um demônio, intangibilidade e tal.

Ela não respondeu. No entanto, Spherea não estava nenhum pouco assustado, e estranhou a aproximação dela.

— É engraçado… Você está se aproximando certamente para fazer algo contra mim. Mas qualquer portador saberia que demônios em forma de sombra são intangíveis a tudo. Isso só confirma uma coisa que eu já imaginava — ele levantou a mão direita e apontou para ela — Você não é uma portadora de verdade, né?

— É interessante como fala de “saber” com tanta confiança. Talvez o problema não seja o meu conhecimento, mas a sua falta de discernimento sobre o que significa ser uma portadora.

Ela não demonstrava nenhuma inquietação ou nervosismo, mas sim total controle e racionalidade.

— Que baboseira. Portador é portador, e humano é humano. Não existe discernimento besta sobre isso.

— Tsc. Por que não cala a boca?

Repentinamente, ela avançou, tentando atingi-lo com um chute rápido. Mas seu pé atravessou o corpo intangível dele sem causar dano algum.

— Ahm? — os olhos delas se encheram de surpresa.

— Hahaha! Não ouviu o que eu disse? — gargalhou Spherea, flutuando levemente para trás  — Ou você tem uma técnica emprestada ou está escondendo algo grande. Mas sinceramente, fico com a primeira opção. Você não é uma portadora.

Lyanna rangeu os dentes, a face antes séria e segura, agora era de raiva. Ela levantou o braço e conjurou.

“Teia de Ordem”

Linhas invisíveis de controle mental começaram a se espalhar, tentando organizar o caos mental de Spherea, alinhando seus pensamentos e emoções. Contudo, Spherea apenas sorriu.

— Sério que você tá tentando isso em mim? Isso é uma piada? — Ele sacudiu a cabeça em descrença, enquanto também balançava os braços em negação — Sabe, demônios não têm uma mente como a sua. Isso só vai deixar você mais… vulnerável.

Mas uma coisa foi estranha para Spherea, que pensou sozinho.

— Quando ela conjurou a técnica dela… Ela não disse o nome do demônio dela antes… Somente ativou a técnica e funcionou. Isso prova que ela não é uma portadora de verdade e que essa técnica dela é emprestada de outra pessoa. É impossível um portador real ativar sua técnica sem chamar pelo nome do demônio de seu pacto. 

Ligeiramente, Spherea criou uma dezena de esferas, praticamente de forma instantânea.

— Koji vai amar saber que eu controlo essas belezinhas…

As esferas se ergueram no ar e, com um gesto, as lançou contra Lyanna. As esferas giraram como mísseis, forçando-a a saltar e desviar em alta velocidade. 

— Não posso deixar que me distancie tanto. Tenho que se aproximar — pensou ela.

Com a velocidade nas pernas que lhe permitia avançar rapidamente, ela se aproximou e parou ao lado direito de Spherea, em postura agachada e ofensiva no ato de atingi-lo.

Mas de repente, Swooish! O antebraço direito dela foi decepado com o rápido ataque de uma esfera. 

Oof! O que? — ela olhou para o braço direito e se deparou com a cena. Metade de seu braço havia sido arrancado e muito sangue avermelhava o chão.

— Lamento pelo seu braço — de cabeça baixa e aflita, ela ouviu o Spherea falar.

E então, Spherea atravessou seu corpo intangível pelo dela, com seu antebraço perfurando o peito de Lyanna. Ela tossiu, e o sangue que saiu de sua boca encharcou seus lábios enquanto o ferimento no peito pulsava dolorosamente.

— Uma coisa nova para se aprender, demônios quando em formas de sombras, são intangíveis a tudo, mas tudo é tangível para nós.

— Como… como ele pode ser tão rápido? — pensou ela, com o gosto metálico de sangue inundando sua boca, e seu corpo, sempre tão controlado, tremia sob a pressão da dor.

— Vai continuar de pé? — Spherea estava retirando seu antebraço do ferimento profundo que fez nela.

Nesse momento, os olhos dela se encaixaram com os olhos de Spherea, que foi levemente pescado pelo olhar de arrependimento que ela tinha.

— Ela tá morrendo…

Com a fraqueza no corpo, Lyanna caiu, e mesmo com dificuldade de falar em meio a dor e o sangue, ela dizia olhando para o céu.

— Senhor… Me perdoe…

— O olhar dela é totalmente diferente de antes. — analisava Spherea.

Calmamente, Spherea desceu seu olhar sobre o corpo dela e, discretamente, havia uma marcação na panturrilha esquerda da Lyanna.

— Eu sabia… Marcaram e usaram ela… 

Quando Spherea voltou seu olhar para a face dela, Lyanna já não estava mais viva…

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