A exaustão dominou Arthur, fazendo-o dormir por um longo período, até que despertou às nove da noite. Ao acordar, sentiu que sua dor havia praticamente desaparecido, e sua mana estava completamente restaurada. Além disso, a pressão opressiva que sentia na cidade de Benidorm havia se dissipado. No entanto, ele ainda enfrentava a instabilidade da mana dentro de seu corpo. Embora não fosse mais afetado pela pressão atmosférica, a abundância de mana ao seu redor estava descontrolada.
Seu corpo estava saturado de energia, mas ainda assim parecia que poderia absorver mais, o que era preocupante. Em vários momentos desde que havia despertado, Arthur teve a sensação de que poderia explodir. O controle e a força de vontade tornaram-se essenciais, pois ele já havia teorizado que exceder o limite de mana em seu corpo poderia causar danos internos graves.
Após horas deitado, Arthur afastou todos os pensamentos desnecessários e manifestou mana em seu corpo. Antes, esse processo demoraria minutos para se concretizar, mas agora, com um único pensamento, ele conseguiu envolver-se em uma camada de mana.
“Isso é realmente esplêndido! Talvez eu possa usar essa técnica em combate, mas a quantidade de mana consumida por todo o meu corpo ainda é um problema”, refletiu ele, observando a mana que escapava de seu corpo.
Com uma análise mais profunda, Arthur entendeu por que seu tio havia recomendado que ele aplicasse a camada de mana apenas em seus braços. Essa era a única forma de usá-la de maneira eficiente.
“Com minha mana instável e o controle ainda precário, usar a camada de mana nos braços é a melhor opção”, concluiu.
Com essa decisão, Arthur reduziu a camada de mana, concentrando-a em seus braços. Sem perder tempo, começou a treinar alguns golpes. Ele não queria depender apenas dos punhos, então também aplicou a camada de mana nas pernas durante o treino.
Usando técnicas de boxe e muay thai como base, logo obteve ótimos resultados. Ajustar a mana em diferentes partes do corpo durante o treino foi desafiador, exigindo mais de sua mente do que de seu corpo.
— Não posso continuar… — murmurou Arthur, percebendo que já era meia-noite. Seus músculos estavam exaustos, e sua cabeça doía intensamente.
Suspirando, ele correu até um canto da arena em forma de cubo. Perto de uma estante, havia um telefone flutuante. Arthur pegou o aparelho e viu que havia apenas um único contato.
Em poucos segundos, ouviu a voz de Daniel.
— Terminou, garoto? — A voz rouca indicava que seu tio estava dormindo.
— Sim, venha logo para que eu possa sair daqui — respondeu Arthur, cansado.
Em alguns momentos, ele desejou sair e comer algo, mas não sabia como deixar a arena. A entrada havia desaparecido, e ele estava no limite de suas forças.
— Tsk! Um momento — Daniel respondeu antes de encerrar a chamada.
Como prometido, seu tio chegou em seguida e, após confirmar que Arthur havia concluído o treinamento, ordenou que ele descansasse. Arthur estava exausto, mas considerou o primeiro dia de treinamento um sucesso. Além de cumprir o pedido de Daniel, realizou alguns testes e acreditava que já poderia usar suas habilidades em um combate rápido.
“Talvez as coisas fiquem mais fáceis a partir de agora”, pensou o jovem, esperançoso, enquanto se deitava na cama. O cansaço era tanto que acabou dormindo sem sequer tomar banho.
Na manhã seguinte, às oito horas, tremores sacudiram a arena em forma de cubo. Arthur estava se esquivando de várias pedras de terra. O novo dia de treinamento foi incrivelmente doloroso, com pedras de mais de 40 centímetros sendo atiradas nele sem piedade.
A pessoa responsável por isso era ninguém menos que Daniel. Seu objetivo era aperfeiçoar a flexibilidade e a velocidade de Arthur, criando diversos projéteis de terra e disparando-os contra o jovem.
“Eu poderia ter morrido agora…”, pensou Arthur. Embora estivesse ansioso para aprender mais sobre magia, seu tio enfatizava que o corpo e a mente eram mais importantes do que a mana.
— Que droga! — exclamou Arthur ao ver uma pedra de 43 centímetros vindo em sua direção mais rápido do que esperava. O impacto seria direto no peito, mas, naquele instante, ele manifestou a camada de mana em suas pernas, ganhando velocidade suficiente para desviar.
— Hehe, ótima decisão! Imagine se tivesse acertado, garoto — disse Daniel, em tom zombeteiro, divertindo-se ao treinar mais um filho de seu irmão.
“Psicopata desgraçado, estamos nisso há três horas, seu maluco sem coração!”
Para a infelicidade de Arthur, o treinamento estava longe de terminar. Após três horas de esforço infernal, Daniel ordenou que ele mantivesse a camada de mana por mais duas horas. No início, seu tio ficou surpreso com o progresso rápido, mas isso apenas resultou em mais trabalho para o jovem.
Daniel reconheceu que a evolução na utilização da camada de mana foi perfeita, poupando-lhe tempo de explicações. A única compensação oferecida foi a promessa de que Arthur aprenderia mais se concluísse tudo mais rapidamente.
Uma semana se passou e Arthur dominou finalmente o uso da mana por todo o seu corpo. Seu limite já ultrapassava cinco minutos, e, caso utilizasse a camada de mana apenas nos momentos certos, poderia sustentar-se em combate por até quinze minutos!
Desde o primeiro dia, muita coisa mudou. Além do rigoroso treinamento de combate corpo a corpo, que visava capacitá-lo a usar sua velocidade como defesa contra magos, seu relacionamento com Daniel também melhorou.
— Vai acabar me matando, seu urso idiota! — exclamou Arthur, desviando de uma bala de água e destruindo uma pedra com um chute.
— Hahaha! Relaxa — riu Daniel, divertindo-se com a desgraça do sobrinho. — Você só vai quebrar alguns ossos!
Arthur estava coberto de sangue e suor, de tal forma que qualquer observador se perguntaria se ele era um mero humano ou um verdadeiro demônio cor de sangue.
Concentrando sua mana nos pés, avançou rapidamente, enviando duas pedras em direção a Daniel com um chute veloz. Em seguida, canalizando toda a mana para seu punho, Arthur desferiu um golpe direto, causando uma névoa de mana por conta do impacto.
Apesar de sua estratégia, a única coisa que conseguiu foi uma dor aguda no punho. Enquanto a leve névoa se dissipava, ele viu seu tio, imóvel, com seu punho no peito dele.
Enfurecido, soltou um xingamento: — Urso maldito!
Daniel sorriu e, com um movimento rápido, jogou o punho de seu sobrinho para o lado, desferindo um golpe certeiro em seu estômago.
Crash!
O golpe foi tão poderoso que Arthur foi arremessado contra a parede, quase perdendo a consciência. Ele grunhiu de dor e cerrou os dentes. Foi uma semana lamentável para o jovem de olhos azuis.
Na primeira vez que recebeu um golpe de Daniel, o rapaz desmaiou. Depois de muito sangue e dor, essa foi a primeira vez que conseguiu permanecer consciente após um ataque do “urso de olhos azuis”.
— Oh, continua acordado? — Perguntou Daniel, sorrindo ainda mais por algum motivo desconhecido para Arthur.
Lembrando que Daniel estava usando anéis para selar seu poder, um arrepio percorreu seu corpo.
Tentando se manter de pé após ser jogado contra a parede, Arthur perguntou:
— Acabamos?
Daniel suspirou e alisou a barba.
— Sim, não demorou muito — respondeu seu tio, falando sério. Ele havia estimado que o treinamento inicial com a camada de mana duraria pelo menos três semanas.
— Você se saiu bem e aguentou tudo. Agora, vou levá-lo para o próximo nível, garoto.
Apesar de estar um pouco tonto, Arthur olhou para seu tio com mais cuidado.
— Próximo nível? — perguntou ele, esperançoso.
— Correto. Até a próxima semana, você criará seu núcleo!