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Subindo a grandiosa escadaria à esquerda da bancada onde é atendida, a exorcista observa a formação da imagem daquele corredor diante de seus olhos, estendendo-se como parte de um grande hotel coberto de ornamentos feitos de madeira nobre e vasos de ouro puro das terras de Aija. 

A arquitetura centenária se destaca por um piso de pistache lustroso com um aroma familiar de jacarandá, que acompanha seus passos por algumas portas até chegar ao destino.

Quando Amai alcança finalmente a sala onde vai oficializar sua dupla com Yamasaki, mal precisa bater na porta, pois uma voz familiar ecoa de dentro.

— Entre, Shirasaki… — diz uma voz feminina, firme e com o tom de uma líder de exército. A voz madura causa um déjà-vu, é um filme que passa em sua mente, enquanto um sorriso se forma em seu rosto, ansioso para confirmar quem está do outro lado.

No mesmo instante, Shirasaki, com olhos brilhantes e apressada, abre a porta e percebe quem está sentado na cadeira ocupando um dos cargos mais importantes da ordem, com a palavra final para qualquer exorcista.

— Zuri, não acredito! É você mesmo! Quanto tempo! Como soube que era eu? — ela pergunta animada ao ver sua antiga professora da academia de exorcismo, Zuri Mukanda, uma bela mulher negra vestida em um terno feminino, com um olhar determinado e contente por revê-la.

— Como? Ora, Amai, você não ficou sabendo? — Ela se levanta de sua cadeira, seus cabelos crespos balançando num Black Power encantador, e colocando seu pulso na altura de sua face, mostra a manga de suas vestes, onde estão bordadas duas asas em fios de ouro. — Sou uma exorcista celeste agora! — Zuri disse com um toque descontraído.

— Quando? Eu nem sabia que você estava em Nova Tóquio!

— Conquistei minha promoção após toda a confusão em Kyoto. É incrível, não?

— Isso é impressionante! — responde Amai, sentando-se à sua frente com um sorriso. Ela se sente aliviada ao vê-la e também surpreendida pela novidade. 

— Muito! Sou a segunda mulher a alcançar esse cargo! E quero ver você ser a terceira, já que dizem que você é a melhor exorcista da sua geração, não é? — ela comenta com um sorriso, descontraída e cheia de intimidade, apesar de a diferença de idade entre elas parecer quase imperceptível.

A atmosfera amigável do reencontro também deixa Amai à vontade, o suficiente para ela se acomodar e apoiar os cotovelos sobre a mesa.

— Ah, é o que dizem, mas prefiro provar por mim mesma.

Ela continua sendo a mesma, o que conforta Zuri, que a ouve com orgulho.

— Mas me diz, o mundo muda ou como você o percebe? — Amai pergunta enquanto desvia o olhar, seus olhos explorando a sala enquanto enrola seus cabelos no dedo.

Ela percebe, à sua direita, o antigo sobretudo de serviço da mulher emoldurado com uma mensagem escrita abaixo:

“Servus Semper.”

— Bem, o mundo muda, como posso dizer? Sinto cada fagulha de energia, seja uma ou cem… É como se meu radar de energia espiritual tivesse alcance ilimitado. Se eu abrir bem os olhos, posso ver cada ser do outro lado de Crea, e fazer feitiços se tornou tão natural quanto respirar. Não sei, a anatomia astral que tanto estudamos parece não fazer mais sentido. Posso realizar feitiços sem depender dos três agentes; minha mente é propagadora, transformadora e ejetora… É uma loucura! — ela diz, dando uma risada sem graça ao perceber o quanto falou. Então, olha para Amai, dos ombros aos olhos.

— Nossa, é até louco para mim… — Amai se envergonha, olhando para a estante de livros à sua esquerda, — O que foi? Quando você me olha assim, eu já sei, mudei? — ela pergunta, encarando-a sem jeito.

— Mudou, e está linda… Desculpe, é que sinto em você uma conexão que nunca tive com minha filha… você sabe… — ela diz, também um pouco sem jeito, e então se recompõe, ajustando sua postura, — Enfim, precisamos marcar um dia para sairmos para tomar um café e conversar sobre garotos… — Enquanto fala, ela pega um papel e um carimbo de sua gaveta.

— Verdade… Bem, garotos são meu ponto fraco; solteira aos 19… você acredita? — ela comenta, notando cada gesto.

— Não acredito! Mas você é tão bonita, Shirasaki! Aposto que já apareceram vários rapazes, mas você os recusou, não é?

— É, recusei, mas recentemente encontrei meu tipo…

— Posso imaginar quem seja… O tal prodígio que recomendaram como seu possível e melhor par, certo? — diz ela, com um tom provocador, quase como uma mãe falando com seu filho.

— Exatamente, ele é como café. Falando nisso, vim oficializar nossa dupla! — ela diz, entusiasmada, soltando um suspiro.

— Yamasaki Yami tem um histórico bem diferente do seu. A única coisa que os une é a facilidade com que ambos cumprem suas tarefas, mas ele é visto como um exemplo de pária para a ordem, enquanto você é o ápice do dever e da postura — ela afirma, marcando um X no documento que autoriza os dois a trabalharem juntos.

— Ele sabe sobre a energia negativa… — Ela interrompe, enquanto a outra pausa o que fazia e a encara.

— Energia negra? Isso te interessa? — ela pergunta enquanto carimba o papel de forma meio torta, soltando um sorriso sem graça.

— Também, afinal, a cede pelo conhecimento é o que diferencia uns dos outros! Como meu pai sempre diz…

— Parafraseando-o, claro, só podia ser descendência dos Shirasaki… — ela brinca, olhando para ela com entusiasmo, — Essa dupla é um pouco agridoce, mas pode funcionar… pronto, está oficializado! — Depois, ela coloca o documento em uma pilha ao lado de seu ombro direito, onde está a papelada a ser arquivada e digitalizada hoje.

— E a justificativa? — pergunta Amai, recuando os ombros da mesa, surpresa.

— Precisa? Bem, Yamasaki nunca atendeu a nenhum chamado, então, o resto fica por sua conta. Conhecendo você, diria que o tal impuro estará em maus lençóis!

— Com certeza! — ela responde.

Enquanto Zuri ri, e se recosta na cadeira. Amai parece pensativa.

“Eu mato aquele diabinho trevoso si mentiu de estar no hospital! Maldito preguiçoso!”

A fama precede? Um dos maiores prodígios e fracassos da Ordem, Yamasaki Yami, será que ele é realmente como dizem? 

Ao mesmo tempo que sua mente se enche de dúvidas, Romero chega a um restaurante no distrito de Katakana, saindo de um táxi em frente a um estabelecimento de comidas típicas das regiões geladas de Regnum.

Onde um jovem loiro com um terno azul está sentado em uma das mesas ao ar livre, aguardando, enquanto saboreia um suco regional de maçã em uma taça de vinho. 

— Desculpe pelo atraso, o trânsito está péssimo — ele justifica ao caminhar até o rapaz, sentando-se cara a cara em frente a ele.

— Tudo bem. Depois do caos desta manhã, não dava para esperar que as pessoas estivessem calmas. Mas vamos direto ao assunto? Tenho três serviços pendentes ainda hoje! — ele diz, com seus olhos azuis-claros refletindo o rosto de Romero.

— Vou ser direto — afirma Romero, colocando as mãos sobre a mesa, — Ouvi dizer que você é diferente da maioria dos exorcistas; não cobra pelos seus serviços e atua mais como um verdadeiro super-herói. Isso é verdade? — Ele continua, pegando o cardápio e dando uma olhada rápida no menu.

— É verdade! Não acho justo cobrar por algo que posso fazer para ajudar.

— Por quê? — ele pergunta.

— Bem, acredito que a ressurreição é uma bênção de Elum para nos tornarmos melhores. Afinal, nem todos têm a chance de viver duas vidas, certo?

— Exato, mas poucos exorcistas pensam da mesma forma. A ordem não permite esse tipo de pensamento… Também desejo um mundo como o seu, um mundo sem maldade, um mundo iluminado… — ele desabafa, buscando uma conexão com o rapaz através de suas palavras.

— Uma utopia, como o mundo que desejo… Mas você não me chamou aqui apenas para compartilharmos nossos ideais, certo? — Seu olhar se afia quando o pergunta.

Nesse momento, ele pega a taça e dá dois goles, soltando um suspiro leve.

— Certo! Então, você acredita que essa utopia pode realmente se tornar realidade, Arthur?

Sua ambição é evidente em seus olhos nesse instante. Ele está em busca dos Seis Cavaleiros que se juntarão ao seu ideal. Será que Arthur será um deles?

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