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Dezenas de andares abaixo, Yamasaki observa enquanto Amai risca a floresta dos mortos no quadro de missões públicas, fixado na parede ao lado do balcão de recepção, no térreo do prédio. Encostado com o ombro esquerdo, ele mantém os olhos fixos na garota, algo nela lhe chamando muita atenção.

— Certo… e qual será nossa próxima empreitada? — pergunta Yamasaki.

Amai percebe, e o encara com um sorriso sem jeito, entregando a caneta vermelha que usou.

— Hã?

— Você escolhe o azedinho — ela diz, voltando seus olhares ao quadro repleto de panfletos de papel, cada um detalhando missões não remuneradas, pedidos anônimos adicionados à fila de espera, de meses e até anos.

— Só essas?

— Só… E nem ouse aceitar nenhuma missão no seu Gchat hein! — diz, em um tom meio mandão.

— Sério? Você é algum tipo de idealista anti-dinheiro? Ou só é maluca mesmo?

Diante dele. Amai demonstra toda sua graça, colocando as mãos na cintura, com o rosto avermelhado e um jeito meio emburrado.

— Não! Oh, Yamasaki, você já não ganha dinheiro demais? Sei lá, fiquei sabendo que você ganhou cinquenta mil ienes só pelo último exorcismo. Vamos só fazer um pouco de trabalho comunitário, vai? Acho que podemos mudar essa reputação horrível que temos… — ela declara, jogando os cabelos para trás ao perceber que ele continuava a encará-la, mesmo diante da afronta.

— Você fala como o velho Kyotaka… bem, vamos lá né? Se não, não saímos daqui hoje, e mais tarde, esse pessoal todo aí de fora vai fechar a via — ele responde, envergonhado, mas foi suficiente para Amai.

— Bem, deixa eu ver… Temos o hospital infantil abandonado em Katakana… o túnel assombrado de Sangai… Bem, são os mais urgentes. Então, qual você escolhe? — diz ela. Como ele não pegou a caneta. Amai deixa a ponta que não escreve sob os lábios, após cruzar os braços.

— O túnel! — decide Yamasaki apressadamente, logo após ele falar.

Nesse instante, um jovem rapaz loiro, vestido de um terno azul impossível de não notar em meio a tantos sobretudos pretos, se aproxima. Seus olhos brilham intensamente, como estrelas, fervilhantes no horizonte de sua íris, profundos e azuis como os oceanos de Flumem.

— Yamasaki Yami e Shirasaki Amai, finalmente! — diz ele, ajeitando a gravata sob o crucifixo, exalando confiança em seu semblante, — Que surpresa encontrá-los em um quadro de missões públicas. Dois dos três maiores exorcistas da geração, sendo tão gentis! — sua atitude é estranha para os dois.

— Qual o problema? — responde, repreendido por um olhar de reprovação de Amai.

— Yamasak! Ehr… Você deve ser Arthur Lewys, não é? Ouvi falar de você. Meu pai é um entusiasta do exorcista metido a herói! — brinca, agarrando a manga do sobretudo de Yami e sacudindo-o.

— Grande Shirasaki Rimuru, tive uma boa conversa com ele. Enfim, vou ser direto com vocês, posso os acompanhar? — pergunta, descarado, enfrentando um grande “não” estampado em suas faces. Talvez mais evidente no “azedinho” que expressa um desgosto abissal a campainha.

— Você!? Ah, Senhor Lewys, não sei se será uma boa ideia. Aliás, não está registrado em uma equipe? — pergunta Amai, tentando ceder ao mau-humor e à aversão social de Yami.

— Não! Na verdade, eu fiz uma solicitação para entrar na equipe de vocês. Sabe, é muito difícil se encaixar aqui; todos me acham um estranho. E vocês… não me levem a mal, vocês são estranhos também… — diz ele, segurando nos ombros de ambos, descarado e evasivo. — E aí? — espera um “sim” retumbante.

— É… até faz sentido… — diz Yamasaki, que mal se importa com o termo que ele usou, apenas jogando o corpo para trás, bem irritado, — Mas não tô a fim de mais pé no saco não! — fala, virando as costas para o rapaz.

— Até? Não me coloca nesse meio não, o azedinho até é esquisito, mas eu sou bem normal, hein! — responde Amai, também incomodada, cedendo para trás e ficando mais afastada dos rapazes, — Mas, você pode ir sim. Acho que fazendo um pedido especial, a ordem deve te aceitar… — diz, mostrando a língua para Yamasaki, enquanto o rapaz revira os olhos.

— Maldita! — pragueja Yamasaki.

— Então, está tudo certo? — pergunta, apoiando-se no quadro. 

Seu jeito extravagante anima Amai, que já imagina as situações que irá colocar Yamasaki. Enquanto o rapaz, parece murchar como um maracujá ao sol, o tormento do rapaz agora estava mais que completo.

Enquanto, em um tempo que não pode ser medido, em uma era tão remota que a humanidade não havia pecado, Hideki completa mais uma de suas mortes, caindo de um penhasco após tanto se arrastar. Ele é partido em inúmeros pedaços, sem o equilíbrio gravitacional que o firmamento traz, junto às forças de direção de Nox e Aurora, sofrendo com a pressão do espaço que o empurra milhões de vezes mais.

Seu corpo se divide em várias partes, seu sangue de tons vermelhos escuros se espalha sobre o deserto pálido, quase de areias brancas daquele pedaço de terra flutuante.

“Amane…”

Esse nome ecoava em seu subconsciente, que não cedia à morte, graças à entidade demoníaca que estava ligada à sua vida e que se manifestava como trevas, regenerando seu corpo instantaneamente.

— ahhhhh — solta meio roco, novamente sentindo seus pulmões clamando por oxigênio. — De… mônio! — murmura, observando suas veias saltarem, marcando em seu corpo como se fossem explodir.

“Hideki… seu imbecil! Ceda à morte! Me deixe assumir! Eu juro que sua alma não será levada!”, determina a voz em seu interior. Mas ele não consegue responder; pelo contrário, cede ao cansaço, à exaustão, à morte lhe chama.

“Vamos! Abrace-a, eu juro, por ser quem sou, que irei levá-lo comigo, até que possamos sair daqui. Eu cuido da sua cria, mas não deixe que nós dois terminemos aqui! Serão cinquenta ciclos longe de sua filha. Não liga se ela morrer? Ou do futuro que Asmael e Luciel estão tramando!?”, neste instante, as mãos de Hideki seguram firme no terreno, lágrimas caem de seus olhos e se desfazem no ar, como poeira, e diante da morte, uma de várias, ele escolhe, enfim.

Seus olhos ficam brancos, em um baque violento que praticamente explode seu crânio. Logo, um breu profundo invade seus olhos, um negro abissal, e então ele se ergue, mas não era mais Hideki, era Bezeel, o traidor, assim era conhecido, o rei demônio, o primeiro a se negar a se ajoelhar diante de seu irmão, e ao senhor da escuridão, o senhor da gula, capaz de devorar o mundo.

Quando se erguia lentamente, os cabelos negros de Hideki, outrora tão vibrantes, perdiam seu brilho, transformando-se em tons acinzentados, como se a própria sombra os envolvesse. Sua armadura, a sua pele negra, irrompia à sua volta, envolvendo-o em uma aura sinistra. Grandes ombreiras de espinhos, tão afiados quanto espadas, surgiam, dando-lhe uma aparência ainda mais intimidadora.

Em sua cabeça, dois chifres de cabra emergiam lentamente, curvando-se para fora com uma malevolência inegável. Seus olhos, outrora abissal, transformavam-se em um vermelho profundo, com as laterais manchadas por uma tatuagem sombria, como se as próprias trevas estivessem cravadas em sua pele. Seus lábios, antes suaves e humanos, agora pareciam os de um cadáver, pálidos e sem vida.

Suas vestes de proteção continham ramificações douradas, uma lembrança pálida de sua nobreza, corrompidas pela escuridão que o consumia. Uma capa preta, esvoaçante e imponente, cobria suas costas e seus braços, como se fosse um manto.

— Então não há mal neste tempo, não há demônios? Hehehe… Então há um estoque quase infinita de energia negra para ser drenado! — enquanto falava, levava sua mão até a altura de seu peito, e, reunindo as palavras entre seus lábios, preferiu: — Per benedictionem abyssi, Inter digitos meos, emergat essentia luminum, quae in caelis manifestantur!

Quando suas palavras malditas foram ditas, uma esfera de energia surge e, no horizonte, os inúmeros brilhos no céu ao seu redor desaparecem; essa era sua dádiva do abismo, Essentia Furcator. Através dele, o Demônio poderia absorver a essência das coisas, como o grande devorador que era.

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