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Após se despedir de Shirasaki, que segue de volta ao prédio, Yamasaki perde seus olhares por um instante na jovem, observando sua saia plissada balançando a cada passo. Em um movimento rápido, ele vira para seu reflexo no vidro do carro, vendo sua expressão mudar de envergonhada para séria, mas o que vê não é ele mesmo. Em vez disso, é seu demônio particular, sorrindo de orelha a orelha. A entidade aparece estranhamente diferente, com cabelos tingidos de um negro profundo e trajando o mesmo sobretudo do exorcista.

— O que foi? — A voz de Azaael soa mais suave, mais humana do que de costume, tirando Yamasaki de seu estado de torpor.

— Nada! E que aparência é essa? É algum tipo de piada!? — Yamasaki responde, entrando no carro e batendo a porta com força após se acomodar no banco. Ao colocar as mãos no volante, sua visão turva, e ele solta um suspiro impaciente.

— Aparência? Deve ser sua mente, garoto. Você não tomou seus remédios pela manhã, não é?

— Não! Mas… droga… — Ele fecha os olhos e leva a mão à cabeça, olhando entre os dedos enquanto sua vista trêmula. As luzes dos postes e os carros estacionados transformam-se em borrões, — Da última vez, tive quase nenhuma perturbação… e foi uma semana praticamente sem tomar remédio! Que merda! Será a maldita síndrome da escuridão!? — Ele pragueja, batendo as mãos no volante, quase o quebrando.

— Calma, pirralho… você não vai resolver nada quebrando seu carro!

— Eu sei, PORRA! Só que, caralho, isso me irrita demais… — Yamasaki diz, colocando a mão no pescoço. Não sente seu crucifixo e se dá conta. — Meu crucifixo… — Ele murmura, deixando-se escorar no banco, sentindo cada centímetro do seu corpo em êxtase e soltando as mãos do volante.

— Ele cedeu às trevas daquele demônio, lembra? Ou será que a síndrome já fritou seu cérebro? Não, deve ter sido aquela garotinha… seu coração quase sai pela boca quando a vê… — Azaael provoca, e Yamasaki franze a testa, fechando os olhos.

— Imbecil. E Gallael? Nada? Nem ideia de onde possa estar? Já foi um ano nesse maldito contrato e, até hoje, só buscas infrutíferas! — Ele indaga.

— Já te falei, ele desapareceu! E a única forma de o achar é com um grande caos! Ele é astuto e, sendo exilado, não deve ter a coragem de chamar a atenção de Luciel e sua trupe! — explica a entidade novamente, mas as palavras desaparecem nas profundezas da mente perturbada de Yamasaki, mais uma vez.

— Grande caos? O que seria essa merda?

— Yamasaki… é autoexplicativo…

— Caramba, não estou falando do significado das palavras! Mas, que diabos quer dizer? Como um momento caótico afetaria a presença de Gallael? Caramba!

— Será o instante em que Luciel dará a primeira jogada. Claro, esses não serão de fato seus primeiros atos; a cada instante, ele está manipulando os eventos junto a seu cão, Asmael. Em breve, dirá as palavras malditas que farão as trombetas do inferno anunciarem o fim!

— Entendi, então, minha maior chance está no apocalipse? Somente lá ele irá enfim aparecer…

— Sim! Mas… Você não parece triste com isso. Normalmente, um humano estaria desanimado, afinal, ESSE SERIA PRATICAMENTE O FIM DO MUNDO QUE VOCÊ CONHECE! — ele dramatiza, como se estivesse contando um filme de terror, suas palavras ecoando na mente de Yamasaki com tanta entonação que parecia reverberar por todo o espaço do carro, aumentando a tensão no ar e tentando causar um arrepio na espinha do rapaz.

— É? Bem… eu já perdi tudo mesmo, o que posso lamentar? — Diz ele, fechando os vidros do carro ao apertar no painel.

— Quanto drama, mas enfim… se você diz, Chatosaki, é como diz! — Conclui Azaael, provocando-o mais uma vez. O rapaz dá partida no carro, deixando o rastro do motor e a fumaça negra espalhada pelo ar, misturando-se com sacolas plásticas e jornais velhos.

Não bastam duas horas, e já é o dia seguinte, o dia 32 daquela passagem.

E Kyotaka finalmente sai da reunião tão importante entre os nove membros do conselho às 04h da madrugada. Foi uma reunião longa, onde todos os acontecimentos foram discutidos. Após a saída da maioria, Hugo Moreau sai com Seiji Watanabe, cúmplices, e eles se olham no corredor enquanto veem os demais se afastarem.

— E então? Posso dizer que foi um sucesso? — perguntou o velho, acariciando sua barba enquanto encara a pintura à sua frente. Na pintura, uma grande mão pintada de branco surge dentre nuvens carregadas, lançando sua luz em direção a uma sombra em um deserto igualmente negro.

— Não recebi resposta… — murmura Hugo, meio emburrado, olhando para a mesma pintura, — Normalmente, Hideki demora menos da metade de um dia para eliminar o alvo, mas até agora nada, nem uma resposta de fracasso! — sua preocupação transparece em seu rosto.

— Hm… então contratou o senhor Tamashiro? Hehe… Você sabe dar boas jogadas, senhor Hugo, mas se ele falhou, estamos com um elefante ainda maior na sala. Kyotaka, assumindo essa postura mais pacífica, está criando suas próprias cobras! — determina Seiji.

— Infelizmente… Acho que ele deve estar ouvindo demais os pirralhos, ou talvez esteja bem gagá. Não há como um cérebro se manter são após 189 anos aqui! — brinca Hugo, virando-se para o elevador distante, — Querendo ou não, teremos que aguardar até mais tarde. Eu te aviso se der tudo certo! — sussurra.

— Certo… Bem, nós vemos na cerimônia de passagem. Logo a nova geração de exorcistas será formada, talvez seja a última… — comenta Seiji, enquanto um arrepio percorre a espinha de Hugo e ele observa Seiji caminhar para a escadaria, dando-lhe as costas, — Que Elum te abençoe! — despede.

— Última? — murmura Hugo, então ergue seu smartphone até o peito. Há inúmeras ligações para Hideki, nenhuma delas atendidas. Ele passeia pelo sistema de seu celular, olhando suas conversas, em um puxar para cima, mas nada. O último visto por último era da tarde de ontem.

Até que uma mão toca seus ombros, após bater a porta da sala de reunião. Uma mão amiga, que ele percebe ser mesmo sem ver.

— Rimuru Shirasaki… — ele diz, se virando e encarando o rosto de seu antigo colega dos tempos em que os dois eram apenas exorcistas de campo. Seus cabelos castanhos escuros ainda eram vividos e sua barba feita também, — Você envelheceu mal, hein! Sempre que te vejo, eu penso isso! — brinca, e então tira um sorriso sincero do rosto do amigo.

— E você continua como sempre, um charlatão! — indaga Rimuru, tirando a mão de seu ombro, ajeitando seu sobretudo de couro. Passos ecoam atrás dos dois, é Amai, que de forma tímida se aproxima.

— Pai… Vamos? Se não, a mamãe vai te matar e eu não quero ficar ouvindo as reclamações dela, hein! — diz, erguendo os ombros, fechando praticamente os olhos de sono.

— Depois… Bem, então aí está a herdeira de seu clã, o maior prodígio da geração! — diz Hugo, passando pelo homem com um sorriso, e então olha nos olhos de Amai bem convencido. — Os boatos são verdadeiros, você tem a mesma energia de seu pai. Enfim, depois eu apareço lá para visitar vocês… agora, vou me afogar em um uísque! — murmura, dramático.

“Sujeitinho…”

Pensa Amai, erguendo a postura.

— Por favor! — Rimuru então encara a sua filha, desfocando-se de seu amigo, que ia em direção ao elevador, e solta um sorriso, — Você é a sua mãe, né? Não são só os cabelos! Bem, vamos, sim, mas nada de barulho, hein? Amanhã, ela e sua irmã irão fazer trabalho comunitário bem cedo, então, silenciosa como um gato! — brinca.

— Eu sei, eu sei… — diz Amai, virando-se e chamando-o como se estivesse chamando um garçom, — Acompanhe-me, senhor Shirasaki! — e segura a risada.

As brasas da fogueira do destino ainda fervem, mesmo após tanto caos…

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