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Ao despertar, Yamasaki se sente agitado e imerso em seus anseios mais profundos. Lentamente, ele se estica até a beira da cama, com a mente turva após aquele sonho perturbador.

Determinado a tomar seus remédios, ele se senta, seus olhos vagando com dúvidas, como se questionassem se tudo ao seu redor não era uma ilusão criada por sua própria mente, que parecia cada vez mais ceder aos efeitos de seu transtorno.

— Isso não sou eu… — ele sussurra, reunindo três comprimidos com as mãos trêmulas antes de se levantar e se dirigir à cozinha.

A ventania se debatia violentamente nas janelas de seu apartamento.

Ainda meio sonolento, embora duas horas tenham se passado desde que acordou, Yamasaki agarra um copo e o enche de água, quase derrubando-o.

Glup

Engolindo seu medicamento, ele esvazia o copo num único gole.

Ao término, limpa seus lábios usando o braço. Seus pulsos e pescoço exibem manchas roxas, testemunhas e vítimas dos delírios que o assolaram durante o sono.

Seu olhar carrega um peso quase palpável, como se fosse uma cortina de ferro, enquanto sua boca ressecada sente a falta de hidratação, tornando-o semelhante a um zumbi.

Ao colocar o copo sobre a pia, uma sensação ruim o invade; seu corpo treme diante de um calafrio e uma dor aguda lateja em sua cabeça.

Ao se virar e pressionar a mão contra o rosto, tentando distrair a mente, enquanto segura a mão esquerda no mármore gélido, que separa a sala e a cozinha.

Seus olhos, entre os dedos, caem novamente sobre o cheque.

“Droga… 

Continuo sem smartphone!”

Esse pensamento é um impulso irresistível que surge em sua mente, mesmo que ele não deseje sair de casa.

Sem tomar café ou sequer comer algo, Yamasaki sai apressado de sua casa, deixando o telefone que começa a tocar enquanto se preparava, ecoando sem parar pelo apartamento.

Determinado, de certa forma, ele decide sacar o cheque e adquirir finalmente o tão esperado smartphone.

Ele acelera pela avenida Kiseki, em direção ao Banco BPA, localizado no meio do caminho entre seu distrito e a movimentada rua comercial de Sangai.

Seu carro quase atinge o limite de velocidade durante o percurso. Cortando o asfalto até fazer uma parada no banco, de onde saiu com dinheiro em mãos e irritado.

Distrito de Sangai, terceiro.

Ao seguir adiante pela avenida, ele chega onde deseja, guiando-se pela sua memória visual, que ainda lhe é útil.

Estacionando em frente à loja, Yamasaki percebe um carro semelhante ao seu também estacionado à frente.

“Será que outro exorcista se deu mal?

 Ah, tanto faz…” 

Se pergunta enquanto sai e, no instante seguinte, sente a luz atingir seus olhos, agora mais forte, num ápice resplandecente.

Ele é forçado a proteger o rosto com a mão, mas isso já não o surpreende, a cada dia que se passa, e percebe que está se tornando mais familiar à entidade que reside em seu ser do que ao ser humano que era.

— Que desgraça… — sussurra ele, avançando alguns passos até estar sob a sombra, mal havia aliviado de sua tensão e já estava irritado.

Sem perceber, ele se encontra diante da loja e, ao abaixar a mão, um déjà vu invade sua mente diante da fachada em tons de azul e cinza, as mesmas cores que havia visto aproximadamente um ano atrás.

E na vitrine, os mais recentes modelos lançados estão em destaque.

“Caramba! 

Essas empresas estão cada vez mais apertando meu bolso, e essa luz só piora a situação…”

Ao entrar apressado na loja de smartphones, ele navega entre as mesas de demonstração até finalmente encontrar o modelo que já tinha em mente.

Custando mil e duzentos ienes, o mesmo modelo de seu anterior, que ele arranca sem pensar duas vezes, dentre os fios que estavam plugados.

Os vendedores, já acostumados com seu jeito de agir, mal se importam, mas alguém à sua frente acha essa cena nada comum.

— Incrível, não fazia ideia de que ainda existiam bárbaros entre nós… — brinca uma bela garota ruiva. Seus cabelos intensos como o fogo balançam quando ela os joga para trás com um gesto de mão, e seus olhos cor de mel olham docemente para o exorcista.

O sorriso dela brilha radiante, como um sol em pleno horizonte, enquanto Yamasaki se sente sem jeito diante do semblante determinado da moça. Se ela é o dia mais radiante de verão, ele é o pior dos invernos.

— Hã!? Bárbaro? Palhaça… — murmura, soltando um suspiro profundo antes de sacar o dinheiro do bolso e olhar fixamente para um dos rapazes no balcão, — Pega aqui, rapaz… — ele continua, a agir como um imbecil, aos olhos da moça.

Confuso, o atendente se vê apontando para si, enquanto Yamasaki assente com a cabeça, sua paciência estava se esgotando por completo, evidenciando uma crescente irritação em seu semblante.

“Por isso detesto sair de casa…”

— Além de bárbaro, ele é meio idiota, agora entendi o porquê de nós termos tanta má fama… — ela comenta, e então a garota estala os dedos, olhando para suas costas com um jogo de corpo fluido, — Mas quem sou eu, né? Palhaça, como sou! — diz, lançando um olhar para a atendente, que está organizando os celulares na mesa.

Suas palavras parecem confundir Yamasaki, que mais uma vez volta sua atenção para ela.

— Nós? Não me diga que você é uma exorcista… — ele diz, observando-a dos pés à cabeça. A garota está vestida com uma saia preta plissada, abaixo dos joelhos, e uma blusa vermelha de lã. Segura entre as mãos, com unhas vermelhas, uma bolsa tão cara quanto o carro de Yamasaki — e está vestida assim?

— O que foi, hein? — ela diz, fitando-o de lado, antes de voltar o olhar na mesma intensidade, — Desculpe-me, mas não costumo circular por aí usando uniforme, isso te desagrada, senhor? — ela debocha, mas seu sorriso não sai de sua face.

Em sua face, apenas um sorriso forçado e nada contente se manifesta, seus punhos estão cerrados, quase esmagando o smartphone entre os dedos.

— Deveria considerar calar-se…

— E você, pensa em usar uma focinheira? — ela responde com ironia, enquanto seus lábios rosados como pétalas de Sakura brilham.

A perplexidade envolve tanto os clientes quanto os funcionários do local diante daquela discussão incompreensível.

— Está bem, está bem… — murmura, levantando as sobrancelhas com um suspiro profundo, e dirigindo-se ao balcão, — Cobre isso, por favor! — diz com pressa.

— Claro, senhor… — responde o atendente, ao colocar o smartphone em uma caixa e depois em uma sacola de papel com o logo da loja — são mil e duzentos ienes. Como gostaria de pagar?

Então, Yami ergue os ombros e encara o rapaz, enquanto percebe que a garota o observa atentamente, refletida no espelho da mesa da bancada.

— Vai ser em dinheiro… — responde, abrindo sua carteira de couro, passando duas notas de 1000 ienes, e depois agarra a sacola, pronto para sair dali — fica com o resto! — surpreende o atendente, que dá um sorriso envergonhado a ele.

Em instantes, o rapaz avança com firmeza, enquanto seus cabelos voam às suas costas em movimentos ondulantes, tudo isso à frente dos olhos caramelados da garota.

Um arrepio percorre seu corpo e, subitamente, ela emerge de um estado de encanto. Nervosamente, começa a rir diante da cena, ouvindo os passos dele ecoarem como o trote de um cavalo.

Esses passos de Yamasaki ressoaram em seus ouvidos até que, num gesto suave, aproximou-se antes que ele partisse, lançando uma pergunta provocativa: — Oh, zangado, qual é o seu nome?

— Ah, me chamou de zangado? — ele pergunta, notando o brilho nos olhos dela.

A garota assentiu com a cabeça enquanto firma seus dedos em sua bolsa, ansiosa.

— Yamasaki Yami… Satisfeita? — ele diz antes de sair abruptamente, batendo a porta de vidro com tanta força que quase quebra.

Enquanto fica perplexa, ela sussurra: — Não vai nem perguntar o meu? Que garoto maldito!

E da vitrine, ela o observa entrar apressadamente em seu carro, e antes mesmo de manobrar, ele a fita com uma expressão meio irritada. Enquanto o rapaz se prepara para voltar para casa, reflete sobre o quão inconveniente fora a ruivinha.

A essência carrancuda de Yamasaki parece tê-la encantado.

O som do motor de seu carro é como um rugido de um leão que Masaru Jigoku assiste da tela de seu smartphone. E no mesmo instante, junto de Gabriel Souza, ele completa a descida até o vigésimo segundo andar, onde finalmente alcança o corredor que leva aos quartos destinados aos exorcistas que procuram moradia.

A porta se abre, revelando o corredor branco, com portas de madeira clara.

— Vai lá! Eu te encontro na saída, beleza? — diz Masaru, mal desviando o olhar do que o entretém, um documentário sobre animais.

— Certo… — responde Gabriel, com a voz oscilando, dando um passo à frente e encarando o corredor com certa ansiedade, — Romero… — ele sussurra, enquanto as portas se fecham às suas costas.

E Masaru lhe faz um último gracejo: — Boa sorte lá, cabeça de ovo!

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