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Cercado de portas seladas, Yamasaki caminha ouvindo suas próprias pegadas, não havendo som que ecoe naquele ambiente além de sua própria existência. As paredes parecem absorver qualquer ruído, sufocando até mesmo o som de sua respiração.

A cada porta, em sua mente, vêm inúmeras possibilidades: quem está ali? O que já aconteceu? As sombras que envolvem o lugar parecem sussurrar segredos antigos e esquecidos, mas tudo é especulação de sua mente, que tenta se distrair. Ele sente uma presença na escuridão, um peso invisível que torna o ar mais denso, como tentar ver um peixe nas profundezas da superfície das águas turvas.

— Tem alguma ideia, Azaael? — murmura Yamasaki, tentando manter a voz firme, mas ela ecoa com uma inquietação que ele não consegue esconder.

Quando as palavras saem de sua boca, a presença da entidade é puxada para fora das sombras. Azaael se materializa silenciosamente, como um espectro emergindo do nada, posicionando-se atrás de Yamasaki com um sorriso convencido, seus olhos brilhando com uma malícia gélida que parece perfurar a escuridão ao redor.

— Eu? Meh, se fode aí, cara! — resmunga, fazendo sua graça habitual. — Você é um exorcista, poxa! Se fosse o contrário, eu até ajudaria. Mas caçar um demônio é o que você mais sabe! — ele resmunga.

— Está chateado, é? — pergunta, parando no meio do corredor, sem saber se olha para frente ou para trás. É como estar no centro de um labirinto, cercado por uma escuridão que parece zombar de sua presença. Ele não vê nada, e nada se faz presente.

Olhando para o demônio, Yamasaki é recebido com uma risada debochada que ecoa pelo corredor, uma risada que parece se multiplicar nas sombras.

— Chateado? — Azaael ri mais alto. — Bobo… não se lembra do básico? Revela-te! — ele bate o dedo na própria cabeça, fazendo sangue escorrer lentamente.

— Ah… verdade… — Yamasaki revira os olhos, enchendo os pulmões de ar, e diz bem alto: — Revela-te!

Sua voz ressoa pelo corredor, acompanhada por uma ventania gelada que parece levar suas palavras para as profundezas da escuridão. Ele ouve o eco se dissipar, mas ao chegar ao fim do corredor, o som ricocheteia de volta, como uma zombaria.

— Droga! Não funcionou… deveria… ter funcionado… — resmunga, sentindo a frustração crescer. Vira-se para encarar Azaael, que agora está às suas costas, um olhar de divertimento cruel nos olhos. — Por que não? — pergunta, a frustração e a dúvida se misturando.

Azaael sorri ainda mais amplamente, mostrando dentes afiados que brilham na escuridão.

— Não sei… sempre funcionou… — murmura.

— Será que Amai tem razão? Estou convencido demais? — questiona em voz alta, tentando encontrar alguma lógica em meio ao caos. Sente algo ao seu lado, uma presença fugaz que o faz se virar no mesmo instante. Um gracejo da sombra, um vulto que desaparece como uma marionete de distração.

“Ou será que funcionou?”

— Convencido? Não, seu idiota! Sinto uma presença negra em cada uma dessas portas… Talvez este grande corredor seja um evento paranormal, entende? Com cada porta selada, cria-se um túnel, a energia passa como a água por uma mangueira… Talvez por isso, lá fora esteja mais desgastado que aqui dentro… Hehe, esse demônio é esperto, fazer algo assim demanda tempo! — diz a entidade, raspando o dedo na parede, que lentamente se regenera do dano. — Mesmo sendo um demônio mundano… É dos bons! A energia negra está tão padronizada que parece não ter brechas em suas barreiras! — confessa.

— Então… — Yamasaki começa, tentando processar a informação.

— Expanda a energia! Querendo ou não, ela está presa em um tempo-espaço que coexiste com o seu, se não, não seria perceptível para mim!

Yamasaki pondera as palavras de Azaael, tentando entender a complexidade da situação.

— Expandir energia… — repete para si. — O complicado é que eu gastaria metade da minha energia à toa! — reclama Yamasaki, sentindo a exaustão antes mesmo de começar, sua preguiça lhe envenenando.

— Vamos lá, Yamasaki, isso não é balela! Expanda aí! — Azaael caminha até ele, segurando seus ombros com força. — Você não disse que não mudou? Então, o antigo Yamasaki só queria acabar logo e ir para casa…

— Droga… você quer tanto? Tá, eu faço! — Yamasaki cede, empurrando Azaael levemente e encarando o corredor com um pesar profundo.

Com um suspiro, cruza os dedos e olha ao redor, sentindo o peso da tarefa diante de si. O ar fica pesado, e ele fita seus dedos com tanta ansiedade que quase pode sentir o tempo congelar. Fazia tempo que não usava seu domínio inato.

— Punctum… expansionis, V-vacuum immeasurabile! — pronuncia com firmeza, e no mesmo instante, um breu absoluto surge de suas costas, devorando cada espaço ao redor.

Antes, tinha uma visão limitada do que estava à sua volta. Agora, vê o vazio imensurável de sua técnica inata diante de seus olhos. O corredor parece distorcer-se e expandir-se infinitamente, revelando as presenças ocultas e as energias negras que sustentam o ambiente.

Cada porta selada parece vibrar com uma nova intensidade, sua forma física desaparece e, ao mesmo tempo, começam a enfraquecer sob o poder da técnica de Yamasaki.

Por isso, nenhuma escuridão o incomoda. Ele suspira, sangue escorre de seus ouvidos enquanto seu olhar turva. Nesse instante, o sangue também jorra de seus lábios.

— Caí como um rato na ratoeira… — resmunga o demônio, arrancando a mão de dentro do corpo de Yamasaki. A entidade o encara com frieza e solta um bafo quente. — Quando um exorcista expande energia… ele sofre instantes, segundos… seus sentidos são afetados e sua aura é tão fraca quanto papel… — Entre seus dedos, o coração de Yamasaki pulsa. A entidade, com garras afiadas como facas, dentes pontiagudos e olhos vermelhos como o sangue do exorcista, vestindo um sobretudo preto como o breu, o esmaga lentamente.

Yamasaki sente uma dor excruciante enquanto seu coração é apertado pelas garras do demônio. Sua visão escurece ainda mais, e mal consegue respirar, cada segundo parecendo uma eternidade de agonia. Sangue continua a escorrer de seus lábios e ouvidos, sinalizando a gravidade da situação.

— Você realmente acha que isso vai acabar assim? — diz Azaael, sua voz carregada de um tom ameaçador, apesar de não ser ouvida pela entidade, com uma expressão de desagrado, desaparecendo junto com a vida do exorcista.

Enquanto moribundo, o corpo de Yamasaki jaz aos pés do ser, com um sorriso triunfante, passando a língua entre os dedos, seus cabelos brancos manchados com a explosão do golpe dado no exorcista.

— Agora… terei que ser astuto… a garota vai me dar trabalho! — indaga, encarando adiante, enquanto uma aura negra cresce ao seu redor. — Sem expandir energia, não posso tirar proveito de um momento de torpor… que saco! — resmunga, pisando na poça de sangue aos seus pés, enquanto a realidade se parte como cacos de vidro, a expansão de energia de Yamasaki desaparece junto com ele.

“Ou talvez não… se ela falar sozinha como este daí… pode ser bem tranquilo!”

Pensa, olhando Yamasaki caído no chão, soltando um suspiro.

“Malditos exorcistas… é só me deixar em paz… humanos não sabem ficar na deles, sempre assim…”

Um pensamento irônico, seguido por seus passos.

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