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Um carro estaciona lentamente em uma rua pouco movimentada, coberta por uma névoa espessa e uma chuva fina que persiste, apesar de não ser forte.

Distrito de Saisho, Rua Rekishi.

O veículo para em frente ao imponente museu de história, cujas pedras que formam sua estrutura milenar parecem absorver a umidade do ambiente, conferindo-lhe um aspecto ainda mais sinistro sob a luz difusa de Aurora, entre as nuvens pesadas. 

As imensas portas de madeira maciça, esculpidas com símbolos desgastados pelo tempo, estão entreabertas, como se convidassem os visitantes a entrar em um reino de segredos. 

O silêncio paira ao redor, naquele dia a quietude está ainda mais profunda do que o habitual. Apenas o som distante de folhas sendo arrastadas pelo vento quebra a tranquilidade inquietante.

E quem desce é a mesma garota que estava ao lado de Arthur, Sofie. Ela sai do carro e fixa o olhar na figura que se aproxima, envolta em um capuz preto que cobre quase todo o corpo, revelando apenas as mãos eo rosto.

— Satoshi… — murmura, aliviada, como se não o visse há algum tempo. — Desculpe o atraso, eu tive que ajudar um amigo…

— Tranquilo, Sofie. A verdade é que esse caso não parece carecer de urgência… — responde ele, enquanto seus olhos se fixam no céu encoberto. O local, com a mesma idade da capital, parece assombrado, suas sombras alongando-se nas paredes de pedra. — Relataram ataques pela parte da tarde e noite… É claro que é um caso de aterrorização, mas há uma inconsistência!

— Qual? — pergunta ela, subindo o primeiro degrau da grande escadaria que leva ao interior do museu.

— Não há eventos relacionados com o ataque, como aparições ou qualquer outro fenômeno sobrenatural. O ser é brutal, mas age como um caçador à moda antiga, um lobo… Ataca e desaparece!

— Certo, sem eventos sobrenaturais, ilusões ou artifícios demoníacos para causar terror… Então, é uma calamidade! Talvez? — A voz dela sai quase desanimada.

— Uma calamidade escondida em um museu, cercada por tantos exorcistas? Que situação inusitada! — Satoshi comenta, com uma incredulidade disfarçada de provocação, revelando seu tom habitual de amigo irritante. — E agora, como vamos proceder? — pergunta, fitando-a com expectativa, como se esperasse que ela tomasse a decisão final sobre a missão.

— Ah, típico de um Shibata! — ela retruca, dirigindo o olhar para a velha porta de madeira que se ergue diante deles. — Vamos… entrar e exorcizar! — com um sorriso nervoso, tentando disfarçar a inquietação que sente após a discussão com Arthur, sua mente ainda tumultuada.

— Certo, certo! — ele começa a subir.

Este rapaz, filho único de Kyotaka e herdeiro de seu clã, é um dos três dessa geração. Com Amai Shirasaki e Myazaki Watanabe, formam a trindade da alta sociedade dos exorcistas, os herdeiros que futuramente liderarão o conselho.

Mas, ao contrário dos outros dois, ele encara isso como uma verdadeira religião, carregando os ideais no peito como um credo pessoal.

E ao entrarem no salão, são imediatamente recebidos pela atmosfera carregada de história e mistério. O espaço está repleto de estátuas de antigos imperadores e figuras heroicas, armas de diferentes eras e representações vívidas de eventos históricos, esculpidas ou pintadas em quadros e miniaturas meticulosamente detalhadas. Cada objeto conta a história de uma era, desde a formação do império até os dias atuais, passando pelos antecessores que governavam uma nação unificada sob o domínio de Lucius, o rei mais vil e poderoso da história.

— O que uma entidade faria escondendo tudo isso aqui? Se tornaria professor de história? — indaga, observando a coleção.

— Não, nem mesmo uma entidade arriscaria por tão pouco… — responde com um sorriso ácido, as mãos pousando sobre a miniatura de um navio de meio metro de largura. O casco robusto e largo da embarcação tem uma forma quase retangular, projetada para suportar qualquer adversidade. A proa e a popa são elevadas, indicando sua função como uma verdadeira máquina de combate. — O imperador usou isso para vencer as guerras navais contra Lucius!

Do outro lado…

— Fala por experiência própria, é? — brinca, movendo suas mãos sobre uma pintura arcaica que mostra deidades atirando bebês em um poço. — Glória e tragédia, enfim, a história! — ri, refletindo sobre o contraste entre a grandiosidade e o horror das eras passadas.

— É… a história… — ela murmura, observando a seção dedicada aos antigos.

Ali, naquele salão, o império-menor que uma vez habitou a região de Saisho é detalhado. Cada exibição de arte mostra as primeiras leis e rituais, sejam enquanto quadros de execuções ou reverências dos antigos pelo panteão de deuses que guiava suas vidas.

As estátuas e miniaturas são a representação, a evolução das tradições e a transição das crenças, capturando a arte da guerra e as mudanças sociais ao longo do tempo.

Elas traçam a jornada desde os primeiros dias de Saisho até o crescimento do império em uma potência dominante.

Eventualmente, o território de Aija é dividido em diversos reinos. Hoje, todos esses reinos estão unidos sob um único império, fundado por Kurohime, um líder que derrotou todas as nações na lendária guerra dos cem ciclos. Esse homem, cujo nome ainda ecoa como um símbolo de conquista e unificação, consolidou os reinos sob seu domínio, encerrando uma era de conflitos e iniciando uma nova era de poder centralizado.

— O grande homem… esse cara foi um demônio necessário! — brinca o rapaz subindo a escadaria, sentindo o local ficar mais frio. — Ele deve estar no segundo andar…

— Nem brinca… esse cara ferrou todo mundo… — comenta, rindo, enquanto sobe logo atrás dele, evitando olhar para os rostos imponentes das estátuas maiores. — Será que esse bicho nasceu aqui? Estou pensando, há a possibilidade de evolução, não é?

— Tipo, um fantasma virar obsessor e depois aterrizar? Sim, há, mas é bem raro! — ele responde, enquanto chegam ao segundo andar. O ambiente está escuro, em contraste com o brilho do primeiro andar, e não há uma fonte de luz para iluminar as sombras.

— Que fedor de enxofre! — Ela faz uma careta ao sentir o cheiro forte que domina o espaço, evidenciando a presença de algo sinistro e antigo nas profundezas.

É rápido. Sem perceberem, a entidade já está no centro do segundo salão, suas garras cravadas contra um dos maiores quadros que retrata um dos generais mais imponentes do grande império.

— Exorcistas? Ah… eu estava à espera de vocês! — diz a figura, vestindo um terno preto bem ajustado e uma gravata vermelha, com uma aparência que poderia enganar se não fossem os chifres, os olhos vermelhos e as orelhas pontudas. — Confesso que estava com fome! Mas que belo casal que irá me saciar! — Quando fala, é claro, revelando uma intenção sombria e um apetite insaciável.

— O Estripador? — diz o rapaz, como se o demônio fosse apenas um mito ou uma piada. Ele reconhecia àqueles traços como parte de um conto que tanto ouviu quando tinha seus seis anos. — É sério?

— Estripador!?

— Isso… esse cara era apenas uma lenda infantil… mas não, estou vendo que esse cuzão é real! — O rapaz fala com firmeza na voz, enquanto a entidade troca olhares com ele.

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