— Então você nos atraiu? — pergunta o rapaz, dando alguns passos para trás enquanto a energia opressora do demônio preenche o ambiente.
O ambiente se torna cada vez mais sufocante e claustrofóbico. As lâmpadas estouram em explosões de vidro, e qualquer fonte de luz se apaga, mergulhando o local em uma escuridão opressiva.
A presença daquela entidade exala uma aura de calamidade iminente.
— Um dia nublado… deve ser fácil ser demônio, não é? — comenta ele, tentando aliviar a tensão com uma piada.
Ele lança um olhar furtivo para sua parceira, esperando que ela tenha algum plano ou estratégia para lidar com o ser das trevas.
Sofie sempre foi assim; sua mente trabalha a mil por hora.
Mas… ela está distante, como se algo a desconectasse daquele momento. Só quando quase é atingida por uma esfera de trevas, ela desperta, vendo a ameaça desaparecer quando um estalar de dedos soa.
— Tá dormindo, Sofie!? — exclama ele, sua manga explodindo no mesmo instante. O feitiço que ele conjura consome uma imensidão de energia espiritual, quase fazendo seu braço explodir.
O que ele fez?
Usou seu feitiço inato, Lapsus, ativado por meio de uma extensão de energia, que cria lapsos temporais capazes de recortar o tempo e o espaço, anulando o instante em que ela seria atingida.
A técnica inata, que um dia fora de seu tio, agora está com ele. Seu pai nunca demonstrou estar em situação de desgaste, seja mental ou físico, mesmo após mais de cem anos.
— Merda! — ela reage imediatamente, recuando e elevando sua aura de tom azul-marinho. — Desculpa… eu… tive um pensamento intrusivo…
— Ehr… tudo bem, mas tenta não fazer um demônio nos atacar de novo, certo? — resmunga ele, enquanto a criatura manipula a escuridão com suas mãos, criando esferas negras e rasgando o breu ao seu redor.
— Vou ceifar todos vocês! Não se preocupem… serão apenas mais um conto infantil sobre o estripador! — A criatura trata aquilo como um espetáculo extravagante.
Para ele, são apenas mais dois exorcistas, que serão eliminados pelas suas mãos.
Mas, recuperando seu vigor, Sofie exclama:
— Cala a boca! — Ela aponta a palma da mão, visivelmente impaciente. — Extensio energiae: repulsus, unda catalytica! — entoa, gerando uma onda de repulsão que desestabiliza a criatura e quase destrói o local.
A onda, com mais de 100Hz, destrói todas as obras de arte e quase faz desabar o ambiente, danificando os pilares.
Sua técnica inata consiste em criar ondas vibracionais capazes de romper o ar, aplicando tanto repulsão quanto impulsão.
— Boa! — ele elogia, enquanto a luz emana de sua aura, tentando reverter os danos internos por ter uma reação tão repentina. Suas veias saltam no braço e um sorriso largo estampa seu rosto. — Nunca mais me faça usar uma técnica inata sem entoar! — ri.
Mas no mesmo instante, Sofie se move rapidamente, jogando-o para trás, após segurá-lo pelo peito, desviando-o de um golpe de trevas.
Foi rápido, tanto o ataque quanto a reação, e a garota, por pouco, desviou, tendo o braço raspado.
— Da próxima vez vou matar vocês! — indaga, seus dedos expelindo fumaça.
— Seu desgraçado! — ela profere, após a poeira que se ergue começar a baixar. O golpe cria uma fenda entre eles e para no primeiro andar. Foi um golpe de trevas tão condensadas que não explodiu, criando um dano letal.
Ela mal tem tempo para reagir quando a criatura avança. Em uma fração de segundos, desvia para a esquerda, sentindo uma ventania negra atingir seu abdômen.
— Boa! — Ele tenta puxar o braço, mas Sofie o segura firmemente e o atinge com um soco.
— Boa? Você é um palhaço mesmo! — ela responde, desferindo um, dois, três golpes seguidos. — Extensio energiae: repulsus, unda catalytica! — Desta vez, a onda é cinco vezes mais poderosa, rasgando as vestes da entidade e fazendo-a cuspir sangue.
A onda faz com que a criatura atravesse uma pilastra, quebrando-a e transformando-a em poeira. O demônio fica preso na parede, quase sendo esmagado.
Desprendendo seu corpo, a criatura lança outro ataque. Desta vez, sua tática fica evidente: ele não precisa canalizar trevas, pois sua aura negra envolvente é um reflexo de seus ataques instantâneos.
Essa é sua Dádiva Infernal: Segunda Sombra. Sua existência está amplificada e expandida, tornando-a menos suscetível aos detalhes das suas ações.
Apesar de ser um ataque tão poderoso, é praticamente contido pela mão direita da garota, que interrompe o golpe com um campo vibracional estático.
O choque é tão intenso que limpa os arredores, imersos em destroços. Uma onda ascendente começa a vibrar ao seu redor.
E, mantendo a magnitude deste feito, a mão esquerda está com os dedos cruzados, canalizando a energia e minimizando os danos; apenas seu nariz sangra devido ao excesso de esforço cerebral.
Esse esforço é devido ao efeito complexo desse tipo de feitiço. As ondas vibram igualmente de dentro para fora e de fora para dentro, fazendo com que ela suporte uma força quase infinita, anulando o impacto.
— Extensio energiae: Lapsus, perceptio abolita! — ele determina, surgindo entre a poeira com um olhar convencido. No instante em que o demônio está prestes a atacar, basta um estalar de dedos, e tudo ao redor fica paralisado. — Barry Allen manda abraços! — ele diz, apontando o dedo indicador para a criatura.
Sua aura se eleva e, de imediato, um disparo de luz atinge o coração da criatura, que está quase curvada, avançando para atacá-la.
Quando o golpe acerta, o feitiço temporal se desfaz. A criatura recebe o choque do impacto e o retorno do tempo, o que a faz perder qualquer aptidão. Ela cai de joelhos, debilitada.
— Satoshi… — Sofie resmunga, quase caindo, enquanto a percepção do tempo retorna. Segurando o peito, completa: — Isso é sempre uma merda! — Desta vez, não vomita.
Imediatamente, ela ajusta sua postura, recupera a respiração e volta a encarar a entidade com determinação, pronta para exorcizá-la.
Foram apenas segundos, o suficiente para perceber que um sorriso toma o rosto da criatura, mesmo enquanto ela cuspia sangue. Apesar de o golpe que a atingiu ser de pura luz, a ferida se fecha, como se fosse de um feitiço qualquer.
O Estripador faz jus aos anos e ciclos que consolidaram sua fama, e uma escuridão o consome, talvez elevando aquele embate para um nível mais sério.
As coisas estão prestes a ficar muito intensas.
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