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Com o término do almoço com Yami, Amai finalmente chega em casa, meia hora após sair do apartamento do rapaz. A caminhada de volta é tranquila. Após descer do táxi que a trouxe até a entrada do bairro, o vento suave carrega o aroma das flores de cerejeira que começam a desabrochar pelo resto de seu trajeto.

Ao subir a escadaria e passar pelos templos, ela para um instante diante da porta de sua casa, observando os pequenos arranhões na madeira que contam histórias do tempo em que era apenas uma criança brincando no jardim. Um suspiro profundo escapa de seus lábios, e ela reúne forças para empurrar a porta.

Assim que a porta se abre, Amai é imediatamente envolvida por uma atmosfera familiar. O cheiro acolhedor de chá-verde recém-preparado preenche o ar, misturado ao som suave de risadas e conversas que vêm da sala de estar. Na sala, sua mãe e seu irmão estão sentados em lados opostos da mesa de centro, imersos em uma partida de Kusodu, o antigo jogo de quebra-cabeça que costumavam jogar em família nas noites de inverno.

As peças do jogo, feitas de madeira envelhecida e gravadas com pares de flores, estão espalhadas sobre a mesa. Amai se aproxima silenciosamente, sentindo uma onda de nostalgia ao ver a cena tão familiar e reconfortante.

Naoto está prestes a pegar duas peças com flores de pétalas rosadas. O objetivo do jogo é simples, mas exige estratégia e paciência: coletar o máximo de peças possível, empilhando-as em cinco camadas com o par exato, começando de 10, 20, 40 e 80, até somar exatos 75 pares. No momento, Naoto tem três pares de peças, enquanto sua mãe já acumulou oito pares.

“Isso deveria ser eterno…”

Foi como um gatilho de déjà-vu e ternura em sua mente, antes que ambos a vissem ali, diante deles…

— Ah, olha só quem chegou… a nossa dorminhoca! — comenta Naoto, com um sorriso travesso no rosto, lançando um olhar provocador para a irmã. — Sua vez, miss Shirasaki! — diz, voltando a atenção para a mãe.

Sua mãe, uma mulher de beleza serena, com olhos claros e cabelos vermelhos e longos, olha para Amai com um sorriso carinhoso.

— Naoto… não seja tão implicante com sua irmã! Tenho certeza de que foi seu pai quem a obrigou, não é, amor? — Ela se volta para Amai, com aquele olhar calmo que parece impenetrável.

— Ah, é… mas não culpe o papai. Ele está apenas… seguindo o que se espera — Amai responde, sentando-se entre eles e rindo com uma confiança tranquila. — Está se preparando para se tornar um jogador de Kusodu, é? — provoca.

— Sempre defendendo a sua filha, não é? — Naoto provoca de volta, estufando o peito e lançando um olhar de soslaio para a mãe antes de soltar uma risada contida. — Sabia que a taxa de mortalidade dos jogadores de Kusodu é maior que a dos exorcistas?

A mãe ri, apreciando a interação entre os filhos. 

— Vocês dois nunca mudam, não é? — Ela observa, com um sorriso terno, como sempre se provocaram como pássaros brigando no ninho, mas o carinho entre eles é inegável. — Mas falando sério, estamos jogando por que… — Um estalo surge em sua mente, deixando-a momentaneamente confusa. — Naoto, você contou a ela?

— O quê? — Amai se vira imediatamente para ele, intrigada. — O que você está escondendo, seu idiota?

— Você não consegue guardar segredos, hein? — suspira Naoto, relaxando os ombros antes de encará-la diretamente. — Fui aceito na força-tarefa local… passei na prova física e na oral… — murmura, como se a simples menção das palavras pudesse trazer má sorte.

— O quê? Você? — Amai, exclama, surpresa.

— Ahn? Duvidava de mim? — retruca Naoto, fingindo uma carranca.

— Não, seu idiota! — Amai o abraça com força. — Só pensei que meu irmão nunca sairia debaixo das asas dos nossos pais… como diabos aceitaram alguém como você?

— Ha! Ha! — Naoto a abraça de volta, um pouco embaraçado. — Digo o mesmo… não tem teste psicológico na ordem?

Amai ri, ainda abraçada a ele, sentindo um misto de orgulho e preocupação. Ela sabe que a força-tarefa não é para qualquer um, e o fato de Naoto ter sido aceito mostra o quão determinado ele é, além de como são semelhantes, apesar das diferenças externas. Como sua irmã, não pode deixar de pensar nos perigos que ele enfrentará.

Sua mãe, observando a cena com um olhar terno, sorri levemente, sabendo que, apesar das provocações, o vínculo entre os filhos é forte o suficiente para suportar qualquer desafio.

— E o meu abraço? — pergunta a mãe, estendendo os braços em um convite amoroso.

Amai solta Naoto e se levanta com um sorriso, indo até ela.

— Claro que sim! — responde, envolvendo-a em um abraço caloroso. — Você nunca deixa de ser uma mãe carente e coruja!

Os cabelos longos e vermelhos da mulher caem suavemente sobre os ombros enquanto a aperta com carinho. Mesmo sendo ruiva como a mãe, os cabelos de Amai não são tão grandiosos quanto os dela. Se a mãe era a rainha do clã, ela era a princesa.

E Naoto, embora ainda um pouco tímido, sorri ao ver a cena.

— Bem… mas não é só eu que tenho meus segredos. Amai, já falou para a mãe do seu namoradinho, hein? — ele provoca, colocando as peças que capturou próximo aos pares que já tem. — Sua vez! Lylian Shirasaki!

— Ah, como assim… hein!? — Lilyan ri, olhando para o jogo e depois para o rapaz, meio perdida e agitada. — Ah, Naoto, não chame sua mãe assim!

— Ah, ele está brincando, mãe… O Yami não é namorado, ele é mais para um colega… — Amai enrola os cabelos nos dedos, sentindo o rosto esquentar.

“Maldição!” 

Pensa a garota.

— Yami? Chama-o pelo primeiro nome… — comenta Naoto com um sorriso, claramente interessado.

Sua mãe pega mais um par de flores verdes no jogo e volta sua atenção para Amai.

— Amai Shirasaki… Me fale tudo sobre esse rapaz, por Elum, achei que fosse morrer solteira! — desabafa em tom de brincadeira, mas com uma pitada de curiosidade genuína.

Amai sente o rosto corar ainda mais, tentando encontrar as palavras certas para responder, enquanto Naoto assiste com um sorriso divertido, pronto para provocar sua irmã a qualquer momento.

Ele reverte o constrangimento familiar com um sorriso travesso, aliviando a tensão na sala e fazendo com que a mãe se sinta um pouco derrotada. 

Afinal, quem nunca esteve em uma situação assim?

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