Após concluir a fundação que daria origem ao mundo como ele seria conhecido, Elum voltou seus olhos para o imponente pilar de luz que emanava do segundo fragmento. Aquele brilho celestial reverberava pelas barreiras dimensionais dos fragmentos, banhando toda a criação com um esplendor divino. Diante dessa fonte radiante, ele estendeu a mão, e, como se arrancasse um raio do próprio pilar, deu vida à sua primeira Alrilum.
Essa entidade, que ele batizou de Lucis, foi sua primeira guardiã e apóstola. Criada para proteger a essência luminosa que permeava a criação, sua missão era garantir que a luz continuasse a brilhar como um farol, guiando todos os seres e entidades que surgiriam. Assim como um farol orienta pescadores em meio à escuridão, a luz de Lucis deveria conduzir o destino dos nascentes mundos.
Lucis surgiu com os pés sobre o pilar, cercada por céus adornados de nuvens douradas. Vestida com trajes sutis e etéreos que refletiam a pureza de seu ser, ela foi agraciada com o dom de conhecer tudo o que se passava nas vastidões da criação. O tempo presente estava em suas mãos, permitindo-lhe observar cada evento, mudança e criatura que surgia no universo recém-formado.
Diante de seu senhor, Lucis assumiu a responsabilidade de velar pela ordem e harmonia, assegurando que a luz de Elum se espalhasse por todo o cosmos. Mesmo que, um dia, essa luz precisasse penetrar nas lacunas do mundo…
No entanto, ao primeiro reluzir de sua luz, as trevas que se ocultavam nas fissuras clamaram por um senhor que cessasse aquele brilho avassalador. Em resposta, o Todo-Poderoso arrancou das profundezas da escuridão uma nova entidade: Alum, o senhor das trevas e opositor, trazendo-o à existência. Ele emergiu sobre um vasto deserto, envolto pelas almas que haviam perecido em sua insignificância, restos incapazes ou não encorajados do mundo primordial, todos ajoelhados perante seu novo senhor.
Alum era uma figura imponente, trajando um manto feito de pura escuridão e com pele pálida como a morte. Sua presença destacava-se nas sombras, como uma força fria e intensa. Ele representava o equilíbrio necessário para a criação, uma contraparte à luz da guardiã. As almas que o seguiam, perdidas no abismo, buscavam proteção sob sua tutela, reverenciando sua autoridade sobre as trevas e o vazio.
Assim, Alum personificou a dualidade da criação, definindo a linha tênue entre frio e calor, trevas e luz. Sua habilidade de discernir entre os extremos conferiu-lhe autoridade sobre o equilíbrio dos opostos, mantendo a harmonia universal.
Após estabelecer o equilíbrio no segundo fragmento, Elum voltou sua atenção para o terceiro. Lá, ele personificou o espaço-tempo em um ser colossal, uma entidade viva chamada Aeum. Seus cabelos, longos fios de energia, tocavam cada ilha flutuante, e seu ser dominava o caldo cósmico. Coroada pelo próprio Elum, Aeum recebeu o poder de tecer as linhas do destino, nomeando cada uma delas conforme seu desejo.
Dotada desse poder de reger o espaço e o tempo, a guardiã guiava o curso dos acontecimentos e dava forma à estrutura do universo. Em uma ilha batizada de Crea, a apóstola fez a água cair sobre a superfície e, com um simples toque, transformou as rochas em barro.
Com o passar do tempo, Aeum tornou-se uma com Elum. E foi a partir desse barro que ele moldou seu último apóstolo: Regnum, o pai da humanidade e arquiteto do mundo. Como um matrimônio sagrado, Elum usou Aeum para germinar seu último filho. Um titã de proporções colossais, feito da mesma composição das ilhas flutuantes, embora menor que Aeum. Ele foi incumbido de, junto aos seus irmãos, erguer um paraíso entre milhares de fragmentos de terras vazias.
Com sua força titânica e criatividade, Regnum trabalhou incansavelmente para dar forma e vida aos fragmentos dispersos, transformando-os em um lugar harmonioso e habitável. Ele moldou montanhas e vales, rios e florestas, preenchendo as paisagens com uma beleza indescritível.
Com suas mãos poderosas, Regnum ergueu o firmamento para proteger Crea da pressão emanada pelo gélido espaço, convidando os filhos de Lucis, Aurora e Nox, a habitarem ali. Esse firmamento criou uma barreira ao redor da ilha, permitindo a retenção das águas que viriam a compor Flumem, o vasto e grandioso oceano.
Por fim, após tanto esforço, enquanto trabalhava, o suor escorria de sua face, e de tanto escorrer, as águas se dividiram em salgadas e doces. E durante a sétima chuva, ele se sentou sobre as águas do oceano, contemplando o paraíso que havia criado. Ele observou as terras moldadas, as águas tranquilas e as maravilhas naturais que surgiram por suas mãos.
Assim, a criação alcançou um equilíbrio sublime, e o ciclo da vida começou a girar em perfeita sintonia com a ordem que seus apóstolos haviam trazido ao mundo.