Após cair sobre as águas, fazendo-as ferver com o calor de seu ódio, Alum ergueu-se diante de todos e proclamou com uma voz carregada de amargura:
“Eu, que caí entre os apóstolos, agora declaro minha vingança! Afundarei este mundo e sua melodia, e serei o senhor de todas as trevas! Aqueles que me subestimaram conhecerão o peso da minha fúria. Agora, reinarei sobre a escuridão e o medo, levando o mundo à ruína. Preparem-se, pois o tempo do juízo chegou!”
Diante de uma humanidade imersa em medo, Regnum surgiu, empunhando uma arma feita de sua própria essência: uma lança, poderosa e luminosa. O confronto entre os dois gerou tremores nos oceanos e na terra, e seus golpes devastadores provocaram terremotos e tempestades.
A lâmina negra de Alum, capaz de ressoar a vontade da morte, trazia a extinção instantânea a tudo o que tocava. Em contraste, a lança de Regnum comandava os elementos ao seu redor — água, ventos, e solo — numa tentativa desesperada de golpear seu inimigo.
“Inimigo do Criador, és apenas uma partícula do grande Senhor! O que te faz crer que triunfarás contra Ele?”
Disse Regnum, enquanto as armas colidiam, lançando faíscas no ar.
Com um golpe quase fatal, a foice de Alum quase rompeu a ilha de Crea, partindo o paraíso em quatro partes. No meio do combate, o Aurilum protetor cedeu, seu braço sendo arrancado pelo inimigo.
“Não irei triunfar? Onde está teu pai? Para te salvar?”
Retrucou Alum com desprezo.
A lança de Regnum caiu sobre as terras vazias e escaldantes, e seu sangue divino jorrou enquanto ele se ajoelhava diante do caído, ferido e enfraquecido. A batalha entre as forças primordiais trouxe caos e transformação ao mundo, alterando para sempre a paisagem das terras. Agora, o deserto havia sido separado das terras geladas, da floresta esverdeada e das planícies.
“Olha, Elum, o sangue do teu filho! Vê o primeiro cair diante do meu poder!”
Exclamou Alum, voltando seus olhos de perdição para o firmamento, carregando em si a intenção mortal.
Antes que pudesse tirar a vida de Regnum, a luz de Lucis irrompeu, rasgando o espaço que dividia o mundo astral do físico, e golpeou Alum com força. Embora não tenha cedido, as suas trevas se voltaram para os céus enquanto ele se defendia de uma saraivada de flechas divinas disparadas por Aeum. As flechas, mais rápidas que a própria luz, atravessaram o vácuo em um instante, tentando eliminá-lo. Todos os três apóstolos estavam ali, unindo forças para deter o caído.
Diante da união de seus irmãos, Alum foi forçado a recuar, sucumbindo à força combinada de seus oponentes.
Posteriormente, ele se manteve à espreita, esperando por ciclos de tempo, até que o mal surgiu entre os homens com o primeiro assassinato — o pecado original, onde um homem, consumido pelo orgulho e pela traição, esfaqueou seu irmão.
Esse ato fortaleceu o senhor da escuridão, que forjou o Maladomus, o purgatório, com suas próprias mãos, condenando aqueles pecadores. Após perseguir o mal que se refugiou nas sombras, ele o aprisionou no abismo, nas profundezas da lacuna mais sombria.
Por fim, Alum se uniu a esse mal, devorando-o, enquanto sentia a serpente que nasceu na árvore mais florida de seu criador deslizar entre seus lábios, tornando-se parte de seu ser.
Quando o primeiro rei dos homens, Lucius, caiu, de seus resquícios e sangue nasceram os demônios, os sete pecados, cada um representando os males mais cruéis do coração humano. Cada demônio rei emergiu de uma parte do corpo do mais vil dos reis. Da cabeça, símbolo do orgulho, nasceu Luciel. Do peito, onde residia a luxúria, surgiu Asmael. Dos olhos, reflexo da cobiça, emergiu Gael. Do trono, representando a gula, nasceu Beel. Do braço esquerdo, símbolo da avareza, surgiu Bezeel. Do braço direito, manchado pelo sangue dos massacres, veio Azaael. E da língua, que espalhava mentiras, nasceu Leviel.
O caído tornou-se líder desse exército demoníaco, o eterno oposto à luz, sendo conhecido como Mácula por seus seguidores. Ele coroou Luciel e seus irmãos como reis, firmando seu domínio sobre as trevas e intensificando a batalha entre as forças do bem e do mal.
Alum manchou seu nome, e de Alrilum, passou a ser conhecido como o primeiro Obscurum. Esse título infame foi dado ao inimigo autoproclamado de Elum, que busca corromper a obra de seu criador, inquieto com sua própria ignorância e ambição desmedida.
Enquanto isso, Lucis fundou Caelestia, a cidade dourada da luz eterna, um santuário para seus servos, os anjos, que viveriam lá enquanto zelassem pelo mundo. Os guerreiros alados de Lucis combatiam os pecados que surgiam dos homens, enfrentando os demônios que nasciam como encarnações do mal.
Os embates que se desenrolaram nas terras astrais traçaram, em nome de seus senhores e suas verdades, a virtude eterna que se opõe ao pecado. As lutas entre os servos de luz e os agentes das trevas definiram os limites entre o bem e o mal, estabelecendo princípios que guiariam o destino do mundo e seus habitantes, os humanos.
A ordem foi estabelecida com a chegada de Niftar, o avatar humano de Elum, que, junto ao anjo Gael, governante de Caelestia, fundou a ordem, libertando a mente pecadora de nove homens, concedendo-lhes uma segunda vida e o dever de combater o mal com suas próprias mãos em busca de redenção. Isso ocorreu sobre o monte Hierosolyma, nas terras desérticas de Shamo.
E assim, o eterno confronto entre homens e seus pecados se tornou a essência do mundo.
Foi assim que o mundo foi criado!