Astério acordou cedo no dia seguinte, com um bocejo alto. Ele se levantou e caminhou até o banheiro. Ainda estava meio sonolento, mas sabia bem que seu pai não tolerava atrasos. Embora Lydia não tivesse falado sobre nenhum horário específico, ele preferia chegar o mais cedo possível para evitar problemas maiores.
Logo após lavar o rosto e trocar de roupas, ele caminhou em direção ao escritório de seu pai, onde foi saudado por uma serva que fazia a limpeza do local.
“Ah! Jovem mestre Asterios, como foi sua noite? Dormiu bem?” A serva perguntou, enquanto sorria para Asterios.
“Eu dormi bem, senhorita Margaret”, Asterios respondeu, antes de questionar: “Onde está o papai?”
Ele já havia varrido a sala inteira e não tinha visto nem mesmo um sinal de seu pai.
“Seu pai deve estar no centro de treinamento militar. Ele partiu de repente e disse que era para avisar você que o encontrasse lá”, Margaret respondeu, após ponderar por alguns segundos.
Ouvindo as palavras da mulher, Asterios suspirou pesadamente antes de sair da sala, agradecendo à mulher um pouco antes de fechar a porta atrás de si.
O centro de treinamento de Vasbrusk era não apenas o local onde novos recrutas eram treinados, mas também servia como um tipo de centro logístico para o exército de forma geral. Embora a maior parte do comando militar se concentrasse no castelo, o centro de treinamento tinha muitos oficiais e poderia até mesmo servir como uma segunda base de comando caso o castelo caísse.
Todo o centro de treinamento tinha uma área total de 20 mil metros quadrados, consistindo em uma região interna de cerca de 5 mil metros quadrados, onde havia dormitórios, centros logísticos e administrativos. Essa região era protegida por uma alta muralha de pedra.
Já a região externa era composta principalmente por um terreno plano, com locais onde os soldados poderiam treinar sua esgrima, seu corpo e seu Aether, além de uma pequena arena onde eles poderiam duelar entre si. Essa região era protegida principalmente por muros de madeira.
Asterios levou cerca de 10 minutos de caminhada da região do castelo até lá. Os portões da região de treinamento estavam abertos, então ele entrou diretamente, sem se preocupar muito em falar com nenhum dos guardas que protegiam os portões.
Logo após passar pelos portões, ele viu seu pai. Argus estava vestido com uma armadura de placas negra completamente ornamentada e era acompanhado por cerca de 60 soldados, cada um equipado com uma armadura de placas. Erik também estava ao lado de Argus, vestido com a mesma armadura que os outros soldados.
Embora originalmente Erik devesse ser apenas um professor, os acontecimentos em Solfosta forçaram Argus a pedir a ajuda dele, já que apenas Lydia e os poucos especialistas que estavam em Vasbrusk eram completamente incapazes de liderar as patrulhas necessárias para proteger todo o território sozinhos.
“Pai! O que o senhor queria comigo?” Asterios perguntou, logo após se aproximar de seu pai.
Argus, que estava distraído enquanto conversava com alguns dos soldados que o acompanhavam, rapidamente se virou em direção a Asterios.
“Descobrimos um acampamento de criminosos a alguns quilômetros de Vasbrusk. Você vai nos acompanhar na limpeza”, Argus falou de forma direta e simples.
“Ah… e quando a gente vai?” Asterios questionou, uma pitada de excitação brilhando em seus belos olhos roxos. Embora já tivesse andado por alguns campos de batalha antes, sempre foi após a batalha acabar. Ele nunca tinha presenciado uma batalha real de vida ou morte pessoalmente.
“Agora mesmo. Estávamos apenas esperando por você.” Dessa vez, foi Erik quem respondeu. O homem tinha um grande sorriso no rosto. Ele já estava vivendo uma vida pacífica há duas décadas e voltar a ter um gostinho, mesmo que mínimo, da guerra estava afetando positivamente seu humor.
Não demorou muito para todos ali se prepararem. Não havia armaduras de placas em um tamanho adequado para Asterios, então ele usou apenas uma armadura de couro negro junto com uma espada curta.
Após pegarem alguns cavalos no estábulo da cidade, o grupo partiu de Vasbrusk em direção ao seu objetivo.
O acampamento criminoso estava estacionado no vale da junção entre duas montanhas e era completamente cercado por uma floresta densa. Não havia muralhas e todo o acampamento consistia em várias cabanas espalhadas aleatoriamente pela floresta, com uma cabana central onde o líder do acampamento ficava junto com todo o saque.
“Acha que o líder vai dividir aquelas putas que ele trouxe dessa vez?” Um homem baixinho e obeso falou.
“O que você acha? Aquele arrombado tá ficando com tudo de bom pra ele, só deixa as migalhas pra gente”, outro homem respondeu com uma voz irritada.
Ao final, eles só puderam suspirar em derrota. Eles eram apenas bandidos comuns, que mal haviam chegado ao nível nascente na manipulação de Aether. Fracassos tanto entre a população geral quanto entre os bandidos. Seu principal objetivo ali era simples: vigiar o acampamento e alertar sobre qualquer um que se aproximasse.
Eles estavam em uma região alta, que proporcionava uma vista relativamente clara do acampamento no vale, embora as árvores atrapalhassem um pouco.
Então, o barulho de um galho partindo foi ouvido.
“Que porra foi essa?” Um dos homens exclamou, virando-se em direção à floresta atrás deles.
A floresta era extremamente densa e eles só podiam ver o que estava a poucos metros à sua frente. Todo o resto era coberto por um mar de verde, com árvores e arbustos altos que dificultavam ainda mais a visão.
Os dois homens se entreolharam por alguns segundos antes de sacarem suas armas e começarem a caminhar em direção ao local de onde veio o barulho.
Infelizmente, seus passos não duraram muito. Uma flecha rompeu o ar e atingiu o pescoço do homem alto, rompendo a traqueia e derrubando-o no chão enquanto ele se engasgava com o próprio sangue.
O homem baixinho mal teve tempo de perceber o que estava acontecendo. Antes mesmo de seu companheiro cair no chão, uma lâmina atravessou seu pescoço, matando-o instantaneamente.
Os dois morreram de forma quase instantânea, sem sequer terem uma chance mínima de mostrar qualquer tipo de resistência.
Logo após os dois homens serem abatidos, dezenas de soldados saíram de seus esconderijos, finalmente se revelando. Eles caminharam lentamente até uma região alta e relativamente aberta de onde os dois criminosos estavam vigiando. Argus, Asterios e Erik foram na frente, enquanto os soldados ficaram um pouco atrás.
Argus observou o acampamento criminoso cuidadosamente por alguns segundos antes de falar:
“Devem ter uns 150 bandidos ali, no mínimo.” Sua voz carregava um certo escárnio pelo grupo. Tanta ousadia a ponto de estacionar um grupo tão grande a poucas dezenas de quilômetros de uma cidade como Vasbrusk era algo que ele nunca poderia imaginar.
“Então, qual é o plano?” Erik perguntou, curioso para saber como Argus planejava lutar contra um inimigo que tinha uma vantagem numérica de quase três vezes.
Ouvindo a pergunta de Erik, Argus deu uma risadinha antes de falar:
“Não pergunte para mim, pergunte a Asterios.” Logo após falar isso, Argus olhou diretamente para o filho com um sorriso suave no rosto.
Asterios naturalmente se assustou com essas palavras e deu alguns passos para trás, percebendo que todos ali estavam olhando para ele.
“Hehehe, parece que finalmente é hora de colocar em prática tudo o que te ensinei, garoto”, Erik falou, dando tapinhas amigáveis nas costas de Asterios, que estava afundando em nervosismo.
“Tem cerca de duas horas até que eles percebam que há algo de errado com seus sentinelas. Depois disso, eles devem estar em alerta máximo”, Argus falou, tirando Asterios de seu estupor.
“Certo…” Asterios murmurou nervosamente, enquanto focava sua visão no acampamento logo abaixo. A partir de agora, seu nervosismo pouco importava. Ele precisava pensar em algo, e rápido, ou então iria decepcionar todos ali.