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Nos céus escuros de Cordun Key, Pendragon alçou voo, levando Yuki e Yuka para a casa do jovem, que estava fraco e não conseguia nem mesmo se mexer. A cabeça dele ficou apoiada nas pernas da garota.

— Obrigado. — tentou falar a garota com a voz falhando.

— Você disse algo?

— Não, Bruce. É normal os humanos terem poderes?

— Primeiro, a partir de agora, me chame de Yuki, odeio que me chamem de Bruce. Já sobre a pergunta, não, não é comum humanos terem poderes. Para ser mais exato, apenas 8% da população mundial tem poderes.

— Hum… Uma outra pergunta, qual é o seu poder? Você pareceu ter mais de um durante a luta contra o Wedge e contra o Straga. Sem contar que você parece dominar a arte da Invocação.

— Normalmente eu diria que é um segredo. Mas… O meu poder é Recriar, Fundir e Evoluir habilidades que eu vejo serem usadas;

Então, essencialmente eu tive qualquer poder que eu quis. Mas isso é muito desgastante. Eu literalmente senti isso durante a luta. Mas, por algum motivo, sempre que eu morri, eu voltei à vida em troca de queimar um pouco do meu tempo de vida.

— “Isso é interessante.” Yuki… Eu sei que isso é pedir demais. Mas eu sei o que meu pai vai fazer de tudo para me pegar de volta. 

— Continue…

— Em nossa cultura existe um desafio que pode ser feito sempre que alguém possui algo que a outra deseja. Meu pai já fez isso antes e com certeza vai fazer de novo;

Ele pode escolher um Campeão para um povo e mandar os seus 10 mais poderosos generais contra ele. Se o campeão vencer os 10, ele tem que deixar o povo em paz e jurar nunca mais atacá-los.

— E você acha que ele vai fazer isso com a Terra só para te ter de volta? Hum… Mas, por agora, vamos descansar. — O jovem se levantou, com Pendragon parando em uma área aberta próxima à sua casa. — Tenho que consertar essa porta antes que minha irmã chegue em casa.

— Não se preocupe, eu já cheguei. — disse a garota de cabelos cinzentos sentada no sofá da sala de estar, dando um susto na dupla.

— Oi, maninha…

— O que aconteceu aqui!? E quem é essa garota?

Yuka observou o medo que seu colega demonstrou com estranheza, achando errado uma pessoa tão forte ter medo de outra tão fraca.

— Aaaahhh… Essa é a minha…

— Eu me chamo Yuka, sou a primeira filha do Imperador Reydsei Mitsu-Lock, Comandante do Primeiro Batalhão de Soldados Genoma do Império Onixyai e Cientista Principal do Projeto A.Y. — A garotinha ficou calada por um momento, suspirando logo depois enquanto passou pelos dois jovens, subindo a escadaria para o segundo andar.

— O banho está preparado, e dá algo para ela vestir que não sejam suas roupas.

— (Ela acreditou?)

— Do que é feito o líquido que vocês usam para se banhar?

— Há… Oxigênio e Hidrogênio.

— Não conheço esses elementos. Parece que vou ter que me arriscar.

Yuki levou Yuka até o banheiro, onde explicou como ele funcionava para a garota.

— O seu traje imita qualquer roupa, não é?

— Não exatamente, eu só consegui imitar as suas, pois elas são semelhantes a uma que eu já usei.

— Moda casual alienígena é semelhante à humana… — brincou o jovem, com a princesa tentando não rir. — Mas então qual é a verdadeira forma dele?

A jovem tocou seu “relógio”, o que fez suas roupas mudarem. Elas se tornaram um collant vermelho sem mangas que possuía detalhes brancos na forma de circuitos eletrônicos com uma abertura para o cristal em seu peito.

— Essa é a forma base do traje; a forma de combate está danificada e não pode ser ativada.

— Acho que isso é culpa minha. Bem, vou arranjar algumas roupas para disfarçar o fato de você estar usando uma roupa que normalmente usamos para tomar banho de piscina.

— Obrigado por me ajudar tanto.

— Eu não estou fazendo nada demais. — afirmou o jovem enquanto deixava o banheiro, indo até seu quarto, onde pegou um casaco vermelho com uma estampa de asas nas costas em seu armário e uma calça jeans preta em uma caixa com o nome de sua colega Aoi escrito.

Descendo então para o banheiro. — Yuka, estou deixando umas roupas para você. — disse o jovem ao bater na porta.

— Certo… — disse a garota com um tom de voz choroso. O jovem notou o que o deixou em um impasse. Sentou-se no outro lado da porta, batendo nela mais uma vez.

— Você está bem?

— Ele a matou. O Imperador matou minha irmã, fez experimentos com o meu D.N.A e virou os meus amigos contra mim…

Eu posso ter falado que sou a filha dele para sua irmã, mas, de verdade, eu era uma prisioneira. — Yuki invadiu o banho da garota, abraçando-a com toda a sua força debaixo do chuveiro. — Eu não entendo, por que você me ajuda tanto!?

— Acho que… Porque você me lembra eu mesmo…

Eu fui achado na frente de um orfanato na área Européia de Cordun Key e fui criado junto de outras 17 crianças, incluindo a Aya.

Um dia o orfanato pegou fogo. Eu era a única pessoa acordada, tentei acordar as outras, mas não consegui. 21 pessoas morreram naquele dia; somente eu e a Aya sobrevivemos.

Depois disso, decidimos fugir, pois tínhamos certeza de que iriam nos separar. Fugimos por 3 dias, até que fomos achados por um casal que nos adotou; eu tinha 7 anos e a Aya, 3.

Eu vivi uma boa vida… pelo menos até dois anos atrás. Eu tinha uma namorada que acabou morrendo por minha causa e agora sou um prisioneiro. Sou vigiado 24 horas por dia, não posso ver os meus pais, sou obrigado a tomar drogas que castram os meus poderes e me causam dor diariamente. Então é por isso que eu te ajudo.

Porque acho que sei o que você sofre.

— Yuki…

— Bem… Eu vou sair… — Yuki se levantou encharcado, saindo do banheiro enquanto a princesa continuava sentada debaixo do chuveiro.

Saindo já seca, usando o seu traje e vestindo as roupas que Yuki a emprestou por cima dele, encontrou-o do lado de fora. Foi para a sala de estar, onde Aya estava sentada mexendo no celular.

O garoto notou na hora que ela estava mandando uma mensagem para os seus pais sobre o que aconteceu naquela noite.

— Eu estou ferrado!

— O papai disse que vai mandar o pessoal da empresa vir colocar uma nova porta amanhã. E que ele vai vir fazer uma visita esse fim de semana.

— Eu estou muito ferrado! — Yuki caiu de joelhos com uma cara de derrota enquanto sua irmãzinha riu de seu desespero.

Com Yuka vendo nos irmãos, ela e sua irmã, deixou uma lágrima escorrer pelo seu rosto, enxugando-a antes de um deles ver.

— Então, você tem onde dormir, Princesa?

— Ela vai dormir aqui.

— Hummm… Você quer dividir o quarto comigo? — perguntou a garotinha.

— Na verdade, se vocês não se importarem, eu gostaria de dormir junto com o Yuki.

— Hammm… Já aviso, ele não é sonâmbulo. Pra ele não usar isso de desculpa para fazer alguma safadeza com você.

— Meu Deus… — Yuki colocou sua mão em seu rosto, com vergonha. Levantou-se e foi então em direção à cozinha, com Aya o seguindo.

— Você já jantou?

Os irmãos prepararam uma refeição para a garota, que comeu sem nem pensar, chorando a cada mordida.

Após a refeição, Yuki decidiu arrumar a porta da frente que foi destruída por Wedge, indo para seu quarto logo depois, arrumando um futon no chão para ele dormir.

Minutos depois, Yuka entrou no quarto, notando que o garoto tinha falado a verdade — Isolamento Sonoro, trancas de segurança, escutas e microcâmeras. Você não mentiu sobre ser um prisioneiro.

— Eu não costumo mentir. Certo… É costume o anfitrião dar sua cama para o convidado.

— Você poderia dormir comigo?

— O quê?

— Esquece… — A garota se deitou na cama sobre o lençol, com o jovem rindo, pedindo para levantar, com ele colocando o lençol sobre ela e se sentando em seu futon. — Bom sono.

— Para você também. — disse o jovem, deixando sua colega feliz.

— (Síndrome do Herói… Parece que você estava certa, Chefe.)

No dia seguinte, Yuki acordou cedo, com a primeira coisa que ele viu sendo Yuka, que estava junto dele no futon, com a cabeça dela sendo puxada para seu peito.

Ele então tentou se soltar, o que acabou acordando a garota

, cujo traje foi desativado enquanto dormia, deixando seu corpo à mostra.

— (Que coisa, eu não posso me acostumar a ver isso.) Bom dia.

— Bom… Dia. Então, o que você faz quando acorda?

— Ainda são 6 horas, então eu tenho um tempo livre. Quando isso acontece, eu faço o café, o meu almoço e o da Aya. Aí eu me arrumo e vou para o colégio.

— Colégio… Pelo que parece, eu vou ficar sozinha enquanto estiver fora.

— Eu não posso faltar na minha aula para ficar com você. Desculpa.

— Eu que tenho que pedir desculpa…

— Sabe uma coisa! Vamos criar regras. A regra número 1: chega de pedidos de desculpas! Isso é para os dois. Já está ficando chato.

— Certo.

Após o jovem fazer seus afazeres e ele e sua irmã saírem de casa, Yuka saiu do quarto, indo para a sala. Lá, ela foi visitada por uma jovem de cabelos vermelhos espetados e olhos verdes brilhantes, usando um sobretudo preto, calças pretas e uma camisa social vermelha.

— Bom dia, Kai.

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