Yuki tinha se arrumado para ir ao colégio, enquanto sua irmã aparecia atrás dele, observando-o preparar os almoços.
— Então, qual vai ser a desculpa para o cabelo?
— Ainda estou pensando. Mas sei que com certeza serei chamado pela Diretora. Vou terminar de me arrumar. — O jovem deixou sua irmã na cozinha e subiu para se arrumar em seu quarto, descendo minutos depois, pronto para sair. — E por favor, não tranque a casa. A Yuka vai ficar aqui, e sim, já avisei o pessoal do concerto sobre ela.
— “Por que eu tinha que ter um irmão mulherengo?” — pensou a garota enquanto terminava seu café e ia se arrumar logo depois.
Já eram 8 horas quando Yuki e Aya saíram de casa para irem aos seus colégios. Yuka saiu do quarto do garoto e foi para a sala, onde foi visitada por uma jovem de cabelos vermelhos espetados e olhos verdes brilhantes, que usava um sobretudo preto, calças pretas e uma camisa social vermelha.
— Bom dia, Kai.
— Te fizeram de garoto de recado de novo? — disse a garota em tom irônico, sentando-se no sofá da sala e convidando a visita para se sentar. — Então, quais são as regras desta vez?
— Podemos abordar o seu campeão a qualquer momento, contanto que ele esteja consciente, ele não poderá negar o combate. Mas vocês terão uma vantagem: apenas um de nós o desafiará.
— Qual seria o intervalo?
— Oito rotações deste planeta.
— É pouco tempo, mas suficiente. Então, como você estava?
— Cansado. Por que você não volta para Ônix? O Imperador já te deu tantas chances de se redimir.
— Você não acreditaria em mim. Como todos os outros… Mas, mesmo assim. Meu… “Pai” matou a Yuu e apagou a existência dela da mente de todos, menos da minha.
— O que você disse?
— “Não importa quantas vezes eu falasse, ele não seria capaz de ouvir minhas palavras.” Como estava a sua prótese?
— Que mudança brusca de assunto. Ela está bem. Se você relevar o fato de não ter recebido manutenção há mais de dois anos porque a mecânica nunca estava presente. — brincou o jovem general, com os amigos rindo da situação. — Eu o atacarei amanhã. Espero que ele esteja pronto.
Essas foram as últimas palavras de Axel antes de ser teleportado para a espaçonave gigantesca que estava perseguindo Yuka, orbitando a lua.
Mas o que eles não sabiam era que, enquanto conversavam, outro evento importante estava acontecendo com Yuki como protagonista.
— ♦♦♦ —
No caminho para o Colégio Asheville, o jovem de cabelos cinzentos acabou sendo parado por uma pessoa que usava um sobretudo branco com detalhes em forma de ouros (♦) azuis na bainha e nas pontas das mangas.
— Me desculpe, amigo, mas não estou interessado em ver seu cosplay. — disse Yuki, tentando continuar seu caminho. Mas foi impedido pelo estranho, que levantou a mão na direção dele, disparando uma estaca de gelo que o jovem destruiu com um chute.
— E eu pensando que hoje seria um dia normal. Então, idiota! Poderia me dizer seu nome? — O estranho estendeu mais uma vez sua mão, mas desta vez a estaca que ele invocou veio do chão. Yuki pulou para não ser empalado, cortando um pouco a mão e colocando seu skate equilibrado na ponta, sentando-se em cima dele em forma de provocação.
— Um pinto de gelo? Você quer me matar ou me dar material para fazer piada de quinta série? — brincou o jovem mais uma vez, descendo da estaca, pegando-a e lançando na direção do estranho, que a desfez no momento em que iria tocá-lo. — Leg…
Yuki tentou falar, mas não conseguiu nem respirar, caindo de joelhos e se debatendo no chão, tomado por dor.
— Pensei que você duraria mais. Mas acabei me decepcionando. Não consegue fazer piadas, não é? Agora você deve estar passando por uma dor horrível; incapaz de respirar; sendo envenenado pelo próprio sangue. Eu poderia te matar agora e levar a senhorita Yuka de volta para o Imperador. Contudo, isso seria uma quebra das regras do Desafio.
O estranho, com tom arrogante, desativou seu poder, fazendo Yuki recuperar as forças, o bastante para chamar uma ambulância antes de desmaiar.
Horas depois, Yuki acordou em uma cama de hospital, coberto por um cobertor térmico enquanto tinha seu sangue filtrado.
— Que bom que acordou, a filtragem do seu sangue está quase completa. Mais alguns minutos no cobertor e mais uma transfusão e você poderá voltar para casa. — disse a enfermeira do hospital, saindo logo depois de Aya entrar no quarto, preocupada com seu irmão.
— Você está bem? Disseram que você tinha sido encontrado desmaiado no caminho para o colégio. O que aconteceu!? — o jovem ficou em silêncio, pensando apenas no seu inimigo e na tortura que tinha sofrido.
Ele permaneceu assim até receber alta, sendo levado para casa. Ao chegar, sua irmã o deixou em sua cama, e ele só conseguia pensar em uma coisa:
— Eu precisava de mais poder… — sussurrou, olhando para a caixa em seu armário.
Ele então foi até a caixa e, ao abri-la, viu uma espada japonesa de lâmina negra, com a empunhadura azul. Ele a pegou em suas mãos, hesitando por um momento antes de desembainhá-la.
Ao fazer isso, uma espécie de tatuagem em forma de vinhas espinhosas se espalhou de sua mão até seus olhos, causando tanta dor que Yuka ouviu seus gritos da sala.
Correndo para o quarto, ela tirou a espada das mãos dele, reconhecendo o poder contido nela. Colocou o garoto de volta na cama e guardou a espada sem tocar na empunhadura.
Decidida a criar uma nova arma para Yuki, ela passou a madrugada acordada fazendo isso. O jovem acordou pela manhã com seus antebraços, pernas e rosto cobertos por uma armadura negra, e uma roupa semelhante à de Yuka por baixo de suas roupas. Ele foi abraçado pela princesa, que dormia serenamente.
— Será que ela realmente gosta de mim? Ou ela só está me usando…? — indagou o jovem, sem notar que a garota estava acordada e ouviu sua dúvida. Ele se sentou na cama, olhando para a caixa mais uma vez, começando a mexer em sua armadura, que estranhamente lhe fazia sentir-se melhor.
— Essas são as Manoplas de Aprimoramento Ígneo, ou M.A.I. Mas, se quiser, pode dar um nome a elas.
— Yuka… Eu tenho perguntas.
— Pode fazê-las.
— Você está me usando?
— Sim.
— Você me considera um aliado?
— Sim.
— Você é um dos Generais que eu terei que enfrentar?
— Eu e minha irmã éramos as generais mais fortes do Imperador. Então… Sim.
— Está bem… Que bom que você não mentiu. Agora, como eu tiro essa coisa!?
— Antes disso, o que era aquela espada? Eu já sabia a resposta, mas quero ouvir da sua boca.
— Um receptáculo. Um objeto em que está selado uma parte obscura, agressiva e maldosa da minha alma. Ontem, fui tentado a usá-lo;
Pensei que precisava dele de volta. Acho que tinha encontrado um dos generais, e foi ele que me fez parar no hospital;
Ele disse que não podia me matar porque seria uma quebra das regras.
— Como era a aparência dele?
— Ele estava usando uma roupa que não me permitia ver seu rosto ou corpo. Mas, pela voz, era um homem, a roupa era branca com um naipe de carta azul nas bordas.
— Xael… Aquele moleque. Ele era o meu assistente. Ele é um manipulador de água, podendo controlá-lo ao ponto de cristalizar as partículas de água no ar nos pulmões dos inimigos para matá-los de dentro para fora.
Depois de quase morrer por causa do ataque dele, eu também ficaria com pressa para conseguir poder.
Mas a técnica dele tinha uma falha, que sua máscara prevenia. O único outro jeito de ele poder te ferir seria se a água ou sangue que ele controlava entrasse em seu organismo.
A dupla continuou a conversa até o momento em que alguém bateu à porta, entrando logo em seguida. Uma mulher de cabelos negros cacheados e olhos castanhos, usando uma roupa social e segurando uma espécie de dispositivo para depositar itens refrigerados feito de metal, adentrou o quarto.
— Diretora Asheville!?
— Você sabe que quebrou duas regras do seu acordo, não é, Bruce?
— Qual vai ser a punição desta vez? — A mulher pega uma seringa do dispositivo e injeta um líquido vermelho na corrente sanguínea do jovem.
— Seus poderes de volta. Você tem 12 horas para dar um fim a essa história. Depois disso, terei que informar seus delitos aos meus superiores.
— Assim… De graça?
— Você tem 12 horas. Acho melhor acelerar o passo. E, por acaso, quero vocês dois na minha sala quando isso acabar. — Asheville deixou o local como se nunca tivesse estado ali.
— Ok… Voltando ao assunto do nome. Elas se chamaram Atlas. Era o nome de um Titã que foi obrigado a segurar o céu. Legal, né?
— Interessante. Mudando de assunto mais uma vez, quem era aquela mulher?
— Minha supervisora. Ela é quem fica de olho em mim para eu não fazer besteira.
— E estava nos observando esse tempo todo?
— Com certeza.
— Certo. Agora vamos encontrar o Axel!
— E quem era esse?
— Seu primeiro oponente.