Sexta-feira, 18 de fevereiro de 2251
Yuki e Axel estavam na cozinha fazendo o almoço de todos enquanto o ex-general contava ao jovem histórias sobre Yuu e Kai. As garotas tinham acordado e ido para a cozinha, já prontas para irem ao colégio. A dupla deixará o café da manhã das garotas na mesa antes de subir para se arrumar, descendo minutos depois com as mochilas dos quatro.
Depois de um tempo, o trio mais velho saiu para o colégio, enquanto Aya trancava a casa. No entanto, ela parou ao ouvir o som de um carro parado. Ao se virar, viu um homem de uns 50 anos, olhos castanhos e cabelos negros, usando um terno cinza escuro, descendo do carro.
— ♦♦♦ —
No Colégio Asheville, o trio encontrou Aoi nos corredores, mas o jovem de cabelos cinzentos fora chamado para a diretoria através dos alto-falantes da escola.
Na diretoria, ele tomou um susto ao ver sua irmã e seu pai adotivo.
— Senhor Kasuga? — O jovem adotou uma postura mais submissa. — O que o senhor faz aqui? Pensei que viria no fim de semana.
— Eu o chamei — dissera a diretora Emily, piscando para o jovem. — Como seu responsável, tive que informá-lo sobre os novos alunos que pedi para você hospedar.
— Me incomodou o fato de você ter aceitado trazer pessoas que mal conhece para sua casa, deixando sua irmã em perigo.
— Senhor Kasuga, tenho que afirmar mais uma vez que a senhorita Yuka e o Axel são jovens corretos e confiáveis.
— Certo… Mudando de assunto. A senhorita tem certeza de que ele já está estável o bastante para ter seus poderes de volta? — dissera o homem ao ver que Yuki estava com sua aparência real. (Olhos violetas e cabelos cinzentos)
— Tive motivos para permitir que seu afilhado tivesse seus poderes devolvidos.
— E quais seriam eles?
— Me desculpe, mas não posso revelá-los ao senhor. Somente posso dizer que essa foi uma decisão do Escritório Central de Cordun Key. — O homem ficou em silêncio por um momento, levantando-se enquanto era seguido por Aya.
— Continue o seu trabalho. E tente não explodir de novo.
Essas foram as últimas palavras do pai adotivo do jovem para seu afilhado, que desabara no chão, sendo acolhido pela diretora. Ela o abraçara, deixando-o mais calmo, e depois de um tempo ele seguiu para a sala de aula, onde se encontrou com seus colegas, que lhe perguntaram o que havia acontecido. Ele não os respondeu, ainda abalado.
No intervalo, Yuki não comeu seu almoço, ficando parado em sua cadeira até que Yuka foi até ele, tentando tocá-lo. Ela queimou a mão só de se aproximar.
Isso fez Axel ir até ele, colocá-lo sobre o ombro e levá-lo para o terraço junto com a princesa e Aoi.
Lá, uma entidade na forma de uma mulher de longos cabelos negros e olhos violetas, que possuía asas de fogo, surgiu na frente do jovem.
— Você é a Guardiã do Yuki? O que aconteceu com ele?
— Ele está refletindo. Deixem-no em paz, estou cuidando dele — falara o espírito, com Axel a reconhecendo.
— Espera… Você é a Imperatriz, Art Lockne!?
— Como assim? — perguntou Yuka por não reconhecendo o nome.
— Me diga, você é mesmo ela? — gritou o jovem ao retirar de seu bolso um colar com um pingente na forma de um par de asas demoníacas.
A mulher deu um sorriso nostálgico. — Você cresceu. E se tornou um grande homem, Axel Gaz-Ell. — Art tomou a forma de uma Fênix, voando em volta do ex-general, voltando então para Yuki, que foi posto em um domo de fogo.
— Quem é aquela mulher Axel?
— Você não se lembra? É verdade, você era apenas um bebê na época. Mas aquela mulher ia ser a primeira Imperatriz dos Onixyai. Pelo menos se ela não tivesse morrido em uma luta contra o atual Imperador dos Onixyon.
— Então, ela é minha tia?
— Não sei qual o parentesco do seu pai com a senhora Art, mas eles eram muito amigos na época.
— ♦♦♦ —
Enquanto isso, na mente de Yuki, o jovem se viu preso em um lugar onde o céu e a terra pareciam um grande mar.
Nesse local, diversas versões dele andavam por todos os lados. Enquanto ele mesmo era transparente e intangível, correu em direção a uma de suas cópias, atravessando-a. Ele notou que, ao atravessá-las, suas cores lhe davam forma. Ele continuou fazendo isso enquanto ouvia a voz de seu pai adotivo gritar até o momento em que suas cópias tomaram a forma de seu pai adotivo.
O homem repetia sem parar a frase que o deixara nesse estado: “Tente não explodir de novo.” Enquanto Yuki tentava incessantemente encontrar, entre as cópias, uma última que o completaria.
Yuki caiu de joelhos, e as vozes pararam. Na sua frente, duas cópias suas apareceram. Uma tinha aparência infantil, olhos dourados e estava coberta de sangue, com um sorriso psicótico no rosto. A outra tinha sua mesma aparência, mas com olhos vermelhos, segurando nos braços o corpo de uma mulher totalmente carbonizada.
— Me desculpe. Me desculpe, eu nunca quis fazer isso. Por favor, pare de me torturar — repetia Yuki sem parar, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas.
A cópia infantil começou a rir. — Mentiroso, mentiroso!
— Você sempre gostou de matar.
— De causar dor.
— Do gosto do sangue.
— De ver as pessoas que algum dia confiaram em você como cadáveres.
— Você é um mentiroso!
— Um hipócrita!
— Morra de uma vez!
— Antes de estragar a vida de mais um idiota que confiar em você!
— Essa é a sua última chance.
— Yuki, Infinity, Bruce, Sirius, Ryusei, Vent…
— Não importa quantas vezes você reencarne, você continua sendo um mon…
Eu poderia continuar narrando sua tortura, mas tive que interferir. Se não, eu o perderia.
Decidi me manifestar na forma de Aya, afastando as cópias que o atormentavam. Mas Yuki não parou de chorar.
Ao me aproximar dele, me abaixei e lhe dei um tapa no rosto. Ele parou de chorar, e encostamos nossas testas.
— Acorde, Alterny. E encontre seu valor no mundo real. Pois, se continuar aqui, estará jogando fora todos os sacrifícios que fiz.
— ♦♦♦ —
Yuki acordou no terraço de sua escola à noite, sendo rodeado por seus amigos. Ele não entendia o que suas últimas cópias tinham dito e o que eu falei.
— E aí, cara, você tá bem? — disse Axel, se aproximando de seu colega, que continuava com um olhar perdido.
— Você nos deixou preocupados, seu idiota — gritou Aoi, que segurava sua mão com força.
— Eu… Tinha alguns assuntos pra resolver comigo mesmo.
— E você resolveu?
— Acho que sim — disse o jovem ao olhar para sua própria mão, que, em sua visão, estava coberta de sangue. Ele parou de fazer isso no momento em que Axel estendeu sua mão para ele, ajudando-o a se levantar.
O grupo começou a deixar o colégio, mas, quando estavam na estrada, eles se depararam com a Guardiã do garoto em sua forma humanoide.
— Obrigado por cuidar de mim, Lockne.
— É o meu trabalho. Mas eu tenho um presente para você. — A mulher estendeu sua mão para o jovem, e ele foi até ela.
Ao segurar sua mão, a guardiã tomou sua forma de Fênix, entrando no corpo do jovem. Suas asas apareceram, com a asa demoníaca em chamas, ao mesmo tempo que a marca que sempre aparecia em suas costas brilhou intensamente.
Uma florete de guarda reta dourada se manifestou em sua mão direita.
— Essa é a Lâmina Guia. Cuide bem dela — disse a guardiã dentro da mente de seu protegido.
Enquanto isso, Axel estava em choque, enquanto a princesa não entendia o que havia de especial no presente que Yuki acabara de receber.
— O que essa espada tem de tão importante? — perguntava Yuka para seu colega.
— Essa é a Lâmina Guia, uma arma única, feita pelo maior Artesão Espiritual do nosso planeta. Com ela tendo uma habilidade capaz de causar medo a qualquer um: Matar deuses.
— Não existe essa coisa de deus.
— Existe sim. O fato de conseguirmos manipular e criar energia elemental vem deles; Agora me diga, você conhece alguém capaz de manipular a Terra?
— É claro que não.
— Essa arte foi perdida porque a Imperatriz matou o deus responsável por dar esse poder aos mortais.
— “Matar um deus… Por que o Mestre Joseph criaria uma arma assim?” — pensava Yuka.
— Ei, vocês! Vamos pra casa — gritou Yuki, chamando a atenção de seus colegas, que estavam distraídos em sua própria conversa.
— Verdade, era hora de descansar. Daqui a três dias seria a minha luta contra a 9ª General.
Axel suspirou, colocando seu braço em volta do pescoço de seu amigo. — Verdade, esqueci de falar. A 9ª General é a minha meia-irmã.
— Sério…? Paciência em.
Enquanto isso, Aoi não entenderá nem metade das coisas que tinham acontecido, pensando que não possuía mais um lugar na vida de seu amigo.
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“Relatório das atividades dos alunos sob minha tutela: 22 de fevereiro de 2132”
“Passaram-se 4 dias desde a luta entre Yuki e Axel. O General e a Princesa vinham frequentando o Colégio Ashville, se envolvendo em atividades humanas na tentativa de disfarçar sua natureza inumana.”
“A princesa entrou no Clube de Arte por sugestão de seu amigo. Já o general, entrou para o de jardinagem. Contrariando sua natureza como manipulador de fogo, creio que um dos motivos fosse sua fama entre as garotas do colégio. Enquanto isso, consegui que Yuki tivesse acesso à academia da Base 12, onde ele estava recuperando seu porte físico de forma rápida por causa de seu organismo superacelerado.”
“No momento, estou sob posse do Selo, por precaução, para que Yuki não tenha uma recaída e tente usar o poder que destruíra Cordun Oceania. Mas temo que ele possa ser necessário. Pelos testes que fiz junto da princesa, comparando o poder de Axel e Yuki, o jovem está em um patamar inferior, mostrando que o único motivo para ele ter conseguido vencê-lo foi ele estar incapaz de usar seu poder por causa da manipulação feita pelo seu Imperador.”
— ♦♦♦ —
Na Academia do Exército, Yuki estava fazendo uma sessão de supino reto com barra com 250 quilos em cada lado, sendo observado pelos demais soldados, que estavam assustados por causa do peso que ele estava levantando como se não fosse nada.
Após alguns minutos, ele deixou o equipamento, indo para o lado de fora da base e ficando de frente ao porto. O jovem se sentou na beirada em posição de lótus, liberando sua energia, fazendo suas asas aparecerem ao mesmo tempo em que Pendragon surgiu atrás dele.
— Eu… Quero fazer um pacto com você.