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Os raios solares começaram a iluminar o quarto de Slezzy; o alarme do celular do jovem, despertou o casal que descansava ali, fazendo com que acordassem; e a seguir, começassem a aprontar suas coisas. Slezzy foi se arrumar para o trabalho, enquanto Emmeline preparava o café da manhã, além de acordar Rainn.

Slezzy ainda pensava na noite passada. Tudo aquilo havia sido uma loucura para si. As palavras de Sanches ainda dominavam a sua mente.

— Rainn! É hora de acordar! — alertou Emmeline.

O menino emitia sons preguiçosos. Ele não queria nem um pouco levantar, para mais um dia de escola.

— Vamos, Rainn! Amanhã já é final de semana e vamos poder curtir cada hora! Mas antes, você precisa ir para a escola! — disse Emmeline com um tom animado, convencendo aquele menino.

Slezzy, ainda se arrumando no banheiro, riu daquilo.

Após todos se arrumarem, Slezzy convidou sua companheira para a varanda do apartamento, a fim de se reunir, enquanto observava o resto da cidade dali.

— Ontem, tive a maior oportunidade em todo esse tempo de trabalho, Emmy! Mas, infelizmente, aquele sequestro extremo… foi uma coincidência tão grande!

— Eu entendo as suas ambições, querido. Porém, não posso deixar de confessar que fiquei muito preocupada! Então, por favor, peço que reconsidere meu pedido.

— Eu já disse, Emmy… essa é a minha vocação! E tenho absoluta certeza disso!

Sem contar que… nunca mais enfrentaremos qualquer problema financeiro!

Emmeline o respondeu, infeliz.

— Dinheiro não é o problema, Slezzy! Eu não quero que Rainn… perca a sua companhia pelo resto da vida. Além de que… eu não posso te perder, Slezzy! Você sabe muito bem que… essa família foi a única que me restou, após…

— Você não precisa dizer isso — confrontou Slezzy, abraçando a garota naquele exato instante, que começou a chorar sobre seus ombros. — Aqueles desgraçados, ainda vão pagar com a própria vida!

O menino Rainn, de apenas oito anos de idade, surpreendeu o casal ao chegar de mansinho, bem por baixo daqueles dois:

— Estou pronto, Emmy! — disse enquanto segurava as alças da mochila que estava em suas costas. Sua roupa escolar era alaranjada e bem elegante.

Logo depois, os três se abraçaram ali mesmo, naquela sacada, em meio a risadas.

Depois de minutos, todos se reuniram numa pequena mesa que havia na cozinha, e serviram-se com um humilde café da manhã – um tipo de cereal bem genérico, uma caixinha de leite e uma jarra de suco.

Após o lanche, Rainn se despediu e saiu do apartamento, caminhando até a sua escola, que ficava a cerca de dois quarteirões daquele condomínio.

Não demorou muito para que o casal também se despedisse, mais uma vez:

— Por favor… caso você tenha que ficar até mais tarde no trabalho, me avise!

— Pode deixar, Emmy! — exclamou Slezzy, beijando a testa daquela garota.

Em seguida, o jovem saiu da casa e trancou a porta principal da mesma; partindo para as escadas e posteriormente, para a saída daquele condomínio.

Para chegar ao trabalho, Slezzy precisava pegar apenas um ônibus, cujo sua estação ficava apenas a cem metros dali. No caminho, ele pensava radicalmente no momento da noite passada; mas especificamente, nas últimas palavras do sequestrador, antes do disparo de Saith.

“Eles…! Eles se parecem com demô…”

Ao alcançar à estação, Slezzy entrou em um ônibus que chegara naquele exato momento.

   “Ele queria dizer… demônios?” O jovem não conseguia cessar aquele tipo de pensamento. Então, subitamente, se lembrou daquela reportagem que assistira no dia anterior.

“Algo sobrenatural devido a depoimentos recentes…”

O ônibus chegou ao seu destino: o centro da cidade.  A estação de destino, ficava próxima à Praça de Kentrika; e ali, Slezzy trilhou, em direção ao prédio do NCC.

A praça de Kentrika; também conhecida somente por Kentrika, era o principal ponto da cidade. Tinha um formato quadrangular e era marcada por uma estátua de pedra em seu centro: uma mulher vendada, em pé, que segurava uma balança com as mãos, remetendo algo relacionado à justiça. Quase todo o redor ao longo dali, era cercado de grama. E o fluxo de pedestres era muito alto.

Havia quatro prédios, um em cada vértice da extensa praça; facilmente visíveis. Cada prédio representava um departamento auxiliado pelo governo. O primeiro era a sede da FMA, contornado por um grande campo esverdeado ao longo de seu perímetro. Já o segundo pertencia ao NCC. Os outros dois últimos eram os mais importantes da cidade: a Sede Governamental e o Prédio Arnault; este que, por sua vez, era o mais luxuoso, sendo responsável pela gerência de variados serviços, como bombeiros, hospitais, entre outros.

Ao trilhar a praça, Slezzy finalmente chegou à porta de entrada do NCC.

Dando o primeiro passo para dentro dali; o garoto recebeu olhares de relance, de vários funcionários. Ninguém havia se esquecido do ocorrido no dia anterior: ele havia confrontado seus superiores, descordando de uma ordem governamental, diante de todos os outros funcionários na sala de reunião.

A cada passo dentro daquele lugar, Slezzy ficava cada vez mais envergonhado. Porém, caminhando até a área dos elevadores do prédio, ainda no térreo, avistou o seu mais novo conhecido: o Agente Sanches, que já estava dentro de uma das máquinas de transporte. Então, o jovem acelerou seus passos, a fim de alcançá-lo.

Ele adentrou o elevador, antes que as portas se fechassem. Ali dentro, passou a suspirar levemente devido ao pequeno cansaço. No entanto, logo foi tomado de felicidade, ao notar que estava ao lado do homem de cabelos cacheados.

— Por que… você voltou aqui, garoto? — provocou Sanches, enquanto dava o último gole em um copinho de café.

— Por mais que eu tenha feito “aquilo” … Eu não posso simplesmente deixar de vir aqui! Ainda preciso trabalhar, para provar que aquela ordem está errada!

— Por mim, você já estaria nas ruas. Mas não falo no sentido de uma promoção, falo no sentido de demitido! — Sanches riu após aquela provocação. — Pode relaxar, garoto. É apenas uma brincadeira!

Enquanto o elevador subia, os dois se mantiveram em absoluto silêncio.

Slezzy ficou um pouco envergonhado; porém, como Sanches era o seu único amigo a partir dali, era até mesmo um pouco confortável ouvir aquilo.

As portas do elevador se abriram. A dupla estava em um dos últimos andares do prédio, em que ficava o escritório principal da instituição; e também onde Slezzy passava quase toda a sua manhã, durante todos os dias da semana, remoendo e arquivando os relatórios criminais, na plataforma online dali, incansavelmente.

Os dois adentraram o lugar, ainda lado a lado e em lentos passos.

Logo, se surpreenderam pela presença do homem de terno que comparecera na reunião do dia anterior; Edward, o membro da Segurança Governamental, que vinha na direção contrária de ambos.

— Oh, Sanches! Não me diga que você dormiu com o seu novo bichinho de estimação! — provocou aquele homem, rindo em seguida.

Edward seguiu em direção ao elevador, e ao adentrá-lo, se virou e encarou a dupla com olhares fixos, até que a porta se fechasse e desse fim àquele clima ruim.

— Por que esse cara… ainda está aqui? Ele não trabalha para o governo?

— É realmente um saco. Esses caras se acham o dono do mundo, porque tem passe livre para bicarem em qualquer lugar, a não ser no prédio daquele bilionário.

— Você fala daquele prédio luxuoso?

— Exato. O prédio Arnault, o maior da cidade; bancado pelo homem mais rico de Maple. Porém, não sei se ele tem alguma ligação com o governo… — Sanches deu algumas gargalhadas de repente.

— Qual o motivo da risada? Se bem que você… sempre ri de quase tudo, não é?

— Eu sempre rio quando lembro da careca daquele homem… — respondeu; com uma sequência de risadas logo após.

Eles seguiram para dentro do escritório. Ali, os secretários, que trabalhavam em suas mesas, teclando sobre os computadores, relanceavam olhares perante a mais nova dupla.

O Tenente Jan, que estava na porta de sua própria sala, avistou aqueles dois; e os convocou através de um sinal feito com a mão. Em seguida, o Tenente adentrou aquele mesmo lugar.

— Estou sentindo cheiro de advertência… — alertou Sanches, sem rir desta vez. Ele ficou inexpressivo de repente.

No caminhar para a sala do Tenente, foi possível ouvir uma reportagem, que era transmitida pela TV de uma das salas do escritório barulhento.

“— Os policiais tiveram que tomar uma atitude letal, após muitas tentativas no caso de sequestro na Rua Dominic. A noite foi longa e polêmica para as pessoas que moravam ao redor. Um dos franco-atiradores das Forças Militares Armadas, cujo não podemos revelar a identidade por razões de segurança, foi responsável pelo tiro certeiro no criminoso…”

Entrando na sala, os dois se sentaram em frente à mesa do Tenente Jan, em duas cadeiras de madeira, à primeira vista chiques.

Slezzy estava confuso.

— Sanches, você está pronto para ter um novo parceiro nas ruas!?

— Claro que sim! — respondeu, se esparramando na cadeira.

Slezzy abriu um enorme sorriso no rosto.

— Mas definitivamente, não será esse garoto! Se é essa a proposta — concluiu.

— O que? Você está de brincadeira! Vai me dizer que tem outro candidato? — replicou o jovem, inquieto.

— Acalme-se, garoto! — alertou Sanches. — É preciso dizer o óbvio? Você não está preparado! Você nunca pegou sequer em uma arma de fogo e já quer sair por essas ruas!? — concluiu com uma risada.

Slezzy o encarou seriamente.

O Tenente Jan interrompeu:

— O último parceiro de Sanches, morreu em uma missão… a mais de um ano atrás, executado por uma das maiores máfias da cidade.

— Han?

Sanches, com uma entonação semelhante à do Tenente, complementou:

— O grande Tenente aqui… havia dado a ideia de recrutar um dos prodígios da Ordem Azul. Todavia, acontece que, mesmo com um grande conhecimento tático e prático, aquele recruta não soube lidar com as situações reais, únicas e exclusivas das ruas macabras e dominadas pelos criminosos.

“Ordem Azul?” Slezzy preferiu não render sua dúvida. Porém, retomou:

— Quem… matou o seu antigo parceiro?

— Claro. O bom e velho Barão! — respondeu Jan. — Enfim, creio que tenham visto o nosso querido amigo, Edward, enquanto vinham para cá. Na verdade, ele veio oferecer uma vaga para um curso de preparação interna, cedido pela FMA.

O Tenente levantou-se de sua cadeira, observando a Praça de Kentrika, através de uma grande tela de vidro atrás de si.

— Foi então… que tive a brilhante ideia de inscrever o seu nome, Slezzy!

— O que? Eu irei para a FMA? — indagou o jovem, encarando o Tenente com olhares brilhantes, diante da notícia inesperada.

— Temporariamente! — respondeu Jan. — E posso dizer com propriedade, que esse será a melhor preparação que você poderá obter.

— Espera… Por que você não convocou outro policial… com mais experiência?

— Hum… Talvez eu tenha caído nesse papo de “novo talento”. Mas, isso não exclui a possibilidade de haver outro policial do NCC, nesse treinamento.

Slezzy, tomado de felicidade, partiu para cima de Sanches, lhe abraçando.

— Saia de cima de mim, garoto! — replicou o Agente, recusando aquele gesto.

O Tenente, observando aquela cena, sorriu e alertou a dupla:

— Vocês estão dispensados! Slezzy, você será transferido para a FMA a partir de semana que vem. Então, recomendo que aproveite o seu último dia de trabalho nessa instituição! Aliás, sugiro que não despedisse essa oportunidade!

— Eu não o desapontarei, Tenente! — exclamou Slezzy, se colocando de pé.

A dupla se levantou, se despedindo do superior; e logo, saíram daquela sala.

— Boa sorte com o seu trabalho tedioso, rapaz! Além disso, lhe desejo um ótimo treinamento na FMA! Nos vemos em breve! — afirmou Sanches.

— Com certeza… parceiro! — respondeu Slezzy, cumprimentando o agente.

Os dois se separaram logo depois. Sanches partiu para o elevador do prédio, enquanto Slezzy seguiu rumo a sua mesa, para concluir seu último dia de trabalho, ainda como um secretário.

Todos os outros funcionários, o observavam, confusos, enquanto fofocavam.

Após alguns minutos, Slezzy já começava a digitalizar em seu computador; mas dessa vez, calmamente, já que os próximos passos de sua jornada, estava prestes a passar por uma grande mudança.

Ainda assim, a mesma TV da outra sala, que sempre estava ligada, continuava a transmitir reportagens da cidade:

“— Hoje, o Hospital de Western acabou de receber mais uma sequência de pacientes… com um ponto em comum assustador. Eles afirmaram ter recebido uma visita de criaturas sobrenaturais, que se apresentavam e os ofereciam uma espécie de contrato…”

A atenção de Slezzy, foi tomada por aquela matéria.

“—…os mesmos foram sedados, e alguns induzidos até mesmo ao coma, pois estavam extremamente inquietos. O fato curioso, é que esse tipo de coisa tem se tornado mais comum desde os últimos anos. Porém, os médicos ainda afirmam que isso seria o efeito de uma nova droga, comercializada e distribuída por máfias da cidade…”

Slezzy associou aquelas citações com a fala do sequestrador, da noite anterior; ficando pensativo por um bom tempo.

Mas por fim, ele esvaziou sua cabeça e retornou ao trabalho.

*

Após o soar do alarme para o intervalo de almoço daquela instituição, Slezzy já havia terminado todo seu trabalho.

Enquanto ainda arrumava as coisas de sua mesa, e recolhia os seus pertences pessoais dali; o Tenente Jan o esbarrou:

— Ei! Sugiro que aproveite ao máximo esse final de semana. Limpe sua mente! Eu espero nunca mais te ver trabalhando nesse inferno de escritório; então, dê tudo de si naquele treinamento!

Slezzy sorriu.

— Sim senhor!

— Dispensado, recruta! — afirmou Jan, retornando para sua sala em seguida.

Slezzy se levantou e caminhou em direção ao elevador.

Definitivamente, aquele foi o maior alívio de sua vida: sair finalmente daquele escritório, através de uma grande oportunidade concedida pela FMA.

O jovem abandonou o prédio; e realizou o mesmo trajeto de volta para sua casa, atravessando a Praça de Kentrika e adentrando a estação de ônibus.

Após uma hora, Slezzy já havia descido daquele veículo de transporte, e estava apenas a cem metros de sua casa. Agora a pé.

Ele passava por um beco, que mesmo com a claridade do dia, ainda assim era dominado pela escuridão, devido as sombras dos prédios ao seu redor.

Slezzy andava lentamente, já acostumado com aquele lugar, pois era a sua rota diária.

Porém, o jovem, de modo repentino, sentiu o que parecia ser uma mão grande e fria, que tocava e apertava o seu ombro esquerdo. Ele cessou seus passos e travou-se totalmente. Aquilo não era como a mão de um ser humano.

Logo depois, um frio arrodeou o seu corpo; e o aparente dono daquela mão, se pronunciou, com uma voz grossa:

— Olá, rapaz!

Após aquele ato, a mão que estava sobre o ombro do jovem, foi retirada.

Então, Slezzy se virou lentamente, até visualizar a figura de duas criaturas, que eram muito maiores que ele; talvez de dois metros e alguns centímetros de altura cada uma.

A aparência daqueles dois era semelhante à de um ser humano. Eles possuíam asas e trajes casuais, ambos de coloração escurecida.

Logo, uma daquelas criaturas confrontou o jovem, com um tom estranhamente animador:

— Prazer, Slezzy! Nós somos… os Irmãos Sam!

Olá, eu sou o Chris Henry!

Olá, eu sou o Chris Henry!

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