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Uma calorosa manhã se aflorava sobre o rosto de Slezzy, através da janela de um ônibus, que havia pego a minutos atrás.

Ele ainda sentia dores do seu treinamento em casa; já que havia dedicado grande parte do tempo de seu final de semana, se preparando para aquele grande dia.

— Senhor!? — Um desconhecido o alertou. — Você sempre desce aqui, não?

— Ah, sim! Muito obrigado! — respondeu, sentindo-se envergonhado.

Após desembarcar do ônibus, o jovem observou o prédio do NCC por alguns instantes; abriu um sorriso, e seguiu um novo trajeto, rumo ao prédio da FMA, pela primeira vez em todo aquele tempo de trabalho.

 “Por um pequeno momento… eu perdi a noção dentro daquele ônibus? Não…, não posso ter a minha mente afetada por esse maldito contrato.” pensou enquanto apertava fortemente as alças da mochila que carregava em suas costas.

 “Eu vou superar isso, não vou me entregar a esses poderes malignos, eu vou ter que me conter. Pelo menos… a partir de agora sei da existência desse novo mundo.”

Ele se aproximou da entrada principal para a área da FMA, que diferentemente do NCC, era de aparência chamativa; cercada por uma grande fachada.

Militares rodeavam o local; e a maioria dos agentes dali, não utilizavam terno ou sequer a roupa de um secretário comum.

Dentre os agentes, Slezzy percebeu que uma pequena parcela utilizava um tipo de roupa especial: vestes negras com detalhes brancos, coladas ao seu corpo.

Para acessar o prédio, era necessário se deslocar através da portaria principal, reforçada e composta de militares armados.

— Identifique-se, cidadão! — disse um militar com tom de pele amorenado, firmemente, se aproximando de Slezzy.

— Slezzy! Slezzy Kaliman, senhor.

— Central! Por favor… confirme se há algum compromisso de Slezzy Kaliman para hoje! — solicitou o agente, enquanto pressionava um botão de seu rádio.

Uma voz feminina foi emitida daquele mesmo aparelho:

— Slezzy Kaliman; selecionado para o treinamento especial às nove da manhã.

O militar acenou com sua cabeça, saindo da frente do caminho daquele garoto, e ao mesmo tempo, dando um comando com sua mão direita para outro agente da mesma entrada.

O portão se abriu.

Slezzy acelerou seus passos levemente em direção a porta principal do prédio, que ficava consideravelmente longe da área do portão. No caminho, observava mais agentes que utilizavam as roupas características de tropas militares.

Em volta dali, havia caminhões, carros blindados e até mesmo helicópteros.

Ao entrar de fato no prédio da FMA, Slezzy caminhou até a chique recepção.

— Bom dia, senhor! Você deve ser… Slezzy Kaliman! O seu treinamento está marcado para as nove horas da manhã. Como você está um pouco adiantado, terá de esperar meia hora! — avisou uma recepcionista, loira, jovem e muito bonita; que portava roupas militares e utilizava um headset.

— Tudo bem! — afirmou Slezzy, se sentando em um sofá próximo dali.

Logo em seguida, um homem de terno branco adentrou aquele local, pela mesma porta. Visualmente, aquela era a primeira pessoa de todo o lugar, que utilizava um traje diferenciado; o que chamou a atenção do jovem.

— Laura, o que você está fazendo aqui? Pensei que estava de folga! — afirmou aquele homem, que parecia ser bem carismático.

Slezzy não conseguiu ouvir o resto da conversa sussurrante entre a recepcionista e aquela pessoa. Mas de repente, a figura de terno se virou, encarando Slezzy firmemente. Logo depois, começou a andar em sua direção; e Slezzy o estranhou.

Os cabelos daquele homem eram alaranjados; que combinavam incrivelmente com seus olhos escurecidos. Sua altura causou certo medo no jovem, porém não o impediu de continuar encarando-o.

Ao se aproximar, cara a cara, aquele homem se expressou:

— Você deve ser… Slezzy Kaliman! Muito prazer! — disse, erguendo seu braço em direção ao jovem, oferecendo-lhe um cumprimento amigável. — Meu nome é Roy Khaisara!

Slezzy o cumprimentou. E logo, Roy se sentou ao lado do garoto, naquele sofá.

— Gostei de sua atitude! Vejo que você levou essa oportunidade tão a sério, que até chegou um pouco mais cedo!

— Na verdade… eu sempre levei todos os meus compromissos a sério.

— Que bom! Infelizmente, eu não posso dizer o mesmo. Aliás… nem sei como acordei tão cedo, hoje. — respondeu Roy, puxando um celular de seu bolso.

Após alguns minutos, um número considerável de militares mais jovens, entrou pela porta principal. Todos riam e conversavam entre si, enquanto caminhavam em direção ao elevador. Um dos membros daquele grupo, segurava um celular e mostrava um vídeo para todos os outros. Em um certo momento, todos do grupo vibraram e comemoraram, dando gritos e fazendo gestos.

Alguns membros dali, chamaram um pouco da atenção de Slezzy, como uma menina baixinha, que tinha cabelos pretos, entrelaçados entre alguns notáveis fios de cor esverdeada. Ela estava equipada com armas de fogo, além de outros tipos de armamentos, assim como o resto daquele grupo.

Outro membro de destaque que Slezzy percebera; cujo todos os membros do grupo o exaltavam, apontando-lhe os dedos repetidamente, como se fosse o maior ícone dali, foi um garoto não muito alto, que possuía uma postura séria. Os fios de seus cabelos eram pretos e lisos; porém, ele não percebeu mais detalhes, já que o mesmo estava justamente no meio dos outros.

— ORDEM! — berrou um militar próximo; que possuía, aparentemente, um cargo superior ao de todos os outros do grupo. Após o comando, aqueles jovens ainda comemoravam, porém com menos vibração desta vez.

— Por que… eles estão comemorando tanto? — Slezzy perguntou, baixinho.

Roy desgrudou os olhos de seu celular; observou a situação, e logo respondeu o jovem ao seu lado:

— Você não ficou sabendo? — Roy encarou-o em seguida. — Aquele caso… na Região Leste da cidade!

— Han? Eu… quase nem olhei para o celular nesse final de semana.

Roy se surpreendeu com aquela informação.

— O que essas pessoas andam comentando é… sobre um vídeo que flagrou uma operação da FMA, na Região Leste da cidade — Roy voltou a encarar aquele grupo de jovens, que naquele ponto, já estavam distantes. — Sabe aquele grupo, que acabou de passar por aqui? Foram exatamente eles que conseguiram conter um dos criminosos mais procurados atualmente. O Barão.

— Ei! Eu conheço esse nome! Já arquivei vários casos que envolviam a máfia desse homem, quando eu ainda trabalhava com os arquivos criminais, no NCC.

— Interessante! Então, você deve conhecer a maioria dos criminosos que ainda estão vivos por aí! — falou Roy. Ele tornou a teclar em seu celular. — Porém, felizmente, a FMA conseguiu obter êxito nessa operação repentina. E quem fez realmente a total diferença, foi nosso agente mais novo, de apenas quatorze anos.

— O que? — indagou Slezzy, extremamente surpreso.

— É exatamente isso que você ouviu! Naquele vídeo, é nítido a cena do garoto cortando a garganta do Barão, após uma entrada totalmente surpresa, utilizando de uma técnica que ele aprendera com seus superiores, inclusive, no mesmo tipo de treinamento que você terá daqui a alguns minutos.

— Quem é ele, afinal?

— Seu nome é Lierond Shane. O garoto que estava sendo exaltado pelos seus colegas, bem aqui, a poucos segundos atrás. Ele está na FMA desde os dez anos de idade; e atualmente, está se especializando no uso de espadas e táticas furtivas.

— Como… um ninja?

— Mais ou menos isso. Mas, esse tipo de gente só é chamado para casos muito especiais. Na maioria das vezes, os bandidos dessa cidade mal deixam sobras, para que os “espadachins” possam agir — riu em seguida. — Aliás, essa foi a primeira vez que um espadachim obteve sucesso em alguma operação, após tantos anos.

— Então, há algum tipo de classificação para todos os soldados?

— Ah, mas é claro! Esse é o seu primeiro dia! Ainda bem que você chegou cedo, rapaz. Vou lhe explicar! — Roy ajeitou sua postura na cadeira a seguir. — Dentro da FMA, temos diversas especializações…

Slezzy encarou aquele homem com seriedade.

—…Não somos simplesmente “diversos agentes que saem por aí resolvendo os casos mais extremos da cidade”. Pois a cada dia, temos cada vez mais agentes militares especializados em diversas áreas! Sendo as mais comuns dentre elas, os “linhas de frente” ou carinhosamente apelidados de escudeiros; Soldados de Elite; pilotos; hackers e até mesmo bombardeiros de guerra.

O jovem se impressionava a cada palavra dita.

— Também, existem os famosos flancos atiradores, sendo Saith, atualmente, a maior estrela entre todos eles. Infelizmente, outros tipos de classes são raros, devido a sua ineficiência na maioria dos casos comuns, como os engenheiros químicos, pilotos de tanques de guerra e até mesmo os próprios espadachins.

— Esse tal de Shane, pelo visto, fez um grande sucesso ao matar o Barão. Então, como ainda julga sua classe como ineficiente?

— Como eu disse… essas classes, muitas das vezes, não são necessárias aos casos de rua mais comuns. Consegue imaginar um tanque de guerra ou bombas químicas no meio das ruas da cidade? É algo completamente desnecessário. Além disso, os espadachins possuem uma grande desvantagem: a distância. Por isso, é necessário que os mesmos tenham um treinamento de táticas furtivas, como por exemplo; o uso de bombas de gás de fumaça, além da arma de gancho, uma pequena arma que favorece, e muito, a movimentação do usuário sobre o campo de batalha. Sendo assim, apesar de letal, a ação dos espadachins envolve muitos riscos.

Após aquela conversa, mais três pessoas chegaram até o local.

Elas caminharam até a recepção; e conversaram brevemente com Laura. Logo após, encararam Roy e Slezzy, que ainda estavam sentados sobre o sofá.

Um grande relógio que ficava no alto da parede daquele andar, emitiu um som estrondoso. Era a badalada das nove horas da manhã.

Roy se levantou, espreguiçando-se a seguir, enquanto dizia a Slezzy:

— Acho que aproveitamos bem essa meia hora, meu jovem… afinal, foi bom ter a sua companhia. Porém, agora… vamos dar início ao nosso treinamento! — Após aquela fala, partiu em direção ao elevador.

Olá, eu sou o Chris Henry!

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