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Slezzy descia do ônibus, mais uma vez; aquele mesmo transporte que utilizara para se locomover durante todos os últimos meses.

O jovem iniciou uma caminhada em direção ao prédio da FMA. Aquele era o seu último dia de treinamento.

Os últimos vinte e nove dias haviam sido intensos, extremos e cansativos. Nenhum membro daquele grupo sequer pensou em desistir; pelo contrário, cada um serviu como alicerce, um para o outro.

Várias provas no mesmo campo militar foram realizadas; desde as físicas, como corridas, musculação e ginástica avançada; até as estratégicas e militares.

Durante todos aqueles dias anteriores, pela manhã, o grupo realizava a prova da Sala Branca, que ficava cada vez mais difícil conforme o avanço das semanas, pois aumentavam gradativamente o número e a dificuldade dos soldados, simulando tiros de franco atiradores, e até mesmo alguns tipos de bombas. Além disso, Roy sempre observava o desempenho de cada membro do grupo, através das câmeras à prova de balas instaladas ali. Ele adicionava pontos de colocação para cada um, de acordo com sua própria concepção, baseando-se em alguns tópicos como tomada de decisão, controle emocional, liderança e taxa de tiros certeiros; obtidas através de um sistema tecnológico. Esses pontos auxiliariam Roy no futuro, a decidir quais seriam os dois primeiros colocados dentre os quatro integrantes do grupo seleto, que continuariam trabalhando e aprimorando suas habilidades dentro da FMA.

Slezzy estava com uma aparência diferente; sua musculatura chamava a atenção de várias pessoas que passavam pela praça central, enquanto caminhava para o prédio da FMA. Ele vestia a sua roupa social clássica, carregando consigo uma mochila em suas costas.

Naquela mochila, ele guardava o tal contrato que julgava como indestrutível.

Estava tarde; e restava apenas duas horas e meia para o anoitecer.

Ao chegar na portaria reforçada, os portões se abriram imediatamente. Aquele mesmo militar, responsável pela entrada daquela área, que Slezzy conhecera no primeiro dia, já o reconhecia facilmente após o longo período praticamente um mês de treinamento.

Antes que Slezzy atravessa-se completamente os portões, o mesmo militar lhe confrontou:

— Boa sorte no teste final, jovem! Um passarinho me contou que você é um dos candidatos mais fortes nesse último grupo de treinamento da FMA! Então, não se acomode! — Em seguida, com Slezzy já o encarando, o militar apontou para o distintivo militar que estava pendurado em seu próprio peitoral. — Não pense que obter isso… será uma jornada fácil!

— Não se preocupe! — respondeu o jovem, sorrindo. — O Capitão Roy ainda ganhará uma promoção… por ter encontrado o melhor agente militar de todos os tempos!

O militar riu levemente e voltou a exercer sua escolta naquela portaria.

Slezzy se virou; e prosseguiu com a sua caminhada, até a porta principal daquele prédio. No caminho, alguns militares o reconheciam, acenavam e aplaudiam.

De repente, o garoto escutou uma voz grave, que vinha de trás de si.

— Espero que você não fracasse no último dia…! — Aquela voz era idêntica a um dos demônios que havia conhecido a semanas atrás.

Ele parou de caminhar imediatamente, com seus olhares direcionados ao chão.

“Não é possível que esses demônios… estiveram me observando por todo esse tempo”

— Slezzy!? — Daquela vez, a voz era do Capitão Roy.

Ao se virar rapidamente, o jovem percebeu que não havia nenhum demônio ali. Apenas o Capitão, que lhe observava com olhares curiosos.

— Está nervoso por acaso? — perguntou o Capitão com um som sarcástico.

   “O que? Aquela voz não poderia ser sua, era tão grave…”

— Não é nada disso, Capitão! Talvez… eu esteja concentrado até demais para esse dia tão aguardado! — respondeu Slezzy, disfarçando seus pensamentos.

O Capitão continuou a percorrer o seu trajeto, mesmo estranhando toda aquela situação.

Slezzy, ainda parado na mesma posição, voltou a refletir:

“Por que? Por que eu ouvi aquela voz? Era tão semelhante…”

   “Se bem que… mal pensei sobre tudo aquilo… durante todo esse tempo. Eu simplesmente esqueci tudo aquilo de repente! Espere, é realmente possível que aqueles demônios estejam me observando a todo instante?”

   “Seguindo a lógica, nenhuma pessoa assinou aquele contrato até agora, caso contrário, eu não teria mais a posse do mesmo”

Slezzy abriu sua mochila e notou que o contrato negro ainda estava lá, bem no fundo, entre outros objetos.

“Sempre esteve aqui… durante essas últimas semanas… AH! DROGA! Eu não posso surtar logo agora! Não nesse dia tão importante”

Slezzy girou-se novamente para o prédio e adentrou aquele local na sequência.

— Boa tarde, Laura! — exclamou Slezzy, com um tom confiante.

Ele já tinha um pouco de intimidade com aquela recepcionista, depois daqueles longos dias. Algumas vezes até, após o fim do treinamento, ele conversava com a funcionária mais o seu grupo, a respeito de diversos assuntos.

— Boa tarde, Slezzy! Boa sorte no seu teste final! — desejou Laura, abrindo um grande sorriso.

Slezzy seguiu para o elevador. O Capitão Roy o esperava bem ali, segurando as portas do mesmo, com um de seus braços.

Depois que Slezzy adentrou o elevador, Roy teclou o número dezoito no painel de controle ao lado.

— Não iremos… para a Sala Branca?

Roy puxou seu celular do bolso, digitou por alguns segundos; e respondeu o garoto, em voz alta desta vez:

— Antes do exame final, preciso reforçar alguns tópicos com todos vocês. Provavelmente, os outros membros do grupo já devem estar no escritório. Acho que eles pegaram a sua mania de chegar cedo aos compromissos.

As portas do elevador se abriram e Roy saiu imediatamente; Slezzy o seguiu.

No caminho, o jovem percebeu que nada havia mudado. Havia funcionários com roupas sociais trabalhando em suas mesas; assim como há exatos vinte e nove dias atrás, quando Slezzy pisara pela primeira vez naquele andar.

Ao chegarem no escritório, se depararam com Jean, Kine e Clay, que papeavam sobre algo.

— Sentem-se! — ordenou Roy.

— Pensei que não chegariam para a festa! — exclamou Clay. O corpo daquele jovem também havia recebido uma notável mudança à primeira vista.

— Acha mesmo que o velhote perderia esse dia? — provocou Jean.

Após todos se sentarem nas cadeiras da sala, Roy retirou uma folha de sua pasta. Ele a espiou e logo discursou:

— Ouçam, hoje não teremos nenhum tipo de treinamento posterior ao exame final… — Roy jogou aquela folha para trás de si, logo em seguida. — Essa tabela de pontuação não será o carimbo para a entrada de ninguém.

Roy encarou o grupo seriamente após aquela atitude.

— Honestamente, estou impressionado com todos vocês, pois… foram um dos poucos que se adaptaram tão bem, tanto em grupo quanto individualmente. Após a última prova da Sala Branca de hoje, quero que saibam que estarão preparados para lidar com qualquer nível de crime fora desse prédio, isso eu lhes garanto — Roy coçou a sua cabeça por alguns segundos e prosseguiu. — Ah! É claro! Além disso, cada um de vocês receberá, digamos que, um tipo de bônus financeiro por tamanha competência demonstrada dentro de nossa instituição.

— Que bom, Capitão! O loirinho aqui vai poder comprar mais brinquedos para a sua coleção! — provocou Slezzy.

— Que engraçado! — retrucou Jean.

Roy retomou sua fala:

— Acho melhor se concentrarem no exame final — Todos os membros do grupo encararam-lhe após aquele sério comentário — Hoje, nosso teste será totalmente diferente de todos os outros dias. Sei que vocês estão cansados de saber, mas terei que repetir: tudo se resume ao trabalho em equipe dentro da Sala Branca.

Kine levantou sua mão e indagou aquele homem:

— Me desculpe interromper, Capitão, mas… o que tem de especial nesse exame?

Roy sorriu e se aproximou da garota.

— De especial? Simples! A simulação será a mais real possível!

— Han? — resmungou Clay.

Roy se virou de costas para o grupo, e logo terminou com o drama:

— Hoje, as balas das armas daqueles soldados holográficos, serão letais.

Clay se levantou imediatamente da sua cadeira, colocando as mãos na mesa a sua frente, confrontando aquele homem:

— Capitão? Você ficou louco!?

— CALE A BOCA E SENTE-SE! — berrou Roy.

Clay obedeceu a ordem, ainda resmungando baixinho.

— Vocês acham que lá fora, é como na Sala Branca? Hein? Por acaso… acham que aqueles bandidos mal-intencionados vão disparar balas de mentirinha contra o corpo de vocês? A RESPOSTA É NÃO! — O Capitão bateu forte em uma daquelas mesas. — Eles não vão pensar nem duas vezes antes de enfiarem uma bala na cabeça de vocês! Não vão ao menos se importar com sua idade, altura ou qual instituição fazem parte! Nem mesmo se possuem família!

Os quatro jovens receberam um grande choque de realidade.

O silêncio tomou dali por alguns segundos.

Roy caminhou até a porta da sala; e antes que saísse, concluiu calmamente:

— Nas últimas semanas, vocês dedicaram a maior parte de seu tempo, de seus dias, para o nosso treinamento; não faltaram nem sequer aos sábados e domingos. Todos os dias, estiveram aqui, incansavelmente, dando seu máximo na prova da Sala Branca pela manhã… e as provas físicas no restante do período. Então, vocês ainda podem escolher: ir embora, e jogar tudo no meio do lixo, ou participarem do exame final.

Kine levantou-se da cadeira e se virou ao grupo; um pouco trêmula com aquela situação, mas mesmo assim, conseguindo expressar suas palavras:

— Me escutem… bando de fracotes, vocês não conseguem perceber?

Os outros três a encararam, desentendidos. Enquanto Roy apenas sorriu.

— Vocês querem sair para as ruas, combater esses bandidos e traficantes que nos infernizam diariamente… e estão com medo de uma provinha qualquer… que enfrentamos durante todos esses últimos dias seguidos?

Enfurecida, a garota prosseguiu:

— Se acham que não estão preparados para lidarem com uma simulação dessas, quanto tempo acham… que vão durar lá fora?

Jean foi o próximo a se levantar, se virando para o Capitão, dizendo:

— Vamos logo para o vigésimo primeiro andar! Já me cansei dessa enrolação!

Roy, sorridente, apenas saiu de dentro daquela sala.

— Lembra do primeiro dia, Clay? — perguntou Slezzy. Clay vidrou seus olhares naquele jovem, sem expressar qualquer face. — Foi você que me controlou. Você se lembra!?… Qual é a maldita diferença, se aquelas balas forem de verdade dessa vez?

Slezzy apertou o ombro direito de seu colega.

— Você tem razão… — disse Clay, retirando a mão de Slezzy do seu ombro. — Vamos acabar com aqueles soldados de mentira!

Clay se levantou, empolgado.

Slezzy, Kine e Jean, riram alegremente após aquele comentário.

Todos saíram da sala e partiram para o vestiário ao lado. Lá, se trocaram nas cabines privadas. Após isso, saíram dali e andaram até as escadas que levavam ao andar da Sala Branca.

Enquanto subiam, Roy comentou:

— Fico feliz de que tenham feito a escolha certa. Porém, não se acomodem a este ponto! Todo cuidado e atenção será essencial.

Ao chegarem na porta da sala, Roy a abriu.

Logo depois, os quatro integrantes adentraram-na.

Rapidamente, todos se armaram com o devido equipamento; montando aquele pentágono formado por escudos de aço, em seguida.

Eles possuíam estratégias prontas, além de grande domínio sobre o armamento.

Após se organizarem; as telas escuras se abaixaram do teto, uma de cada lado da sala. Porém, naquele último dia, uma terceira surgiu.

Aquela tela desceu lentamente, cobrindo toda a porta da sala, impedindo assim qualquer fuga dali.

O grupo, que ainda não havia entrado na área do pentágono, ficou desentendido ao perceber que Roy ainda estava na sala.

— Hoje, meus queridos recrutas, simularemos um pequeno atentado! — disse o Capitão, abrindo seus braços — BEM-VINDOS AO EXAME FINAL!

— Você quer dizer… um ataque terrorista?

— Ah? Um ataque terrorista? Me responda… quando você recebe um!?

— Mas… como assim?

De repente, o Capitão disparou em rápida velocidade, na direção do pentágono formado pelos escudos, berrando:

— É SIMPLESMENTE IMPREVISÍVEL, SLEZZY!

Paralelo a isso, o esquadrão ouviu o barulho de uma sequência de tiros que vinham de dentro das telas.

Sem pensar duas vezes, todos os recrutas repetiram a mesma atitude de Roy, enquanto os projéteis cruzavam as laterais de seus corpos.

Olá, eu sou o Chris Henry!

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