O outro grupo, com o maio número de mafiosos, fugia para o outro lado da rua, na direção de uma grande casa abandonada.
Corvo, Barão II e o homem de cabelos azuis foram os primeiros a entrarem ali.
O resto dos mafiosos utilizavam carros, muros e postes de luz como proteção, enquanto atravessavam a rua, trocando tiros incessantes com os agentes.
Muitos mafiosos caíram durante aquela passagem, devido aos seus ferimentos.
O grupo de agentes que invadiram as duas entradas havia se unido.
Os soldados da linha de frente avançavam lentamente com seus escudos.
Naquele momento, a maioria das pessoas civis já haviam abandonado local. E mesmo assim, algumas ainda o rodeavam, arriscando suas próprias vidas para que pudessem gravar aquela situação com seus celulares.
O Tenente Jan e o atirador Saith, lado a lado, receberam mais um comunicado em seus rádios:
“— As tropas de reforço estão chegando por trás das duas construções em que os grupos de mafiosos estão fugindo! Continuem avançando! Não deixem que eles dominem o espaço!” — era a voz do Capitão Roy.
*
Dentro da casa abandonada, cercada pelos capangas, aqueles três se reuniram:
— O que faremos? — resmungou Barão II, desesperado.
O homem de cabelos azuis disparava contra os agentes que estavam no meio da rua, com seu rifle, através de uma das janelas da casa abandonada; enquanto Corvo pensava em alguma estratégia.
— Me escute… você assinou aquele maldito contrato, não é? — indagou Corvo.
— Sim…, mas…
Corvo se enfureceu após ouvir aquelas palavras repletas de tremor e medo; e avançou para cima de Barão II.
O líder mafioso pegou o homem de regata, pelo seu pescoço, com a mão direita, coberta pelos seus trajes negros; e logo o arrastou até a parede mais próxima dali, fazendo com que a cabeça de Barão II se chocasse violentamente contra um grosso concreto.
Barão II passou a ser sufocado pelas mãos do líder da Asa Negra. Ele não tinha forças para conter tamanha atitude.
— ME RESPONDA… VOCÊ ASSINOU… AQUELE MALDITO CONTRATO!? — berrou Corvo.
— Sim… — respondeu, praticamente sem ar.
Corvo retirou a mão do pescoço daquele homem, fazendo com que ele caísse bruscamente sobre o chão de madeira daquela casa.
— Então… vamos fazer uma viagem! — afirmou o Corvo, calmamente e com um tom de entusiasmo.
— Espera… E quanto aos outros? — perguntou Barão II, ainda recuperando o fôlego.
— Assim como você disse… todos os bandidos desta cidade são indiretamente nossos subordinados! E encontrar um criminoso nessa cidade, não é lá um dos maiores problemas. Então não comece a se importar com essas malditas vida, justo agora, e se levante rápido!
Corvo se aproximou do homem de cabelos azuis logo depois:
— Ei, Kayber! Vamos sair daqui!
— Mas… Corvo, você vai mesmo abandonar o Salvador!?
Corvo interrompeu suas palavras:
— Não se preocupe! Eu tenho um plano. Pode apostar que não me esqueci do nosso querido mascarado. Se tudo estiver ocorrendo como os conformes, ele está com o Medalhão Lunar neste exato momento… e eu não o abandonaria tão fácil assim! Então vamos!
— Certo!
O barulho dos tiros dos agentes ficava cada vez mais próximo daquela casa.
— Então… esse é o nome do outro capanga? “Salvador!?”? — perguntou o filho de Barão.
— CALE A MERDA DA BOCA! — berrou Corvo, chutando fortemente a cabeça de Barão II, que ainda estava sentado, causando-lhe um sangramento.
Corvo se agachou e puxou os cabelos daquele homem para cima.
O homem de regata estava em um péssimo estado.
— E você ainda tem sorte de que vamos continuar negociando. Você estaria morto agora, se não fosse pelo meu grande respeito e eterno agradecimento ao seu falecido pai. Além do fato… de que o meu nome esteve presente nas suas últimas falas.
*
Slezzy caminhava sobre o primeiro andar da segunda ala.
Era uma pequena área composta por quatro andares, além de um espaço vazio e ao ar livre, no centro da mesma.
Os mafiosos armados, que se escondiam entre aqueles andares, atiravam contra Slezzy que, por sua vez, utilizava dos seus novos poderes; conjurando seus fortes raios alaranjados que tanto havia treinado e aprimorado, na direção dos inimigos.
Alguns morriam instantaneamente, caindo do alto dos andares até o espaço vazio do centro. Já outros ficavam com enormes ferimentos.
Slezzy não somente matou, mas humilhou cada um dos mafiosos, do primeiro ao quarto andar.
A face do jovem era irreconhecível.
Seus olhares demoníacos, sedentos por justiça e mais matança, ganhavam muito destaque em sua nova aparência.
— Ei! Está procurando por mim? — Era uma voz grossa, que vinha do espaço vazio e central da construção.
Slezzy, ainda no quarto andar naquele momento, se aproximou da ponta do mesmo, com segurança, para visualizar tal espaço.
Um homem mascarado e de óculos avermelhados, trajado de vestes negras, o encarava, posicionado no meio daquele lugar.
— Parece… que finalmente vamos ter um duelo de verdade! — falou Hiram.
Haram sorriu.
Sem nenhum pedido, Haram conjurou sua clássica energia cinzenta ao redor do garoto; a mesma que utilizara para teletransportá-los até a Ruína.
— Quanto mais cedo eu matar o homem que causou a morte de Niash… mais cedo poderei me livrar da raiva que estou carregando… — afirmou Slezzy.
— Claro… — comentou o demônio de cabelos brancos, finalizando a tal magia, teletransportando o jovem até o espaço vazio, em um piscar de olhos.
Slezzy e o homem mascarado passaram a se encarar, no centro.
— Fique tranquilo! Farei questão de que a sua derrota perante o Salvador das Sombras… seja na realidade, o ápice da sua honra! — falou o mascarado, com uma voz bem modulada e energética, cruzando as pernas e abaixando sua cabeça perante Slezzy.
“Salvador das Sombras?”
Logo, o mais recente inimigo de Slezzy concluiu:
— Mas… você pode me chamar apenas de Salvador, durante seus últimos minutos de vida!