Selecione o tipo de erro abaixo

Sanches se retirou da frente da criatura, permitindo que Slezzy a visualizasse por completo.

Ela possuía chifres laterais, como se fossem suas próprias orelhas, direcionados ao chão. Os longos fios de seus cabelos eram tingidos de cinza, assim como sua grande manta. Seus olhos eram completamente negros. Além disso, o seu corpo claro era recheado de marcas e cicatrizes.

— Sanches… Este é…

— Sim! Esse é o meu demônio! — afirmou Sanches, rindo em seguida.

Aquela criatura começou a se aproximar, dando pequenos passos, até ficar ao lado de Sanches.

— Meu nome é Rayrack. Aliás, quanto tempo, Irmãos Sam! — disse a criatura. Sua voz era peçonhenta.

Slezzy percebeu que a língua daquele demônio era semelhante à de uma serpente. Porém, a tal criatura não era tão bizarra, quando comparada com as muitas outras que Slezzy presenciara no dia de sua visita à dita Ruína de Maple.

— Ah! Não finja que não estava nos observando desde o começo da conversa, Rayrack! — reclamou Hiram, sorrindo.

Slezzy confrontou Sanches logo depois:

— Sanches, como diabos estou conseguindo ver o seu demônio?

Sanches se virou.

— Está vendo isso? — disse o Agente, apontando para a argola da corrente que o prendia à Slezzy.

Os demônios estavam sorridentes.

— Uma corrente mágica?

— Não, seu tolo! — falou calmamente. — A partir de qualquer tipo de ligação, seja ela física ou espiritual, entre dois ou mais mentoreados, todos conseguirão visualizar os demônios uns dos outros. Mesmo que esse tipo de ligação seja algo normal, como essa simples corrente!

Slezzy ficou deslumbrado perante aquela novidade.

— Você ficou surpreso com isso? — indagou Sanches, caminhando para perto daquela caixa de madeira. — Então você vai se encantar com isso…!

Sanches abriu a caixa de madeira, levantando as duas trancas que a mantinham fechadas. Ele retirou dali uma espada média, de aproximadamente um metro de comprimento. A parte de sua empunhadura era branca e traçada com alguns riscos negros. Sua lâmina era composta por um aço muito brilhante.

Sanches entregou aquela espada ao jovem logo depois.

Slezzy a empunhou com muita facilidade devido à extrema leveza, a observando com muita curiosidade.

— Espera, mas por qual motivo você está me dando isso? Eu acho que nem sei manusear esse tipo de coisa!

O Agente assumiu uma postura séria, discursando:

— Quantos demônios você tem ao seu lado, Slezzy?

Os Irmãos Sam começaram a encarar o parceiro de seu mentoreado, firmemente.

— Dois…!? — Slezzy estava confuso.

— Exatamente. Baseado nos comentários anteriores dos Irmãos Sam, presumo que eles não o tenham contado sobre isso, então farei questão de lhe explicar — Sanches começou a caminhar ao redor do concreto. — Cada mentoreado, ao assinar o Contrato Preambular de seu demônio, desperta sua Gankkai de acordo com a classe da criatura.

— Han…

— Você… pelo menos… sabe o básico, não é? Sobre as classes existentes…

— Sim! — Slezzy colocou sua mão sobre o queixo. — Sei que existem os conjuradores, combatentes, impulsores, espadachins e… legendários?

Sanches suspirou.

— Isso já é meio caminho andado ao menos… Bom, você está correto. Quando um mentoreado desperta sua Gankkai, ele ganha o direito de manipular o Arché Superior, mas apenas sobre a área da classe de seu respectivo demônio, ou especialidade… como outros preferem chamar.

Sanches continuou sua longa explicação, após uma pequena pausa:

— Eu odeio a classificação do termo “conjurador”; é bem antigo para essa época tão moderna, mas já que todos a chamam assim, não me resta outro caminho. Enfim, essa classe de magia e feitiçaria dá aos seus mentoreados, os poderes mais fortes que já existiram entre todos os demônios. Dentre eles… a grande facilidade para manuseio de um elemento primordial em suas conjurações, como a água, fogo, a terra ou o próprio ar, mesmo que isso seja bem clichê. Também há outros tipos de magias como a cura, se tratando de Kine.

Ainda caminhando em torno de Slezzy, Sanches não cessou sua explicação.

— No caso dos combatentes, esses são os mais exóticos. No geral, os demônios dessa classe oferecem aos seus mentoreados… a grande facilidade e especialização para lidar com diversos equipamentos de combate, em sua maioria militar, como snipers, granadas ou escudos; também, podendo utilizar poderes obtidos a cada contrato com os mesmos. Como por exemplo, Rayrack, meu demônio, oferece a grande facilidade de manuseio de armas de pequeno porte, além de me possibilitar a forte combinação de Arché Superior com cada bala disparada.

— Então, foi assim que você anulou todo meu poder com apenas um único tiro?

— Exatamente — respondeu. — Outra classe existente são os ditos impulsores. Os demônios dessa classe oferecem atributos relacionados à… literalmente, qualquer tipo de vantagem corporal, desde uma grande força física até uma rápida velocidade, por exemplo.

Slezzy se impressionava a cada instante. Seus olhos brilhavam de acordo com suas novas descobertas sobre aquele mundo.

— A quarta classe se refere aos espadachins! Os demônios desta oferecem, obviamente, poderes relacionados a todos os tipos de adagas, espadas, katanas, cimitarras, sabres ou alfanges.

Slezzy observou sua nova espada e o indagou:

— Como Shane?

— Por incrível que pareça, Shane não é um mentoreado; mas ainda assim é um exímio espadachim. Quem sabe… isso não esteja na genética dele… — Sanches sorriu.

— Por fim, na última e quinta classe, existem os legendários. Nenhum demônio possui essa classe, sendo assim… considerada como uma classe à parte — Sanches se acercou de Slezzy. — Apenas seres humanos que portam consigo… armas lendárias, fazem parte dessa classe seleta. Nesse caso, a Gankkai desses seres humanos é ativada ao tocar em qualquer uma das mesmas, que não tenha nenhum proprietário prévio; sendo beneficiados por um poder específico concedido por cada arma lendária.

Sanches concluiu:

— Relembrando que… qualquer poder… de qualquer classe, sempre partirá da manipulação do Arché Superior. E a respeito dos contratos, mesmo com a posse dos poderes cedidos pelos mesmos, de nada vai adiantar se você não os colocar em prática!

— Uau! Acho que se dependesse dos Irmãos Sam, eu morreria sem saber de tudo isso! — comentou Slezzy, com um tom de alívio e entusiasmo. Os Irmãos Sam estavam enfurecidos. — Mas, por que estamos falando sobre tudo isso!?

Sanches gargalhou e o respondeu:

— Bom, além de informá-lo sobre todas as classes, eu gostaria de te mostrar na prática, uma outra coisa — Sanches puxou o revólver de seu coldre. Em seguida, retirou uma única bala do compartimento daquela arma. — Escute, Slezzy; todas as balas da minha arma são manipuladas com Arché Superior, porém… são facilmente quebráveis, até mesmo por uma espada comum.

— Onde você está querendo chegar? — perguntou Rayrack, curioso.

— Slezzy, eu vou jogar essa bala para o alto, e em seguida você vai cortá-la ao meio, ainda no ar!

— Han!?

Sanches jogou aquela bala para o ar, em uma direção consideravelmente longe da posição de Slezzy, que partiu, institivamente, em rápidos passos para alcançar o projétil.

Antes mesmo que a bala iniciasse seu processo de queda, Slezzy saltou na sua direção, empunhando sua espada horizontalmente.

Sanches e os outros três demônios ali presentes, conseguiram visualizar alguns raios dispersantes dos braços do jovem durante seu pulo.

Slezzy cortou o projétil de maneira perfeita, no meio do ar, caindo e rolando no chão em seguida.

— O que… foi isso? — comentou o garoto, ofegante e aterrorizado — O que eu acabei de fazer? Como?

Sanches, ainda parado na mesma posição em que lançara o projétil, o respondeu em palavras entusiásticas:

— Você tem dois demônios, garoto! Essa é a maior raridade desse mundo! — Sanches abriu seus braços em seguida. — Você possui duas classes, Slezzy! A classe de conjurador, vinda de Hiram Sam, especializado no domínio completo da magia de luz… somado à classe de espadachim, vinda de Haram Sam! Agora… isso está no seu sangue! Na sua Gankkai!

Haram, tomado pela raiva, assumiu sua forma física completa; gritando e pisoteando o chão, causando um pequeno tremor nas colunas da fábrica.

Slezzy, pasmo e ainda caído no chão, encarava Sanches e os outros demônios.

Aquela corrente que o unia com o agente estava em seu limite, chegando a machucar seu braço, forçando-o se arrastar pelo chão; se aproximando de Sanches e diminuindo sua dor.

— Agora… chega de papinho! Vamos treinar! — convidou Sanches, soltando uma de suas clássicas gargalhadas, mas desta vez com um tom demoníaco.

Slezzy sorriu; completamente emocionado por finalmente ver diante de si, o Sanches que realmente havia conhecido.

Olá, eu sou o Chris Henry!

Olá, eu sou o Chris Henry!

Comentem e Avaliem o Capítulo! Se quiser me apoiar de alguma forma, entre em nosso Discord para conversarmos!

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥