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  O barulho das portas de um dos elevadores do prédio da FMA se abrindo, ecoou sobre todo o nono andar.

   Yuki e Helena saíram juntos dali.

   Eles caminharam em meio aos destroços que havia naquele lugar, em direção ao fim do corredor.

   O andar era cercado por paredes pintadas de branco, mas que estavam muito sujas. Havia bugigangas entre outros armamentos militares inutilizáveis, tudo espalhado por ali.

   — Que lugar imundo! — reclamou Helena, tapando seu nariz por causa do mau cheiro. — Não é à toa que vocês restringiram esse andar apenas para alguns agentes!

   — O primeiro erro não está nem aí, pequena garota. Não era nem pra esse andar ter acesso através de um dos elevadores principais! — exclamou Yuki. — Além do mais, não é por causa da bagunça que necessariamente o restringimos.

   — “Pequena garota”? Eu tenho a mesma idade que você, imbecil! — retrucou a garota, levantando as mãos com as unhas pintadas de preto.

   Yuki suspirou. Ele resolvia o seu clássico cubo mágico tridimensional.

   — Teoricamente sim. Mas… eu prefiro priorizar minha inteligência a idade. — concluiu ele, com um sorriso.

   — Ah! Esqueci que você é um gênio! Um “pequenino gênio” — zombou Helena em meio a suas risadas, devido à altura de Yuki.

   O piso daquele local também era sujo e mal iluminado. Havia manchas sobre as das paredes, além de algumas prateleiras abertas e vazias que se encostavam ali.

   Ao chegar no final do corredor, eles se depararam com uma porta velha e suja. Sua maçaneta parecia estar enferrujada.

   Era possível escutar minimamente alguns gritos vindos de dentro dali.

   Yuki bateu, suavemente, duas vezes na porta. Logo em seguida, aqueles gritos se esvaíram.

   O menino de cabelos brancos girou a maçaneta para baixo e adentrou o lugar. Helena o acompanhou, fechando a porta logo depois.

   Dentro dali, havia uma grande parede, que dividia uma sala em duas partes.

   Nessa parede, estava um grande vidro semitransparente com outra porta ao lado, similar à porta de entrada daquele cômodo.

   Do outro lado da divisória, os garotos enxergaram o Capitão Roy, que limpava suas mãos machucadas com um pano que, por sua vez, continha muitas manchas de sangue.

   Ao lado do Capitão estava o suposto mafioso capturado, ao qual tanto falavam, sentado em uma cadeira de madeira.

   Aquela sala era bem iluminada. Suas paredes eram cercadas de espumas negras que abafavam o máximo do som emitido dali.

   O mafioso estava com suas pernas e braços amarrados à cadeira. O rosto daquele homem, mesmo que estivesse cabisbaixo, estava simplesmente irreconhecível por conta dos machucados e o excesso de sangue que o cobriam. Todo seu peito, que estava à mostra, também estava coberto de ferimentos e áreas roxeadas.

   Roy estava ofegante. Ele encarava o mafioso enquanto preparava suas mãos para mais uma onda de socos.

   Yuki e Helena se aproximaram do espelho.

   — Eles não conseguem nos ver — afirmou Yuki.

   — Como isso funciona? — perguntou Helena.

   — Eu não vou perder meu tempo explicando física básica para você, garota — provocou ele, sorrindo.

   — Ah… seu moleque… — Helena agarrou Yuki pela gola de sua camisa, com raiva, mas foi interrompida pelo rugir da porta principal da sala. Era Shane.

   Shane adentrou o local em pequenas passadas, após fechar a porta. Em seguida, caminhou na direção de Helena, que imediatamente largou a gola da camisa do menino de cabelos brancos.

   Helena ficou um pouco tímida perante a presença daquele garoto.

   — Ele não fala nada desde quando o capturamos; há cerca de vinte e quatro dias atrás — afirmou Shane.

   Os três observaram Roy através do espelho, que desta vez esmurrava o rosto do mafioso com suas duas mãos.

   O bandido gritava de dor.

   — ONDE ELES SE ESCONDEM? QUEM FORNECE AS ARMAS PARA O CORVO? — berrava Roy, raivosamente, enquanto descarregava uma sequência de socos no rosto do bandido.

   Roy finalizou aquela sequência de socos com um chute no peitoral do bandido, arremessando-o para trás, quebrando a cadeira em seguida.

   O mafioso capturado se encolheu em meio ao sangue e aos pedaços de madeira que passaram a cercá-lo, choramingando e gemendo de dor. Quase todo o seu corpo estava trêmulo.

   Logo depois, Roy caminhou para fora daquela parte da sala.

   Quando cruzou a porta da divisória e a fechou, o Capitão passou conferiu suas mãos machucadas, outra vez. Logo, Yuki o confrontou.

   — Não vamos ter qualquer tipo de resultado desta maneira, Capitão!

   — Já tentamos de tudo, Yuki. Se não tiver nenhuma ideia, nem abra a merda da boca! — retrucou ele, claramente indignado.

   Antes que Roy iniciasse seus primeiros passos para fora daquela sala, Yuki o confrontou novamente, com um tom calmo:

   — Caso minha teoria de que exista um agente duplo entre a FMA e alguma máfia da cidade… realmente seja verdadeira; nenhum de nós até agora seríamos suspeitos. Já que a informação de que temos um bandido capturado é muito valiosa e decisiva nesse caso. As máfias poderiam prever que conseguiríamos arrancar alguma informação e antecipar um ataque ou… algo do tipo. Além disso, nós só temos apenas mais uma semana, Capitão, isso se o Corvo e seu mais novo parceiro já não estiverem com novas armas em suas mãos, prontas para serem distribuídas para seus capangas.

   — Você acha que eu não sei disso, pirralho? — Roy se virou de frente para o garoto. — Já tentei de tudo! O desgraçado conseguiu resistir à uma sequência de choques de alta voltagem e até temperaturas extremamente baixas… a ponto de ter perdido alguns dedos do pé pelo excesso do frio. Ele não vai ceder! A não ser que eu… Hum… quem sabe… arrancar cada pedacinho…

   Yuki o interrompeu:

   — Não! Nós precisamos dessas informações de fato, mas não quero me rebaixar ao nível desse tipo de tortura extrema. Isso não faz parte da nossa conduta!

   — Você tem outra ideia? — perguntou Helena.

   Yuki passou a observar o bandido, que estava largado e encolhido no chão da outra parte da divisória, através do espelho semitransparente.

   — Ele está muito confortável…

   — O que? — replicou Roy, rindo confusamente.

   Yuki prevaleceu sua seriedade:

   — As condições em que ele se encontra… na verdade são semelhantes com as que ele está acostumado. Por mais que ele fizesse parte da leva de capangas que protegiam o Barão II, ainda assim, provavelmente era tratado como qualquer um dentro de seu grupo. Ele era simplesmente um peão nas mãos da Sociedade Nobre; acostumado a levar socos em seu rosto e outros tipos de situações semelhantes à tortura. Afinal, como vocês o capturaram mesmo?

   — Depois que eles se dividiram e fugiram em dois grupos, um para cada lado, no dia da operação na prisão antiga; o Tenente Jan recuou para verificar se havia outros capangas que poderiam ameaçar nossas costas. Foi quando ele identificou que esse aí — Roy apontou seu dedo para o bandido capturado. — Ainda estava vivo, porém desmaiado e sem nenhum ferimento, no meio dos outros corpos. Ali, o Tenente o capturou às escuras, colocou-lhe em um carro-forte e o trouxe até essa sala.

   — Ninguém do prédio o viu? — indagou Helena.

   — Ele o colocou em algum saco preto ou algo do tipo; o atordoou e em seguida adentrou o prédio… segundo o que me disse. Claro que ele contou com ajuda da nossa querida Laura.

   Yuki ficou pensativo.

   — Mas é claro. Ele não desmaiou por ter tomado algum tiro — concluiu Yuki, sorrindo. — Ele desmaiou porquê presenciou a morte!

   Depois daquelas palavras, Yuki caminhou até a porta da divisória.

   — O que você vai fazer? — perguntou o Capitão.

   — Me acompanhem, Roy e Shane! — pediu Yuki.

   — Ei! — retrucou Helena, brava.

   — Fique aqui, garota! Baseado no mínimo que eu conheço das loucuras desse pirralho, você pode correr algum perigo — ordenou Roy.

   Os três adentraram a sala, onde o bandido ainda resmungava com seus gemidos de dor, enquanto Helena apenas os observava através do espelho.

   O mafioso capturado começou a rir quando Yuki o acercou, se agachando em sua frente.

   — O que é isso… Capitão Roy? Não deu conta do recado e acha que uma criança vai conseguir arrancar alguma coisa de mim!? — O bandido insultava enquanto ria. — O que você trouxe, pequeno garotinho? Um pirulito? Hein!?

   Roy e Shane trocaram olhares, confusos com qual seria a atitude de Yuki.

   O pequeno gênio jogou seu brinquedo favorito para longe e abriu um pequeno sorriso. Logo em seguida, posicionou suas duas mãos no chão daquele cômodo.

   Os cabelos brancos do menino começaram a se levantar sutilmente. As pupilas de seus olhos começaram a embranquecer.

   Os pedaços de madeira e outros objetos de dentro da sala começaram a voar em um sentido circular.

   As últimas palavras que todos da sala conseguiram ouvir antes de um grande feixe transparente dominar aquele lugar, foi um breve sussurro de Yuki:

   — Metaforear!

   Após exato um segundo, Roy, Shane, Yuki e o bandido capturado estavam no topo do prédio da FMA.

   Nuvens e um forte vento dominavam a cobertura do prédio de mais de cento e cinquenta metros de altura.

   Yuki havia os teletransportado para lá.    — Vamos ver… o que você tem a dizer diante da morte! — afirmou a criança, rindo enquanto olhava o rosto intensamente assustado do mafioso.

Olá, eu sou o Chris Henry!

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