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   — Droga! — reclamou Sanches, olhando fixamente para a tela de seu celular.

   — O que foi? — perguntou Slezzy, confuso, enquanto treinava alguns golpes com sua espada, empunhando-a contra o próprio ar.

   — O telefone do Capitão Roy não atende! — resmungou.

   — Vai ver… talvez esteja fora de área!

   — Ou então, eu não tenha nascido para essa época tão tecnológica!

   Slezzy e Sanches estavam acorrentados um ao outro. Assim, conseguiam ver os três demônios ao redor.

   Rayrack e os Irmãos Sam conversavam em um canto do primeiro andar, naquela fábrica abandonada, bem longe de onde estava a dupla.

   — O sol está começando a se por…, garoto. Reúna todas as suas coisas! Eu vou te levar para casa mais cedo, hoje. Tudo bem? — falou o Agente.

   — O combinado do treinamento não era “todos os dias até o pôr do sol”!? — indagou Slezzy, rindo.

   — Podemos vir amanhã uma hora mais cedo, pra compensar!

   Slezzy concordou, sacudindo sua cabeça.

   Depois que o jovem organizou todos os seus equipamentos em sua mochila, ele se aproximou de seu parceiro:

   — Ei, Sanches… O que vai acontecer se não conseguirem nenhuma informação relevante… do bandido capturado?

   Sanches, que observava os três demônios, se virou lentamente, respondendo o garoto, enquanto acendia um cigarro:

   — Não teremos aproveitado nada em relação à desvantagem das máfias durante os últimos dias; e se tudo isso for em vão, não nos resta outra alternativa… a não ser esperar um ataque das máfias, que estarão fortemente equipadas.

   — Mesmo depois… do sucesso da operação na prisão antiga, ainda restaram muitos capangas?

   Sanches riu.

   — Garoto; aqueles bandidos que protegiam o Corvo e Barão II, não somam nem ao menos cinco por cento, se tratando de todos os capangas que compõem suas máfias.

   Os três demônios caminhavam na direção de seus mentoreados.

   Sanches retirou uma chave de dentro de suas roupas. Era a chave da corrente que o prendia à Slezzy.

   — Como? Como a cidade chegou nesse ponto? — perguntou Slezzy, enquanto Sanches os libertava da corrente, manuseando cada argola. — Como as máfias ganharam tanta força assim!? 

   Após Sanches remover a corrente, Rayrack começou a desaparecer aos poucos na visão de Slezzy.

   — Eu… comecei a trabalhar nesse ramo quase na mesma época que o famoso estopim da criminalidade, garoto. Lembro que antes daquele ponto, nossos índices de assaltos e homicídios eram notáveis, mas… não exagerados como hoje. Eu… literalmente vi tudo. As máfias começaram a ganhar espaço após a misteriosa saída do exército nacional; aproveitando do dito estopim, para conquistarem a maioria do território das periferias.

   — Esse estopim foi tão repentino assim?

   — Pior que sim. Os índices aumentaram em uma escala de oitocentos por cento de uma semana para a outra! A cidade virou um caos durante meses, até que os índices se “estabilizassem”.

   — Sanches… Foram os demônios que causaram tudo isso?

   Sanches encarou o jovem por alguns segundos; e logo em seguida, caminhou para fora da fábrica.

   Slezzy o acompanhou.

   Os Irmãos Sam estavam notavelmente interessados por aquele assunto. Porém, não se intrometeram.

   — Não posso omitir que eles tiveram uma parcela de culpa em todo o processo, garoto. Mas… essa parcela é minúscula… perante os outros causadores.

   — O que? Está falando sério?

   — Claro que estou! Já fazem mais de dez anos que assinei o meu Contrato Preambular! E posso lhe garantir que o número de mentoreados naquela época era ridiculamente menor.

   — Uau! Já fazem mais de dez anos que você acompanha Rayrack! — Slezzy ficou surpreso. Sua voz estava energética. — Espera… O que causou esse estopim, então?

   — A causa do estopim foi uma sucessão de fatores. Tudo começou a mais de vinte anos atrás, quando o desenvolvimento tecnológico da cidade se elevou ao extremo, superando até mesmo as taxas de outros países de primeiro mundo da época.

   — E isso… não é bom?

   — Em boa parte sim, mas liberou uma brecha! Com tal desenvolvimento, grande parte das pessoas empregadas foram dispensadas, já que máquinas modernas a substituíram em seguida. Isso gerou uma revolta popular na cidade. O número de desempregados inflou. As pessoas não tinham mais dinheiro para arcar com suas dívidas. A maioria vendeu seus próprios pertences para que conseguissem sobreviver. Já outras, foram salvas pelos contratos de alguns demônios.

   — Salvas?

   — Exato. Com os poderes concedidos pela Gankkai ao assinar um contrato, as pessoas poderiam finalmente ter algo relevante… para lutar por alimento, território e até mesmo contra as autoridades da cidade. E foi assim que se originaram as primeiras máfias.

   — Como a Sociedade Nobre!?

   — Sim, como a Sociedade Nobre! E na realidade, ela foi a primeira máfia da cidade, fundada por Barão. Eu me consagrei um de seus principais rivais enquanto ainda saía pelas ruas de fora do centro.

   A dupla, após uma longa caminhada, finalmente chegou até a porta principal da fábrica.

   — Tudo isso… até você ser afastado, não é?

   — Como você sabe disso? — Sanches riu.

   — Ah… O Tenente me contou um pouco dessa história… — disse, timidamente.

   Sanches colocou sua mão direita sobre o ombro de Slezzy por alguns instantes.

   O iniciar daquela noite estava muito frio. Algumas gotas d’água caíam dos céus.

   — Por que todos temem o Medalhão Lunar? — O garoto tornou a perguntar, desta vez encarando os céus.

   Sanches retirou a mão do ombro do jovem, o respondendo friamente logo em seguida:

   — Vou ser sincero. Eu não conheço muito sobre esse tal objeto, até porquê há alguns anos atrás ele era considerado apenas como uma lenda. Mas pelo que sei… caso um mentoreado, que tenha assinado um contrato, tenha grande preparo junto com seu respectivo demônio… juntos, eles seriam capazes de manipular um dos maiores poderes existentes na terra.

   Slezzy ficou impressionado.

   — É algo bem complexo e misterioso! — concluiu Sanches.

   As gotas d’água começaram a se intensificar. O sol já estava quase desaparecido em meio aos céus escuros.

   — Vamos, garoto, ou você quer ficar aí… todo ensopado? — alertou o Agente, andando em direção ao seu carro.

   — Espere…! — Slezzy ficou cabisbaixo por um instante.

   — O que foi? — Sanches se virou.

   Os demônios estranharam aquilo.

   Os dois se encararam enquanto a chuva caía sobre seus corpos.

   Slezzy levantou seu rosto e encarou o agente:

   — Sanches… existem demônios fora da cidade?

   O Agente se aproximou de Slezzy, colocando-se frente a frente:

   — Não existe qualquer indício ou registro sobre isso. Além disso… quando eu não fui sincero com você? — respondeu com um sorriso.

   Sanches fixou seus olhares nos céus após aquela fala, concluindo com uma voz vazia de sentimentos:    — Hum… olhando por esse lado… talvez… aqui seja o inferno da terra.

Olá, eu sou o Chris Henry!

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