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O sol começava a nascer entre as variadas nuvens do céu.

   Slezzy, sentado em uma cadeira, tomava uma xícara de café, próximo da piscina comunitária de seu prédio.

   Ele estava vestido com sua clássica roupa social, equipado com seu armamento.

   O gramado que cercava a área estava molhado, devido à chuva do dia anterior.

   — Bom dia, garoto! — era a voz de Hiram.

   Slezzy se assustou e derramou um pouco daquele café no gramado.

   — Ei! — Slezzy levantou-se raivosamente e se virou para os demônios. — Por acaso vocês, criaturas, não dormem?

   O jovem falava baixo para que não acordasse seus vizinhos.

   Hiram começou a rir e o indagou em seguida:

   — Para que dormir… quando não se gasta nenhuma energia?

   — Cientificamente falando, isso está bem errado… — falou Slezzy.

   Haram se aproximou do jovem, refutando-o, com um sorriso espantador:

   — A mesma ciência… que nunca identificou sequer um resquício da Gankkai? Ou ao menos cogitou a existência de uma matéria superior?

   A fala daquele demônio fez com que Slezzy se chocasse por alguns segundos.

   — Mas agora, realmente respondendo sua pergunta… — Haram se distanciou, caminhando sobre o gramado. — …os demônios não necessitam de descanso. É verdade! A não ser que gastemos uma quantidade excessiva de energia em um curtíssimo espaço de tempo! Como uma grande batalha, por exemplo!

   Hiram complementou a fala de seu irmão:

   — Ou então… uma grande exaustão após ceder muitos poderes em um processo de contrato nível quatro ou superior. Mas… não foi o caso do seu contrato contra o Salvador, por exemplo — concluiu com um sorriso, claramente o provocando.

   — Hum!?

   — Você não se lembra? Do contrato de Midén… que assinou na trágica batalha contra o tal Salvador das Sombras!?

   — É claro… que eu me lembro… — Slezzy apertou as mãos, firmemente.

   “Aquele contrato… era um Midén? Então… isso quer dizer que eu perdi um ano do restante de minha vida

   “Mas, é apenas um ano… Ou será que isso faz alguma diferença?”

   — Vocês realmente me deram um contrato naquele dia?

   — O que? É claro! — respondeu Hiram, confuso.

   — Porquê… não pareceu!

   Os Irmãos Sam o encararam com ambas de suas faces duvidosas.

   — Eu me lembro exatamente daquela cena! Eu pedi um contrato que concedesse poderes necessários para reverter toda aquela situação! — disse o garoto, com convicção. — Mas… mesmo assinando o tal contrato de Midén… eu não conseguia ao menos me levantar do chão!

   Hiram sorriu, encarando seu mentoreado por alguns segundos:

   — Sabe… Slezzy… você realmente assinou aquele contrato, e ele era um Midén, de fato! Porém, você poderia assinar qualquer contrato, independente do seu nível, naquele momento, que você não suportaria tal poder de imediato, assim como não suportou naquele dia.

   — O que? Que papo é esse? — Slezzy estava novamente confuso.

   — A estrutura corporal e a Gankkai de cada mentoreado é diferenciada. Alguns conseguem se adaptar aos novos poderes adquiridos pelos contratos com seus demônios ou pela sua arma lendária, de maneira rápida e eficiente. Já outros, demoram algum tempo, desde alguns minutos até vários dias — explicou Hiram. — E claro, a cada contrato assinado, você melhora a adaptação desses poderes provenientes do Arché Superior, quanto no seu corpo, quanto também em toda sua estrutura celular.

   O irmão daquele demônio prosseguiu desta vez, caminhando pelo gramado molhado:

   — O contrato de Midén fez seus primeiros efeitos a partir de três… a quatro minutos após sua assinatura, ou seja, instantes depois que Roy lhe salvou. Desde então, você carrega os poderes concedidos por aquele mesmo contrato, e vai carregar até o final de sua vida! — Haram desacelerou seus passos. — Caso sua estrutura corporal ou sua Gankkai fossem melhores naquele dia, os poderes dos contratos seriam suficientes para sair daquela situação… sem necessitar da ajuda do Capitão.

   — Então… você está querendo dizer que se não fosse pela ajuda do Capitão Roy, eu seria simplesmente abandonado? Vocês… não me salvariam do Salvador? — retrucou Slezzy.

   Logo após aquela pergunta, Haram se aproximou de seu irmão, outra vez.

   — Nós nunca tivemos o dever de te salvar, Slezzy. Aliás, esse é um dos tópicos mais importantes do Coração das Sombras. Nossa relação é apenas um vínculo de negócios. Você nos concede parte da sua vida enquanto nós… apenas poderes! — explicou Hiram. — E caso um demônio interfira na morte de seu mentoreado, e isso seja devidamente provado, os dois serão devidamente punidos… de acordo com o Código de Conduta; pagando com suas próprias vidas.

   Slezzy se espantou após a tal novidade.

   O barulho do motor de um carro, se aproximou.

   — Hum! Deve ser o Agente Sanches…! — concluiu um dos demônios.

   Slezzy ainda estava perplexo com as palavras que havia acabado de escutar.

   “Como eu não pude perceber isso… Eu sou um tolo… Como eu poderia pensar que essas criaturas seriam amigáveis ou algo do tipo?”

   Slezzy ouviu o barulho de passos pelo gramado molhado. Era o Agente Sanches.

   Inesperadamente, uma idosa, que estava na beirada de uma janela do segundo andar do prédio de Slezzy, começou a berrar enquanto encarava o agente:

   — EI! SEU DESGRAÇADO! Não são nem sete da manhã ainda… e você está incomodando toda a vizinhança com o maldito barulho do motor do seu carro!

   Slezzy se intimidou, encarando-a.

   — Me desculpe, senhora! — gritou Sanches, com uma voz descarada.

   — Da próxima vez, você vai pedir desculpas para o meu machado! — A senhora fechou a janela com uma tremenda força, cobrindo-a com uma cortina interna.

   Slezzy riu por alguns segundos, aliviando-se daquela vergonha.

   Em seguida, um pequeno som de passos que desciam pelas escadas do prédio de Slezzy, ecoou ali. Aquilo rapidamente ganhou a atenção da dupla.    Logo depois, uma criança saiu da porta do mesmo imóvel. Era Rainn.

Olá, eu sou o Chris Henry!

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