Um Mustang preto se aproximou do grande portão de entrada da FMA.
O agente Henegan, responsável pela defesa da portaria, caminhou até uma das janelas do carro que estavam abertas, e logo avistou as pessoas que estavam ali.
Sanches era o motorista e ao seu lado estava Slezzy.
— Oh! Henegan! Se quiser, pode abandonar o seu posto! O melhor agente da cidade já está aqui! — afirmou Sanches.
Slezzy, que sempre ria dos comentários de seu amigo, estava totalmente sério. Ele tentava esconder a metade de seu rosto sobre a gola de sua camisa branca.
— Que convencido! — comentou Henegan, após soltar uma risada grave; logo depois, deu um sinal com sua mão direita para outro militar que estava na cabine daquela portaria; já que a outra segurava um fuzil.
Sanches fez questão de esbanjar o rugido do motor daquele carro enquanto o grande portão, que era automático, se abria.
Após adentrar o local, que naquela hora do dia já estava cercado de militares que transitavam por ali, Sanches estacionou seu carro próximo ao prédio da FMA.
Antes que Slezzy saísse do carro, Sanches o confrontou:
— Ei, garoto… — O agente desligou o motor do carro e em seguida retirou a chave da ignição. Ele notou que o jovem estava um pouco abatido. — …está tudo bem?
Slezzy virou seu rosto lentamente, encarando o Agente:
— Sinto muito, Sanches… eu não sabia que…
Sanches o interrompeu:
— Não diga nada! — Ele sorriu. — O meu passado… ou o seu passado, que você nem mesmo tem alguma recordação… tanto faz! Nada disso importa agora. Não vamos nos desconcentrar do nosso principal propósito, não agora!
— Principal propósito?
— Acabar com essas porcarias de máfias, garoto! — Sanches deu um “leve” empurrão no ombro do jovem; logo depois, saiu do carro.
Slezzy deu uma risada sincera, encheu-se de inspiração e abriu a porta ao lado, saindo do carro em seguida.
A dupla caminhou até a portaria do prédio principal da FMA, acompanhada de seus respectivos demônios.
— Apesar de vê-lo quase todos os dias, acho que não entro nesse prédio há mais de meses… — falou Sanches, enquanto observava os arredores do primeiro andar.
— Ei, Slezzy! — gritou a recepcionista. Era Laura.
O jovem se aproximou e cumprimentou aquela funcionária:
— Quanto tempo, Laura!
— Você está um pouco atrasado para a reunião particular do Capitão! — alertou ela, enquanto consultava alguns dados no seu computador.
— Reunião particular? — indagou Sanches, se acercando daqueles dois.
Laura averiguou que não havia ninguém por perto, e sussurrou para o agente, respondendo-o:
— O Capitão marcou mais de quarenta reuniões particulares! E as dividiu entre hoje e amanhã.
— O que? Quarenta reuniões? — Sanches também sussurrou, espantado.
— Não contem isso para absolutamente ninguém! — Laura disse aquilo com olhares raivosos.
— Ah… Claro! — Slezzy sentiu um pouco de medo.
— Onde vamos encontrá-lo? — perguntou Sanches, sem sussurrar desta vez, caminhando para em direção ao elevador.
— No nono andar!
— Han? Esse andar não é restrito?
— Acho melhor você se adiantar! — alertou Laura, ignorando a pergunta.
Slezzy riu da cara zangada e envergonhada de Sanches.
O telefone da recepção tocou, fazendo com que Laura desviasse toda a atenção daqueles dois.
A dupla caminhou até o elevador e o adentrou.
Slezzy apertou o “número nove” que estava sobre o painel.
Enquanto subiam, Slezzy indagou seu parceiro:
— Ei, Sanches, o que você acha daquele lance de mais de “quarenta reuniões”?
Sanches verificou uma cartela de cigarros em um dos bolsos do seu terno. Em seguida, respondeu o jovem:
— Eu não faço a mínima ideia, garoto! Mas… acho melhor você não comentar nada sobre isso na nossa tal “reunião particular”… daqui a alguns segundos.
— Claro.
As portas do elevador se abriram e eles caminharam para fora dali.
A dupla estava no mesmo andar, sujo e completamente bagunçado, cujo Yuki e Helena haviam visitado no dia anterior.
A dupla andou até o final do grande corredor imundo que compunha tal andar.
Ao chegarem lá, se depararam com uma porta preta. Era a única que estava em perfeito estado naquele lugar. Foi possível ouvir barulhos de pessoas discutindo atrás da porta.
Sanches avançou até a porta, puxando a maçaneta para baixo, e logo depois, a empurrou.
— Ei! — Slezzy tentou avisá-lo, porém já era tarde demais.
Sanches havia aberto aquela porta.
— Vejam só! Eu não disse que ele nunca leva os compromissos a sério? — afirmou Roy.
O capitão estava do lado de Yuki. Ambos estavam sentados sobre uma grande mesa de madeira. Havia uma grande cortina que cobria a parte lateral daquela sala.
Saith também estava presente, em um canto.
— Compromissos? Han! Eu só recebi a merda de um aviso no meu celular! — retrucou Sanches. — Além disso, por que vocês não limpam toda a bagunça que está quase engolindo esse maldito andar?
— Felizmente, temos questões mais importantes para tratar agora — refutou Yuki. Ele manuseava um cubo mágico com as mãos, girando-o sem parar.
Roy se levantou daquela mesa e andou em direção à Sanches. Logo depois, lhe entregou um pedaço de papel, duro e dobrado.
— O que é isso? — confrontou Sanches enquanto abria o papel.
— É o endereço da base principal da Sociedade Nobre! — respondeu o Capitão.
O Agente Sanches deu uma leve risada, mas logo a disfarçou.
Slezzy percebeu aquilo.
— Vamos invadir daqui a um dia e algumas horas, à noite — afirmou Yuki. — Selecionamos em torno de setenta agentes, para participarem dessa grande operação, porém… quero requisitar para que não comentem nada sobre essa tal reunião… com nenhum outro militar! Isso é uma ordem do General!
— Foi o mafioso que capturaram? — Sanches confrontou o Capitão e Yuki. Ele ainda observava o pedaço de papel. — Que revelou essa localização?
Após aquele comentário, Yuki, encarando o agente, completou o cubo mágico e o arremessou até o centro da cortina ao lado.
A cortina se abriu após a colisão.
Slezzy e Sanches conseguiram visualizar o bandido através de um grande vidro instalado naquela parede. Ele estava sentado, completamente machucado, sobre uma cadeira branca. Havia uma mordaça em sua boca.
O mafioso começou a espernear após o choque com o cubo em tal vidro.
— Exatamente, Sanches! — concluiu Yuki.
Após alguns segundos, Saith finalmente se expressou:
— Como Yuki já disse, invadiremos o local com uma tática… que será passada em uma reunião aproximadamente uma hora antes da ação… para todos os agentes envolvidos na operação! — O atirador deu alguns passos à frente. — Enquanto isso, estamos refinando todo o planejamento para essa grande operação, que caso seja certeira, poderemos finalmente começar a pensar em uma possível retomada da cidade de Maple.
A dupla encarou aqueles três, durante alguns segundos, dentre olhares estranhos e um clima confuso.
— Vocês estão dispensados! Então… por favor, se retirem! — ordenou Roy. — A reunião está encerrada!
Slezzy, ainda confuso, foi o primeiro a caminhar em direção a porta, aliviado por aquilo ter finalmente acabado.
Antes que Sanches seguisse aquele garoto, o Capitão lhe confrontou, sorrindo:
— Eu disse que iríamos conseguir, Sanches!
O agente devolveu o sorriso, porém com certa desconfiança.
Adiante, Sanches partiu da sala, fechando a porta.
— Qual o motivo de os considerarem como suspeitos? — Saith indagou Yuki. — Até eu teria mais chances de trair os militares!
— Não tem como ficar de olho em todo mundo — afirmou Yuki. — Então, no final das contas, considere-se um homem de sorte, já que você foi selecionado!
Saith voltou para a o canto da parede cujo estava apoiado anteriormente, e ali, se escorou outra vez.