Capítulo 4 – Nada além de um cão de caça
Tradutor: Cybinho
Havia muitas maneiras pelas quais Meiling esperava que seu dia fosse. Cuidar das crianças, colher ervas, fazer remédios, cuidar de quem se machucou.
Ela não estava esperando… isso.
Ela estava lendo um pergaminho médico quando o cheiro veio até ela, aparentemente levado pela brisa. O garoto. Ele tinha o fedor de qi sobre ele, mais espesso e mais inebriante do que ela já havia sentido antes. Ele estava ainda mais poderoso do que da última vez que ela o viu, quando ele compartilhou uma refeição com seu pai de bom humor, depois de perguntar como eles cultivavam o arroz.
Quando a bola das crianças atingiu o garoto alto de ombros largos que puxava uma carroça carregada com mais facilidade do que um boi, seu coração saltou para a garganta. A lama agora cobria suas roupas. Todos sabiam que os cultivadores não sofriam tais coisas. Ela ainda se lembrava muitos anos atrás, quando ela e seu pai viajaram para a cidade, e a desdenhosa facilidade com que um cultivador matou uma criança mendiga por ter a ousadia de entrar em seu caminho.
Quando o pequeno Xian correu para recuperar a bola, ela correu com ele, desesperada para implorar pela vida do irmão mais novo.
Em vez disso, o jovem começou a rir.
Ele devolveu a bola deles… e depois se juntou às crianças na lama.
Agora, o cultivador, pois isso é apenas o que o jovem poderia ser, gargalhou enquanto dançava na lama, esquivando-se das crianças da aldeia que se atiravam sobre ele na tentativa de derrubá-lo no lamaçal com graça e habilidade. Ele gentilmente os desviou para a lama com respingos úmidos, ou os pegou e os carregou ao redor do poço, fazendo cócegas o tempo todo.
Ele atraiu constantemente uma audiência e mais crianças. No início, os adultos também estavam cansados, mas agora a maioria se afastou ou se sentou nas beiradas e sorriu para o menino bobo e as crianças.
“Haha! Você está mil anos cedo para me derrotar! ” Ele riu deles, as mãos na cintura. “Meu galo é mais poderoso do que todos vocês!”
As crianças gritaram de indignação e seu querido irmãozinho se virou para ela.
“Meimei! Meimei! Ajude-nos irmã mais velha Meimei!” ele implorou.
E selou sua condenação.
Não no sentido tradicional de uma garota sendo condenada por um cultivador, pois ela não era bela, e era magra e sardenta. Em vez disso, um sorriso enorme e alegre se espalhou pelo rosto do cultivador e ele se aproximou dela.
“Oho?” ele perguntou, olhando maliciosamente para ela, “Outro desafiante?”
“E daí se eu for?” Ela exigiu dele, incapaz de recuar sob os olhares suplicantes das crianças.
Ele a pegou no colo, uma mão passando por baixo de suas pernas e a outra segurando suas costas. Não houve esforço em seu movimento, era como se ela não pesasse nada.
Ela enrubesceu ao ser colocada em braços fortes e firmes… e então o menino pulou sem cerimônia na lama com ela segura em seus braços.
Com suas roupas limpas. Depois de ela ter acabado de tomar banho ontem.
Ela não tinha ideia do que “Ca Wa Bun Ga” significava, mas quando sentiu a lama escorrendo em suas roupas, ela ficou vermelha.
“Seu miserável, seu macaco de merda!” ela gritou, ignorando o fato de que estava cercada por crianças, e se lançou sobre o menino que estava rindo tanto que se dobrou. O ataque dela o empurrou para trás e completamente na lama. Os adultos, incluindo seu próprio pai, acharam tudo hilário.
As crianças aplaudiram seu campeão, e o garoto correu ao redor do poço de lama, e ela se jogou atrás dele.
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“Meiling, o diabinho!” seu pai a provocava enquanto ela preparava o jantar. Ela empinou o nariz para cima com desdém e recusou-se a reagir às provocações.
Eles iriam jantar com aquele bastardo, e ela ficou extremamente descontente. Bem, a maior parte da aldeia iria jantar com ele, mas eles, como chefes desta pequena aldeia, teriam que ter aquele bastardo em sua casa .
Pelo menos aquele bastardo havia fornecido dois veados e vários coelhos para eles.
Deuses, ela odiava o cultivador e seus braços fortes e sua mandíbula cinzelada….
Geh! Não! Ela balançou a cabeça para limpar as imagens traiçoeiras que sua mente fornecia para ela.
E ninguém acreditava que ele era poderoso também. “Tem certeza que seu nariz está funcionando, Meimei?” Eles perguntaram, pois nenhum cultivador se meteu em guerras de lama com crianças, ou foi fazer amizade com camponeses.
Até ela estava começando a duvidar de si mesma, mas sua habilidade de cheirar qi nunca a havia falhado com ela antes.
Ele exporia sua natureza perversa em breve.
O resto da preparação foi felizmente tranquilo. Havia mesas postas no meio da aldeia, e uma grande quantidade de comida estaria lá para todos os gostos. Eles também partiriam em sua visita a Verdant Hill, que faziam uma vez a cada dois meses.
Meiling ficou de olho nele, mas o cultivador passou a maior parte do tempo jogando Go com os homens, e perdendo espetacularmente.
Ela se sentiu desconfortável quando sua melhor amiga, Meihua, comprou chá para eles. Meihua era tudo o que ela não era. Ela era a beleza clássica, com pele clara e impecável e lábios carnudos e vermelhos. Nas poucas vezes em que foram a Verdant Hill, os homens paravam e olhavam, emudecidos por sua amabilidade. Ela havia recebido propostas de casamento de mais de cinquenta homens, mas estava determinada a se casar com o escriturário Tingfeng.
Certamente, o cultivador a abordaria. Em todas as histórias, eles eram como bestas atrás mulheres bonitas!
“Oh? Você vai se casar em breve? Parabéns! Espere aqui. Não sei se poderei ir ao casamento, mas isso não é desculpa para não dar um presente! ”
Em vez disso, ele deu a Meihua a pele de raposa mais vibrante que ela já tinha visto, parabenizando-a por seu casamento –
E então voltou para a mesa de Go, rindo enquanto perdia novamente.
…talvez o nariz dela estivesse pregando peças nela.
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Cara, aquela garota Meimei estava olhando muito forte para mim, como uma gata ofendida. Era muito fofo, a forma como seu nariz sardento se franzia.
O olhar em seu rosto era hilário quando a joguei na lama, no entanto.
Valeu totalmente a pena.
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Era a calada da noite quando ela acordou encharcada de suor frio.
Havia algo lá fora. Fedia a sangue e morte. De ódio e malícia. O terror foi quase avassalador, enviando tremores por suas costas quando o qi perverso invadiu a vila.
E então, foi suprimido. O qi do cultivador empurrou o qi bestial para trás, repelindo o sangue e o apodrecimento com o cheiro de solo recém-arado e arroz colhido. O medo e o pavor foram repelidos.
O cultivador levantou-se de seu quarto e foi enfrentar a fera.
Meiling, com as pernas tremendo, o seguiu.
Ela tinha que saber.
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Acordei com uma sensação de coceira subindo pela minha espinha. Eu podia sentir algum tipo de predador por perto, mas sem Big D para soar o alarme, eu não agi. Embriagado, rolei para fora do futon e me espreguicei.
Eh, é melhor cuidar disso. Peguei minha pá de meus pertences e saí de casa. As fogueiras ainda ardiam um pouco e sorri para elas. Hoje foi divertido. Infantil como o diabo, mas divertido. E aqueles bolinhos que Meimei fez eram realmente bons.
Embora quando eu disse isso a ela, ela torceu o nariz para mim. Essa garota era muito divertida para provocar.
Entrei na floresta, seguindo minha intuição, até encontrar o lobo.
Oh, cara, ele é um biggun, não é? Precisa cortar as unhas dos pés também. (Pesquisem Big Gun Wolf no google)
Ele rosnou e atacou.
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Ela seguiu o cultivador pela floresta sinuosa, o cheiro de sangue lutando contra o cheiro de terra. Ela mal podia ouvir, por quão forte seu coração estava batendo, mas o cultivador não pareceu notar o barulho de suas pegadas.
Por fim, eles chegaram à fonte do terrível qi, e seu sangue se transformou em gelo.
Um Lobo Ceifador. O Lobo Ceifador, The Wicked Blade. Esteve por aqui por quase trezentos anos, e até matou um cultivador!
O que isso estava fazendo aqui?! Eles iriam todos morrer esta noite?
Ela se encolheu atrás da árvore e orou pela alma de Jin, para enfrentar tal monstro.
O Lobo Ceifador se moveu mais rápido do que seus olhos podiam ver, lançando-se sobre ele em uma tempestade de garras laminadas.
A pá encontrou foi de encontro com as garras. Klang! Passou, atingindo a besta caída no centro da cabeça e matando-a
Ela ficou boquiaberta com a cena. O cultivador bocejou. “Cachorro mau.” ele murmurou e esfregou o olho.
Ele não tirou sangue, nem seus dentes, nem o núcleo de Wicked Blade. Em vez disso, sua pá começou a trabalhar, cavando um buraco grande o suficiente para a besta e enterrando-o em instantes.
“Sem ressentimentos, amigo?” ele murmurou para o solo e pressionou um pouco de seu qi nele. Ela pensou ter ouvido um lamento por um breve momento em sua cabeça, e então o cheiro persistente de sangue desapareceu.
Ela ainda estava em estado de choque quando ele começou a caminhar de volta para a aldeia. O cultivador semicerrou os olhos para sua forma agachada.
“Precisa de uma carona de volta?” ele perguntou a ela, e sua boca se moveu antes que ela pensasse bem.
“A última vez que você me deu uma carona, você me jogou em um poço de lama.” Ela disse, parecendo mais irritada do que se sentia.
Jin bufou divertido e gesticulou para a frente.
“Bem, vamos lá, vida selvagem é perigosa aqui.” ele disse. “Você pode me fazer alguns bolinhos de novo, como obrigado por acompanhá-lo para casa.”
Ela zombou como se achasse a ideia desagradável, para a diversão de Jin, e ficou com as pernas trêmulas enquanto eles saíam.
Ela se virou uma última vez para olhar a terra revirada.
Havia brotos de grama crescendo fora dele.
Seu pai estava esperando por eles, quando voltaram para sua casa, preocupado com sua segurança e virtude. “O que aconteceu?” ele perguntou. “Todos os animais criaram tanto barulho!”
“Eh, apenas um lobo.” Jin disse parecendo despreocupado.
“Sim,” Meiling concordou, “Só um lobo, pai.”
De fato, apenas um lobo.
